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1 UNIVERSIDADE POTIGUAR–UnP PRÓ-REITORIA ACADÊMICA ESCOLA DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO INGRID AGUIAR FONSECA DE SOUZA ANTEPROJETO DE REQUALIFICAÇÃO DA PRAÇA SANTA MÔNICA / NATAL- RN NATAL 2017 2 INGRID AGUIAR FONSECA DE SOUZA ANTEPROJETO DE REQUALIFICAÇÃO DA PRAÇA SANTA MÔNICA / NATAL- RN Trabalho de Conclusão de Curso apresentado á Universidade Potiguar – UnP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Thiago Brito NATAL 2017 3 INGRID AGUIAR FONSECA DE SOUZA ANTEPROJETO DE REQUALIFICAÇÃO DA PRAÇA SANTA MÔNICA / NATAL- RN Trabalho de Conclusão de Curso apresentado á Universidade Potiguar – UnP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Thiago Brito Aprovado em: _____/_____/_____ BANCA EXAMINADORA ________________________________ Prof. Thiago Brito Orientador Universidade Potiguar – UnP ________________________________ Marcia Caldas Membro Examinador Universidade Potiguar – UnP ___________________________________ Karina de Medeiros Lucas Salha Arquiteto(a) convidado 4 Dedico este trabalho acadêmico a DEUS, que nos momentos difíceis, mostrou-me o caminho dando-me forças para continuar. Aos meus pais e familiares, sem os quais não teria sido capaz de obter tal êxito, em especial à minha mãe, Eliane Maria Moreira de Aguiar. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela vida. Agradeço aqui a todos os que estiveram comigo durante estes 5 anos de jornada acadêmica. À minha mãe, que sempre se manteve presente, em todos os momentos me apoiou e me deu forças para nunca desistir. A meus avós, grandes incentivadores e fãs dos meus trabalhos. Aos meus amigos, que sempre estiveram comigo, rindo e compartilhando de situações que jamais esquecerei. Aos professores que são como grandes mestres, com quem aprendemos muito sobre a vida, dentro ou fora da sala de aula. Ao meu querido orientador Prof. Thiago Brito, que tanta ajuda forneceu para que este trabalho fosse concluído com o êxito esperado. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigada. 6 RESUMO O trabalho consiste em uma proposta de requalificação para a Praça Santa Mônica, localizada em Lagoa Nova, um bairro eminentemente residencial que está passando por mudanças e sendo apontado como “novo centro da cidade”. O objetivo, é proporcionar uma recuperação adequada na praça, trazendo a melhoria do espaço público, de forma a atender os anseios da população que o utiliza. A metodologia empregada foi pesquisa de campo, com observações dos usuários, análise visual, percepção do meio ambiente e comportamento ambiental, metodologias do desenho urbano, como também, registro fotográfico. O trabalho está estruturado de maneira a apresentar os referidos estudos primeiro em seguida, estão as análises da área e então a proposta projetual. 7 ABSTRACT The project includes a proposed revitalization plan for Santa Monica Square, located in Lagoa Nova, a predominantly residential neighborhood that is undergoing changes, and was appointed as “the new downtown”. The aim is to provide an adequate restoration in the square, providing the best public space, to satisfy the requirements of the population that use. The methodology employed was field research, feedback from square user’s, visual analysis, perception of the environment and environmental behavior, urban design methodologies, as well as photographic records. The project is structured to first show the studies, after the analysis of the area, and finally the architectural design proposal. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Jardim da Stourhead Warminster, Inglaterra ............................................25 Figura 2 Ágora Grega..............................................................................................28 Figura 3 Perspectiva da Praça................................................................................34 Figura 4 Estrutura do deck ....................................................................................35 Figura 5 Deck da praça...........................................................................................35 Figura 6 Zoneamento da Praça...............................................................................35 Figura 7 Espaço para ginástica...............................................................................36 Figura 8 Palco e arquibancada................................................................................36 Figura 9 Perspectiva da praça.................................................................................37 Figura 10 Mobiliários da praça.................................................................................37 Figura 11 Parque infantil .........................................................................................37 Figura 12 Area sensorial..........................................................................................38 Figura 13 Espelho d’água........................................................................................38 Figura 14 Planta baixa.............................................................................................39 Figura 15 Zoneamento.............................................................................................40 Figura 16 Praça Levinson........................................................................................41 Figura 17 Vegetação da Praça................................................................................41 Figura 18 Planta baixa.............................................................................................42 Figura 19 Miami Beach Soundscape.......................................................................42 Figura 20 Estruturas metálicas ...............................................................................42 Figura 21 Area de projeção audiovisual..................................................................43 Figura 22 Localização do bairro .............................................................................44 Figura 23 Inauguração do “Castelão”.....................................................................45 Figura 24 Arena das Dunas....................................................................................46 Figura 25 Legislação Urbanística............................................................................47 Figura 26 Bairro de Lagoa Nova............................................................... .............48 9 Figura 27 Localização da Praça santa Mônica ......................................................49 Figura 28 Indicação de Nascente e Poente............................................................53 Figura 29 Situação atual da Praça..........................................................................54 Figura 30 Situação atual da Praça..........................................................................54 Figura 34 Situação atual da quadra .......................................................................54Figura 32.Rampa Atual...........................................................................................55 Figura 33 Piso tátil atual ........................................................................................55 Figura 34 Mobiliário Atual.......................................................................................56 Figura 35 Quadra poliesportiva atual.....................................................................56 Figura 36 Mobiliário Atual.......................................................................................56 Figura 37 Mobiliário Atual......................................................................................56 Figura 38 Situação atual das lixeiras......................................................................57 Figura 39 Locação da atual iluminação..................................................................57 Figura 40 Postes e refletores..................................................................................58 Figura 45 Identificação árvores de médio e grande porte......................................60 Figura 42 Algarobeira .............................................................................................60 Figura 43 Acácia .....................................................................................................60 Figura 44 Coqueiro..................................................................................................61 Figura 45 Oiti....................................................................... ...................................61 Figura 46 Academia ao ar livre...............................................................................62 Figura 47 Academia da Terceira Idade...................................................................62 Figura 48 Símbolo internacional de acesso – Forma A e B....................................68 Figura 49 Levantamento da praça..........................................................................76 Figura 50 Desenhos ...............................................................................................76 Figura 51 Progresso nas ideias ..............................................................................77 Figura 52 Desenvolvimento inicial de áreas............................................................77 Figura 53 Evolução..................................................................................................78 Figura 54 Primórdio da criação dos núcleos............................................................78 Figura 55 Primeiras ideias de paginação de piso.....................................................79 Figura 56 Evolução da proposta...............................................................................79 Figura 57 Proposta final............................................................................................80 Figura 58 Perspectiva aérea geral da proposta de requalificação da praça ............80 10 Figura 59 Perspectiva com destaque para área de brincar....................................81 Figura 60 Perspectiva com destaque para núcleo atividade física ........................81 Figura 61 Perspectiva com destaque para ATI ......................................................82 Figura 62 Perspectiva com destaque para caramanchão.......................................83 11 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Recuos estabelecidos para o Município de Natal.....................................64 Quadro 2: Síntese do programa de necessidade......................................................72 12 LISTA DE MAPAS MAPA 1: Uso de solo e sentido do tráfego...........................................................50 MAPA 2: Hierarquia Viária ...................................................................................51 MAPA 3: Gabarito.................................................................................................52 13 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Praça Victor Civita- SP......................................................................33 Tabela 2- Praça Conceito Consciente – GO.....................................................36 Tabela 3- Praça Levinson Plaza- Boston, EUA.................................................39 Tabela 4- Miami Beach Soundscape.................................................................41 Tabela 5- Quadro mobiliário..............................................................................59 Tabela 6- Quadro botânico ...............................................................................60 14 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1- Usos..................................................................................................69 Gráfico 2- Atração da praça...............................................................................69 15 SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 17 2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 20 2.1ESPAÇO LIVRE PÚBLICO ............................................................................... 20 2.2 CONCEITO DE LAZER .................................................................................... 22 2.3. ELEMENTOS PAISAGISTICOS NOS ESPAÇOS PÚBLICOS ....................... 24 2.5 BREVE HISTÓRICO ........................................................................................ 27 3 CONHECENDO AS PRAÇAS ............................................................................... 33 3.1 ESTUDO INDIRETO ........................................................................................ 33 3.1.1 Praça Victor Civita- SP ............................................................................ 33 3.1.2 Praça Conceito Consciente – GO ........................................................... 36 3.1.3 Praça Levinson Plaza- Boston, EUA ...................................................... 39 3.1.4 Miami Beach Soundscape ....................................................................... 41 4.UNIVERSO DE ESTUDO ....................................................................................... 44 4.1BAIRRO DE LAGOA NOVA .............................................................................. 44 4.2 ANÁLISE DO TERRENO E SEU ENTORNO .................................................. 48 4.3 ANÁLISE DA ÁREA DO PROJETO ................................................................. 53 5.CONDICIONANTE DO PROJETO ......................................................................... 63 5.1 CONDICIONANTE LEGAL .............................................................................. 63 5.1.1 Plano Diretor ............................................................................................ 63 5.1.2 Código de Obras ...................................................................................... 64 5.1.3 Acessibilidade (NBR 9050, 2015) ............................................................ 66 5.1.3.1 Informativa............................................................................................ 66 5.1.3.2 Direcional ............................................................................................. 66 5.1.3.3 Emergência Sinalização .......................................................................66 5.1.3.4 Sinalização tátil ..................................................................................... 66 5.1.3.5 Símbolos táteis ..................................................................................... 66 5.1.3.6 Sinalização tátil e visual direcional ..................................................... 67 5.1.3.7 Diagramação ......................................................................................... 67 5.1.3.8 Símbolo internacional de acesso – SIA .............................................. 67 16 5.2 ESTUDO FOCADO NO USUÁRIO (ENTREVISTAS) ......................................... 68 6.META PROJETO ................................................................................................... 71 6.1DIRETRIZES PROJETUAIS ................................................................................. 71 6.2PROGRAMA DE NECESSIDADE ........................................................................ 72 6.3EVOLUÇÃO DA PROPOSTA FINAL ................................................................... 75 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 84 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 85 APÊNDICE- Questionário – Revitalização da Praça Santa Mônica .......................... 91 17 1.INTRODUÇÃO Desde a década de 1970 as cidades brasileiras têm sofrido as mais intensas transformações. A sociedade cresceu, a demanda de recursos naturais e espaciais aumentaram nas grandes cidades, afetando os espaços livres verdes, interferindo diretamente na qualidade espacial urbana. Com isso, a busca pela compreensão da diversidade dos aspectos do espaço urbano, relacionados às suas dimensões socioambientais, tornou-se uma preocupação cada vez mais presente para o planejamento e a gestão urbana. Atualmente as intervenções antrópicas pautadas na sustentabilidade, no meio ambiente natural estão sendo vistas como a maneira de se preservar e manter, reconstruindo e transformando, de maneira a reencontrar o equilíbrio entre a natureza e o ambiente urbano. A cidade é um lugar altamente alterado quanto as suas condições naturais, no qual o homem ordena conforme suas necessidades de sobrevivência. Dentre os diversos ambientes que dispõe a cidade, a praça é um espaço que exerce influência na melhoria da qualidade de vida ambiental e social. Cada praça tem sua própria história, características e condições especificas para que ela seja um espaço intencional do encontro, da permanência, dos acontecimentos, de práticas sociais, esportivas e de lazer. Tais práticas e relações é que possibilitam e dão sentido a vida urbana. A integração entre a morfologia, estética e apropriação é que permite a formação de praças, como espaços simbólicos. (ANA CLAUDIA OLIVEIRA, 2007) Dentre os espaços livres a praça é um espaço importante que exerce influência na melhoria da qualidade de vida da população e do meio ambiente urbano, pois reduz os efeitos causados pelo homem no processo de urbanização. O estudo da distribuição espacial e da função exercida por elas é de extrema importância para o planejamento urbano. (VIZINTIM, M; VIRGILIO, H, 2003, p.534; p.535) Atualmente, no Brasil existe uma ausência de áreas destinadas à implantação de praças e, como a maioria dos espaços públicos, que também estão negligenciadas pelos gestores. As praças e áreas verdes, mesmo sendo de fundamental importância para a vida urbana, não são vistas como prioridade para a qualidade de vida na cidade. Em Natal, não é diferente, dividida em 36 bairros, a capital do estado do Rio 18 Grande do Norte (RN) tem 246 praças, onde é possível notar, ao percorrer algumas delas, que as condições atuais não são as mais adequadas, desse modo, as praças foram desvalorizadas. A simples presença de atributos positivos no entorno não é o único fator determinante na valorização de um espaço público, mas estes devem ser considerados e incentivados através de parcerias entre ações públicas e privadas (SANTANA, 2003, p.144). Diante do exposto, justifica-se pela importância dos espaços públicos com qualidade arquitetônica e paisagista para cidade de Natal e pela necessidade de requalificação de uma praça, no bairro de Lagoa Nova. A escolha da praça se deu pela proximidade da aluna com a área, local utilizado, pela mesma, às vezes como área para pratica de exercícios e marco de passagem. O presente trabalho tem como objetivo geral o desenvolvimento de um anteprojeto de uma requalificação de uma praça. Com uma requalificação adequada, a praça irá transformar-se em um ambiente saudável e harmonioso para o espaço urbano público, utilizando referências já aplicadas. E tem como objetivo especifico: estudos de técnicas para melhorar a interação social; renovação dos mobiliários urbanos que proporcionem o lazer e práticas de exercícios físicos; desenvolvimento de ambientes arborizados, proporcionando melhor efeito estético, sombras, amenizando a poluição sonora; estrutura para terceira idade e espaço para atividades culturais, trará não apenas o lazer, mas também para melhorará a qualidade de vida e potencializará as trocas socioculturais impulsionadas pela interação social. Ao longo do desenvolvimento do trabalho foram realizados determinados procedimentos metodológicos alguns de cunho qualitativo descritivo e quantitativo e outros elaborados através do levantamento bibliográfico obtido em artigos, livros, teses de graduação, dissertações de mestrado. Na tentativa de conhecer as percepções, a satisfação, as expectativas e as opiniões se aplicou a metodologia quantitativa que se deu através de um questionário. O trabalho aqui apresentado divide-se em seis capítulos, descritos a seguir. O capítulo 1 corresponde ao referencial teórico-conceitual, abordando aspectos do espaço livre público; o significado de lazer e como se aplica e um breve histórico relacionado a noções dos elementos paisagísticos nos espaços públicos, mais procedentes históricos, a história das praças e a evolução desses espaços no Brasil. 19 No segundo capítulo são apresentados estudos indiretos, fundamentais para concepção do projeto, nas quais busca-se referências, visão estratégica de ambientes, do ordenamento do território e a identificação dos pontos favoráveis e desfavoráveis. O capítulo 3 trata do universo do projeto, o bairro de Lagoa Nova, temos um pouco da sua história associadas aos seus dados estatísticos e sua legislação. Análise do terreno, seu entorno e um estudo mais aprofundado da área do projeto, com levantamento quantitativo e qualitativo de dados de uso do solo, vegetação, iluminação, mobiliários e paginação. No quarto capitulo exploraremos as condicionantes legais, onde é apresentada toda a legislação e normas que se faz presente no projeto, além disso os resultados e análises obtidos através dos questionários aplicados. E por fim o capitulo 5, é o desenvolvimento do megaprojeto e do programa de necessidades que sustenta e orienta a atividade projetual. 20 2 REFERENCIAL TEÓRICO Neste primeiro capítulo serão expostos referenciais teóricos sobre as questões as quais o projeto se adequa, algumas especificações e contribuintes para o desenvolver da proposta apresentada. 2.1ESPAÇO LIVRE PÚBLICO O espaço livre público enquanto elemento urbano é primordial na estrutura e paisagens das cidades, além do seu papel social, os espaços livres estão diretamente relacionados com a forma e estrutura urbana que exercem papel ecológico, no amplo sentido integrador de espaços diferentes, com enfoque estético ofertando áreas para o desempenho de lazer ao ar livre. Atuamcomo componentes de um cenário da vida humana, desde a antiguidade, são espaços de grande valor para a cidade e para esfera pública. “O espaço público na cidade assume inúmeras forma e tamanhos, compreendendo desde uma calçada até a paisagem vista da janela. Ele também abrange lugares designados ou projetados para o uso cotidianos, cujas formas mais conhecidas são as ruas, as praças e os parques. A palavra “público” indica que os locais que concretizam esses espaços são abertos e acessíveis, sem exceção, a todas as pessoas. ” (SUN, 2008, p. 19) O espaço público é a coluna vertebral da cidade permitindo integrar, organizar e dar coesão a cidade, é também o espaço de convívio por excelência e, conforme a maneira de se organizar na cidade, possibilita o melhoramento da qualidade de vida através da relação direta com o meio ambiente. Com formas capazes de estruturar o território urbano e ordenar as possíveis futuras ocupações, estes espaços são preciosos instrumentos de intervenção urbanísticas e devem ser analisados como uma nova maneira de interpretação do território, lugar de encontro e socialização as pessoas de distintas culturas e condições socioeconômicas podem-se apropriar da cidade. “No ambiente urbano, os espaços livres de construção assumem várias funções, tais como oferecer iluminação e ar aos edifícios altos situados no centro da cidade; dar oportunidade ao cidadão satisfazer suas necessidades de ocupação do tempo livre (física, 21 psicológica e social) e propiciar que áreas relevantes, com características únicas, possam ser preservadas e conservadas. Assim, as principais funções dos espaços livres de construção são: recreativa, educativa, ecológica e estética ou paisagístico- integradora” (MAZZEI, COLESANTI, SANTOS, 2007, p. 37). O espaço livre trata-se de um conceito abrangente, integrado a: área verde, parque urbano, praça, arborização, contrapondo-se ao espaço construído, em áreas urbanas. Área verde: onde há o predomínio de vegetação arbórea. Devem ser consideradas as praças, os jardins públicos e os parques urbanos, além dos canteiros centrais e trevos de vias públicas, que tem apenas funções estéticas e ecológicas. Porém, as árvores que acompanham o leito das vias públicas não se incluem nesta categoria. Os autores apontam que as áreas verdes, assim como todo espaço livre, devem também ser hierarquizadas, segundo sua tipologia (privadas, potencialmente coletivas ou públicas) e categorias. Parque Urbano: são áreas verdes, maiores que as praças e jardins, com função ecológica, estética e de lazer. Praça: pode não ser considerada uma área verde caso não tenha vegetação e seja impermeabilizada. Quando apresenta vegetação é considerada jardim, e como área verde sua função principal é de lazer. Arborização Urbana: são os elementos vegetais de porte arbóreo tais como árvores no ambiente urbano. As árvores plantadas em calçadas fazem parte da Arborização Urbana, no entanto, não integram o Sistema de Áreas Verdes. Carneiro e Mesquita (2000), em estudo acerca dos espaços livres em Recife definem praça como “espaços livres públicos, com função de convívio social, inseridos na malha urbana como elemento organizador da circulação e de amenização pública” (CARNEIRO E MESQUITA, 2000, p.29). A partir a compreensão de Tardin (2008) onde espaço público e o espaço livre dão caráter e identidade a cidade e analisando os conceitos dos outros autores, nota-se a importância e funcionalidade do espaço livre público e a seriedade das revitalizações 22 neles aplicadas. Dentro do sistema de espaços livres públicos urbanos, tanto a rua como a praça são os espaços de maior importância na vida urbana dos habitantes. A rua, como espaço para percorrer ou de movimento e a praça como espaço livre, inserida na malha urbana da cidade é capaz de exercer influência na melhoria da qualidade de vida ambiental e social. Pela sua importância e seu significado na cidade, a praça é o objeto principal da presente dissertação. 2.2 CONCEITO DE LAZER O direito ao lazer é assegurado a todos os cidadãos na Constituição da República Federativa do Brasil. Segundo o Art. 6° deste documento, o Estado deve cumprir seu papel na regulamentação do lazer e tem o dever de prover as condições mínimas necessárias para que todos tenham acesso aos bens culturais de lazer disponíveis na sociedade (OLIVEIRA, 2010). De acordo com Camargo (1999), a palavra lazer é empregada a um conjunto de atividades gratuitas, prazerosas, voluntarias e liberatórias, centradas em interesses culturais, físico, manuais, intelectuais, artísticos, realizadas num tempo livre conquistado, interferindo no desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos. (...) “um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais." (DUMAZEDIER, 1976, p. 94) A origem da palavra lazer, segundo Medeiros (1975), advém do latim licere, ser permitido, isto é, licito, escolher a maneira de aproveitar o tempo disponível. Sinônimo de ócio, o lazer é a essência do espaço livre público, significa o intervalo de tempo não comprometido, do qual podemos dispor livremente. O lazer constitui-se em nosso tempo atual, em um dos problemas centrais da sociedade urbana, pois a recreação favorece para nós o bem-estar físico e mental. O tempo e o espaço são princípios bastante valorizados pelo ser humano para pratica do lazer. O papel do lazer é uma das condições básicas da melhoria da vida das pessoas como forma de desenvolvimento humano e social das gerações presentes e futuras e 23 como forma de desenvolvimento sustentável. Uma das possibilidades de exercício do lazer como um direito social está nos espaços públicos de uma cidade, nos quais as pessoas realizam atividades individuais ou em grupos (LYNCH, 1962). No Brasil, classifica-se lazer em ações esportivas, recreativas e culturais. Contudo, existem cinco tipos de lazer: Contemplativo: É aquele que predominam a beleza plástica, tudo aquilo considerado bonito e agradável de ser visto. Devem ser considerados também a audição, isolando o ambiente no máximo de silêncio, o olfato, com alguns canteiros de flores perfumadas e o tato, pois as coisas bonitas são para serem tateadas. Este tipo de lazer é muito importante, pois, vai mostrar ao usuário o respeito pelo uso, diminuindo assim, a degradação e depredação. Além disso gera sensações de repouso mental, de bem-estar e relaxamento. Recreativo: É um tipo de lazer que pode ser praticado por todas as idades; crianças, adultos e idosos. Trata-se de uma atividade exercida livremente que promove a integração social, deve ter seu local reservado, sem intervir, mas demais áreas de lazer. Para as crianças, o parquinho de diversão, com equipamentos apropriados; já os idosos áreas silenciosas com mesas e bancos, onde possam jogar baralho, xadrez e etc. Esportivo: Tudo que está relacionado a esportes está incluindo aqui, um lazer praticado através de regras. Produz vários benefícios para aos frequentadores no que diz respeito a saúde física e mental, uma atividade indispensável ao bom funcionamento do nosso organismo como um todo. Cultural: Esta ligados as artes e ao conhecimento, neste tipo de lazer temos as manifestações culturais e artísticas. E está relacionada ao estado de bem-estar que tanto buscamos. Aquisitivo: Seria o lazer destinado ás compras, uma experiência individual, que nos causa prazer e uma recompensa psicológica positiva. É representado por shoppings, feiras de artesanatos, hipermercados, restaurantes,lanchonetes, barraquinha, onde as pessoas também frequentariam para passear e trocar ideias. 24 A realização da prática do lazer em uma cidade depende, principalmente, das possibilidades e da oferta de espaços e equipamentos adequados dos quais os moradores e visitantes possam se apropriar e os espaços públicos sempre tiveram um papel fundamental na construção desta prática. Na medida em que a necessidade dos usuários quanto ao lazer público não for minimamente atendida, bem como se esses espaços não forem atrativos, os indivíduos deixarão de praticar suas atividades de lazer e, consequentemente, não exercerão seu direito social e a falta desses espaços adequados para o lazer prejudica a qualidade de vida da população. As praças são apontadas como ambientes restauradores, principalmente pelo seu potencial enquanto lugar de lazer, embora a apropriação tradicional se dá pelo lazer contemplativo, passeio, apreciação da natureza e convivência tenha permanecido como sua forma de utilização mais comum. A praça moderna foi sendo adaptada à nova dinâmica da cidade, reunindo outras atividades, como, por exemplo, o lazer esportivo, infantil e cultural, que foram muito bem aceitos. Atualmente, a praça já é sinônimo de lazer e ela tem que atender as necessidades recreativas de uma faixa e diversidade populacional cada vez maior. Segundo as pesquisas de Sun Alex (2008) mostram que os espaços acessíveis e adaptáveis nas praças são frequentemente usados, estimula atividades variadas no entorno e, especialmente, consolida a presença e a permanência do lugar. A aprendizagem do conceito de lazer é uma essencial no projeto de revitalização. 2.3. ELEMENTOS PAISAGISTICOS NOS ESPAÇOS PÚBLICOS No início do século XVIII na Inglaterra, teria surgido a partir dos “jardins paisagens” -que eram a combinação de poesia, pintura e jardinagem, associados aos ideais de beleza, cultura e poder- o paisagismo. O período de 1730 a 1770 foi o maior desenvolvimento estilístico, marcado por paisagens bucólicas de amplas extensões. (SUN, 2008) 25 Figura 01: Jardim da Stourhead Warminster, Inglaterra. Criados no Século XVIII Fonte:http://omeupomar.blogspot.com.br/2013/06/jardins-stourhead-warminster.html O paisagismo é a correlação do homem com a natureza, possibilitando melhores condições de vida pela harmonia do meio ambiente, não apenas a criação de jardins através do plantio desregrado. É uma técnica ligada à sensibilidade, que procura reconstituir a paisagem natural dentro do cenário assolado pelas construções, modificar os aspectos visíveis de um terreno, buscando melhores condições de vida pelo equilíbrio do meio ambiente. “(...) paisagismo é a única expressão artística em que participam os cinco sentidos do ser humano. Enquanto a arquitetura, a pintura, a escultura e as demais artes plásticas usam e abusam da visão, o paisagismo envolve o olfato, a audição, o paladar e o tato”. (ABBUD, 2006, p.15) Destina a modificar os aspectos visíveis da terra, como: terreno geográfico, se urbano ou rural e dar-lhe uma beleza especial, o paisagismo urbano tem por objeto os espaços abertos (não construídos) e as áreas livres, com funções de recreação, circulação, entre outras, sendo diferenciadas entre si pelas dimensões físicas, abrangência espacial, funcionalidade e tipologia. Juntando ciências, engenharia e arte visando o bom gosto e funcionalidade, proporcionando bem-estar aos humanos e conservando os bens naturais. 26 Existem vários elementos na paisagem ou serão incorporados a ela, que devem ser considerados ao se iniciar um projeto na área de paisagismo, chamados de elementos paisagísticos, são eles segundo Rocha (2013): Vegetação: A vegetação é um conjunto de organismos vivos, presentes na natureza ou implantados nela, por meio da qual se pode modificar o ambiente. É importante se escolher vegetação nativa ou bem adaptada. Terra: A terra é um elemento a ser trabalho no projeto, pois inúmeros trabalhos poderão ser realizados no terreno para a mudança de volumes de local, bem como a criação de novos. Água: O projeto de paisagismo deve aproveitar, ao máximo, os corpos d’água existentes no local, além de conservá-los, pois geram bem-estar aos seres humanos. Deve-se considerar possíveis drenagens, bem como a melhor maneira de realizá-las. Equipamentos de esporte e lazer: Sempre respeitando as normas técnicas quando necessário. No caso de espaços públicos, no planejamento do projeto, deve-se atender a todas as faixas etárias. São muito comuns, quadras poliesportivas, parques infantis, pistas de skate, mesas para jogos de tabuleiro e outros. No entanto, deve-se atentar às normas específicas para estes tipos de instalação. Mobiliário urbano: O mobiliário urbano, assim como a vegetação, tem a função de estruturar e organizar o espaço. Geralmente são bancos, postes, suportes para as plantas e outros. É importante que sejam bem resistentes e de fácil ou nenhuma manutenção. Pisos: Os pisos devem ocupar o menor espaço possível, com extensa área permeável, para a absorção de água e ocupação da vegetação. Os tipos de pisos devem ter em vista seu uso, sua qualidade estética, sua durabilidade, além da facilidade de manutenção e de permeabilidade às águas pluviais. Iluminação: A iluminação deve proporcionar segurança, melhorar a utilização do espaço externo e ainda ser elemento de destaque, para as composições paisagísticas, no período noturno. 27 Com o crescimento das cidades, a paisagem sofreu um profunda deteoriorização e precisa ser tratada com sensibilidade. Ela necessita ser a protagonista novamente, sendo fundamental o papel que a vegetação desempenha nessa recuperação. Segundo Mascaró; Mascaró (2009), o paisagismo juntamente com sua vegetação também atua nos microclimas urbanos contribuindo para melhorar a ambiência urbana sob diversos aspectos: Ameniza a radiação solar na estação quente e modifica a temperatura e a umidade relativa do ar através do sombreamento Modifica a velocidade e direção dos ventos Atua como barreira acústica Essas formas de uso variam com o tipo de clima local, recinto urbano onde estão plantadas, tipo de vegetação, porte, manutenção e também a relação com as edificações próximas e ao espaço urbano que as contém. Mascaró ; Mascaró (2009) relacionam os efeitos do resfriamento passivo das ruas decorrentes do sombreamento arbóreo, principalmente em canyons: a influência da orientação e da geometria do espaço urbano é minimizada, sendo o efeito do resfriamento dependente da área sombreada e, durante o dia, a variação da temperatura do ar é significativamente atenuada, como consequência do aumento do atraso térmico. Em climas quentes, o ambiente urbano deve ser sombreado durante o período quente, limitando a incidência solar em, pelo menos, dois terços da área dos caminhos de pedestres, praças e estacionamentos. No projeto paisagístico, tudo deve ser avaliado, como a necessidade de rampas, pérgulas, canaletas, grelhas, escadas hidráulicas, corrimões e outros elementos, que possam facilitar o acesso ou servir de uso para o escoamento de águas pluviais. Reconhecendo os diversos conceitos, os elementos paisagísticos devem ser aplicados para que possam enaltecer e humanizar ainda mais o projeto arquitetônico e sua finalidade. 2.5 BREVE HISTÓRICO A praça pode ser definida, de maneira ampla, como qualquer espaço público urbano, não apenas um espaço físico aberto, mas também um centro social integral ao tecido urbano. Existente há milênios, utilizado por civilizações de distintas 28 maneiras, nunca deixou de exercer a sua importante função: a de integração e sociabilidade. O espaço urbano tido com precursor das praças foi a ágora, na Grécia. A ágora grega era um espaço aberto, normalmente delimitado por um mercado, noqual se praticava a democracia direta, visto ser este o local para discussão e debate entre os cidadãos (MACEDO e ROBBA, 2002). A ágora era o coração vivo da cidade e o foco da atividade cívica. Era cenário permanente da vida social, comercial, política, administrativa, legislativa, jurídica e religiosa da comunidade. As ágoras variavam muito de forma, no arranjo e no conteúdo. O que definia sua configuração era o fator local. Não existia, porém, uma coordenação contínua de tamanho. (GUIMARÃES, 2004) Figura 02: Ágora Grega Fonte: https://equipeagora.wordpress.com/2011/10/12/oque-significa-agora/ Até meados do século XVIII os espaços livres existentes nas cidades, em geral devido à existência de mercados populares ou às entradas de igrejas e catedrais configuravam-se de forma não ordenada. Foi somente no século XIX, que o desenho de praças entrou em cena, preconizado pelo trabalho de profissionais como Frederick Law Olmsted, que projetou números parque urbanos e dentre eles o Central Park de Nova Iorque. A praça é ficou definida pela vegetação, outros elementos construídos e possibilidade do contato interpessoal público que permite o estabelecimento de ações https://equipeagora.wordpress.com/2011/10/12/oque-significa-agora/ 29 culturais fundamentais, desde interações sociais até manifestações cívicas. (QUEIROGA, 2001) De acordo com cada sentido que este elemento pode assumir, as praças podem ser classificadas da seguinte forma: “Praça Jardim: espaços nos quais a contemplação das espécies vegetais, o contato com a natureza e a circulação são priorizados. Estes podem ser fechados por grades ou cercas, como o passeio público do Rio de Janeiro e de Curitiba, ou ainda podem ser abertos e rodeados de imóveis (comerciais e residenciais). Praça Seca: largos históricos ou espaços que suportam intensa circulação de pedestres. Em algumas destas praças inexiste qualquer tipo de árvores ou jardins e nelas o importante é o espaço gerado pela arquitetura e são relações entre volumes do construído e do vazio que dão ao conjunto a escala humana. Nestes locais destacam-se símbolos arquitetônicos como a Praça de São Marcos em Veneza (Itália), a Praça de São Pedro em Roma (Itália) ressaltando a Basílica, a praça dos três Poderes em Brasília e o Memorial da América Latina em São Paulo. Praça Azul: praças na qual a água possui papel de destaque. Alguns belvederes e jardins de várzea possuem esta característica. Praça Amarela: Praças em geral. Os benefícios trazidos pelas praças públicas decorrem tanto da vegetação que pode ser abrigada por elas, quanto de aspectos subjetivos relacionados à sua existência, como a influência positiva no psicológico da população, proporcionada pelo contato com a área verde e/ou pelo uso do espaço para o convívio social. ” No Brasil, a trajetória das praças, se inicia nas primeiras cidades coloniais, onde surgem como espaço urbano mais importante. Nesse período as praças brasileiras desempenharam as mesmas funções que era realizada na antiguidade Greco romana, nela se encontravam os edifícios administrativos e cívicos, como: câmara, cadeia e casa de redenção. Esse universo urbano consolidou um padrão urbanístico que se implantou na maioria das cidades brasileiras: espaços caracterizados de caráter cívico, religioso e comercial. 30 “A praça como tal, para reunião de gente e para exercício de um sem-número de atividades diferentes, surgiu entre nós, de maneira marcante e típica, diante de capelas ou igrejas, de conventos ou irmandades religiosas. Destacava, aqui e ali, na paisagem urbana estes estabelecimentos de prestígio social. Realçava lhes os edifícios; acolhia os seus frequentadores ” (MARX, 1980) A partir do Século XIX é que surgiram os Jardins Botânicos, um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo, mas somente famílias mais abastadas podiam desfrutar desses grandes parques. O que fazia dos adros das igrejas as únicas áreas livres e públicas. O surgimento do ajardinamento é um marco na história dos espaços livres urbanos brasileiros, pois alterou a função de praça na cidade. O sucesso do processo de ajardinamento da cidade é enorme, e algumas das praças colônias e tradicionais recebem vegetação e tratamento de jardim, perdendo algumas das suas peculiaridades como largo, pátio e terreiro. “Efetivamente, da concentração complexa e caótica da praça, buscou-se a concentração organizada e elegante do jardim. Praça pública e jardim público abrigaram dos séculos 16 ao 18 a convivência dos opostos. Talvez o jardim como antídoto moderno à praça medieval. O jardim como a antítese da praça ” (SEGAWA, 1996) No Século XX, a consolidação do modelo de cidade industrial, causou profundas transformações no modo de vida urbano. O grande aumento da população urbana, devido à migração do campo para a cidade, e os avanços tecnológicos alcançados alteraram profundamente as relações sociais e econômicas. A função da praça ajardinada altera-se, e são idealizadas praças modernas para a permanência e não mais como passeio dos caminhantes, implante-se o lazer contemplativo, lazer com atividades físicas, com quadras esportivas, espaço de recreação infantil. (MACEDO, 2003) O urbanismo e a urbanização no Brasil teve um relativo salto evolutivo principalmente no século XIX e século XX, onde está relacionada diretamente á expressão industrialização x urbanização, que foi neste período que criaram as nossas cidades atuais, compostas como as demais, mundo afora, de espaços construídos e espaços não construídos, fruto do modelo de desenvolvimento econômico vigente. (SANTIAGO; MEDEIROS, 2002, p. 45-48) 31 No modernismo, a praça tem grande dimensão morfológica, mas se transforma em um espaço desarticulado do cotidiano urbano. Já a praça contemporânea, a praça de hoje, tem a preocupação de recuperar o sentido da urbanidade. Segundo Macedo (2003, p.152) no Brasil são identificadas três linhas projetais para produção das praças: Eclética: tem como modelo os antigos jardins contemplativos europeus e caracteriza-se pela existência de caminhos sinuosos e românticos ou geométricos e formais com eixos bem marcados. Estes caminhos possuem geralmente alguns bancos e dividem canteiros onde a vegetação se organiza de modo também romântico ou rígido. São comuns equipamentos como pontes, quiosques, grutas e fontes, entre outros. Moderna: marcada pelo rompimento com a formalização e a cenarização do ecletismo. Nela, os espaços de estar são conectados prestando-se não só ao lazer contemplativo, mas também às atividades culturais, às brincadeiras e ao esporte. Há a integração com as calçadas e com os edifícios; a valorização da vegetação nativa; a reverência à arte e à arquitetura moderna. Usam-se 45 desenhos de piso, murais, espelhos d’água, pergolados de concreto, anfiteatros, etc. Contemporânea: a partir da década de 80 alguns projetos começam a se diferenciar, tanto pela postura mais comprometida com a preservação ambiental, quanto pela liberdade com que formas, cores, texturas e materiais passam a ser empregados nos projetos. Elementos que “fazem referência” a outros países, outras épocas e outros cenários passam a ser empregados com frequência, a exemplo dos pórticos e colunatas A partir da compreensão do processo de desenvolvimento das praças, observa-se que elas constituem importantes espaços que se destacaram na formação e desenvolvimento da memória urbana brasileira. Os benefícios trazidos pelas praças públicas decorrem tanto da vegetação que pode ser abrigada por elas, quanto de aspectos subjetivos relacionados à sua existência, como a influência positiva no 32 psicológico da população, proporcionada pelo contato com uma área verde e/ou pelo uso do espaço para o convívio social. A requalificação vem com o objetivo de expandir os benefíciosjá existente nas praças. Com analises, estudos e entrevistas junto aos cidadãos de forma que o projeto não se limite à criação apenas a criação de espaços e seja, de fato, uma resposta urbanística aos desejos da coletividade. 33 3 CONHECENDO AS PRAÇAS O estudo indireto é primordial na fundamentação do trabalho e para composição dos diversos aspectos utilizados na praça; novos conceitos e equipamentos empregados. Nesse capitulo serão estudadas as praças: Victor Civita, localizado na zona leste de São Paulo, que por seu caráter sustentável chamou atenção para o desenvolvimento do trabalho; a praça Conceito Consciente, localizada em Goiânia, se destacou pelo seu simples desenho associado a sustentabilidade, acessibilidade e sensibilidade. Já a praça Levinson Plaza, localizada em Boston, Estados Unidos, possui um projeto incrível de bastante qualidade estítica e funcional e por fim Miami Beach SoundScape que é um projeto de revitalização que chamou a atenção por todas as contribuições trouxe a cidade de Miami, combinado com uma arquitetura sensacional. 3.1 ESTUDO INDIRETO 3.1.1 Praça Victor Civita- SP Tabela 1- Praça Victor Civita-SP Ficha técnica da Praça Victor Civita- SP Projeto Arquitetônico: Levisky Arquitetos | Estratégias Urbanas Área do terreno: 13.648 m² Área construída: 2650 m² Projeto Estrutural: Heloisa Maringoni / Companhia de Projetos Data do projeto: 2006/2007 Conclusão da obra: 2008 Fonte: Prefeitura de São Paulo Com uma área de 13.646 m², a Praça Victor Civita está localizada no bairro de Pinheiros, zona leste de São Paulo. Instalada no terreno onde funcionava o antigo incinerador de Pinheiros, teve seu início como sendo um trabalho de recuperação de uma área degrada e contaminada de São Paulo. Foi projetado não apenas uma área de lazer, mas também a recuperação de um espaço degradado por aos de acúmulo de resíduos tóxicos. 34 Figura 3: Perspectiva da Praça Fonte: https://raphaeltoscano.wordpress.com Após analises no terreno, laudos técnicos constaram que o contato humano com o terreno só seria possível após o recobrimento quase total com terra sadia, caracterizando uma movimentação de terra muito grande. Diante toda essa intervenção surge a ideia de criar praça elevada, por isso o partido adotado surge de um plano horizontal elevado. O projeto de um deck de madeira, com uma laje alveolar nas travessias e bordas. Formas pelas quais foram projetadas para os usuários não tenham contato com o solo. “O grande deck de madeira certificada pousará sobre o terreno, sustentado por estrutura metálica e sapatas afloradas, de modo a minimizar a perfuração do solo contaminado. O deck se estende na diagonal do terreno, propondo um percurso que enfatiza a perspectiva natural do espaço e convida o usuário a percorrer os caminhos da praça. Como o casco de um grande barco o deck se desdobra do plano horizontal ao vertical com formas curvilíneas, criando ambientes que se delimitam pela tridimensionalidade da forma, grandes “salas urbanas” que diversificam e incentivam o uso público do espaço. ” (LEVISKY e DIETZSCH, 2008) https://raphaeltoscano.wordpress.com/ 35 Figura 4 (A) : Estrutura do deck Figura 5 (B): Deck da praça Fonte: http://www.arqbacana.com.br/ Fonte: https://arcoweb.com.br/ A praça apresenta uma área verde com 80 árvores, equipamentos e programas de lazer, educação e cultura, objetivando a sustentabilidade e educação ambiental, diferentemente das praças convencionais. Nesta praça a população tem a oportunidade de aprender e refletir sobre processos de construção sustentáveis, economia energética, e responsabilidade socioambiental. Figura 6: Zoneamento da Praça Fonte: VITRUVIUS http://www.arqbacana.com.br/ https://arcoweb.com.br/ 36 Pode-se relatar que este projeto foi escolhido pelo seu desafio projetual, elaborado a partir de premissas sustentáveis, seu caráter estético-formal e pela proximidade de uso. Numa área recuperada onde suas plantas frutíferas foram mantidas, estrutura metálicas de componentes reciclados e seus fechamentos com madeira certificadas, o sistema de piso estão aliados a área da agricultura e tratamento de resíduos e em seu paisagismo foram plantadas diferentes espécies originais da flora paulista, atividades que integram o programa de educação ambiental. Proporciona à população uma opção de lazer e convívio de excelente urbanidade, qualidade estético e arquitetônica. Figura: 7 (A): Espaço para ginastica Figura 8 (B): Palco e arquibancada Fonte: http://www.vitruvius.com.br/ Fonte: http://www.moleco.com.br/blog 3.1.2 Praça Conceito Consciente – GO Tabela 2- Praça Conceito Consciente – GO Ficha técnica da Praça Conceito Consciente - GO Projeto Arquitetônico: Prefeitura em parceria com Amma Área do terreno: 1.400 m² Data do projeto: 2012 Conclusão da obra: 2013 Fonte: Prefeitura de Goiás Inaugurada em janeiro de 2013, a praça Conceito Consciente foi a primeira praça com conceito sustentável da capital de Goiás, Goiânia, localizada no setor Marista. 37 Foi projetada em parceria com a Prefeitura da cidade, por intermédio da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma). Pensou-se em projetar uma praça engajada nos princípios ecológicos. Figura 9: Perspectiva da praça Fonte: http://reformafacil.com.br/ A Praça Conceito Consciente, um projeto aqui apresentado é uma proposta que segue a tendência mundial de reutilização de materiais, preservação da natureza e uso responsável dos recursos naturais, aliando sustentabilidade à beleza, conforto e inovação. Com uma área total 1.400 metros quadrados o espaço ganhou diversas estruturas e mobiliários urbanos, além de total acessibilidade. Figura 10 (A): mobiliários da praça Figura 11 (B): Parque infantil Fonte:http://ciclovivo.com.br/ Fonte: http://reformafacil.com.br/ http://reformafacil.com.br/ http://reformafacil.com.br/ 38 O projeto possui um piso que drena 90% da água da chuva, e com isso há uma economia de água que pode ser usada para realizar a manutenção do local. Além de ter um espelho d’água, um bosque com plantas frutíferas, espaço coberto para convivência - que pode receber exposições de arte, shows musicais e outros eventos culturais-, o espaço ganhou um estacionamento arborizado, parquinho feito com madeira de reflorestamento e uma estrutura suspensa conhecida como pergolado, com vasos de plantas aromáticas como orégano, tomilho, cebolinha e pimenta. A Praça Conceito Consciente conta com um jardim sensorial para os usuários, composto por uma trilha ao longo de uma pérgola, esse jardim, tem como objetivo proporcionar uma experiência perceptiva através dos cinco sentidos, principalmente aos deficientes visuais. Ao analisar este projeto, pode-se comtemplar a qualidade formal da praça, a concepção da forma, com seu desenho simples, que trouxe ao ambiente novidade, sustentabilidade, acessibilidade e sensibilidade, mas sem deixar de conversa com a cidade. Utilizando elementos da plástica que contribuem para o desenvolvimento da proposta de revitalização urbana. Figura 12 (A): Área sensorial Figura 13 (B): Espelho D’Agua Fonte: Ciclo Vivo Fonte: http://reformafacil.com.br/ http://reformafacil.com.br/ 39 3.1.3 Praça Levinson Plaza- Boston, EUA Tabela 3- Praça Levinson Plaza- Boston, EUA Ficha técnica Praça Levinson Plaza – Boston, EUA Projeto Arquitetônico: Mikyoung Kim DesignÁrea do terreno: 2.800 m² Data do projeto: 2008 Fonte: Archdaily Localizada em Boston, Estados Unidos a praça Levinson Plaza foi projetada pelo arquiteto Mikyoung Kim, em meio ao um contexto tipicamente residencial, ruas movimentadas e edificações. Com isso buscou-se integrar seu entorno construído com o natural, criando espaços que atraiu pessoas de todas as idades e que possibilitou diversos usos. Com o projeto da praça urbana Mikyoung criou um parque urbano e um refúgio verde da cidade. Figura 14: Planta Baixa Fonte: Archdaily 40 Figura 15: Zoneamento Fonte: Archdaily Facilmente acessível a todos a praça integra diversos usos, todos localizados lado a lado, onde as pessoas podem praticar atividades distintas no mesmo espaço físico, o que incentiva a convivência e sociabilidade. O projeto acomoda: espaços multiculturais, parque infantis, Tai Chi, xadrez, área de estar contemplativas, área de gramado para ser usada para banhos de sol no verão, também proporciona áreas flexíveis para reuniões maiores e celebrações. As áreas foram projetadas cuidadosamente e criativamente, com um mobiliário urbano com linhas simples, mas que acompanham o estilo do projeto como um todo. Existem dois tipos de bancos, um com encosto e outro sem; a iluminação é voltada aos usuários, com postes baixos; o piso de concreto foi desenhando com um padrão geométrico para trazer movimento ao espaço e outra característica marcante é deixar áreas expostas ao sol, já que na maior parte do ano a temperatura é baixa. As espécies de vegetação variam, porém todas adaptadas as condições climáticas exigentes da cidade. 41 Figura 16 (A) : Praça Levinson Figura 17 (B): Vegetação da praça Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily Além de suas qualidades estéticas, foi utilizado matérias que são duráveis, exigem pouca manutenção e suportam os longos invernos de Boston. De maneira especifica, posso expor que a praça filtrou as condições urbanas atendendo as exigências da comunidade, teve a interação entres elementos construídos para fins de convivência social. Um espaço essencial para nortear minhas decisões, pensado no contexto urbano que dá aos seus usuários espaços multifuncionais, próximo do convivo cotidiano e de fácil atendimento, mesmo que em pequena dimensão. 3.1.4 Miami Beach Soundscape Tabela 4- Miami Beach Soundscape Ficha técnica Miami Beach Soundscape Park Projeto Arquitetônico: West 8 Área do terreno: 5,86 hectares Data do projeto: 2009/2010 Conclusão da obra: 2010/2011 Fonte: West 8 Localizada no coração da cidade de Miami (E.U.A), O Miami Beach SoundScape Park é um dos projetos que compõem a onda de revitalização do centro de Miami Beach. Veio para estabelecer um novo procedente para parques, pois 42 inicialmente não se queria construir nada neste espaço, e foi umas das peças finais do plano de desenvolvimento do centro de Miami Beach. Figura 18: Planta Baixa Fonte: West 8 Com características totalmente originais, o parque é repleto de palmeiras, pérgolas que abraçam as bordas do parque, caminho sinuoso de mosaico e estruturas de alumínio pintadas fabricados à mão, não só fornecem sombra, mas apoiarão as flores. Uma das características mais ambiciosa do parque é um programa audiovisual, a Oeste 8 projetou uma torre de projeção de vídeos que utiliza a parede do edifício Symphony Hall como “tela”, fornecendo aos usuários do parque exibição de filmes e eventos musicais ao ar livre. Figura 19 (A): Miami Beach Soundscape Figura 20 (B): Estruturas Metálicas Fonte: West 8 Fonte: http://landscapeinvocation.com/park http://landscapeinvocation.com/park 43 Figura 21: Área de projeção audiovisual Fonte: West 8 O projeto analisado acima me trouxe contribuições, pois é um parque com grande variedade de usos tanto de dia quando a noite, unifica recreação, lazer e cultura combinado a uma arquitetura excepcional, tolamente condizente a cidade que ele está inserido, ouso dizer, que o Miami Beach Soundscape expressa a euforia e vitalidade de Miami. Esse projeto mostra claramente a importância da adaptação do espaço livre público com o seu entorno, algo que pode ser muito funcional e esteticamente agradável. Os quatro projetos acima demonstrados trouxeram inspiração e contribuições importantes para o projetista, como a utilização de elementos formais para áreas, qualidade plásticas, premissas sustentáveis, integração entre os elementos construídos e o convívio social, preocupação em utilizar elementos vegetais como componente, o uso do espaço combinado a uma arquitetura notável, mas sempre atendendo as exigências da população e unificando a convivência e recreação. 44 4.UNIVERSO DE ESTUDO Este capitulo relata os estudos realizados sobre a área do anteprojeto, seu entorno e seu bairro, para contribuir, a partir de diretrizes, para um bom desenvolvimento desta monografia. 4.1 Bairro de Lagoa Nova O bairro de Lagoa Nova, encontra-se na Zona Administrativa Sul do Município de Natal e caraterizado como uma Zona Adensável segundo o Plano Diretor no município. Limita-se a norte Alecrim, Lagoa Seca e Tirol, a sul com Campi Macio e Candelária, a leste com Nova descoberta e Parque das Dunas, e a oeste com Candelária, Cidade da Esperança, Nossa Sra. De Nazaré e Dix-Sept Rosado. Figura 22: Localização do bairro e da praça Fonte: Prefeitura do Natal/ SEMURB Segundo o livro “Natal: meu bairro, minha cidade” publicado pela SEMURB – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo- em 2009, o bairro de Lagoa 45 Nova possui uma área de 766,16 hectares, onde reside aproximadamente 35 mil pessoas em uma densidade habitacional de 46,78 habitantes/há. Ainda de acordo com o livro o bairro tem 90% de seu território com drenagem de águas pluviais e 90% pavimentados. O bairro Lagoa Nova foi oficializado como bairro na gestão do então prefeito Sylvio Piza Pedroza, por meio do Decreto Lei nº. 251, de 30 de setembro de 1947, e começou a se desenvolver no início da década de 60, com a instalação do Campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e do Centro Administrativo, esse último no lugar onde existia uma lagoa, daí a inspiração para o nome do bairro. Em junho de 1972 o Estádio “Castelão”, em homenagem ao Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, foi inaugurado no bairro e outro empreendimento começaram a surgir a partir das obras de duplicação a asfaltamento da Avenida Prudente de Morais. Figura 23: Inauguração do “Castelão” Fonte: http://f9.net.br/portal/colunas/olismar/ Era um bairro eminentemente residencial, mas nos últimos anos tem passado por mudanças, hoje o bairro possui shoppings, escolas, universidades, supermercados, clinicas, hospitais, academias, repetições públicas e serviços e o estádio que sediou jogos da Copa do Mundo de 2014, tudo isso entre ruas iluminadas, pavimentadas, saneadas e com ampla oferta de transporte. É considerado o “novo centro da cidade”, pois além da diversidade de serviços oferecem o bairro é cortado http://f9.net.br/portal/colunas/olismar/ 46 pelas principais avenidas da cidade que são as Avenida Senador Salgado Filho, Avenida Prudente de Morais e a Av. Bernardo Vieira. As melhorias vinculadas à Copa do Mundo no bairro de Lagoa Nova envolveram transformações na dinâmica urbana, houveram intervenções de mobilidade e criação de novos fluxos evias. O objetivo de tais obras era melhorar a infraestrutura urbana do bairro de Lagoa Nova e da cidade de Natal para, assim, recepcionar quatro jogos de futebol da Copa do Mundo em junho de 2014, trazendo impactos e legados econômico e urbanístico para o bairro. Figura 24: Bairro com seu atual estádio “Arena das Dunas” Fonte: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/area-nobre/272723 Em relação ao seu condicionante legal incidente em Lagoa Nova, é a Zona Adensável. Segundo o Plano Diretor de Natal da Lei Complementar nº 082, de 21 de junho de 2007, Zona Adensável é aquela onde as condições do meio físico, a disponibilidade de infraestrutura e a necessidade de diversificação de uso, possibilitem um adensamento maior do que aquele correspondente aos parâmetros básicos de coeficiente de aproveitamento. Ainda incide sobre o bairro uma limitação de gabarito de até 6 metros de altura, na área que corresponde ao polígono formado pela Rua Norton Chaves, Avenida Senador Salgado Filho, Avenida dos Gerânios, Avenida do Contorno do Campus Universitário e Rua Djalma Maranhão, e de 15 metros, no polígono formado pela Avenida Bernardo Vieira, Avenida Rui Barbosa, Rua Norton Chaves e Avenida Xavier http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/area-nobre/272723 47 da Silveira. E consta ainda neste bairro um pequeno trecho de uma Área Especial de Interesse Social, dominada de AEIS, como mostra a figura abaixo. Figura 25: Legislação Urbanística Fonte: Prefeitura do Natal/ SEMURB De acordo com a base de dados do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- de 2008 a população do bairro de Lagoa Nova, era composta por 55,54% mulheres e 44,46% homens. A parcela de faixa etária mais significativa era 48 de 20-24 anos, com 10,67% do total, seguido por 25-29 anos com 10% do total, demonstrando o caráter jovem do bairro. Figura 24: Bairro Lagoa Nova Fonte: IBGE Atualmente, o bairro de Lagoa Nova é uma região nobre da capital, o motivo principal é a localização geográfica e sua infraestrutura existente, composto em sua maioria por residências, existe uma forte atuação do comércio e serviços, que é um diferencial para o bairro, gerando um maior fluxo de pessoas em suas ruas. Sem dúvida este bairro é importante para Natal e necessita de uma praça revitalizada, arborizada e com opções de lazer, para sua população, resgatando toda a convivência social. 4.2 ANÁLISE DO TERRENO E SEU ENTORNO A Praça Santa Mônica (com área aproximada de XXXXX m²), faz parte de Lagoa Nova e tem como ruas limítrofes a Rua Prof. Antônio Campos, Rua Anflilóquio Paiva Câmara, Rua Marise Bastier, Rua Monsenhor João da Mata Paiva, onde todas suas vias são pavimentadas. O local é abastecido de iluminação pública e esgotamento sanitário, existe coleta de lixo periódica, as paradas de ônibus ficam em média a uns 900 metros da praça, é uma região cuja a infraestrutura básica é existente. http://f9.net.br/portal/colunas/olismar/ 49 Figura 27 : Localização da praça Santa Mônica Fonte: Elaboração própria, com base no Google Maps Para maior compreensão dos usos e ocupação na área do projeto foi desenvolvido estudos morfológicos que informa sobre as estruturas, formas e transformações da praça e do seu entorno. Através dos estudos do uso do solo constatou-se características predominantemente residencial. Mas atualmente está havendo uma mudança de residências unifamiliares para multifamiliares, com os edifícios que vêm sendo construídos no bairro. 50 MAPA 1: Uso de solo e sentido do tráfego Fonte: Google Street View O mapeamento do uso dos solos e sentido do tráfego na região se deu pela necessidade de compreender a organização do espaço e suas mudanças, uma vez que o meio ambiente sofre transformações causadas pelos processos naturais e, sobretudo pelas ações antrópicas. De todos os tipos de usos, o residencial é o que ocupa mais espaço, como já citado acima. 51 Nas áreas que margeiam as principais vias (de maior hierarquia ou mais movimentadas), foram notadas algumas transformações, com a consolidação de comércios, institucional, serviços e até mesmo usos mistos – uma combinação de residência e algum dos usos citados anteriormente. As vias arteriais é onde se localiza tráfego mais rápido, as grandes avenidas que possibilita o trânsito para entre as regiões da cidade. Já as vias coletoras têm como principal função interligar as ruas dos setores residenciais às vias arteriais e expressas e as vias locais são as ruas menores ainda que normalmente são acessadas através das coletoras, são elas que dão acesso ás residências normalmente e devem ter um tratamento adequado priorizando a circulação de pedestres, todas as vias no entorno da praça são pavimentadas, como já citado acima. MAPA 2: Hierarquia Viária Fonte: Google Street View 52 Sobre o gabarito da área, são predominantes as construções com altura média de um ou dois pavimentos, com alguns casos acima de três e isso configura numa área mais adensável. Ainda assim, a praça é bastante ventilada, pois recebe também ventos provenientes do Sudeste, qualificados como os ventos Alísios de sudeste. MAPA 3: Gabarito Fonte: Google Street View 53 Figura 28: Indicação do nascente e poente solar / orientação dos ventos Fonte: Elaboração própria, com base no Google Maps Os estudos dos usos, da hierarquia viária e do gabarito são essenciais no conhecimento morfológico da região, na análise do espaço e sua ordem, á materialidade dos aspectos de organização funcional quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos. Diante o conhecimento adquirido deve-se projetar um ambiente que crie alternativas que contemplem valores, necessidades e possibilidades diferentes, ou seja, assumir a diversidade inerente a população urbana e evitar a segregação. 4.3 ANÁLISE DA ÁREA DO PROJETO Com já avaliado, a praça está localizada numa área predominantemente residencial. Porém, percebe-se que a existência do Hospital do Coração contribui para diversidade de atividades e usuários na praça. Segundo reportagem da Tribuna do Norte, em 2011, integrando um programa de recuperação das praças natalenses, a praça teve sua área esportiva recuperada. “A Sejel – Secretaria Municipal da Juventude, do Esporte, do Lazer- realizará a recuperação de toda 54 a estrutura da quadra, desde reparos no piso, traves e tabelas, até no sistema de iluminação e nas grandes de proteção. A praça também receberá novos equipamentos de ginástica, com a disponibilização de instrutores de educação física com parte do programa Academia da Terceira Idade” (Tribuna do Norte, 2011) Apesar disso, o que se vê hoje com observações in loco e levantamento de dados é uma situação bastante diferente. Passados cinco anos desde a última reforma significativa e com uma manutenção pouco frequente, a praça Santa Monica tem gerado críticas dos moradores da região. Figura 29: Situação atual da praça Fonte: Acervo da autora, 2016 Figura 30: Situação atual da praça Fonte: Acervo da autora, 2016 55 Figura 31: Situação atual da quadra Fonte: Acervo da autora, 2016 O descuido e a falta de manutenção no espaço é notório. Bancos quebrados, piso deteriorado, vegetação e o lixo já tomando conta do local. Os equipamentos de esporte também estão em condições preocupantes, sem as tabelas para o basquete, as traves em péssimas condições e sem rede de proteção. Em se tratando de acessibilidade, existem algumas rampas de acesso, no entanto, não foram inseridas corretamente - estão mal localizadas e não existe rampa do outro lado da rua, nas calçadas particulares, o que ocasiona uma falha na acessibilidade. Além da sinalização tátil existentenão atender aos requisitos da atual norma de acessibilidade – NBR 9050. Figura 32 (A): Rampa atual Figura 33 (B): Piso tátil atual Fonte: Acervo da autora, 2016 56 Figura 34 (A): Mobiliário atual Figura 35 (B): Quadra poliesportiva atual Fonte: Acervo da autora, 2016 Fonte: Acervo da autora, 2016 Figura 36 (C): Mobiliário atual Figura 37 (D): Mobiliário atual Fonte: Própria, 2016 Fonte: Própria, 2016 Em relação as lixeiras existem cinco “pontos de lixeira” na praça, porém nenhum está sendo utilizado, por estarem degradado ou superlotado de lixo, como mostra a figura abaixo. 57 Figura 38: Situação atual das lixeiras Fonte: Própria, 2016 O problema ainda maior, que gera insegurança às pessoas que passam pela praça é a falha na iluminação em algumas partes da praça, esta relação à luz a noite, nem todos os postes e refletores funcionam, mas apesar da iluminação existir na maior parte do perímetro da praça, ela não ilumina uniformemente as áreas de passeio, uma vez que as luzes em alguns postes estão acima da copa das arvores. Figura 39: Locação da atual iluminação Fonte: Própria, 2016 58 Figura 40 : Postes e refletores Fonte: Própria, 2016 Abaixo segue um quadro do levantamento do mobiliário urbano, com seu quantitativo e material de cada equipamento e sua legenda. 59 TABELA 5: Quadro mobiliário Fonte: Elaboração própria A vegetação existente é predominantemente de árvores de médio e grande porte, com isso boa parte da praça fica sombreada, o que contribui para uma maior ocupação e agrado dos usuários. Temos muitos Coqueiros, Acácias, Cuités dentre outras espécies demostradas o quadro e na figura a seguir. 60 TABELA 6: Quadro botânico Fonte: Elaboração própria Figura 41: Identificação árvores de médio e grande porte Fonte: Elaboração própria, com base no Google Maps 61 Figura 42 (A): Algarobeira Figura 43 (B): Acácia Fonte: Acervo da autora Fonte: Acervo da autora Figura 44 (C): Coqueiro Figura 45 (D): Oiti Fonte: Acervo da autora Fonte: Acervo da autora 62 A falta da devida manutenção e de serviços constantes de melhorias submetem a praça Santa Mônica aos contextos diversos de degradação. A pavimentação está deteriorada, sem diversidade, sem apelo estético, suas rampas, sinalizações e aspectos ergonômicos estão inadequados, quanto aos mobiliários, alguns em péssimo estado de conservação como: determinados bancos, todas as lixeiras e os equipamentos esportivos. Outros, conservados como: a academia ao ar livre e a ATI. Figura 46 (A): Academia ao ar livre Figura 47 (B) ATI ( Academia da Terceira Idade) Fonte: Própria, 2016 Fonte: Própria, 2016 63 5.CONDICIONANTE DO PROJETO A seguir serão descritos os condicionantes primordiais e determinantes para a execução do anteprojeto de requalificação da praça Santa Mônica, localizada no bairro Lagoa Nova. 5.1 CONDICIONANTE LEGAL Seguindo com os condicionantes do projeto com os instrumentos normatização, a partir do Plano Diretor de Natal, do Código de Obras e da Norma Brasileira de acessibilidade. 5.1.1 Plano Diretor De acordo com o Plano Diretor, o bairro em que está localizado a praça Santa Mônica, Lagoa Nova é um dos 7 bairros da Região Administrativa Sul. Este se insere na Zona de Adensável, da Lei Complementar nº 082, de 21 de junho de 2007 e possui um pequeno trecho de uma Área Especial de Interesse Social, dominada de AEIS, como já citado acima. Os instrumentos que estabelece as principais diretrizes para o desenvolvimento de propostas voltadas ao espaço urbano na cidade, entre as que são de uso primordial no seguinte trabalho são: O coeficiente de aproveitamento máximo é de 3,5, pois conforme o macrozoneamento do município, o bairro de Lagoa Nova está inserido na Zona Adensável; A taxa de ocupação máxima admitida para edificações térreas é de 80%, para efeito de ocupação não sendo computados pergolados, beirais, marquises e caramanchões; A taxa de impermeabilização máxima permitida é de 80%; Os recuos devem ser compatíveis com o que diz o Quadro 01; 64 Quadro 1: Recuos estabelecidos para Município de Natal Fonte: Plano diretor de Natal,2007 5.1.2 Código de Obras O Código de Obras de Natal, Lei Complementar Nº 055/2004, regulamenta a realização de projetos e o licenciamento de obras na cidade. A partir da compreensão e estudo do código de obras, podem-se elencar as mais variadas normas e atribuições referentes ao projeto. No tocante ao fechamento dos terrenos, o art. 102 garante que não é obrigatório, embora, se for realizado, o Art. 103 indica que, a sua altura máxima, no alinhamento frontal, é de três metros (3,00m), o qual será medido em relação ao passeio. E o Art. 104 completa que os muros de fechamento sejam também, de no máximo três metros (3,00m) de altura na lateral e fundo do terreno, em relação ao perfil natural do terreno. Conseguinte, o Art. 126 trata das calçadas, salientando que sua dimensão mínima para o passeio reservado a pedestres e sem obstáculos é de 1,20 m (de piso contínuo, tátil e antiderrapante, sem saliências ou reentrâncias), com a exceção de obstáculos que estejam sob a calçada com altura superior a 2,20 m e com um balanço de no máximo 0,80 m. Na mesma situação citada anteriormente porém sendo os obstáculos, marquises, estas devem possuir uma altura de 2,50 m e balanço de, no máximo, 2/3 da largura da calçada. 65 Para as calçadas externas ao lote, sua dimensão mínima deve ser de 2,50 m, de acordo com o art. 130. Sendo terreno de esquina, o Art. 132, afirma que fica obrigado a executar a construção de rampas de transição entre o leito carroçável e o passeio em todas as vias que margeiam sua utilização, conforme as NBR´s específicas. É possível haver a presença de arborização, seção regida pelo art. 135. Quanto ao meio-fio, pode ser rebaixado nas condições de oferecer acesso ao lote e a vagas de estacionamento, conforme apontado no art. 137, e ser perpendicular ao alinhamento do lote e não prejudicar arborização e iluminação pública, de acordo com o art. 138. Os ambientes internos de uma edificação se caracterizam em: “de uso prolongado, de uso transitório, de uso especial” (NATAL, 2004, Art. 140, pg. 293), sendo os de uso prolongado reservado a atividades como estar, estudar e trabalhar; o de uso transitório são mais associados a circulação e locais de higiene pessoal; e os de uso especial, são locais diferentes, como salas de exposição e de imagem e som, conforme exposto nos artigos 141, 142 e 143, respectivamente. Por seguinte, o Art. 148, relata sobre a iluminação e ventilação dos ambientes, aonde garante que não serão consideradas aberturas que não sejam voltadas para áres descobertas (como vias públicas e pátios) desde que, no caso de recuos laterais, essa distância não seja inferior a 1,50 m, conforme Art. 149. Já no Art. 150, o seu parágrafo único diz que a área destinada a esse propósito deve ser de 1/6 (da área total
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