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⪢ “A História do Direito Agrário remonta à aurora da humanidade e suas raízes estão relacionadas com o aparecimento do homem na terra.” ⪢ Ismael Marinho Falcão in Direito Agrário Brasileiro 2 ⪢ PRINCIPAL LEGISLAÇÃO ⪢ Constituição Federal – Art. 184 a 191 da Constituição Federal ⪢ Estatuto da Terra – Lei 4.504/64 ⪢ Lei Complementar nº 76/93 – Lei que regula a desapropriação para fins de reforma agrária. ⪢ Lei nº 8.629/93 – Lei que Regula a Reforma Agrária – Aquisição de terras rurais por estrangeiros. ⪢ Lei nº 8.171/91 – Lei que Define a Política Agrícola. 3 ⪢ ASPECTOS HISTÓRICOS ⪢ [...] ⪢ Código de Hammurabi, do povo babilônico, (1.772 a.C.) pode ser considerado o primeiro Código Agrário da Humanidade” o Cap. XII, que cuidava do empréstimo e locação de bois; o Cap. XIV, que se referia à tipificação delituosa da morte humana pela chifrada de um boi; 4 ⪢ Ex. § 48. Se um homem livre tem sobre si uma dívida e o seu campo foi inundado, ou a torrente carregou ou por falta de água não cresceu grão no campo; naquele ano ele não dará grão a seu credor, ele anulará o seu contrato e não pagará os juros daquele ano; ⪢ (Indícios de suspensão da obrigação por caso fortuito e força maior). 5 ⪢ Na Bíblia Sagrada, por volta do Ano de 1.200 a.C. – na Lei de Moisés já existia o respeito bíblico pela propriedade e pelas posses de Terceiros – em Deuteronômio 27:17: "Maldito aquele que remover os limites do seu próximo". ⪢ Um exemplo pelo respeito pela divisa de terras e marcos. 6 ⪢ Função Social da Propriedade na Bíblia ⪢ “E, quando fizerdes a colheita da vossa terra, não acabarás de segar os cantos do teu campo, nem colherás as espigas caídas da tua sega; para o pobre e para o estrangeiro as deixarás. Eu sou o Senhor vosso Deus.” (Levítico 23:22) 7 ⪢ Interpretando: ⪢ De acordo com a legislação da época, se uma pessoa apanhasse o Fruto na árvore ele estaria cometendo furto, todavia, se o fruto houvesse caído no chão, ele poderia pegar. ⪢ Há uma Função Social da Propriedade aí, uma preocupação com os necessitados, com a coletividade. 8 ⪢ Denominação ⪢ Não é pacífica, entre os estudiosos do Direito Agrário, a denominação desse ramo do direito. É verdade que a mais consagrada é “Direito Agrário”, porque reflete o aspecto dinâmico do seu conteúdo, que é, sabidamente, voltado para as relações jurídicas entre o homem e a terra, visando à produção de alimentos. ⪢ Explica-se que a preferência pela denominação “Direito Agrário” está no substantivo 9 ⪢ DEFINIÇÕES ⪢ Direito Agrário é o conjunto sistemático de normas jurídicas que visam disciplinar as relações do homem com a terra, tendo em vista o progresso social e econômico do rurícola e o enriquecimento da comunidade. ⪢ Direito Agrário é o conjunto de princípios e de normas, de Direito Público e de Direito Privado, que visa a disciplinar as relações emergentes da atividade rural, com base na 10 ⪢ Relação com outros ramos do Direito ⪢ Apesar da autonomia legislativa do Direito Agrário, não se pode abstrair a sua inegável vinculação com outros ramos do Direito. ⪢ Diante dessa amplitude e a despeito, da natureza publicística desse novo ramo do direito, não se pode obscurecer que a principal fonte do Direito Agrário é o Direito Civil, o que não significa que seja o seu apêndice (acessório), como 11 ⪢ Também busca subsídios no Direito Constitucional, no Direito Administrativo, no Direito Comercial, no Direito do Trabalho, no Direito Penal, no Direito Tributário e até mesmo no nascente Direito Ambiental. ⪢ Nas suas formulações legislativas e mesmo nos estudos e nas pesquisas científicas que se desenvolvem, o Direito Agrário também busca suporte na Agronomia, na Economia, na Antropologia, na Geografia, na História, na Sociologia e em 12 ⪢ Objetivo – Compatibilizar uma política agrícola com a justa distribuição de terras, ou seja, compatibilizar política agrícola com política fundiária e reforma agrária. ⪢ Política agrícola é só agricultura? Pecuária, silvicultura, hortifrutigranjeiros. ⪢ Se eu faço reforma agrária eu viabilizo a política fundiária. ⪢ Em resumo: Política Agrícola – atividades rurais. ⪢ Política Fundiária – 13 ⪢ Competência para legislar ⪢ Competência Privativa da União - Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: ⪢ I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; ⪢ O Município e Estado podem legislar sobre política agrícola. O que não pode é criar uma lei sobre desapropriação para fins de forma agrária, arrendamento 14 ⪢ Resumo: os instrumentos de viabilização da política agrícola são competência da união. Já política agrícola, os Estados e Municípios podem legislar. 15 ⪢ ESTRUTURA ADMINISTRATIVA PARA VIABILIZAR A POLÍTICA AGRÍCOLA E POLÍTICA FUNDIÁRIA ⪢ Desconcentração -> Orgão (Ministério, Secretaria). ⪢ Descentralização -> Pessoa Jurídica, Autarquia. ⪢ 1 – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil -> Conselho Nacional de Política Agrícola (CNPA) -> EMBRAPA (Empresa Pública) ⪢ 16 ⪢ ESTRUTURA ADMINISTRATIVA PARA VIABILIZAR A POLÍTICA AGRÍCOLA E POLÍTICA FUNDIÁRIA ⪢ [...] ⪢ 2 – Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) - > Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável -> INCRA (Autarquia) 17 ⪢ ESTRUTURA ADMINISTRATIVA PARA VIABILIZAR A POLÍTICA AGRÍCOLA E POLÍTICA FUNDIÁRIA ⪢ [...] ⪢ 2 – Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) - > Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável -> INCRA (Autarquia) 18 ⪢ DOUTRINA – ⪢ DIREITO AGRÁRIO BRASILEIRO ⪢ Autor: Benedito Ferreira Marques Evolução Histórica Direito Agrário teve início com o Tratado de Tordesilhas – 07 de junho de 1494. D. João (Rei de Portugal) e D. Fernando e D. Isabel (Reis da Espanha) “as terras a Direita da linha imaginária traçada do POLO ÁRTICO ao POLO ANTÁRTICO distantes 370 léguas das ilhas de cabo verde em direção ao poente seriam de Portugal”. ⪢ Bula papal reconhecendo esse tratado, por volta de 1.504 e 1.506. ⪢ O Direito de Propriedade decorreu deste tratado, somado ao apossamento das terras por Cabral. ⪢ História da Ocupação do Território Nacional ⪢ 1º Regime de Sesmarias - Martim Afonso de Souza – Cartas de Sesmarias (1531-1822) ⪢ 2º Regime das Posses (1822-1850) – Invasão das Terras Devolutas (minifúndios) ⪢ 3º Regime de Lei de Terras – Lei nº 601/1850 – Legitimação de Posse (Primeira Lei de Regularização Fundiária). Cartas de Sesmarias – Criada em 1374 em Portugal pelo Rei D. Fernando Formoso. Em Portugal as Sesmarias tiveram natureza jurídica de CONFISCO sobre as terras improdutivas. No Brasil as Sesmarias tiveram natureza jurídica de Enfiteuse ou Aforamento. - Posse Direta e Posse Indireta; No Brasil vieram acompanhadas das Capitanias Hereditárias. - Descentralização, transferência de custos. Martin Afonso de Souza, com poderes outorgados por D. João III para a Concessão de Carta de Sesmaria (transferência do domínio útil ao sesmeiro impondo obrigações de): 1) colonizar a terra; 2) ter morada habitual e cultura permanente; 3) demarcar seus limites; e 4) pagar tributos. ⪢ ⪢ Sesmaria não gerava alienação do território nacional, apenas entregava o domínio útil do bem para uso dos particulares. Seria semelhantea uma concessão de uso. ⪢ Coroa ficava com o Domínio Direto e entregava o domínio útil ao sesmeiro. ⪢ Existia Cláusula Resolúvel – geradora de comisso (resolução do contrato). ⪢ Durou quase 300 anos de existência – 1531 a 1822. ⪢ Benefícios – Colonização e Povoamento do Interior do País (vide. entradas e bandeiras). ⪢ Malefícios – Nepotismo, clientelismo e Latifúndios ⪢ REGIME DAS POSSES - 1822 a 1850 – em 17 de julho de 1822, com a suspensão oficial do regime de sesmarias, não foi criado nenhum regime para substituir. ⪢ Regime extralegal ou das posses. ⪢ Ausência de segurança jurídica. ⪢ Nem mesmo a nossa primeira Constituição (1824) regulou a matéria. ⪢ Nesta época (no final do regime) surgiu a Certidão Paroquial, Registro do Vigário. ⪢ Durante o regime das posses eram encontrados: ⪢ 1. Proprietários legítimos de sesmarias adimplidas (que deram certo) ⪢ 2. Possuidores de terras originárias – sesmarias inadimplidas ⪢ 3. Possuidores em nenhum título hábil – posseiros (minifúndios) - (típico do regime das posses) ⪢ 4. Terras devolutas – sesmeiro em comisso (não cumpriu as obrigações/abandonou e a coroa pegou de volta). ⪢ LEI DE TERRAS – Lei nº 601/1850 - Decreto Regulamentar nº 1.318/1854 ⪢ 1. Aquisição de Terras apenas por Compra e Venda ⪢ 2. Outorga de Títulos de Domínio aos detentores de sesmarias não confirmadas ⪢ 3. Outorga de Título de Domínio aos portadores de qualquer outro tipo de concessão de terras (regime de posses, certidão paroquial, registro do vigário) ⪢ 4. Assegurar a aquisição de terras devolutas por meio de ⪢ O Objeto da Lei 601/1850 foi regularizar a situação já existente. ⪢ A legitimação de posse é utilizada desde a primeira lei de terras. Art. 17 da 8.666/93. ⪢ OBS: Assegurar o domínio das terras devolutas, assim, a aquisição de terras no brasil ocorreriam somente por compra e venda. ⪢ Ocasionou a elitização das aquisições de terras no Brasil. Não haveria mais posse, invasão e dilapidação do patrimônio da ⪢ Conclui-se que a lei de terras gerou a regularização das sesmarias não confirmadas e outorga da legitimação de posse aos que tinham apenas ocupação (invasão das áreas). ⪢ O próprio Art. 3º da Lei 601/1850 conceitua as terras devolutas. Toda terra devoluta é pública. Não existe essa história de terra de ninguém. Se alguém tem que provar que é dono é o particular. ⪢ “Tenho uma carta de sesmarias e cumpri minha parte e essa área é minha”. Recebe propriedade. ⪢ “Tenho uma carta de sesmarias, não cumpri minha parte e estou afim de ficar “em dia”. Recebe a revigoração do foro. ⪢ “Não tenho título, mas estou aqui a mais de 30 anos, Certidão paroquial”. Legitimação da Posse. ⪢ “Não tenho título nenhum”. Então voltou a ser pública, somente poderá ser adquirida mediante Compra e Venda. ⪢ Certidões Paroquiais, Registro do Vigário (Lei 601/1850). ⪢ A igreja católica tinha/tem maior presença no local que qualquer órgão público. ⪢ O Vigário comunicava a comunidade, reunia a documentação, escrevia no livro e encaminhava para o Governo. Isso não substitui título de propriedade, mas é um indicativo, uma prova. ⪢ Registro: Nome do Possuidor, Designação da Área (Freguesia), Extensão da Posse e o nome particular da situação (sesmaria, posse, ocupação). ⪢ O Diretor Geral de Terras da Província para formar o Registro de Terras Possuídas no Império faria a decisão com base no que lhe foi entregue Registro do Vigário/Certidão Paroquial (Art. 107 do Decreto 1318/1854). ⪢ As cópias ficavam no arquivo da paróquia e os livros eram encaminhados ao Delegado da Província, para enviar para o Diretor. PRINCÍPIOS ⪢Segurança Jurídica ⪢Contrapeso das normas. Ética e Moral. ⪢ Com base em Lei nossos governantes já fizeram muitas barbaridades. ⪢1) Princípio do monopólio legislativo da União ⪢O Direito Agrário é um direito nacional, não se permitindo, sequer, legislação supletiva dos Estados. ⪢Trata-se do reflexo dos comandos do art. 22, incisos I e II da CF, que estabelecem a competência privativa da União para legislar em matéria de direito agrário, especialmente, sobre o instituto da desapropriação estruturante para o direito agrário. ⪢2) A utilização da terra se sobrepõe à titulação dominial ⪢O Direito agrário compreende a disciplina jurídica dos interesses e obrigações concernentes à terra e aos bens imóveis rurais para fins de execução da Reforma Agrária; e o controle dos fatos e atos administrativos pertinentes. Daí interessa ao Direito Agrário o fator “utilização” da terra e não a “titulação” do proprietário ou possuidor, o que faz com que para se evitar tensões exista o escopo da norma agrária. ⪢3) A propriedade da terra é garantida, mas condicionada ao cumprimento da função social ⪢Função Social da Propriedade. Significa, conforme vimos no art. 186 da CF, que o imóvel deve atender a requisitos para não ser desapropriado. ⪢O art. 2º do Estatuto da Terra repete o comando constitucional: “Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra, condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei.” § 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, simultaneamente: a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias; b) mantém níveis satisfatórios de produtividade; c) assegura a conservação dos recursos naturais; d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivem.”. [...] O instituto da desapropriação penaliza o proprietário que não obedece ao conjunto de ações para utilização do bem. Também existe mesma determinação para a função social da posse agrária. 4) O direito agrário é dicotômico: compreende política de reforma (reforma agrária) e política de desenvolvimento (política agrícola) A função do direito agrário é direcionada para as duas finalidades essenciais e estruturantes: a reforma agrária e a política agrícola 4) O direito agrário é dicotômico: compreende política de reforma (reforma agrária) e política de desenvolvimento (política agrícola) A função do direito agrário é direcionada para as duas finalidades essenciais e estruturantes: a reforma agrária e a política agrícola 5) As normas jurídicas primam pela prevalência do interesse público sobre o individual Releitura do princípio administrativo da predominância do interesse público sobre o privado. Este princípio reflete a necessidade de proteção dos trabalhadores rurais balanceando-o com a propriedade particular, também incentiva ações para implementação de cooperativas de trabalhadores. 5) As normas jurídicas primam pela prevalência do interesse público sobre o individual Releitura do princípio administrativo da predominância do interesse público sobre o privado. Este princípio reflete a necessidade de proteção dos trabalhadores rurais balanceando-o com a propriedade particular, também incentiva ações para implementação de cooperativas de trabalhadores. 6) A reformulação da estrutura fundiária é uma necessidade constante O próprio Estatuto da Terra (art.1º, § 1o) reflete a intenção de se adotar medidas para melhor realizar a distribuição de terras: § 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade. ⪢ 7) O fortalecimento do espírito comunitário, atravésde cooperativas e associações O cooperativismo é entendido como uma condição facilitadora, por meio da união de esforços e interesses dentro de um espírito comunitário, visando a melhor realização das atividades agrárias. Há a possibilidade de cooperativas ingressarem com ações civis públicas para defesa de interesses agrários comuns para aquela coletividade. 8) O combate ao latifúndio, ao minifúndio, ao êxodo rural, à exploração predatória e aos mercenários da terra (especulação) Significa que o direito agrário tem como suas funções evitar a ocorrência de propriedades improdutivas, no caso, os chamados latifúndios por exploração e também tem como finalidade combater os minifúndios, ou seja, áreas que por serem tão pequenas impossibilitam a realização da atividade agrária. 8) O combate ao latifúndio, ao minifúndio, ao êxodo rural, à exploração predatória e aos mercenários da terra (especulação) Significa que o direito agrário tem como suas funções evitar a ocorrência de propriedades improdutivas, no caso, os chamados latifúndios por exploração e também tem como finalidade combater os minifúndios, ou seja, áreas que por serem tão pequenas impossibilitam a realização da atividade agrária. 9) A privatização dos imóveis rurais públicos Significa que prioritariamente a atividade agrária deve ser realizada pela iniciativa privada. Neste sentido, bens públicos (especialmente terras devolutas) que não possuem funções públicas especiais, estratégicas ou ambientais, devem ser, prioritariamente, destinados à reforma agraria, cabendo ao poder público realizar o papel principal de fomentador da política agrícola. 10) A proteção à propriedade familiar, à pequena e à média propriedade Esse princípio significa que o direito agrário dispensa um tratamento diferenciado para as pequenas e médias propriedades rurais e também para a propriedade produtiva. Em linhas gerais, via de regra, esses propriedades são imunes a desapropriação para fins de reforma agrária, visto que, a propriedade é produtiva e está cumprindo a função social da propriedade. 10) A proteção à propriedade familiar, à pequena e à média propriedade Esse princípio significa que o direito agrário dispensa um tratamento diferenciado para as pequenas e médias propriedades rurais e também para a propriedade produtiva. Em linhas gerais, via de regra, esses propriedades são imunes a desapropriação para fins de reforma agrária, visto que, a propriedade é produtiva e está cumprindo a função social da propriedade. 11) O fortalecimento da empresa agrária O direito agrário considera a empresa agrária, pessoa jurídica criada para exercer e auferir lucro com atividade agrária, uma via fundamental para o desenvolvimento da função social da propriedade e para o aprimoramento e melhora da produtividade agrária. 12) A proteção da propriedade consorcial indígena O princípio decorre da previsão constitucional do art. 231, que traz proteção especial para a propriedade indígena, no sentido que são reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, bem como o direito originário sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarca-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. Princípio da “Indigenato”. 13) O dimensionamento eficaz das áreas exploráveis (módulo) Trata-se de se definir qual é a medida de área de terras ideal para que o agricultor, com sua família, tenha condições de explorá-la com eficácia e possa garantir o seu progresso social e econômico. 14) A proteção do trabalhador rural Prevista no art. 187, inc. VIII, onde está antevisto que a habitação para o trabalhador rural deve ser uma preocupação na formulação da política agrícola. Isso é uma das providências cujo escopo é fixar o homem no campo e até mesmo contribuir para o movimento migratório da cidade para o campo, o êxodo urbano; 15) A conservação e preservação dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente CF, Art. 225. É o princípio do direito ambiental adotado pelo direito agrário, apresenta características totalmente integradas com as características da função social da propriedade, ou seja, a propriedade rural, devendo realizar as dimensões econômicas, sociais e ambientais. Imóvel Rural Definição do Estatuto da Terra: ⪢Art. 4º Para os efeitos desta lei, definem-se: ⪢I – Imóvel rural, o prédio rústico, de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destine a exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através da iniciativa privada. 61 O Código Tributário Nacional (Lei no 5.172/66), todavia, seguiu outra orientação, adotando o critério da localização para estabelecer tal distinção (art. 29): Art. 29. O imposto de competência da União sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil, ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do município. 62 Por sua vez, veio a Lei no 8.629/93, que veio regulamentar os Arts. 184 a 186 da Constituição Federal, também cuidou da definição de imóvel rural, e o fez nos seguintes termos: Lei 8.629 - Art. 4º Para os efeitos desta lei, conceituam- se: I – Imóvel rural, o prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa, vegetal, florestal ou agroindustrial. 63 Instaurado o conflito, a matéria chegou em discussão junto ao STJ, que tem entendimento que: “não basta apenas considerar o disposto no art. 32, §1º, do Código Tributário Nacional, que adota o critério da localização do imóvel e considera área urbana àquela definida em legislação municipal, pois a questão também deve ser analisada sob a ótica do art. 15, do Decreto-Lei nº 57/66, que acrescentou o critério da destinação dada ao imóvel”. 64 Portanto, à despeito do critério de localização, o Art. 15 do Decreto-Lei nº 57/66 exclui da incidência do IPTU os imóveis cuja destinação seja, comprovadamente a de exploração agrícola, pecuária ou industrial, sobre os quais incide o Imposto Territorial Rural-ITR, ou seja, prevalência do critério de destinação. 65 Em outras palavras, imóvel rural é uma área formada de uma ou mais matrículas de terras contínuas, do mesmo detentor (seja ele proprietário ou posseiro), podendo ser localizada tanto na zona rural quanto urbana do município. O que caracteriza o imóvel rural para a legislação agrária é a sua “destinação agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agroindustrial.” (Lei nº 8.629/93, Art. 4.º, I). 66 Características Abstraída a polêmica relativa aos critérios distintivos entre imóvel rural e urbano – localização e destinação – insta analisar, agora, à luz do texto legal que define o imóvel rural, a saber: prédio rústico, área contínua, qualquer localização e destinação voltada para as atividades agrárias. 67 Por “prédio” se entendem não apenas as casas e as construções das cidades ou dos campos, mas também todas as propriedades territoriais rurais ou quaisquer outros terrenos. O adjetivo rústico, à sua vez, é entendido como o ager, que quer dizer imóvel destinado ao cultivo. 68 Deste modo, prédio urbano é toda a edificação para moradia de seu proprietário, e prédio rústico todo aquele edifício que é construído e destinado para as coisas rústicas, tais como todas as propriedades rurais com suas benfeitorias, e todos os edifícios destinados para recolhimento de gados, reclusão de feras e depósitos de frutos, etc.69 O termo áreas contínuas significa áreas confrontantes do mesmo detentor, que são consideradas um único imóvel, ainda que cada uma tenha registro/matrícula próprios, ou que haja interrupções físicas como estradas, cursos d’água, etc, desde que o tipo de exploração seja o mesmo. Nova Controvérsia - 70 O termo áreas contínuas significa áreas confrontantes do mesmo detentor, que são consideradas um único imóvel, ainda que cada uma tenha registro/matrícula próprios, ou que haja interrupções físicas como estradas, cursos d’água, etc, desde que o tipo de exploração seja o mesmo. Nova Controvérsia - 71 O termo áreas contínuas significa áreas confrontantes do mesmo detentor, que são consideradas um único imóvel, ainda que cada uma tenha registro/matrícula próprios, ou que haja interrupções físicas como estradas, cursos d’água, etc, desde que o tipo de exploração seja o mesmo. Nova Controvérsia Individualidade Dominial X Unicidade Dominial 72 Código Florestal estabeleceu que: Art. 67. Nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, área de até 4 (quatro) módulos fiscais e que possuam remanescente de vegetação nativa em percentuais inferiores ao previsto no art. 12, a Reserva legal será constituída com a área ocupada com a vegetação nativa existente em 22 de julho de 2008, vedadas novas conversões para uso alternativo do solo. 73 Exemplo: Fazenda Alfa Nesta hipótese, deve-se considerar um único imóvel rural, ou imóveis rurais diferentes? 74 IMÓVEL 01 90 HECTARES MATRÍCULA 01 IMÓVEL 02 90 HECTARES MATRÍCULA 02 IMÓVEL 03 90 HECTARES MATRÍCULA 03 IMÓVEL 04 90 HECTARES MATRÍCULA 04 IMÓVEL 05 90 HECTARES MATRÍCULA 05 75 Quantidade de Reserva Legal Necessária (80%) - 636,86 Has Área de reserva legal existente – 349,17 Has hectares Déficit de Reserva Legal - 287,69 Has 18 MATRICULAS LEI Nº 6.015 / 1973 – FÓLIO REAL X FÓLIO PESSOAL Art. 176 - O Livro n.º 2 - Registro Geral - será destinado, à matrícula dos imóveis e ao registro ou averbação dos atos relacionados no art. 167 e não atribuídos ao Livro n.º 3. § 1º A escrituração do Livro n.º 2 obedecerá às seguintes normas: I - cada imóvel terá matrícula própria, que será aberta por ocasião do primeiro registro a ser feito na vigência desta Lei; 76 Art. 234 - Quando dois ou mais imóveis contíguos pertencentes ao mesmo proprietário, constarem de matrículas autônomas, pode ele requerer a fusão destas em uma só, de novo número, encerrando-se as primitivas. ⪢ Posição mais adequada é de analisar o imóvel rural como uma unidade jurídica distinta; 77 Classificação do imóvel rural Pelo Estatuto da Terra, não havia dúvida quanto à classificação do imóvel rural, que era: 1.minifúndio 2.latifúndio 3.propriedade familiar 4.empresa rural 78 Minifúndio É chamado de minifúndio todo o imóvel com área cultivável inferior ao módulo fiscal (90 has – MT). Além do aspecto técnico, a palavra também serve para indicar uma propriedade rural que possua a menor dimensão possível. O termo é uma combinação de duas palavras da língua latina: "minimus", que significa pequeno, ou o menor, e fundus, fazenda. 79 http://www.infoescola.com/direito/modulo-rural-e-modulo-fiscal/ http://www.infoescola.com/direito/modulo-rural-e-modulo-fiscal/ http://www.infoescola.com/direito/modulo-rural-e-modulo-fiscal/ Admitido como uma espécie de imóvel rural, o minifúndio é combatido e desestimulado no ordenamento jurídico agrário, na medida em que constitui uma distorção do sistema fundiário brasileiro, porque não cumpre a função social. Além disso, não gera impostos nem viabiliza a obtenção de financiamentos bancários pelo minifundiário. 80 MÓDULO RURAL x MÓDULO FISCAL MÓDULO FISCAL, por sua vez, é estabelecido para cada município, e procura refletir a área mediana dos Módulos Rurais dos imóveis rurais do município. O Módulo fiscal dos municípios é fixado pelo INCRA. MÓDULO RURAL é calculado para cada imóvel rural em separado, e sua área reflete o tipo de exploração predominante no imóvel rural, segundo sua região de localização. Cria-se um Cálculo baseado em Quatro Fatores: Forma, Dimensão, Localização, Aproveitamento Econômico. 81 Latifúndios - Imóvel rural que exceda a seiscentas vezes o módulo fiscal e é mantido inexplorado ou com exploração inadequada ou insuficiente às suas potencialidades. Em outras palavras, é o imóvel rural que não cumpre a sua função social. O sentido do latifúndio hoje é mais relacionado ao uso da propriedade. Assim, o imóvel que é inadequadamente explorado, levando-se em conta as potencialidades que possui, recebe o tratamento jurídico de latifúndio. 82 Não se condena o latifúndio em si, mas a improdutividade. Não se considera latifúndio a propriedade extensa que explore racionalmente mediante planos adequados de florestamento” 83 PROPRIEDADE FAMILIAR (ET, Art. 4º, II) “o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força do trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalhado com a ajuda de terceiros.” 84 Esse instituto jurídico, tipicamente agrário, é de uma importância extraordinária no processo de democratização da terra, porquanto atende a um dos princípios basilares do Direito Agrário, que é o de viabilizar o acesso ao imóvel rural a maior número possível de pessoas. A Propriedade Familiar tem o tamanho exato de um módulo, calculado de acordo com cada região do país e tipo de exploração. Nem mais nem menos do que um módulo. Se menor, é minifúndio; se maior, pode ser latifúndio. 85 A Propriedade Familiar pressupõe os seguintes elementos: a) titulação, que é o título de domínio em nome de algum dos membros da entidade familiar; b) exploração direta e pessoal, pelo titular do domínio e sua família que lhes absorva toda a força de trabalho; c) área ideal para cada tipo de exploração, conforme a região; d) possibilidade eventual de ajuda de terceiros. 86 EMPRESA RURAL (Decreto nº 84.685/80) Art. 22 – [...] III – Empresa Rural, o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro das condições de cumprimento da função social da terra e atendidos simultaneamente os requisitos seguintes: 87 [...] (a) tenha grau de utilização da terra igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado na forma da alínea a, do art. 8º; (b) tenha grau de eficiência na exploração, calculado na forma do art. 10, igual ou superior a 100% (cem por cento); (c) cumpra integralmente a legislação que rege as relações de trabalho e os contratos de uso temporário da terra. 88 Das definições legais transcritas se extrai a conclusão de que a empresa rural possui as seguintes características, a saber I – é um empreendimento que se consubstancia na exploração de atividades agrárias; II – pressupõe um estabelecimento, composto de uma área de imóvel rural, pertencente ou não ao empresário (Direito de superfície do arrendamento); III – tem por finalidade o lucro; IV – é de natureza civil e não industrial. 89 Como empresa, está também sujeita a registros. Se for organizada por pessoa física, bastará o registro perante o órgão federal competente (atualmente o INCRA). Se, todavia, o for como pessoa jurídica, além do registro no mesmo órgão aludido, os seus atos constitutivosdevem ser arquivados no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas, com o fito de ganhar personalidade jurídica (art. 45 do Código Civil). 90 Quanto aos requisitos, a Empresa Rural deve ter o grau de utilização da terra igual ou superior a 80%, bem como o grau de eficiência na exploração igual ou superior a 100%. Além desses dois requisitos básicos, a empresa rural também deve cumprir a função social. A obediência à legislação que rege as relações de trabalho e os contratos agrários está embutida no conceito de função social da propriedade da terra. 91 A doutrina ainda inclui como requisitos da empresa rural a adoção de práticas conservacionistas e o emprego mínimo de tecnologia corrente na zona de situação da empresa, bem como a manutenção de condições mínimas de administração. 92 93
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