Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TVP Definição • É a formação aguda de trombos nas veias profundas; • Os trombos se formam no sistema venoso profundo ou superficial, provocando oclusão total ou parcial da veia; • Os trombos se formam espontaneamente ou são decorrentes de um fator predisponente por lesão parietal traumática ou inflamatória; • TVP é mais comum nos membros inferiores. Características • 90% casos tem origem nos MMII • 10% nos MMSS, átrio, renal, cava, pélvicas. • Fatores desencadeantes: tríade de Virchow > Lesão endotelial + Coagulabilidade aumentada (hipercoagulabilidade) + Estase venosa: o A lesão endotelial é desenvolvida pela cascata da coagulação, basicamente por três vias: ▪ Exposição da camada subendotelial ativando a tromboplastina tecidual; ▪ Formação de citocinas endoteliais (TNF; IL-1); ▪ Liberação de toxinas em virtude de necrose ou lesão tecidual. o A hipercoagubilidade está relacionada aos fatores trombofílicos primários ou secundários. Nos primeiros, reconhecem-se fatores genéticos (aumento de fatores de coagulação como VIII e XI, mutações e diminuição de inibidores de coagulação) e nos segundos, descrevem-se fatores de coagulação que aumentam em determinados estados fisiológicos, patológicos e terapêuticos, como gravidez, câncer, quimioterapia. o A estase venosa está relacionada a diminuição da velocidade de fluxo e de volume de fluxo > a estase permite que a coagulação do sangue seja completada no local de início do trombo. • Denomina-se tromboflebite superficial quando atinge as veias superficiais. • A TVP, iniciada localmente em determinadas veias, pode se estender para todo o sistema venoso profundo, impedindo a drenagem e dificultando a perfusão tissular, caracterizando a gangrena venosa (trombose venosa maciça > é mais rara). Epidemiologia • É a terceira causa de doença vascular mais prevalente no mundo > atinge 2 de cada 1000 indivíduos por ano > recorrência de 25%; • A causa genética mais comum para o aumento de risco de trombose venosa é a mutação do fator V de Leiden (incidência de 20-40%). Etiopatagenia e Fisiopatologia • O desequilíbrio entre os fatores trombogênicos e os protetores, sendo que os trombogênicos prevalecem, desencadeia a trombose venosa. • O mecanismo de formação dos coágulos (coagulação) pode ser resumido na cascata da coagulação sanguínea pela ação da via intrínseca e/ou extrínseca, resultando na formação da trombina que age sobre o fibrinogênio circulante formando a rede de fibrina. • Mecanismo protetor: Acontece por meio de inativação dos fatores ativados da coagulação (proteínas C e S e antitrombina III), produção de fatores endoteliais antitrombóticos (trombomodulina), eliminação dos fatores ativados da coagulação e a fibrinólise (que promove a lise de coágulos). • Formação do trombo: se inicia por meio da agregação plaquetária sobre cúspide da válvula venosa; camadas de fibrina se ligam a esse agregado plaquetário e atraem grandes quantidades de glóbulos brancos e vermelhos. Posteriormente, novas plaque tas se agregam sobre superfície desses glóbulos que mantém o processo. • O trombo se propaga anterógrada (cabeça) e retrogradamente (cauda), o segmento proximal é a região ‘’livre’’ ou fracamente ligada e por isso se torna algo instável. Essa instabilidade pode se desprender e atingir o leito arterial pulmonar. De 2 a 5 dias, a rede venosa pode ser dissolvida (mecanismo de fibrinólise) ou podem aderir à parede venosa (raramente se fragmenta). O local d formação desses trombos preferentemente se faz nas veias as panturrilhas (90%) e em menor número nas grandes veias ilíacas e femorais (5%) assim como no coração direito (5%). Classificação Nos membros inferiores é dividida de acordo com a localização: • Proximal: quando acomete veia ilíaca, femoral ou poplítea; • Distal: quando acomete veias lozalizadas abaixo da poplítea. Alto Risco de TVP • Grandes cirurgias ortopédicas: estase evido à imobilização do paciente; aqui também se encaixam outras grandes cirurgias em que o paciente precisa ficar um tempo imobilizado para a recuperação; • Câncer: fator de hipercoagulabilidade; • Traumatismo raquimedulares: porque leva à imobilização; • Trombofilia: fator V, deficiência de proteína C e S e outros; • TVP/EP a menos de 2 anos: porque ocorre a destruição das válvulas e isso leva a uma estase venosa. Principais Fatores de Risco • Gestação, puerpério: liberação de tromboplastina tecidual, diminuição da atividade fibrinolítica e estase venosa. • Reposição hormonal; • Anticoncepcional oral (ACO): aumenta o risco pela dosagem de estrógeno > que aumenta os níveis de fatores de coagulação e reduz níveis de antitrombina III e ativador de plasminogênio; • Neoplasias, sepse, AVC, doença inflamatória; • Idade: é mais comum em pacientes mais idosos, principalmente acima de 40 e 60 anos. • Obesidade: por causa da dificuldade da mobilização e de diminuição da atividade fibrinolítica; • Disfunção cardíaca, IAM: na IC aumenta o risco de 2 a 3 vezes, justificado pelo aumento da pressão venosa central, diminuição da velocidade de fluxo do sangue e imobilidade do paciente; • Varizes, TVP prévia, restrição prolongada ao leito; • Trauma, paralisia, grande queimado; • Imobilização: a chance de desenvolver TVP em 1 semana é de 15 a 30% e em períodos maiores de 1 semana aumenta o risco para 80%; • Em pacientes com AVC a TVP é mais comum no membro paralisado; • Cateter central (lesão endotelial), cirurgia prolongada, anestesia geral; • Cirurgias acima de 1 hora de duração aumentam o risco de TVP pós-operatório. Sinais e sintomas IMPORTANTE: o quadro clínico é caracterizado basicamente por dor, edema e aumento da temperatura da pele da região afetada. • Edema assimétrico agudo: é do tipo tenso e nem sempre depressível. A pele é pálida, lisa e brilhante. Pode apresentar sinal de cacifo. A trombose de veias surais (panturrilha) provoca edema de panturrilha; as de veia poplítea de toda a perna e as do eixo femoroilíaco apresentem edema de coxa, perna e pé. • Empastamento da panturrilha: caracterizado por edema muscular, esse também provoca o aumento abrupto da circunferência da coxa ou da panturrilha. • Dor: acontece pelo processo inflamatório. É espontânea, podendo ser permanente ou intermitente relacionada ao esforço da marcha, tosse ou ortostase. O local doloroso pode ser na panturrilha, oco poplíteo, triangulo de Scarpa (triângulo femoral), pelve, ombro ou no membro todo. • Dilatação das veias superficiais (veias de Pratt): aumento do retorno venoso pelo sistema superficial. • Sinal de Homans: dor provocada na panturrilha pela dorsiflexão ativa ou passiva do pé. • Sinal de Bancroft/Lowemberg: compressão dolorosa da panturrilha manualmente ou com ajuda do manguito de pressão. • Sinal de Bandeira: diminuição da mobilidade da panturrilha. • Flegmasia alba dolens e cerúlea dolens: alguns pacientes podem apresentar trombose venosa maciça e desenvolverem esses quadros: o Alba dolens: palidez e edema do membro causada pela trombose venosa ileofemoral + espasmo arterial > edema pode aumentar e placas azuladas surgem na pele; o Cerulea dolens: rara. É o caso de edema intenso e marcado, cianose no membro inferior devido à trombose ileofemoral. A cianose é secundária a severidade da oclusão venosa, envolvendo, geralmente, os vasos da coxa, veia safena e comunicantes. O edema pode ser tão grande que causa isquemia por impedir o fluxo arterial. Apresentação dramática, com petéquias, dor, cianose e edema > alta morbimortalidade. • Nas tromboses de veias pélvicas podem surgir sintomas de disúria, polaciúria ou tenesmo vesical. • Embolia Pulmonar: pode ser a primeira manifestação da TVP a qual pode ser oligo ou assintomática em uma parcela de casos. Normalmente o paciente apresenta dispneia, dor torácica, hemoptise, síncope, taquicardia, febre,queda de pressão arterial. cianose e sudorese. • ECG: taquicardia sinusal, bloqueio de ramos completos ou incompletos, inversão de onda T e sobrecarga ventricular direita. • Raio X: elevação da cúpula frênica, dilatação de tronco e ramos da artéria pulmonar e opacificação pulmonar. • Sinais e sintomas gerais: febre (baixa em geral), pulso acelerado (sem aumento da temperatura) e estado de angústia inexplicável. Diagnóstico • Anamnese (fatores de risco, sintomas); • O sistema de predição clínica mais utilizado é o escore de Wells > baseado em sinais e sintomas, fatores de risco e diagnósticos alternativos, estimando a probabilidade pré-teste para TVP: o Interpretação: ▪ -2 a 0: baixa probabilidade; ▪ 1 a 2: média probabilidade; ▪ > 3: alta probabilidade o O escore de Wells apresenta melhor resultado para a avaliação de pacientes jovens sem comorbidades ou história prévia de tromboembolismo venoso, do que em outros pacientes. • Exame físico (sinais clínicos); • Exame laboratorial: o D-dímero (fragmento da lise de fibrina): quando positivo associado a USG sugerem o diagnóstico de TVP. Quando negativo excluem a presença de TVP. ▪ Pode estar elevado em situações fisiológicas ou patológicas diversas, como: idade avançada, puerpério, gestação, cirurgia, trauma, neoplasia e processos inflamatórios e/ou infecciosos. • USG (mapeamento duplex ou duplex-scan): atualmente é o exame de escolha para investigação diagnóstica de TVP, trata-se de um método não invasivo e por isso pode ser repetido; • Métodos não invasivos (Doppler/Eco doppler colorido): faz o diagnóstico de TVP – mas é dependente do examinador e o do aparelho; • Métodos invasivos (flebografia/venografia): é padrão ouro para o diagnóstico, mas é muito invasivo – possui mais acurácia; é realizado com contraste e indicado apenas quando os outros testes são incapazes de definir o diagnóstico > custo elevado, reações adversas, desconfortável, contraindicado para pacientes com IR. • TC: útil para pacientes com suspeita de TVP em que o Eco não pode ser realizado por l imitação técnica ou suspeita de anomalia venosa; • RNM: em situações em que o Eco é inconclusivo; • Angiografia pulmonar: padrão ouro para o diagnóstico de EP > invasivo, alto custo e com contraste; • Cintilografia pulmonar com mapeamento de ventilação-perfusão: boa opção para EP. Muito específica, mas, pouco sensível. Resultado normal exclui EP. Positivo: necessita de exame adicional. • Sinal de Bandeira • Sinal de Bancroft • Sinal de Homans IMPORTANTE: nenhuma avaliação clínica isolada é suficiente para diagnosticar ou descartar TVP, pois os achados clínicos se relacionam com a doença em apenas 50% dos casos. Diagnostico diferencial • Cisto de Baker roto; • Linfedema com celulite; • Erisipela; • Isquemia arterial aguda; • Hematoma de panturrilha (síndrome a pedrada); • Compressões venosas por tumores pélvicos ou intra-abdominais; • Fraturas patológicas; • Tromboflebite superficial; • Artrite aguda; • Lesão de menisco. Tratamento • O objetivo principal do tratamento é de evitar a complicação mais grave e potencialmente fatal: a embolia pulmonar. Fase imediata: AGUDA. anticoagulação e drenagem postural (elevação do membro acometido) Segunda fase: Medidas Gerais o Repouso + drenagem postural (posição de Trendelemburg) o Analgesia e anti-inflamatório não esteroidais. o Após regressão do edema, mobilizar paciente. o Meias elásticas – melhoram o edema e os sintomas da SPT (Síndrome Pós-Trombótica). Ajuda a colocar as pernas para baixo. Tratamento clínico/farmacológico • Começo: heparina de baixo peso molecular (HBPM) e o paciente internado. Inicia-se também o anti-vitamina K (AVK) (Marevan); recomenda-se esse tratamento por pelo menos 5 dias; • Avaliar o RNI até que esteja em nível normal (entre 2 e 3, por 2 dias consecutivos) > as drogas parenterais podem ser suspensas a partir de então; • Tratamento inicial apenas com AVK está contraindicada, pois pode causar necrose cutânea; • Com os novos anticoagulantes, quando se tem um paciente com diagnóstico de TVP não complicada, basta um comprimido de anticoagulante oral e encaminhar o paciente para casa para fazer repouso e drenagem postural. Agendar retorno para 2 semanas após, para saber se houve regressão e se é possível manter apenas a meia elástica; • O paciente será internado apenas quando da certeza de que é uma TVP alta que pode evoluir para uma síndrome compartimental. Nesse período o paciente permanece em observação com a administração de anticoagulante oral. Anticoagulantes: função de evitar a progressão proximal e distal do trombo e também profilaxia da embolia pulmonar. O tratamento por meio de anticoagulantes é de escolha para a grande maioria dos casos, indicados nos casos de TVP não complicada, incluindo flegmasia alba dolens. IMPORTANTE: A terapia anticoagulante ou fibrinolítica não deverá ser utilizada quando há risco hemorrágico grave, hipertensos graves não controlados, AVC hemorrágico, pós-operatório de cirurgia oftálmica e neurocirurgia e em pacientes com hemorragia digestiva alta ativa ou recente. • Exemplos de anticoagulantes: o Heparina não fracionada (HNF); o Heparina de baixo peso molecular (HBPM); o Anticoagulantes orais (Varfarina x NOACS). Heparina não fracionada (HNF) • Paciente hospitalizado; • Bomba de infusão; • TTPa repetidos a cada 4 a 6 horas; • Ação rápida, meia vida curta (90 minutos), pico 2/4 horas; • Inibição da trombina (principalmente) e fator X ativado; • Ataque: 80 UI/Kg/h; • Manutenção: 18 UI/Kg/h • Da para reverter as doses muito rápido. Heparina de baixo peso molecular (HBPM) • Administração subcutânea; • Fragmentos menos da molécula de heparina; • Ação maior no fator X ativado (4:1); • Menor risco de sangramento e plaquetopenia; • Dispensa controle de TTPa; • Ação rápida, meia vida 4 horas, pico 3/5 horas. Anticoagulante Anti-vit K (AVK) • Ação mais lenta (pleno efeito em 4 dias); • Derivados cumarínicos ou do warfarina; • 5mg/dia – mas cada paciente responde de uma forma; • Interações medicamentosas e alimentares: deve-se orientar o paciente a manter a mesma quantidade de alimentos ricos em vitamina K e com isso se consegue fazer um ajuste da dose. • Requer monitorização frequente (TP/INR); • Manejo complexo; • Nunca devem ser utilizados como terapêutica inicial no tratamento da TVP por não apresentarem ação imediata e por estarem associados à necrose cutânea induzida por cumarínicos, quando administrados isoladamente no início do tratamento. NOACS – Novos anticoagulantes • Orais; • Aprovados para tratamento e prevenção à recorrência de TVP/TEP; • Segurança e eficácia confirmadas em anos de prática clínica; • Rápido início de ação, meia-vida curta e previsível; • Pouca interação medicamentosa; • Manejo menos complexo; • Não indicado para pacientes com clearence de creatinina < 15mL/min; • Desvantagem: alto custo. Tratamento cirúrgico – pacientes em contraindicação com anticoagulante. • Filtro de veia cava inferior: o Não é recomendado como tratamento de rotina; o Reduz a ocorrência de EP > mas, não reduz a mortalidade e aumenta o risco de recorrência de TVP a longo prazo (2 a 8 anos), quando comparado a terapia anticoagulante; o Indicação relativa para pacientes com complicações hemorrágicas, trombo flutuante no segumento ilíaco-caval e em pacientes com reserva cardiopulmonar limitada. • Trombectomia Venosa • Ligadura de veia cava inferior ATENÇÃO: fibrinólise para dissolver o coágulo: indicação para paciente jovem com TVP iliacofemoral, diminui o risco de síndrome pós- trombótica (SPT) e evita-se a destruição das válvulas. Fibrinolíticos • Os mais utilizados são: estreptoquinase e ativador tecidual de plasminogênio > para lisar trombos recentes; • Possuem algumas restrições clínicas: Profilaxia• Indicada para pacientes em pós-operatório de grandes cirurgias, traumas e lesões graves, cirurgias de lesões medulares, ICC, acamados, história prévia de TVP ou EP; • Mecânicos ou farmacológicos; o Mecânicos: deambulação, meias de compressão; o Farmacológica: anticoagulantes em doses baixas (minidoces fixas de heparina) > 5000 U HNF, a cda 8 ou 12 horas.
Compartilhar