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SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 1 Apresentação ............................................................................................................................ 4 Aula 1: Histórico e Conceitos da SBE .................................................................................. 5 Introdução ............................................................................................................................. 5 Conteúdo ................................................................................................................................ 6 Breve evolução histórica .................................................................................................. 6 Eis a questão ....................................................................................................................... 6 Conceitos básicos .............................................................................................................. 7 Atividades de pesquisa, a busca pelo conhecimento e suas aplicações ................ 7 Prática da Saúde Baseada em Evidências ..................................................................... 8 Profissionais preparados................................................................................................... 8 Características principais da Saúde Baseada em Evidências .................................... 8 Vantagens e desvantagens importantes ....................................................................... 9 Principais vantagens da SBE .......................................................................................... 10 Principais desvantagens da SBE .................................................................................... 10 Atividade proposta .......................................................................................................... 11 Referências........................................................................................................................... 12 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 13 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 17 Aula 2: Fases da SBE .............................................................................................................. 19 Introdução ........................................................................................................................... 19 Conteúdo .............................................................................................................................. 20 Saúde baseada em evidências: fases 1 e 2 .................................................................. 20 Caminhos da SBE ............................................................................................................. 20 Os caminhos para a mudança de comportamento .................................................. 21 Fase 1 – formulação do problema ................................................................................ 22 Fase 2 – investigação na literatura ............................................................................... 22 Fase 3 – análise crítica das evidências ......................................................................... 23 Fase 4 – adaptação ao caso ........................................................................................... 24 Fase 4 – prática clínica, as principais vantagens e os principais efeitos ............... 25 Fase 4 – ações gerenciais de tomada de decisão e as principais vantagens ....... 25 Fase 5 – avaliação ............................................................................................................ 26 Atividade proposta .......................................................................................................... 26 Referências........................................................................................................................... 26 SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 2 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 27 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 31 Aula 3: Estudos Primários e Secundários ........................................................................ 33 Introdução ........................................................................................................................... 33 Conteúdo .............................................................................................................................. 34 Estudos primários ............................................................................................................ 34 Dimensões de estudos de pesquisa ............................................................................. 34 Tipos de estudos primários............................................................................................ 35 Ensaios Clínicos Randomizados (ECR) ........................................................................ 35 Estudos de Corte .............................................................................................................. 36 Estudos de Caso-controle .............................................................................................. 36 Estudos Transversais ....................................................................................................... 37 Relatos de casos ............................................................................................................... 37 Estudos secundários e hierarquia das evidências ..................................................... 37 Revisões ............................................................................................................................. 37 Guidelines .......................................................................................................................... 38 Análises de decisão ......................................................................................................... 38 Análises econômicas ....................................................................................................... 38 Hierarquia das evidências .............................................................................................. 39 Tabela ................................................................................................................................. 39 Considerações a respeito da Hierarquia das Evidências .......................................... 39 Encerramento ................................................................................................................... 40 Atividade proposta .......................................................................................................... 41 Referências........................................................................................................................... 41 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 42 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 46 Aula 4: SBE: Aplicações e Tendências .............................................................................. 48 Introdução ........................................................................................................................... 48 Conteúdo .............................................................................................................................. 49 Busca por informações e evidências para a tomada de decisão ...........................49 Formulando o problema ................................................................................................ 49 Pergunta poderá ser mais facilmente formulada ...................................................... 50 Buscando a melhor evidência disponível ................................................................... 50 Página de busca da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) ............................................ 50 Amplificar a busca ........................................................................................................... 51 Tendências em auditoria................................................................................................ 51 SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 3 Cenário anterior ............................................................................................................... 52 Cenário atual .................................................................................................................... 52 Utilização de tecnologias e metodologias específicas ............................................. 53 Conflitos e entraves que precisam ser superados..................................................... 53 Auditoria adequada, amplamente confiável e de alta performance ..................... 54 Encerramento ................................................................................................................... 55 Atividade proposta .......................................................................................................... 56 Referências........................................................................................................................... 57 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 58 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 62 Conteudista ............................................................................................................................. 64 SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 4 Nas últimas décadas, a proposta da Saúde Baseada em Evidências (SBE), também conhecida como Medicina Baseada em Evidências (MBE), ganhou um espaço amplamente considerável. A SBE é um movimento que propõe que as práticas de saúde sejam desenvolvidas com base em evidências apresentadas em pesquisas científicas. Tal proposta favorece a melhora das práticas em saúde, porque as evidências buscadas garantem que tais práticas sejam desenvolvidas com bases sólidas. No entanto, a SBE também apresenta algumas desvantagens que precisam ser conhecidas, especialmente no sentido de evitar que elas gerem impacto negativo nas práticas de saúde. Nesse sentido, torna-se essencial que os profissionais que atuam com auditorias na área da saúde conheçam as premissas da SBE, bem como suas principais vantagens e desvantagens, no sentido de se apropriar de elementos que favoreçam suas avaliações e recomendações. Sendo assim, essa disciplina tem como objetivos: 1. Identificar o histórico e os conceitos e básicos da saúde baseada em evidências. 2. Descrever as características principais das fases da saúde baseada em evidências. 3. Relatar os principais aspectos das tendências em auditoria com base na saúde baseada em evidências. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 5 Introdução A Saúde Baseada em Evidências (SBE) é uma proposta que privilegia as evidências buscadas em estudos científicos para o desenvolvimento das ações de cuidado de saúde com os pacientes. Como qualquer proposta, possui características próprias e muitas vantagens, que favorecem sua adoção. No entanto, também possui desvantagens, que precisam ser conhecidas e consideradas. Nesta primeira aula de nossa disciplina, servindo como base para as discussões posteriores, destacaremos alguns aspectos da evolução histórica da SBE e seus conceitos. Além disso, serão ressaltadas as características principais e algumas das vantagens e desvantagens mais relevantes da SBE. Objetivo: 1. Identificar a evolução histórica e os conceitos da SBE; 2. Reconhecer as principais características, vantagens e desvantagens da SBE. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 6 Conteúdo Breve evolução histórica Archie Cochrane A Saúde Baseada em Evidências (SBE) teve início como um movimento criado por alguns importantes pesquisadores, sendo talvez o de maior notoriedade o professor e pesquisador britânico Archie Cochrane que, em 1972, publicou o livro Effectiveness and Efficiency: Random Reflections on Health Services. Através de sua luta, que ganhou grande reconhecimento, a proposta da Saúde Baseada em Evidências foi disseminada pelo mundo e a aceitação ao conceito acabou ganhando amplitude bastante relevante. Álvaro Nagib Atallah No Brasil, a proposta da SBE teve início principalmente através do trabalho do professor Álvaro Nagib Atallah, considerado como o “Pai da Medicina Baseada em Evidências no Brasil” que, em 1996, fundou o Centro Cochrane do Brasil. Os Centros Cochrane, ligados à organização internacional Cochrane Collaboration, são atualmente 14 em todo o mundo e se configuram como as principais organizações voltadas para a promoção do estudo, estratégias e divulgação da SBE. Eis a questão Muito se tem falado nas últimas décadas acerca da Saúde Baseada em Evidências (ou Medicina Baseada em Evidências). Certamente, você já ouviu o termo algumas vezes, ou até mesmo muitas vezes. Mas, afinal, o que é isso? Do que se trata exatamente? SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 7 Conceitos básicos Seria algo tão especial e diferente daquilo que já estamos acostumados na área da saúde, seja como profissional específico de saúde ou como profissional relacionado à área da saúde? Evidências baseadas em prática Em suas considerações, Sackett et al. (1996) definem a Saúde (ou Medicina) Baseada em Evidências como o “uso consciente, explícito e judicioso da melhor certeza científica disponível, para tomar decisões sobre o cuidado com a saúde de pessoas”. Alinhados com essa mesma perspectiva, mas acrescentando importantes detalhamentos, Donald e Greenhalgh (2000) a conceituam como: Reforço das habilidades tradicionais de um clínico no diagnóstico, no tratamento, na prevenção e nas áreas relacionadas, por meio da formulação sistemática de questões relevantes e passíveis de serem respondidas, e o uso de estimativas matemáticas de probabilidade e risco (DONALD; GREENHALGH, 2000). A Saúde Baseada em Evidências (SBE), também denominada por muitos autores de Medicina Baseada em Evidências (MBE), pode ser explicada como uma forma de enfoque voltado para o fornecimento da melhor informação que estiver disponível para a tomada de decisão na área da saúde. Atividades de pesquisa, a busca pelo conhecimento e suas aplicações Para que as atividades de pesquisa, a busca pelo conhecimento e suas aplicações nas ações de saúde sejam possíveis e confiáveis, a SBE faz uso de elementos e instrumentos de áreas específicas, tais como: A Epidemiologia Clínica; A Estatística; SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 8 A Metodologia Científica; E a Informática. Prática da Saúde Baseada em Evidências Com a prática da Saúde Baseada em Evidências, é possível que haja de fato uma integração das experiências clínicas adquiridas com as mais confiáveis evidências que estejam disponíveis. Isso favorece amplamente a maior segurança nas intervenções de saúde e, ao mesmo tempo, um melhor posicionamento ético. Assim, através da prática efetiva e eficiente da SBE, busca-se a melhor avaliação e, consequentemente, a maior redução das incertezas na tomadade decisões em Saúde. Profissionais preparados A prática competente da SBE exige, de fato, amplo e bem desenvolvido conhecimento e experiência clínicas. No entanto, cabe a consideração de que só isso não basta. Na realidade, é essencial que os profissionais estejam totalmente preparados para a busca, o encontro, a interpretação e, naturalmente, a aplicação dos resultados, em seus pacientes, daqueles estudos científicos que apresentam as melhores evidências para seus casos. Características principais da Saúde Baseada em Evidências Naturalmente, a proposta da SBE possui inúmeras características. Dentre aquelas que são as mais relevantes para a nossa discussão, podemos destacar as seguintes: A SBE aceita o fato de que as decisões clínicas podem conter incertezas importantes. Além disso, reconhece que muitas vezes as ações de saúde SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 9 desenvolvidas não são acompanhadas de conhecimento suficiente acerca de seu impacto real, seja na própria saúde ou na vida diária dos pacientes. A SBE entende que as evidências são de fato capazes de oferecer os dados necessários para permitir uma avaliação efetiva dos possíveis reais impactos das condutas clínicas. A SBE, na busca da redução das incertezas das decisões clínicas, procura evidências de pesquisas que sejam elaboradas e desenvolvidas com dados e resultados capazes de dar as respostas necessárias. A SBE entende a relevância e mesmo a necessidade da experiência clínica, mas reconhece claramente sua insuficiência na capacidade de diminuição das incertezas das decisões clínicas. A prática da SBE permite a apresentação de diversas evidências científicas, em graus variados, dependendo da forma com que a pesquisa é delineada e desenvolvida. Isso favorece a busca pelo melhor resultado. A SBE tem como fundamento o fato de que as evidências são capazes de favorecer melhores resultados, do ponto de vista clínico, tanto para o paciente envolvido quanto para a sociedade como um todo. A SBE tem como eixo básico uma integração da melhor evidência com as experiências clínicas e com o conhecimento mais atualizado sobre os mecanismos das doenças. Vantagens e desvantagens importantes Mesmo considerando toda a relevância das características principais da SBE, que acabamos de conhecer, cabe observar que a SBE possui, sim, vantagens importantes, mas também possui desvantagens que não são nada triviais. Nesse sentido, torna-se muito importante conhecê-las e ter a capacidade de ponderar sobre todas as vantagens e desvantagens, antes de se decidir o caminho a escolher. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 10 Principais vantagens da SBE Vamos conhecer agora as principais vantagens da SBE: Movimento de reforma na medicina Na medida em que se configura como uma proposta que questiona as práticas utilizadas até então, delineando novas e mais conscientes perspectivas para a tomada de decisão acerca do cuidado em saúde, acaba se apresentando como um movimento de reforma de grande relevância. Melhoria das ações direcionadas aos pacientes individuais A SBE favorece o desenvolvimento de ações mais conscientes e criteriosas, porque se baseia na melhor informação disponível. Isso permite melhor cuidado nos casos específicos de cada paciente. Evidência versus ideologia A SBE privilegia a evidência científica, em detrimento das visões ideológicas que sempre permearam as ações de saúde. Embora reconhecidamente importantes, as visões ideológicas têm maior risco de incertezas. Pesquisas voltadas à solução de problemas Permite a solução dos problemas de saúde de maneira mais judiciosa, dado que é feita através da busca de evidências apresentadas nos resultado de pesquisas científicas. Principais desvantagens da SBE Vamos conhecer agora as principais desvantagens da SBE: SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 11 Mudança de poder SBE é criticada muitas vezes porque pode interferir na autonomia da decisão do profissional de saúde que, de qualquer forma, já possui conhecimento científico capaz de direcionar suas ações. Deslocamento do foco da medicina Na medida em que privilegia amplamente os resultados de pesquisas científicas, a SBE acaba enfatizando amplamente a estatística. Isso pode favorecer uma prática impessoal, que acabe deixando de lado o humanismo, essencial à área da saúde. Hierarquia da evidência A proposta da SBE hierarquiza os tipos de pesquisa. Com isso, quanto mais alto um tipo estiver na hierarquia, mais aceitos serão seus resultados. Isso pode gerar problemas importantes, porque estudos que pertençam a hierarquias mais baixas, mas que tenham sido muito mais bem realizados do que outros mais bem-vistos hierarquicamente podem ser desconsiderados. Influência comercial como viés da evidência Infelizmente, existe o risco de algumas pesquisas serem voltadas para mostrar evidências que se baseiam nos interesses de determinadas organizações que as financiam, fato que interfere na credibilidade da SBE. Atividade proposta Uma das principais desvantagens da Saúde Baseada em Evidências é a influência comercial como viés da evidência. Isso significa que pode haver influência direta de algumas organizações nas pesquisas, que seriam voltadas para mostrar evidências baseadas nos seus interesses de tais organizações, interfere, assim, na credibilidade da SBE. Descreva uma forma em que pode haver interferência de uma organização nos resultados dos estudos. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 12 Chave de resposta: Você deve refletir sobre a questão e indicar um exemplo, como a indústria farmacêutica influenciando em resultados de pesquisas para favorecer as vendas de seus medicamentos. A resposta é livre! Referências DONALD, A.; GREENHALGH, T. A hands-on guide to evidence based health care: practice and implementation. Oxford: Blackwell Science, 2000. SACKETT, D.L. et al. Evidence based medicine: what it is and what it isn’t. BMJ 1996; 312:71-2. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 13 Exercícios de fixação Questão 1 Archie Cochrane, principal expoente da SBE, publicou seu livro sobre o tema na década de: a) 1950 b) 1960 c) 1970 d) 1980 e) 1990 Questão 2 O Centro Cochrane do Brasil foi fundado em: a) 1982 b) 1986 c) 1992 d) 1996 e) 1999 Questão 3 Julgue as afirmações abaixo e marque a alternativa correta: I - A SBE é uma forma de enfoque voltado para o fornecimento da melhor informação disponível para a tomada de decisão na área da saúde. II - A SBE faz uso instrumentos de áreas específicas, tais como a Epidemiologia Clínica a Estatística, a Metodologia Científica e a Informática. III - A prática da SBE não considera as experiências clínicas, pois se baseia na busca das mais confiáveis evidências disponíveis. Está(ão) correta(s) a(s) afirmação(ões) destacada(s) em: a) I, apenas b) III, apenas c) I e II, apenas d) II e III, apenas e) I, II e III SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 14 Questão 4 Uma das áreas específicas das quais a SBE se utiliza de seus instrumentos é a: a) Informática b) Ciências Contábeis c) Ciências Políticas d) Economia e) Sociologia Questão 5 Analise as duas afirmativas abaixo e responda: a) A prática da SBE permite a maior segurança nas intervenções de saúde. b) A prática da SBE favorece um melhor posicionamento ético. a) As duas afirmações estão corretas, e a segunda justifica a primeira. b) As duas afirmações estão corretas, e a segunda não justifica a primeira. c) As duas afirmações estão incorretas. d) A primeira está correta, mas a segunda está incorreta. e) A primeira está incorreta, mas a segunda está correta. Questão 6 Analiseas duas afirmativas abaixo e responda: a) A SBE aceita o fato de que as decisões clínicas não contêm incertezas importantes. b) Reconhece que muitas vezes as ações de saúde desenvolvidas não são acompanhadas de conhecimento suficiente acerca de seu impacto real. a) As duas afirmações estão corretas, e a segunda justifica a primeira. b) As duas afirmações estão corretas, e a segunda não justifica a primeira. c) As duas afirmações estão incorretas. d) A primeira está correta, mas a segunda está incorreta. e) A primeira está incorreta, mas a segunda está correta. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 15 Questão 7 Julgue as afirmações abaixo e marque a alternativa correta: I – A SBE entende a relevância e a necessidade da experiência clínica. II – A SBE reconhece a insuficiência da experiência clínica na capacidade de diminuição das incertezas das decisões clínicas. III – A SBE entende que as evidências não são capazes de oferecer os dados necessários para permitir uma avaliação efetiva dos possíveis impactos das condutas clínicas. Está(ão) correta(s) a(s) afirmação(ões) destacada(s) em: a) I, apenas b) III, apenas c) I e II, apenas d) II e III, apenas e) I, II e III Questão 8 Marque a opção que apresenta uma das principais vantagens da SBE: a) Mudança de poder b) Movimento de reforma na medicina c) Deslocamento do foco da medicina d) Hierarquia da evidência e) Influência comercial como viés da evidência Questão 9 Marque a opção que apresenta uma das principais desvantagens da SBE: a) Melhoria das ações direcionadas aos pacientes individuais b) Movimento de reforma na medicina c) Pesquisas voltadas à solução de problemas d) Hierarquia da evidência e) Evidências versus ideologia SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 16 Questão 10 Analise as duas afirmativas abaixo e responda: a) A SBE promove a integração da melhor evidência com as experiências clínicas. b) Integra as experiências clínicas com conhecimento científico mais atualizado. a) As duas afirmações estão corretas, e a segunda justifica a primeira. b) As duas afirmações estão corretas, e a segunda não justifica a primeira. c) As duas afirmações estão incorretas. d) A primeira está correta, mas a segunda está incorreta. e) A primeira está incorreta, mas a segunda está correta. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 17 Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - C Justificativa: O livro Effectiveness and Efficiency: Random Reflections on Health Services, de Archie Cochrane, foi publicado no ano de 1972. Questão 2 - D Justificativa: Álvaro Nagib Atallah, considerado como o “Pai da Medicina Baseada em Evidências no Brasil”, fundou, em 1996, o Centro Cochrane do Brasil. Questão 3 - C Justificativa: A prática da SBE favorece a integração das experiências clínicas adquiridas com as mais confiáveis evidências que estejam disponíveis. Questão 4 - A Justificativa: A SBE faz uso de elementos e instrumentos de áreas específicas, entre elas a Informática, para que as atividades de pesquisa, a busca pelo conhecimento e suas aplicações nas ações de saúde sejam possíveis e confiáveis. Questão 5 - B Justificativa: A prática da SBE favorece amplamente a maior segurança nas intervenções de saúde e, ao mesmo tempo, um melhor posicionamento ético. Questão 6 - E Justificativa: Ao contrário da primeira afirmação, a SBE aceita o fato de que as decisões clínicas podem conter incertezas importantes. Mas a segunda afirmação está correta: a SBE reconhece que as ações de saúde nem sempre são acompanhadas de conhecimento suficiente sobre seu real impacto. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 18 Questão 7 - C Justificativa: A SBE realmente entende a relevância e a necessidade da experiência clínica, mas, ao mesmo tempo, também reconhece sua insuficiência na capacidade de redução das incertezas das decisões clínicas. No entanto, a SBE entende que as evidências são, de fato, capazes de oferecer os dados necessários para permitir uma avaliação efetiva dos possíveis impactos das condutas clínicas. Questão 8 - B Justificativa: É uma vantagem porque a SBE se apresenta como um movimento de reforma de grande relevância, na medida em que se configura como uma proposta que questiona as práticas utilizadas até então, delineando novas e mais conscientes perspectivas para a tomada de decisão acerca do cuidado em saúde. Questão 9 - D Justificativa: A proposta da SBE hierarquiza os tipos de pesquisa. Isso é uma desvantagem porque pode gerar problemas importantes: estudos que pertençam a hierarquias mais baixas, mas que tenham sido muito mais bem realizados do que outros mais bem vistos hierarquicamente podem ser desconsiderados. Questão 10 - A Justificativa: A SBE realmente favorece essa integração, na medida em que aceita as experiências clínicas, mas determina que elas necessitem se aliar às evidências para permitir a redução das incertezas. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 19 Introdução A proposta da SBE, como um processo que se fundamenta em estudos científicos, possui etapas que devem ser cuidadosamente seguidas para que os resultados buscados possam de fato ser alcançados. É essencial que os profissionais que adotam as premissas da SBE conheçam suas etapas, para que sua busca por evidências possa ser criteriosa. Nesta segunda aula de nossa disciplina, serão apresentados os aspectos centrais referentes às cinco fases (ou etapas) da SBE. Na primeira parte da aula serão destacadas as fases 1 e 2, que são as etapas iniciais da SBE. Em seguida, serão destacadas as fases 3, 4 e 5, que se configuram como as fases centrais e finais da SBE. Objetivo: 1. Identificar os aspectos básicos das fases 1 e 2 da SBE; 2. Identificar os aspectos básicos das fases 3, 4 e 5 da SBE. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 20 Conteúdo Saúde baseada em evidências: fases 1 e 2 De modo geral, há o entendimento por parte dos principais especialistas defensores da SBE de que, quando não são ajustadas a essa proposta, as tomadas de decisões em saúde (clínicas ou gerenciais) correm o risco de incluir alguns problemas importantes. Por exemplo, as decisões podem ser tomadas a partir de relatos de casos, que não têm o compromisso de possuir estudos vastos e criteriosos que os fundamentem. A tomada de decisão pode também ser baseada apenas na opinião de especialistas, prática chamada por muitos de “saúde baseada em evidências”, e que é combatida pela proposta da SBE. Ainda um outro exemplo pode ser o fato de as decisões correrem o risco de serem tomadas com base principalmente em minimização de custos. Certamente, a redução de custos é um fator relevante, mas não pode ser a base central para a tomada de decisão clínica. Caminhos da SBE Como já foi comentada, a proposta da SBE envolve uma mudança importante em relação à prática anterior. Na realidade, envolve a adoção de um novo paradigma, dado que aqueles que buscam as evidências precisam modificar seus comportamentos e práticas com base no que é encontrado. No entanto, para buscar as melhores evidências, os melhores resultados, é essencial procurá-las também da melhor forma. Não basta apenas ler bons artigos ou estudos. A mudança de comportamento requer mais que isso: é preciso encontrar e ler os estudos certos, na hora certa! SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 21 Nesse sentido, seguir etapas bem-definidas é uma maneira eficaz de facilitar o processo de busca e de aplicação dos resultados. Isso favorece bastante a tão importante mudança de paradigma. Os caminhos para a mudança de comportamento Os caminhos para a mudança de comportamento na direção da proposta da SBE incluem: Formularcorretamente o problema, a questão a ser respondida. Isso significa que as dúvidas precisam ser transformadas em perguntas (acerca das evidências) que possam ser respondidas. A partir daí, deve-se buscar a melhor informação que estiver acessível, ou seja, buscar as melhores evidências, da maneira mais competente. Em seguida, deve-se verificar se a informação é, de fato, útil e válida para o que se precisa. Isso significa que é indispensável analisar criticamente as evidências avaliando sua validade e utilidade. O próximo passo é colocar em prática, seja no cuidado clínico ou nas atividades de gestão, os resultados de todo esse processo de busca e verificação. Esse momento costuma ser chamado de “incorporar a evidência à prática”. Finalmente, deve-se fazer a avaliação dos resultados da tomada de decisão (clínica ou gerencial). Esses passos podem ser associados com as fases da SBE, que começaremos a destacar agora. As duas primeiras fases, que serão apresentadas a seguir, podem ser consideradas como as fases iniciais do processo. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 22 Fase 1 – formulação do problema Esta primeira fase do processo é aquela voltada para a formulação correta do problema. Dessa maneira, será fundamental determinar claramente sobre quem é o problema, para que seja possível buscar outros grupos de pacientes que realmente se assemelham àquele sobre quem se precisa buscar respostas. Ainda nesta fase deve-se determinar qual tipo de tratamento ou de abordagem que está sendo pensada para o indivíduo ou população em questão. Finalmente, deve-se determinar, entre os resultados possíveis, qual é aquele que se deseja e quais os que não se deseja. Para muitas pessoas, essa pode ser a fase mais difícil de todo o processo, porque muitas vezes há dificuldade em formular o problema com a precisão necessária. Para ajudar nessa atividade, o investigador deverá, ainda nesta Fase 1, definir e utilizar palavras-chave e selecionar a base de dados bibliográficos que será utilizada. Fase 2 – investigação na literatura A segunda fase da SBE, ainda uma etapa inicial do processo, é voltada para a atividade de procura, na literatura disponibilizada, das informações que possam ter a capacidade de responder da melhor maneira àquelas questões que foram formuladas na fase anterior. Essa atividade de investigação pode ser feita de maneiras diferentes, sejam mais simples ou mais aprofundadas, de acordo com as necessidades e interesses do investigador. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 23 Assim, pode ser feita uma investigação mais básica e resumida, sem muita complexidade, quando a investigação busca algum tipo de informação que possa ser útil ou importante. A busca pode também ser um pouco mais aprofundada, quando se quer respostas para uma determinada situação correspondente a um problema em particular. Pode, ainda, ser uma investigação bem abrangente, uma pesquisa voltada para a busca de uma perspectiva ampla daquilo que existe no momento sobre uma determinada área ou questão, que também trará informações sobre o que não se sabe a respeito e sobre o que ainda é incerto. Fase 3 – análise crítica das evidências A terceira fase da SBE é a fase intermediária de todo o processo. É voltada para a avaliação da validade e da utilidade das informações (evidências) buscadas e encontradas nos estudos, feita a partir da análise metodológica. A avaliação da utilidade é muito importante porque, como já foi comentado, nem todos os estudos e suas evidências servirão exatamente para aquilo que se está buscando e necessitando. Por outro lado, a avaliação da validade precisa ser feita porque, infelizmente, nem todos os estudos são feitos da forma criteriosa e adequada que é necessária. É absolutamente importante que a pesquisa não seja limitada, especialmente por motivos de ordem logística (quantidade, tamanho, tempo do estudo etc.). Quando se impõe muitas limitações à investigação, corre-se o sério risco de se deixar passar muitos estudos que poderiam ser de grande utilidade. Além disso, é muito importante deixar claro que uma limitação não exclui necessariamente estudos que não têm boa validade. Quando se impõe SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 24 limitações prévias, estudos bons e não tão bons vão surgir dentro da margem que foi delimitada. Para se fazer a análise metodológica dos estudos encontrados, deve-se investigar quais os objetivos do estudo, o que motivou seu desenvolvimento, qual a sua relevância, quais hipóteses foram testadas e a partir de quais métodos. Além disso, é igualmente preciso verificar quais tipos de estudo foram realizados. Nesse caso, deve-se verificar se os estudos são do tipo primário ou secundário. Nessa fase 3, é muito importante que o investigador tenha conhecimento acerca dos tipos de estudos, principalmente sobre aqueles que possuem maior qualidade científica. Na nossa próxima aula, estudaremos melhor essa questão. Fase 4 – adaptação ao caso Esta quarta fase, ainda uma fase central do processo, é voltada para, finalmente, integrar a evidência encontrada com a experiência clínica e adaptá- la ao caso em questão. Portanto, esse é o momento em que a evidência será utilizada para a tomada de decisão clínica ou gerencial, desde que tenha sido verificada sua validade e que seus resultados tenham sido entendidos como úteis e, assim, possam ser adaptados aos casos de pacientes com as mesmas características. Esse é de fato um momento de grande relevância, porque, afinal, como apontam Berwanger, Guimarães e Azevum (2005): SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 25 "De nada valeria identificar a questão clínica, buscar adequadamente a evidência e avaliá-la criticamente, se as implicações desta última não forem seguidas na prática. Dessa forma, uma vez identificada a evidência que possui validade interna, cujos resultados são importantes do ponto de vista clínico e estatístico e que é aplacável, torna-se imperativo colocá-la em prática, buscando obter desfechos favoráveis para os (...) pacientes". Fase 4 – prática clínica, as principais vantagens e os principais efeitos Para a prática clínica, as principais vantagens e os principais efeitos adquiridos com esse processo são: Decisões clínicas baseadas na racionalidade, que são bem mais confiáveis. Diminuição da incerteza na prática clínica, altamente indesejável. Reconhecimento dos elementos que favorecem ou desfavorecem as mudanças. Favorecimento das conclusões e desenlaces dos casos dos pacientes, o que é, em última instância, o grande objetivo que se busca alcançar com todo o processo da SBE. Fase 4 – ações gerenciais de tomada de decisão e as principais vantagens Já para as ações gerenciais de tomada de decisão, as principais vantagens e os principais efeitos adquiridos com esse processo são: Decisões gerenciais baseadas na racionalidade, que também são bem mais confiáveis; Decisões gerenciais tomadas a partir de critérios predeterminados, que são baseados naquilo que foi adequadamente investigado; SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 26 Ampliação e aprimoramento da qualidade na tomada de decisão gerencial; Otimização dos recursos existentes, sejam eles recursos técnicos, humanos ou financeiros, fato que é absolutamente essencial para a efetiva gestão da saúde. Fase 5 – avaliação Esta quinta fase do processo, que se configura como a fase final, é especificamente voltada para a avaliação, por parte do investigador, do seu próprio desempenho, ou seja, verificar a aplicação e os resultados da sua atuação na prática da SBE. Atividade proposta O primeiro passo do processo da SBE é formular corretamente o problema, a questão a ser respondida.Nesse sentido, as dúvidas devem ser transformadas em perguntas. Formule uma pergunta a partir das seguintes palavras-chave: idosos, exercícios físicos, pressão arterial. Chave de resposta: Você deve formular um problema (uma pergunta) a partir das três palavras-chave, como por exemplo: “Os exercícios físicos regulares podem reduzir a pressão arterial de pacientes acima dos 65 anos?” A resposta é livre! Referências BERWANGER, O.; GUIMARÃES, H.P.; e AVEZUM, A. Medicina baseada em evidências. Rev. Bras. Clín. Terap., 2005, 31(3), p. 125. DRUMMOND J. P.; SILVA, e. Medicina baseada em evidências: novo paradigma assistencial e pedagógico. São Paulo: Atheneu, 1998. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 27 Exercícios de fixação Questão 1 A primeira fase da SBE é aquela voltada para: a) Investigação na literatura b) Formulação do problema c) Investigação básica d) Investigação abrangente e) Formulação de evidências Questão 2 A segunda fase da SBE é aquela voltada para: a) Investigação na literatura b) Formulação do problema c) Formulação de palavras-chave d) Investigação de dificuldades e) Formulação de evidências Questão 3 As decisões da SBE devem ser tomadas com base principalmente em minimização de custos PORQUE A redução de custos é a base central para a tomada de decisão clínica. a) As duas afirmações estão corretas e a segunda justifica a primeira. b) As duas afirmações estão corretas e a segunda não justifica a primeira. c) As duas afirmações estão incorretas. d) A primeira está correta, mas a segunda está incorreta. e) A primeira está incorreta, mas a segunda está correta. Questão 4 Quando não são ajustadas à proposta da SBE, as decisões em saúde correm o risco de serem tomadas a partir de relatos de casos PORQUE SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 28 Os relatos de casos não têm o compromisso de possuir estudos vastos e criteriosos que os fundamentem. a) As duas afirmações estão corretas e a segunda justifica a primeira. b) As duas afirmações estão corretas e a segunda não justifica a primeira. c) As duas afirmações estão incorretas. d) A primeira está correta, mas a segunda está <incorreta class=""></incorreta> e) A primeira está incorreta, mas a segunda está correta. Questão 5 Julgue as afirmações abaixo e marque a alternativa correta: I – A proposta da SBE envolve a adoção de um novo paradigma. II – Um dos passos para a mudança de comportamento na direção da SBE é formular corretamente o problema, a questão a ser respondida. III – A tomada de decisão em saúde baseada apenas na opinião de especialistas é chamada por muitos de “saúde baseada em evidências”. Está(ão) correta(s) a(s) afirmação(ões) destacada(s) em: a) I, apenas b) III, apenas c) I e II, apenas d) II e III, apenas e) I, II e III Questão 6 A terceira fase da SBE é aquela voltada para: a) Avaliação do desempenho do investigador. b) Integração da evidência com a experiência clínica. c) Otimização dos recursos disponíveis. d) Avaliação da validade das informações. e) Adaptação ao caso. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 29 Questão 7 A quarta fase da SBE é aquela voltada para: a) Avaliação do desempenho do investigador. b) Avaliação da utilidade das informações. c) Otimização dos recursos disponíveis. d) Avaliação da validade das informações. e) Adaptação ao caso. Questão 8 A quinta fase da SBE é aquela voltada para: a) Avaliação do desempenho do investigador. b) Avaliação metodológica. c) Otimização dos recursos disponíveis. d) Avaliação da validade das informações. e) Adaptação ao caso. Questão 9 Para a prática clínica, uma das principais vantagens adquiridas com a aplicação da evidência à prática é: a) Ampliação da qualidade na tomada de decisão gerencial. b) Decisões gerenciais tomadas a partir de critérios predeterminados. c) Decisões gerenciais baseadas na racionalidade. d) Favorecimento das conclusões e desenlaces dos casos dos pacientes. e) Otimização dos recursos existentes. Questão 10 É importante que a pesquisa não seja limitada, especialmente por motivos de ordem logística PORQUE Limitações à investigação podem excluir muitos estudos que poderiam ser de grande utilidade. a) As duas afirmações estão corretas e a segunda justifica a primeira. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 30 b) As duas afirmações estão corretas e a segunda não justifica a primeira. c) As duas afirmações estão incorretas. d) A primeira está correta, mas a segunda está incorreta. e) A primeira está incorreta, mas a segunda está correta. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 31 Aula 2 Exercícios de fixação Questão 1 - B Justificativa: A primeira fase do processo é aquela voltada para a formulação correta do problema. Questão 2 - A Justificativa: A segunda fase da SBE é voltada para investigar, na literatura disponibilizada, as respostas que se deseja encontrar. Questão 3 - C Justificativa: As decisões correm o risco de serem tomadas com base principalmente em minimização de custos quando não são alinhadas com as propostas da SBE. A redução de custos é um fator relevante, mas não pode ser a base central para a tomada de decisão clínica. Questão 4 - B Justificativa: Quando não são ajustadas a essa proposta, as tomadas de decisões em saúde (clínicas ou gerenciais) de fato correm o risco de serem tomadas a partir de relatos de casos e isso pode ser um grande problema. Realmente, os relatos de caso não têm o compromisso de possuir estudos vastos e criteriosos que os fundamentem, mas isso não justifica o fato de as decisões serem tomadas a partir deles. Questão 5 - E Justificativa: De fato, a SBE envolve a apropriação de um novo paradigma. A formulação do problema é um dos passos da SBE, identificado como sua fase 1. A decisão em saúde, quando tomada apenas na opinião de especialistas, é de fato chamada por muitos de “saúde baseada em eminências”. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 32 Questão 6 - D Justificativa: A fase 3 da SBE é voltada para avaliação da validade e da utilidade das informações (evidências) buscadas e encontradas nos estudos. Questão 7 - E Justificativa: A fase 4 da SBE é voltada para integrar a evidência encontrada com a experiência clínica e adaptá-la ao caso em questão. Questão 8 - A Justificativa: A fase 5 da SBE é voltada para a avaliação, por parte do investigador, do seu próprio desempenho. Questão 9 - D Justificativa: O favorecimento das conclusões e desenlaces dos casos dos pacientes é de fato uma vantagem para a prática clínica. As demais opções são vantagens para a tomada de decisão gerencial. Questão 10 - A Justificativa: Realmente, é muito importante que a pesquisa não seja limitada, principalmente por motivos de ordem logística. Isso porque as limitações podem, de fato, excluir estudos que poderiam ser de grande utilidade. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 33 Introdução Os estudos da área clínica podem ser de tipos distintos. Há os estudos primários, que englobam tipos diferentes de estudos, e os estudos secundários, que também englobam métodos diversos. Cada estudo possui características próprias e, em princípio, são elas que podem garantir se um estudo tem validade maior ou menor. A partir da determinação de seu valor científico, um dado estudo pode ser selecionado para auxiliar na tomada de decisões. Nesta aula, a terceira de nossa disciplina, serão abordadas, de forma sucinta, as principais características que se relacionam com os tipos de estudos primários e de estudos secundários utilizados na prática da SBE. Objetivo: 1. Identificar os tipos de estudos primários e suas principais características; 2. Identificaros principais aspectos relacionados aos estudos secundários e a hierarquia das evidências. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 34 Conteúdo Estudos primários Os estudos primários podem ser divididos em observacionais e experimentais. Observacionais São relacionados à aplicação ou às observações das intervenções em saúde. Os estudos em forma de experimentos são intervenções feitas em indivíduos voluntários ou em animais, desenvolvidas em ambientes que podem ser artificiais ou controlados. Experimentais São aqueles estudos desenvolvidos em forma de experimentos, ensaios clínicos ou inquéritos (averiguações). Os estudos em forma de ensaios clínicos são intervenções clínicas feitas com um determinado grupo de pacientes, que devem ser acompanhados para a análise do seguimento da intervenção e de seu desfecho. Atenção Inquéritos são averiguações que se constituem em ferramentas úteis para o monitoramento das condições de saúde e do desempenho do setor. Nesse caso, mede-se a dimensão ou elemento de interesse em grupos específicos. Aquelas questões que surgem na atividade de formulação dos problemas, durante uma investigação, podem ser respondidas por tipos variados de estudos primários. Dimensões de estudos de pesquisa De modo geral, os estudos de pesquisa na área clínica abrangem as seguintes dimensões: SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 35 Diagnóstico: os estudos são feitos para comprovar se um novo teste de diagnóstico tem validade e se é possível reproduzir os mesmos resultados sempre que for realizado. Tratamento: os estudos são feitos para que se possa testar a eficácia de algum tipo de tratamento ou abordagem terapêutica (tratamento medicamentoso, intervenção alternativa, procedimentos cirúrgicos etc.). Prognóstico: os estudos são feitos para concluir o que é provável que venha a acontecer àqueles indivíduos cuja doença, afecção ou determinada situação de saúde é detectada em um estágio ainda inicial. Causalidade: os estudos são feitos para que seja possível concluir se um determinado agente ou uma determinada situação, hipoteticamente nocivos à saúde, estão de fato relacionados ao surgimento e desenvolvimento da doença. Tipos de estudos primários Os principais estudos primários são os ensaios clínicos randomizados, os estudos de coortes, os estudos de caso-controle, os estudos transversais e os relatos de casos. A seguir, vamos conhecer as principais características de cada um deles. Ensaios Clínicos Randomizados (ECR) O Ensaio Clínico Randomizado (ECR), ou Estudo Clínico Randomizado, se configura como uma das ferramentas de maior eficácia para se adquirir evidências relacionadas aos cuidados em saúde. Ensaio clínico é um teste realizado para comparar um determinado tratamento ou abordagem clínica em relação a outros tratamentos e abordagens padrão ou a um placebo, permitindo esclarecer qual a intervenção mais apropriada para outros indivíduos com uma determinada condição clínica. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 36 As intervenções também têm que ser controladas pelos pesquisadores, devendo os grupos ser acompanhados pelo tempo que foi definido, para avaliação dos resultados. Um ensaio clínico também pode ser do tipo controlado (Ensaio Clínico Controlado – ECC), que também são estudos comparativos, mas no qual a forma de destinação dos indivíduos para os grupos não é aleatória. Portanto, são diferentes dos ECRs. Estudos de Corte O estudo de Coorte se constitui em um tipo de estudo de característica observacional, no qual o investigador observa e analisa, em grupos populacionais, a relação entre a presença de fatores de riscos ou características e o surgimento e desenvolvimento de doenças. Nesse tipo de estudo, a situação e o grau da exposição aos riscos são os critérios que determinam a seleção dos grupos de indivíduos e eles são acompanhados para que seja feita a verificação da incidência da enfermidade. Estudos de Caso-controle O estudo de caso-controle se constitui em um estudo observacional, longitudinal e analítico. Nesse tipo de estudo é feita a comparação de um determinado grupo de casos, que pode ser configurado como de indivíduos portadores de uma enfermidade, com um outro grupo semelhante de indivíduos (controle), mas que não possuem aquela enfermidade. A coleta de dados é realizada a partir da investigação acerca do histórico dos indivíduos e de seus registros médicos e a comparação é feita em relação à exposição dos indivíduos de cada grupo a um ou mais fatores causais. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 37 Estudos Transversais Estudos Transversais são tipos de estudos pontuais, realizados em um só momento. Esses estudos possuem estrutura semelhante a dos estudos de Coorte, mas as investigações são feitas em um único momento (não há acompanhamento dos indivíduos). Assim, as informações acerca do fator e do efeito de uma condição clínica qualquer, em indivíduos com e sem a condição ou expostos e não expostos a um fator, são coletadas e observadas no momento determinado. Relatos de casos Os relatos de casos são estudos voltados para a descrição do histórico da condição clínica de um indivíduo. Esses tipos de estudos se configuram como descrições bem detalhadas, que incluem as características do indivíduo, de sua situação de saúde, do tratamento realizado e do desfecho do caso. Estudos secundários e hierarquia das evidências Os estudos secundários são tipos de estudos nos quais a literatura disponível sobre os estudos primários que já foram antes desenvolvidos é utilizada, com o objetivo de verificar e eleger as melhores evidências. Avance a tela e conheça a seguir os tipos de estudos secundários. Revisões As revisões podem ser de três tipos distintos, que são as revisões não sistemáticas, as sistemáticas e as metanálises: Revisão não sistemática É um tipo de estudo secundário através do qual estudos primários de características semelhantes são analisados e resumidos. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 38 Revisão sistemática É um tipo de estudo secundário através do qual também são feitas análises e resumos (sínteses) de estudos primários. No entanto, nesse caso, os métodos utilizados nos estudos são analisados criteriosamente e as sínteses são sistemáticas, feitas através da adoção de uma metodologia predeterminada e bastante apurada. Metanálise É um tipo de estudo secundário através do qual os dados e resultados de estudos primários, após analisados, são combinados estatisticamente. É utilizada na revisão sistemática para integrar os resultados dos estudos, no sentido de compilar os pontos de concordância e detectar os possíveis pontos discordantes dos estudos que abordam questões em comum. Guidelines São guias desenvolvidas a partir de conclusões acerca de estudos primários, voltados para direcionar a prática clínica de avaliações e intervenções com pacientes que possuem condições semelhantes àquelas pesquisadas nos estudos. Análises de decisão São análises que, com base nos resultados de estudos primários, possibilitam o registro das probabilidades que se associam às intervenções em saúde. As probabilidades e as opções são representadas através de “árvores de decisão” ou “árvores de probabilidade”. Tais “árvores” (representações gráficas) são utilizadas para orientar a tomada de decisões. Análises econômicas São análises que, com base nos resultados de estudos primários, indicam a melhor forma de utilização de recursos, ou seja, apontam se uma determinada ação ou intervenção tem relação com um uso eficaz dos recursos. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 39 Hierarquia das evidências Como já foi abordado anteriormente, a propostada SBE envolve necessariamente a busca e a aplicação de estudos e pesquisas. Nesse sentido, torna-se fundamental a preocupação com a qualidade da evidência e, consequentemente, com a qualidade dos estudos. Certamente, alguns tipos de estudo têm maior eficácia do que outros tipos, oferecendo melhores resultados acerca das questões buscadas. Com base nesse entendimento, surge a premissa da hierarquia das evidências. Tabela Essa classificação hierárquica das evidências, que as ordena de acordo com sua maior ou menor efetividade, favorece e orienta a escolha daqueles estudos que são mais confiáveis, quando se procura respostas para questões investigadas por estudos distintos. A Tabela a seguir ilustra a classificação: (Tabela representativa de hierarquia de evidências) Considerações a respeito da Hierarquia das Evidências Em suas considerações a respeito da Hierarquia das Evidências, Galvão, Sawada e Mendes (2003) ressaltam que: SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 40 Saber a força e fraquezas A qualidade da evidência é um aspecto crucial na prática baseada em evidências; o profissional de saúde deve ser capaz de fazer julgamentos reconhecendo o bom e o ruim; saber a força e as fraquezas para poder generalizar a evidência; avaliar e utilizá-la criticamente, não tomá-la com absoluta confiança. Para avaliar a qualidade das evidências, o profissional de saúde deve compreender a abordagem metodológica na qual a pesquisa está inserida. Estudiosos afirmam que compreender as diferentes abordagens metodológicas é essencial (...) (GALVÃO et al, 2003). Encerramento Na medida em que a hierarquização das evidências as classifica em relação a sua maior ou menor efetividade, quanto mais alto o estudo se encontrar na hierarquia, pode-se entender que ele terá mais validade e confiabilidade. No entanto, cabe aqui a consideração de que, assim como os resultados de muitos estudos, essa hierarquia não pode ser tida como verdade absoluta em todas as circunstâncias. Na verdade, existem muitos estudos que não se enquadram nessa hierarquia, mas nem por isso deixam de ter validade ou relevância. Além disso, não vale a pena, por exemplo, dar preferência a uma metanálise que não foi bem realizada, em vez de preferir um amplo, eficiente e criterioso estudo de caso-controle, somente porque as metanálises estão no topo da hierarquia. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 41 Atividade proposta Responda à questão completando corretamente o Jogo da Forca: As análises que, com base nos resultados de estudos primários, possibilitam o registro das probabilidades que se associam às intervenções em saúde são as análises de: Chave de resposta: Decisão. Referências ABDALA, V. Como e onde buscar informação e evidências para tomada de decisões em saúde. Tutorial BVS. BIREME/OPAS/OMS, maio, 2009. Disponível em: favip.edu.br/arquivos/acessoinformacao.ppt GALVÃO, C.M.; SAWADA, N.O.; MENDES, I.A.C. A busca das melhores evidências. Rev. Esc. Enferm., USP, v. 37, n. 4, São Paulo, dez., 2003. SACKETT, D. L. Medicina baseada em evidências: prática e ensino. 2. ed. Porto Alegre: Artmed; 2003. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 42 Exercícios de fixação Questão 1 Os estudos realizados para comparar um determinado tratamento ou relação a outros tratamentos padrão ou a um placebo são: a) Estudos de caso-controle b) Relatos de caso c) Estudos clínicos randomizados d) Estudos de coorte e) Estudos transversais Questão 2 Os estudos cujas investigações são feitas em um único momento são: a) Estudos de caso-controle b) Relatos de caso c) Estudos clínicos randomizados d) Estudos de coorte e) Estudos transversais Questão 3 Os estudos voltados para a descrição do histórico da condição clínica de um indivíduo são: a) Estudos de caso-controle b) Relatos de caso c) Estudos clínicos randomizados d) Estudos de coorte e) Estudos transversais Questão 4 Os estudos em que são feitas comparações de um determinado grupo de casos com um outro grupo semelhante de indivíduos que não possuem a mesma condição clínica são: a) Estudos de caso-controle SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 43 b) Relatos de caso c) Estudos clínicos randomizados d) Estudos de coorte e) Estudos transversais Questão 5 Os estudos em que o investigador observa e analisa, em grupos populacionais, a relação entre a presença de fatores de riscos e o desenvolvimento de doenças são: a) Estudos de caso-controle b) Relatos de caso c) Estudos clínicos randomizados d) Estudos de coorte e) Estudos transversais Questão 6 Os estudos secundários através dos quais estudos primários com características semelhantes são resumidos são: a) Revisões sistemáticas b) Revisões não sistemáticas c) Metanálises d) Guidelines e) Análises de decisão Questão 7 Os estudos secundários através dos quais são feitas análises e sínteses de estudos primários a partir da adoção de uma metodologia predeterminada e bem apurada são: a) Revisões sistemáticas b) Revisões não sistemáticas c) Metanálises d) Guidelines SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 44 e) Análises de decisão Questão 8 Os estudos secundários através dos quais os dados e resultados de estudos primários, após analisados, são combinados estatisticamente são: a) Revisões sistemáticas b) Revisões não sistemáticas c) Metanálises d) Guidelines e) Análises de decisão Questão 9 Os estudos secundários são combinações estatísticas utilizadas para integrar os resultados dos estudos, no sentido de compilar os pontos de concordância e detectar os pontos discordantes dos estudos primários que abordam questões em comum PORQUE Os estudos secundários são tipos de estudos que utilizam a literatura disponível dos estudos primários. a) As duas afirmações estão corretas e a segunda justifica a primeira. b) As duas afirmações estão corretas e a segunda não justifica a primeira. c) As duas afirmações estão incorretas. d) A primeira está correta, mas a segunda está incorreta. e) A primeira está incorreta, mas a segunda está correta. Questão 10 Julgue as afirmações abaixo e marque a alternativa correta: I – Somente os estudos classificados na Hierarquia das Evidências podem ser considerados como válidos e relevantes. II – A classificação hierárquica das evidências as ordena de acordo com sua maior ou menor efetividade. III – A Hierarquia das Evidências favorece e orienta a escolha daqueles estudos que são mais confiáveis nas respostas para questões investigadas por estudos diferentes. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 45 Está(ão) correta(s) a(s) afirmação(ões) destacada(s) em: a) I, apenas b) III, apenas c) I e II, apenas d) II e III, apenas e) I, II e III SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 46 Aula 3 Exercícios de fixação Questão 1 - C Justificativa: O estudo clínico randomizado é realizado para comparar um determinado tratamento ou abordagem clínica em relação a outros tratamentos e abordagens padrão ou a um placebo, permitindo esclarecer qual a intervenção mais apropriada para outros indivíduos com uma determinada condição clínica. Questão 2 - E Justificativa: Os estudos transversais são tipos de estudos pontuais, realizados em um só momento (não há acompanhamento dos indivíduos). Questão 3 - B Justificativa: Os relatos de casos são descrições detalhadas da história da condição clínica de um indivíduo (características pessoais e da condição). Questão 4 - A Justificativa: O estudo de caso-controle é um estudo no qual é feita a comparação de um determinado grupo de casos, que pode ser configurado como de indivíduos portadores de uma enfermidade, com um outro gruposemelhante de indivíduos (controle), mas que não possuem aquela enfermidade. Questão 5 - D Justificativa: O estudo de coorte é um tipo de estudo de característica observacional, no qual o investigador observa e analisa, em grupos populacionais, a relação entre a presença de fatores de riscos ou características e o surgimento e desenvolvimento de doenças. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 47 Questão 6 - B Justificativa: A revisão não sistemática é um tipo de estudo secundário através do qual estudos primários de características semelhantes são analisados e resumidos. Questão 7 - A Justificativa: Uma revisão sistemática é um tipo de estudo secundário através do qual são feitas análises e resumos (sínteses) de estudos primários. Nesse tipo de estudo, os métodos utilizados nos estudos primários são analisados criteriosamente e as sínteses são sistemáticas, feitas através da adoção de uma metodologia predeterminada e bastante apurada. Questão 8 - C Justificativa: Uma metanálise é um tipo de estudo secundário através do qual os dados e resultados de estudos primários, após analisados, são combinados estatisticamente. Questão 9 - E Justificativa: Embora os estudos secundários sejam de fato tipos de estudos que utilizam a literatura disponível dos estudos primários, são as metanálises que se utilizam de combinações estatísticas para integrar os resultados dos estudos, no sentido de compilar os pontos de concordância e detectar os pontos discordantes dos estudos primários que abordam questões em comum. Questão 10 - D Justificativa: A hierarquização das evidências as classifica em relação a sua maior ou menor efetividade. Assim, possibilita a orientação da escolha daqueles estudos que são mais confiáveis nas respostas para questões investigadas por estudos distintos. No entanto, existem muitos estudos que não se enquadram nessa hierarquia, mas nem por isso deixam de ter validade ou relevância. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 48 Introdução A prática clínica, as auditorias e o gerenciamento da saúde podem se beneficiar amplamente com os elementos da SBE. Nesse sentido, além de conhecer os passos do processo da SBE, torna-se essencial conhecer também as principais fontes de busca por informações. Finalizando nossa disciplina, nesta quarta e última aula serão apresentadas sucintamente algumas das principais formas e fontes de busca de evidências disponíveis. Além disso, também serão destacados os aspectos básicos das tendências em auditoria com base na SBE. Objetivo: 1. Reconhecer os principais métodos e fontes de busca de evidências; 2. Identificar as principais tendências em auditoria com base na SBE. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 49 Conteúdo Busca por informações e evidências para a tomada de decisão Com as considerações das nossas aulas anteriores, foi possível conhecer os passos necessários para a prática da SBE. Nessa etapa, iremos caminhar com alguns desses passos: serão destacadas as principais fontes de busca e, também, serão ilustrados alguns passos dessa busca por informações. Formulando o problema Os elementos necessários para a formulação do problema são os seguintes (estratégia PICO): Problema: Em relação àquilo que se precisa de resposta, é preciso perguntar: qual a população? Que tipo de pacientes? Qual é o problema? Qual é o diagnóstico? Intervenção: De maneira geral, na intervenção utiliza-se a alternativa nova, aquela que se quer comparar com o tratamento padrão (novo medicamento, novo método diagnóstico, novo método cirúrgico etc.). Controle: Deve-se incluir a abordagem padrão, para permitir a comparação (medicamento mais utilizado, procedimento cirúrgico mais comum, método diagnóstico padrão, ou o placebo). Desfecho (outcome): Deve-se incluir o desfecho, o resultado (qualidade de vida, efeito colateral, eliminação ou redução dos sintomas, redução de custos etc.). SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 50 Pergunta poderá ser mais facilmente formulada Com base nos elementos anteriores, da chamada estratégia PICO (ou PIO, quando se exclui o controle), a pergunta poderá ser mais facilmente formulada. Por exemplo: Caso em questão: Mulher de 56 anos, com fortes sintomas pós-menopausa, com histórico de câncer na família, deseja terapia de reposição hormonal para melhora do quadro. Pergunta: O tratamento com reposição hormonal na pós-menopausa pode causar câncer de mama? Buscando a melhor evidência disponível Para a busca na literatura da área de saúde, o investigador conta com cerca de 20 milhões de artigos médicos, aproximadamente 7 mil periódicos e dezenas de bases de dados bibliográficos. Entre as principais bases de dados, as fontes primárias de busca, estão o Lilacs, Medline, Cochrane e Embase, entre outras. Nesta etapa da aula, vamos utilizar o caso do exemplo anterior, apenas para ilustrar brevemente algumas possibilidades de busca. A procura pode ser feita, por exemplo, através da utilização de qualquer palavra; através dos chamados termos médicos/descritores (MeSH/DeCS); através de um outro campo de dado qualquer, como autor, título etc., ou através da metodologia (tipo de estudo). Página de busca da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) A seguir está destacada a cópia da página de busca da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS): No campo da pesquisa, devem-se digitar as palavras do problema formulado que são mais significativas e que mais representam o problema. Quando a SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 51 pesquisa é feita por palavras, devem-se selecionar aquelas mais representativas e excluir os artigos, as preposições etc. Por exemplo: Ao selecionar o campo “Pesquisar”, surgirão outras janelas contendo as referências, fonte por fonte. Por exemplo: Há, ainda, a possibilidade de o investigador utilizar diversos tipos de filtros e opções, que servirão para selecionar ainda mais a sua pesquisa. Para refinar ainda mais a busca, existem também os operadores lógicos booleanos: “OR” (um assunto “ou” outro) e “AND NOT” (um assunto “e não” outro), que podem ser digitados entre as palavras, em caso de necessidade. Quando não são digitados esses operadores, o sistema assume automaticamente a ideia do operador “AND” (um assunto “e” outro), combinado as palavras. Amplificar a busca Caso haja interesse em amplificar a busca, pode-se abreviar a palavra terminada com “$” (símbolo para trucagem), que funciona como um recuperador de variações da palavra abreviada. Por exemplo: Gestação múltipla na adolesc$ Quando a pesquisa é feita através de DeCS/MeSH, deve ser selecionada a terminologia de interesse. Os DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) se configuram como uma tradução ampliada para português e espanhol dos descritores MeSH (Medical Subjects Headings). Existem mais de 70 mil descritores agrupados em amplas classes categóricas de temas. Tendências em auditoria Nesta etapa final de nossa aula, serão discutidas as tendências principais em Auditoria. Serão citadas as características básicas do cenário antigo e do SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 52 cenário atual. Preparado? Então, avance a tela e continue acompanhando as informações! Cenário anterior Auditoria punitiva: A proposta da Auditoria, ou de seu entendimento, estava voltada especialmente para averiguação de possíveis fraudes. Hospital versus Operadora: A circunstância apresentada enfatizava amplamente o embate dos hospitais com as operadoras de saúde. Nessa proposta, os auditores muitas vezes eram entendidos como tomadores de partido. Assim, em geral, a desconfiança pautava as relações entre auditor e empresa auditada. Escassez de tecnologia da informação: A pouca tecnologiada informação reduzia as possibilidades do tão necessário trabalho mais apurado. Baixa preocupação com qualidade: As premissas da qualidade na saúde não eram levadas em conta como principal norteadora do processo. Muitas vezes, a glosa era utilizada como o indicador mais relevante, ou mesmo como o único. Baixa capacitação técnica dos auditores: De fato, poucos eram realmente qualificados para a atividade. Isso acabava levando a uma atuação burocrática e ineficiente. Pouca ou nenhuma regulação das Agências: Com isso, poucas informações eram disponibilizadas. Cenário atual A auditoria clínica pode ser conceituada como uma avaliação sistemática da qualidade da assistência em saúde. Tal avaliação abrange, necessariamente, as ações de diagnóstico e tratamento, o emprego dos recursos e os resultados alcançados. Consiste em uma metodologia de análise realizada de forma multidisciplinar, na medida em que deve considerar os processos (e suas interações) que se relacionam à totalidade do cuidado com o paciente. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 53 Como analisa e compara o desempenho dos prestadores do cuidado com os padrões previamente determinados, propondo melhorias, acaba se configurando como um processo que fomenta o aumento da qualidade na saúde. Utilização de tecnologias e metodologias específicas A auditoria clínica utiliza-se de tecnologias e metodologias específicas para o desenvolvimento das análises, entre as quais estão: A gestão do uso (dos procedimentos e recursos); Os estudos e pesquisas (busca por evidências). A perfilização clínica (comparação das ações de um grupo de profissionais de saúde com um padrão de excelência); A apresentação de casos (dos casos que precisam ser analisados); A revisão dos chamados “eventos-sentinela” (aqueles eventos sejam imprevistos ou causados por inadequações, relacionados a óbitos, lesões físicas e psicológicas ou aos potenciais riscos de ocorrência). Conflitos e entraves que precisam ser superados Embora o processo de auditoria tenha se modernizado, sendo muito mais eficiente e bem estruturado, e seja hoje entendido de forma mais clara, ainda existem muitos conflitos e entraves que precisam ser superados, tais como: Divergências técnicas: muitas vezes há importantes discordâncias em relação ao entendimento acerca das atividades. Pouca colaboração de equipes médicas: muitos profissionais de saúde ainda não compreendem claramente a relevância do processo e, assim, não cooperam com ele, dificultando seu desenvolvimento. Auditores ausentes: ainda há, em alguns casos, o problema de auditores pouco comprometidos. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 54 Internações reincidentes: podem existir importantes divergências em relação à compreensão e aceitação da real necessidade de internações repetidas. Dificuldades com documentação médica: muitas documentações, algumas vezes de difícil entendimento, podem atrapalhar bastante todo o processo. Qualidade insatisfatória do atendimento: esse talvez seja o ponto mais crucial da processo. Pode ocorrer por diversos motivos, especialmente por prática médica ou gerencial inadequadas. Auditoria adequada, amplamente confiável e de alta performance Na atualidade, no sentido de satisfazer com eficácia e eficiência a todas as demandas, as propostas para uma auditoria adequada, amplamente confiável e de alta performance, precisam incluir, entre outras ações: O estabelecimento de relação de confiança, principalmente derrubando a visão punitiva da auditoria; O incentivo, a partir do conhecimento dos conceitos próprios, de modelos simples de contratação, que favorecem a redução dos custos e a transparência; A atuação focada no que é imprevisível, complexo e de alto custo, pois fazem parte do campo da saúde e precisam de cuidado ampliado; A utilização de recursos tecnológicos apropriados, mas evitando ao máximo a burocratização, que atravanca o processo; O uso de informações gerenciais, pois são essenciais para o entendimento do funcionamento organizacional, e o envolvimento de equipes multidisciplinares; A mensuração e o monitoramento sistemático dos indicadores e a medição dos resultados por protocolos e equipes, sempre tendo em mente que indicadores são extremamente úteis e apontam bons retratos da situação, mas não podem ser tomados como verdade absoluta; SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 55 O acompanhamento dos atendimentos durante sua execução, porque isso permite uma avaliação mais completa e abrangente; A busca permanente de aperfeiçoamento técnico, porque isso melhora continuamente o desempenho e aumenta a respeitabilidade profissional; A ação de ser facilitador entre áreas da operadora e da organização hospitalar, sendo atuante junto às equipes assistenciais e diretorias técnica e clínica e aprimorando a comunicação com a operadora, através do melhor canal possível; O posicionamento ético, respeitando o direito de reflexão de todos os envolvidos, garantindo e tendo autonomia, sendo totalmente isento de qualquer tipo de preconceito, agindo com total consciência para evitar conclusões precipitadas e usando o argumento, a discussão e a fundamentação para afastar o autoritarismo e a desonestidade. A ação de ser agente de mudança, porque esse é o papel fundamental do processo de auditoria. Assim, é essencial observar, mensurar e comparar a qualidade, oferecendo as informações e os meios necessários para que a busca e a melhoria da qualidade sejam contínuas; e A manutenção do melhor equilíbrio entre qualidade e custo, inclusive favorecendo o bom gerenciamento das internações de alto custo e de longa permanência. Isso demanda o bom uso da Saúde Baseada em Evidências: - Formular, buscar evidências científicas e guidelines, hierarquizar, avaliar e aplicar os resultados encontrados. - Utilizar largamente as informações das agências reguladoras. - Incentivar as Associações, Conselhos e Sociedades Médicas no sentido da publicação de diretrizes/guidelines. Encerramento Finalizando nossa disciplina, cabe aqui um importante comentário, que precisa ser considerado: foi possível conhecer e entender a grande relevância da SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 56 proposta da SBE e como sua prática pode, de fato, direcionar eficazmente a tomada de decisões na área da saúde. No entanto, é preciso que fique claro que a busca por evidências não pode excluir ou mesmo subestimar a experiência de profissionais capacitados. Deve, na verdade, se somar a ela. Principalmente porque os estudos não garantem necessariamente respostas definitivas. A maioria deles pode apresentar determinados resultados hoje que, no futuro, poderão ser contestados ou até anulados por resultados diferentes. Atividade proposta Considerando o seguinte problema formulado a ser investigado, digite no campo abaixo as palavras que podem ser utilizadas para a busca das informações relevantes: “A crioterapia pode ser eficaz na redução da dor em idosos portadores de gonartrose em fase aguda que não respondem ao tratamento medicamentoso convencional?” Chave de resposta: IDOSO - CRIOTERAPIA - ANTIINFLAMATÓRIO “X” / ANALGÉSICO “X” - GONARTROSE AGUDA. SAÚDE E AUDITORIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 57 Referências ABDALA, V. Como e onde buscar informação e evidências para tomada de decisões em saúde. Tutorial BVS. BIREME/OPAS/OMS, Maio, 2009. Disponível em: http://favip.edu.br/arquivos/acessoinformacao.ppt BVS. Disponível em: http://www.bvs.br - Acesso em: 21 jan. 2015. DRUMMOND J. P.; e SILVA, e. Medicina baseada em evidências: novo paradigma assistencial e pedagógico. São Paulo: Atheneu. p. XI-XII, 1998.
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