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Lipídeos: Estrutura e Funções

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Lipídeos
São biomoléculas cuja principal característica é a insolubilidade em água. Desempenham as mais variadas funções celulares nos diferentes tipos de organismos. São responsáveis pela formação da membrana plasmática e componentes das organelas membranosas nas células, atuam como reserva energética, hormônios e moléculas sinalizadores, desempenham a função de proteção, cofatores enzimáticos, pigmentação, agentes emulsificantes no trato digestivo e ancoras hidrofóbicas para proteínas. De acordo com sua química são divididos em oito categorias, mas a nível de organização da função biológica, dividiremos em lipídeos de armazenamento (gorduras naturais e ceras), fosfolipídeos (lipídeos de membrana) e lipídeos sinalizadores mensageiros intra e extracelulares.
Lipídeos de armazenamento
Gorduras naturais
	As gorduras naturais (óleos vegetais e gordura animal) são as formas de reserva energética da célula na forma de triacilglicerol, o lipídeo mais simples constituído por ácidos graxos. Os ácidos graxos, são derivados de hidrocarbonetos com baixo estado de oxidação, ou seja, são altamente reduzidos. Sua estrutura química é formada por um grupo carboxila (polar) e uma cadeia hidrocarbonada que pode conter de 4 a 36 carbonos não ramificada e alifática, terminada com um grupo metila, e ainda, a cadeia hidrocarbonada pode ser saturada ou insaturada. Alguns poucos ácidos graxos, podem conter grupos hidroxila, anéis de três carbonos ou ramificações de grupos metila. Embora os ácidos graxos tenham um pequeno grupo polar, que contribui para uma pequena solubilidade em água, sua cadeia hidrocarbonada altamente reduzida e apolar lhes conferem características apolares e são solúveis somente em solventes orgânicos. Os ácidos graxos podem ser representados simplificadamente, levando em conta a sua quantidade de carbonos e insaturações, por exemplo, o ácido palmítico, um ácido graxo saturado com 16 carbonos, pode ser representado por 16:0, onde 16 representa o número de carbonos deste ácido e 0 as insaturações. Outro exemplo é o ácido oleico, um ácido graxo monoinsaturado com 18 carbonos, que tem sua instauração entre o carbono C-9 e C-10, pode ser representado como 18:1(Δ9), onde 18 é igual ao número de carbonos, 1, significa que ele tem uma instauração e Δ9 indica que a instauração está no carbono 9. Os ácidos graxos poli-insaturados seguem a mesma regra dos monoinsaturados, por exemplo o ácido linolênico tem com 18 carbonos e duas insaturações, uma entre os C-9 e C-10 e outra entre C-12 e c-13, é representado por 18:2(Δ9,12). 
	Os ácidos graxos mais conhecidos apresentam cadeias carbônicas que variam de 12 e 24 carbonos não ramificada e sempre em números pares. A ocorrência de ácidos graxos com cadeias pares, resulta do modo de síntese que ocorrem em unidades de dois em dois carbonos. Mas podem ocorrer ácidos graxos com números impares de carbono, mas em baixa frequência. 
	O tamanho da cadeia carbônica e o grau de insaturações influencia seus pontos de fusão e solubilidade. Quanto maior a cadeia e menor o grau de insaturações, maior é o ponto de fusão e menor a solubilidade em água e quanto menor a cadeia e maior o grau de insaturações menor será o ponto de fusão e maior a solubilidade. Por exemplo, dois ácidos graxos, 12:0 e 24:0 à temperatura de 25°C são sólidos e totalmente insolúveis em água e os seus correspondentes insaturados de mesmo comprimento de cadeia são líquidos e possuem uma solubilidade um pouco maior.
	As insaturações nos ácidos graxos mais conhecidos, costumam ocorrer quase sempre na mesma posição, por exemplo, nos ácidos graxos monoinsaturados, geralmente a instauração aparece entre C-9 e 10 (Δ9) e nos poli-insaturados entre C-9 e 10 (Δ9) e as outras podem ocorrer entre C12 e C-13 (Δ12) e C-15 e c-16 (Δ15).
Os ácidos graxos podem existir nas formas cis e trans, na qual, os ácidos graxos saturados estarão sempre na forma trans, ou seja, com sua cadeia hidrocarbonada estendida e os ácidos graxo mono ou poli-insaturados poderão se apresentar na forma cis, com uma ou mais dobras na cadeia forçada pela dupla ligação. Ácidos graxos na forma trans, tendem a se agrupar com rigidez e firmeza por conta de sua cadeia estendida, na qual o alto grau de empacotamento é permitido por não haver ou ter impedimento estérico minimizado entre as cadeias vizinhas, permitindo interações de van der Waals entre elas. Este alto grau de empacotamento eleva o ponto de fusão. Já os ácidos graxos em forma cis, não se agrupam tão firmemente pois suas dobras na cadeia aumentam o impedimento estérico, fazendo com que as cadeias fiquem mais distantes ou com um grau de empacotamento menor, isto faz com que tenham baixo ponto de fusão. Os ácidos graxos que circulam na corrente sanguínea são carregados por uma proteína chamada albumina sérica, por conta de sua insolubilidade.
Ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) Ômegas 3 e 6.
Os ácidos graxos poli-insaturados que apresentam insaturações entre os carbonos 3 e 4 contados a partir do último carbono (o carbono do grupo metila) denominado carbono ômega (ω) são representantes da família dos ácidos graxos Ômega 3 e aqueles que tem insaturações entre os carbonos 6 e 7 contados são da classe dos ácidos graxos Ômega 6. Essas duas classes de AGPI são importantes para os seres humanos e principalmente os Ômegas 3. O organismo humano não tem a capacidade de sintetizar os AGPI ômegas 3 e 6, devendo estes serem adquiridos na dieta. O ácido ômega 3-AGPI-α-linolênico (ALA 18:3[Δ9,12,15]) é precursor da síntese de outros dois AGPI ômega 3, o ácido eicosapentanóico (EPA 20:5[Δ5,8,11,14,17]) e o ácido docosaexanóico (DHA 22:6[Δ4,7,10,13,16,19]). A porção de AGPI ômegas 6 e 3 ingeridos na dieta deve ser de 1:1 e 4:1, mas porção diária de pessoas norte-americanas tem variado de 10:1 e 30:1. Um desequilíbrio entre estes ácidos graxos está relacionado ao risco de doenças cardiovasculares. Uma dieta equilibrada e com mais índices de ômegas 3, diminuem o risco desta doença. Os AGPI ômegas-3 são encontrados geralmente em vegetais folhosos e óleos de peixe e geralmente são prescritos para indivíduos com histórico de doenças cardiovasculares. 
Triacilgliceróis
	Os triacilgliceróis são ésteres de ácidos graxos e glicerol. Uma molécula de glicerol, um poli álcool composto de 3 carbonos com 3 grupos hidroxilas livres, forma ligações éster entre o grupo carboxila de três ácidos graxos e os grupos hidroxilas livres do glicerol. Dada a diversidade de comprimento e insaturações das cadeias hidrocarbonada dos ácidos graxos, os triacilgliceróis podem conter um único tipo ou composições variadas de ácidos graxos. Por exemplo, aqueles que contém somente um tipo de ácido graxo em sua composição, como 16:0, 18:0 ou 18:1 são considerados triacilgliceróis simples e são nomeados de acordo com o nome do ácido graxo, como tripalmitina, triestearina e trioleína respectivamente. Aqueles que contem ácidos graxos de diferentes composições de ácidos graxos, são considerados triacilgliceróis mistos e nomeia-se na sequência de ligação dos carbonos da hidroxila do glicerol, por exemplo: um glicerol ligado à 18:0, 18:2(Δ9,12) e 16:0 é nomeado como 1-estearoil, 2-linoleoil, 3-palmitoil glicerol. 
	Os triacilgliceróis são armazenados nas células como reserva energética. Na maioria das células eucarióticas, os triacilgliceróis, se apresentam como pequenas gotículas de óleo e são utilizados como fonte de combustível. Os vertebrados, apresentam células especializadas no armazenamento de triacilgliceróis, os adipócitos, onde são armazenados como gotículas de gordura que preenchem a célula toda. Os triacilgliceróis também são armazenados como óleos nas células vegetais e sementes. Tanto as sementes, quanto os adipócitos contém juntos com os triacilgliceróis armazenados, enzimas Lipases que catalisam a clivagem dos ácidos graxos ligados ao triacilglicerol, quando forem requeridos como fonte de combustível celular. Além de ser utilizados como reserva energética, os triacilglicérois podem servir como isolamento térmico em animaisde sangue quente como aqueles que vivem em regiões frias. Em animais hibernantes os triacilgliceróis servem tanto como reserva energética como isolamento térmico.
Existem certas vantagens em armazenar triacilgliceróis como combustíveis celulares ao invés de amido e glicogênio. Primeiro; os triacilgliceróis são altamente reduzidos e geram mais do que o dobro de energia em sua oxidação do que os polissacarídeos. Segundo; O amido e o glicogênio são hidratados, ou seja, carregam moléculas de água, aproximadamente 2 g. de água para 1 g. de polissacarídeo. Já os triacilgliceróis são hidrofóbicos e por isso não necessitam carregar água gerando peso extra. Terceiro; a reserva energética de glicogênio no fígado e nos músculos não são suficientes para suprir a necessidade energética por um dia todo. Os triacilgliceróis armazenados no tecido adiposo e glândulas mamárias suprem a necessidade energética por dias. Embora os triacilgliceróis gerem mais energia na sua oxidação que os carboidratos, existe uma certa vantagem em se utilizar glicose como fonte imediata de energia, pois ela é prontamente dissolvida em água e rapidamente transportada as células para oxidação.
A maioria das gorduras naturais como a dos óleos vegetais, laticínios e gordura animal são misturas complexas de triacilgliceróis simples e mistos. As gorduras vegetais como óleos e azeites contém triacilgliceróis mistos compostos em sua maioria por ácidos graxos insaturados, o que lhes confere liquidez à temperatura ambiente. Os triacilgliceróis compostos por ácidos graxos saturados são como a triestearina, principal componente da gordura de bovinos são sólidos a temperatura ambiente. 
Alimentos que contém gorduras, quando expostos muito tempo ao oxigênio atmosférico, podem sofrer clivagem da dupla ligação dos ácidos graxos insaturados resultando em uma mistura de aldeído e ácidos carboxílicos de menor tamanho, o que dá a característica rançosa e cheiro desagradável. Muitos óleos vegetais utilizados no preparo de alimentos, sofre hidrogenação parcial, onde as ligações duplas cis, são quebradas, gerando ácidos graxos trans. A hidrogenação parcial dos óleos de cozinha aumenta o ponto de fusão, fazendo com que eles fiquem mais sólidos à temperatura ambiente e contribui para aumentar o prazo de validade. A margarina é feita deste jeito. 
Uma dieta contendo gorduras trans, pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, uma vez que ácidos graxos trans tendem a aumentar o índice de triacilgliceróis e aumentar os níveis de LDL, o colesterol “ruim”, diminuindo os níveis de HDL, o colesterol “bom”, além de aumentar a resposta inflamatória do corpo.
Ceras
As ceras são ésteres de ácidos graxos saturados e insaturados de cadeia longa (14 a 36 carbonos) com álcoois de cadeia longa (16 a 30 carbono). A cera é a principal forma de armazenamento de energia entre plânctons e animais marinhos. Nos vertebrados como aves, aquáticas, a cera secretada por suas glândulas da pele, servem como impermeabilizantes e lubrificantes. Muitas plantas também secretam certas na superfície de suas folhas para proteger contra a perda de água e parasitas. As ceras são utilizadas na indústria farmacêutica para produção de pomadas e cosméticos. São utilizadas também como polidores.
Lipídeos estruturais de membrana
	Os lipídeos que compões as membranas biológicas são moléculas anfipáticas, ou seja, com uma “cabeça” polar e uma “cauda” apolar. As interações das cabeças polares com a água e as interações hidrofóbicas entre as cadeias apolares direcionam a formação de uma bicamada lipídica, característica das membranas biológicas. Os lipídeos que compõe as membranas biológicas têm uma diversidade de combinações de “cabeças” polares e “caudas” hidrofóbicas. Os lipídeos de membrana podem ser: Fosfolipídeos, Glicolipídeos e lipídeos éter em arqueas, onde o grupo que une a cauda apolar e a cabeça polar pode ser uma molécula de glicerol ou uma esfingosina (molécula de aminoálcool de cadeia longa). A cauda apolar é composta por uma (esfingolipídeos) ou duas moléculas de ácidos graxos (glicerofosfolipídeos e galactolipídeos) de comprimento de cadeia variada. A cabeça polar dos lipídeos de membrana pode variar entre um simples grupo OH ou estruturas mais complexas.
	A classe dos fosfolipídeos é composta pelos glicerofosfolipídeos (cauda e cabeça ligados ao glicerol) e esfingolipídeos fosfatados (cauda e cabeça ligados à esfingosina). O precursor dos glicerofosfolipídeos é o ácido fosfatídico, que contém ligados ao glicerol dois ácidos graxos ligados por ligação éster, um grupo fosfato ligado por ligação fosfodiéster e um átomo de Hidrogênio junto ao fosfato. O que diferencia os fosfolipídeos são os grupos substituintes ao hidrogênio, que pode ser uma colina (fosfatidilcolina), etanolamina (Fosfatidiletanolamina), serina (fosfatidilseirna), outra molécula de glicerol (Fosfatidilglicerol), mio-inositiol-4,5-bifosfato (Fosfatidilinositol-4,5-bifosfato) ou fosfatidilglicerol (Cardiopatina). 
	Alguns glicerofosfolipídeos podem conter os ácidos graxos ligados por ligações éter ao invés de éter, como por exemplo nos plasmalgogênios, especialmente encontrados no tecido cardíaco dos vertebrados e algumas bactérias halofílicas, protistas e certos invertebrados. Até o momento não há respostas a respeito da ocorrência destes lipídeos, pode ser talvez por sua resistência à fosfolipases, enzimas que clivam as ligações ésteres em fosfolipídeos seja importante em alguns casos. Um lipídeo éter, o Fator de ativação de plaquetas é um potente sinalizador molecular, ele é liberado dos basófilos e estimula a agregação e liberação de serotonina das plaquetas. É também importante nos casos de inflamação e resposta alérgica.
	Os todos os esfingolipídeos compartilham um precursor, a ceramida, na qual sua estrutura é composta por uma molécula de ácido graxo ligado à esfingosina por uma ligação amida e um hidrogênio ligado ao oxigênio do C-1 da esfingosina. Os grupos substituintes ao hidrogênio da ceramida vão gerar uma variedade de esfingolipídeos. A esfingomielina, um esfingolipídeo fosfatado, é composta por um grupo fosfocolina ou fosfoetanolamina ligado ao C-1 da esfingosina. A esfingomielina está presente nas membranas plasmáticas de células animais, principalmente como revestimento dos axônios das células neuronais, a bainha de mielina. 
	Os Glicolipídeos, outra classe de lipídeos de membrana é composta pelos Galactolipídeos, sulfolipídeos e glicoesfingolipídeos. 
Os galactolipídeos, contém um ou dois resíduos de galactose ligado por ligação glicosídica ao C-3 de 1,2 diacilglicerol. Estão presentes nas membranas dos tilacóides dos cloroplastos e compõe cerca de 70 a 80% do total de lipídeos de membrana deu uma planta vascular e são com certeza os lipídeos de membrana mais abundantes na biosfera. A membrana das plantas também contém sulfolipídeos, onde um resíduo de glicose sulfonado está ligado por ligação glicosídica a um diacilglicerol. 
Os glicoesfingolipídeos, também são derivados da ceramida, onde a cabeça polar é um mono ou oligossacarídeo não fosfatado. A classe dos glicoesfingolipídeos é composta pelos Glicolipídeos neutros (cerebrosídeos e globosídeos) e os gangliosídeos. Os cerebrosídeos contém um único carboidrato como a galactose como cabeça polar e são encontrados nas membranas plasmáticas do tecido neural, aqueles que contém glicose são encontrados nas membranas plasmática dos demais tecidos. Os globosídeos contém dois ou mais açúcares, geralmente glicose, galactose ou N-acetil-D-galactosamina. Os cerebrosídeos e os globosídeos são chamados de Glicolipídeos neutros, porque não exibem carga em pH 7,0.
Os gangliosídeos são esfingolipídeos mais complexos e contém um ou mais resíduos de ácido N-acetilneuramínico, um ácido siálico. Os gangliosídeos são encontrados na membrana externa das células e é um ponto de reconhecimento para moléculas extracelulares ou superfícies de células vizinhas. Os tipos e quantidades de gangliosídeos muda de célula para célula. Nas células cancerosas, são sintetizadosnovos tipos de gangliosídeos.
Todos os esfingolipídeos são sítios de reconhecimento celular e sua maioria se encontra na superfície de células neuronais. 
Os esfingolipídeos também são responsáveis por definirem o tipo sanguíneo em humanos, através da porção glicana dos glicoesfingolipídeos. 
Os esteróis, outro tipo de lipídeo encontrado nas membranas celulares de células eucarióticas, são compostos por um núcleo esteroide, que consiste em quatro anéis fusionados, sendo 3 deles com 6 carbonos e um com 5 carbonos e uma calda alquila que pode variar de tamanho. O principal esteroide das células animais é o colesterol, um composto anfipático de 27 carbonos, na qual a cabeça polar é o grupo hidroxila do núcleo esteroide e um corpo hidrocarbonado apolar, composto pelo núcleo esteroide e a cadeia lateral hidrocarbonada em C-17 tão longo quanto um ácido graxo de 16 carbonos em sua forma estendida. Esteróis similares ao colesterol também são encontrados em outros eucariotos como o estigmasterol em plantas e o ergosterol em fungos. Organismos procariotos não tem a capacidade de sintetizar colesterol, porém, podem incorporar colesterol exógeno em suas membranas. O colesterol é sintetizado a partir de precursores como o isopreno, vitaminas lipossolúveis, quinonas e os dolicóis.
Os esteróis também são precursores de outras moléculas sinalizadoras como os hormônios e ácidos biliares que atuam como detergentes, emulsificando os lipídeos ingeridos na dieta no estômago.
Lipídeos como sinalizadores e mensageiros celulares
	Além de servirem como reserva energética e comporem as membranas celulares dos seres vivos, algumas classes de lipídeos são sintetizadas em pequenas quantidades e podem ser servir como sinalizadores e mensageiros intra e extracelulares, pigmentos fotossensíveis e cofatores enzimáticos.
Um lipídeo de membrana, o fosfatidilinositol e seus derivados atuam como reguladores da estrutura celular e metabolismo. Na face interna da membrana, ele serve como reservatório de moléculas mensageiras que são liberadas em resposta aos sinais que se ligam na face externa da membrana. Por exemplo, sinais extracelulares específicos, ativam a enzima fosfolipase C que hidrolisa o fosfatidilinositol-4,5-bifosfato, liberando o inositol-1-4,5-bifosfato e o diacilglicerol que permanece ancorado à membrana. O inositol-1-4,5-bifosfato provoca a liberação de cálcio do retículo endoplasmático e sua alta concentração, juntamente com a alta concentração de diacilglicerol ativa a enzima proteína-cinase C que fosforila proteínas específicas e ativa a resposta ao sinal extracelular. Os fosfolipídeos de inositol servem também como sinalizadores para a nucleação de complexas suplamoleculares envolvidos na sinalização ou exocitose. 
Os esfingolipídeos e ceramidas também são potentes sinalizadores, pois podem ativar proteínas cinases e estão envolvidos na regulação da divisão celular, diferenciação e apoptose. 
Hormônios eicosanóides
Os eicosanoides são potentes sinalizadores celulares, são hormônios parácrinos, ou seja, atuam próximos ao local de síntese e liberação. Os eicosanoides estão envolvidos na função reprodutiva, na inflamação, febre e na dor associados à formação de coágulos sanguíneos, na regulação da pressão sanguínea, na secreção de ácido gástrico e vários outros processos associados à saúde e doença nos seres humanos. Os eicosanoides são divididos em três classes: prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos e todos são sintetizados a partir do precursor ácido araquidônico, um ácido graxo poli-insaturado de 20 carbonos.
As prostaglandinas estão envolvidas na contração da musculatura lisa do útero durante a menstruação e trabalho de parto, afetam o fluxo sanguíneo a órgãos específicos, estão associados ao sono-vigilia, elevam a temperatura corporal (febre) e causam inflamação e dor. A prostaglandina contém um anel de cinco carbonos originado a partir da cadeia do ácido araquidônico. 
Os tromboxanos contém um anel de seis carbonos que contém éter e são sintetizados pelas plaquetas, atuando na formação de coágulos e redução do fluxo sanguíneo ao redor do coágulo. Alguns medicamentos anti-inflamatórios não esteroides agem como inibidores da síntese de prostaglandinas e tromboxanos.
Os leucotrienos são potentes sinalizadores biológicos que induzem a contração da musculatura lisa que envolve as vias aéreas dos pulmões. A produção excessiva de leucotrienos causa crises de asma. A predinisona utilizada nos tratamentos de asma, inibe a síntese de leucotrienos. 
Hormônios esteroides
São derivados oxidados dos esteróis que não contém a cadeia alquila presente nos esteróis. Muitos esteroides funcionam como potentes hormônios que regulam o metabolismo e a expressão gênica. São sintetizados em um tecido específico e transportados pela corrente sanguínea por proteínas até o local de ação. A classe de hormônios esteroides encontrados nos seres humanos são representados pelos hormônios sexuais masculino (testosterona) e feminino (β-estradiol) e aqueles sintetizados no córtex suprarrenal, cortisona e aldosterona. Existe também uma classe de fármacos esteróis anti-inflamatórios, a prednisona e prednisolona que atuam como inibidores da síntese dos eicosanoides, através da inibição da liberação de araquidonato pela fosfolipase A2. A prednisona e prednisolona podem ser utilizadas também para o tratamento de asma e artrite reumatoide. 
Em plantas vasculares, um hormônio esteroide, o brassinolídeo é responsável pela regulação do crescimento. 
Sinalizadores lipídicos em plantas, lipossolúveis 
Vitaminas lipossolúveis
	Vitaminas são compostos orgânicos (geralmente hidrocarbonetos e lipídicos) essências para saúde do homem e de vertebrados que não são sintetizados pelos mesmos, sendo então adquiridos pela dieta. As vitaminas no organismo dos vertebrados agem como precursores de hormônios, pigmentos fotossensíveis, antioxidantes, fatores de coagulação sanguínea e cofatores enzimáticos.
 	As vitaminas são classificadas em dois grupos hidrossolúveis e lipossolúveis. As vitaminas lipossolúveis são representadas pelas vitaminas A, D, E e K, que são compostos isoprenoides, sintetizados a partir de múltiplas unidades de isopreno. 
	A vitamina A encontrada no leite, fígado e fígado de peixe, ovos e manteiga, atua como hormônio e como pigmento fotossensível dos olhos de vertebrados. O derivado da vitamina A, o ácido retinoico atua na regulação da expressão gênica e desenvolvimento do tecido epitelial. Um outro derivado da vitamina A, o retinal é o pigmento fotossensível responsável por iniciar a resposta dos bastonetes e dos cones da retina à luz produzindo um sinal neuronal que será enviado ao cérebro. O β-careroteno, um pigmento que dá cor as cenouras, batatas e outros vegetais com cores amarelo e laranja, é convertido nos tecidos animais à vitamina A. A deficiência desta vitamina acarreta problemas de saúde como secura da pele, dos olhos e das mucosas, desenvolvimento e crescimento retardados e cegueira noturna.
	A vitamina D3, também chamada de calciferol é produzida a partir do seu precursor 7-desidrocolesterol em uma reação com a luz UV na pele que produz colecalficerol. A vitamina D3, torna-se biologicamente ativa quando uma reação enzimática no fígado à transforma em calcitrol, a forma ativa da vitamina D3, que é o hormônio responsável pela captação de cálcio no intestino e controla os seus níveis rins e nos ossos, através da regulação da expressão gênica.
	A vitamina E, nome dado a um grupo de lipídeos chamados tocoferóis, é um poderoso antioxidante, formado por um anel aromático e uma longa cadeia isoprenoide. Geralmente se associam às membranas plasmáticas das células, protegendo os lipídeos de membrana do dano oxidativo. Os tocoferóis podem ser encontrados nos óleos vegetais, ovos e germe de trigo.
	A vitamina K, auxilia na formação da proteína trombina ativa, responsável pela coagulação sanguínea, na qual cliva a proteína fibrinogênio do sangue para transformá-la em fibrina (os componentes da malha proteica que unem os coágulosdo sangue). A deficiência de vitamina K, retarda a coagulação sanguínea, o que pode ser fatal. Em pacientes que têm grandes riscos de coagulação sanguínea excessiva e pacientes com trombose coronária, é administrado um fármaco que inibe a formação da de trombina ativa, a warfarina.
	A ubiquinona (coenzima Q) e a plastoquinona são isoprenoides que atuam na transferência de elétrons que leva síntese de ATP. A ubiquinona é encontrada na membrana interna das mitocôndrias e a plastoquinona nos cloroplastos das células vegetais.
Policetídeos
	São um grupo de lipídeos, originados do metabolismo secundário, geralmente de microrganismos, plantas e alguns animais e dão grande vantagem em um nicho ecológico específico. Exemplos de policetídeos são: Afotericina B (um antifúngico), eritromicina (antibiótico) e lovastatina (inibidor da síntese de colesterol)

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