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APS 2020 02 Direito

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2. Redigir um comentário jurídico sobre a decisão e definir se concorda ou não com a decisão do STJ e, quais os motivos que fundamentam a opinião do grupo. Caso haja discordância entre os membros do grupo deverão apontar os argumentos discordantes.
No acórdão em questão, o inventariado viveu em união estável com a recorrida de outubro de 1977 até a data do óbito, tendo com ela um filho. Além desse filho, o falecido tinha seis outros filhos exclusivos. O primeiro ponto apresentado foi que no recurso interposto pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul contra acórdão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que, em sede de agravo de instrumento no curso de ação de inventário de bens, “decidiu-se que os institutos do casamento e da união estável deveriam ter tratamento diferente”.
Conforme se observa no REsp nº. 878.694, ficou declarada inconstitucional a diferenciação entre casamento e união estável, sendo determinada a aplicação ao regime sucessório na União estável o quanto disposto no artigo 1.829 do Código Civil.
Nesse sentido, observa o autor Francisco José Cahali: “não poderia haver outra interpretação, já que o cônjuge sobrevivente (comparado ao companheiro segundo o julgamento da RE 878.694), tem direito de herança sobre todos os bens adquiridos onerosamente na união estável, independente de meação, e a realidade mostra que na maioria dos casos, os bens são adquiridos na constância do casamento.”¹
Em continuação, o acórdão decide também que: “em relação aos bens adquiridos na constância da união estável, caberia à companheira receber quinhão hereditário igual ao dos filhos comum e exclusivos do inventariado”.
Sobre tal decisão, a Segunda Seção do STJ, ao julgar o REsp 1.368.123, fixou o entendimento de que nos termos do artigo 1.829, I, do CC de 2002, o cônjuge sobrevivente, casado no regime de comunhão parcial de bens, concorrerá com os descendentes do cônjuge falecido somente quando este tiver deixado bens particulares, e a referida concorrência será exclusivamente quanto aos bens particulares.
Dispõe o artigo 1.829, I, do Código Civil: 
A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: (Vide Recurso Extraordinário nº 646.721) (Vide Recurso Extraordinário nº 878.694)
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
[...]
Importante citar o Recurso Extraordinário nº. 646.721 RS, no qual ficou reconhecido, de forma incidental, a inconstitucionalidade do artigo 1.790 do Código Civil de 2002, fixando a seguinte tese: “É inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790 do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o regime do art. 1.829 do CC/2002”. 
Cabe ressaltar que o código civil não faz menção á hipótese de o falecido ter deixado filhos comuns com o cônjuge sobrevivente e filhos exclusivos, como também ocorre no caso de sucessão em união estável. É a chamada filiação híbrida. Há que se resolver então, uma lacuna da lei. 
O Código Civil não diz especificamente se na filiação hibrida haverá reserva de um quarto dos bens ao cônjuge sobrevivente, como na filiação comum, ou se haverá a divisão em quotas iguais para todos os herdeiros, como ocorre na filiação exclusiva.
Porém, o dispositivo legal prevê que se o cônjuge sobrevivente for ascendente dos descendentes com quem concorrer, receberá ao menos um quarto da herança.
Assim sendo, para resolver essa controvérsia, em 2019 ficou decidido no REsp 1617501 que a interpretação mais razoável do enunciado normativo do artigo 1832 do Código Civil é a de que a reserva de um quarto da herança restringe-se à hipótese em que o cônjuge ou companheiro concorrem com os descendentes comuns, conforme estabelecido no enunciado 527 da Jornada de Direito Civil.
Dessa forma, a solução que entendemos não contrariar o espírito da lei nem o princípio da igualdade dos filhos é a que foi mencionada. Assim havendo filiação hibrida e concorrência com o cônjuge sobrevivente, deve permanecer a reserva de um quarto da herança para o cônjuge como também ocorre na concorrência com filhos comuns.
No mais, houve a alegação do parquet, quanto a violação ao artigo 544 do Código Civil por força da doação de imóvel pelo de cujus à sua companheira em 1980 (bem que integraria o patrimônio comum dos companheiros, pois foi adquirido na constância da união).
Na disciplina do contrato de doação, o art. 544 do Código Civil de 2002 estabelece que “a doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança”.
Sendo assim, faz-se necessário um mecanismo de conferência, para que sejam considerados, na partilha da herança, os adiantamentos recebidos. Tal mecanismo, segundo a tradição que herdamos do Direito Romano, denomina-se colação. Da colação o Código de 2002 cuida nos arts. 2.002 a 2.012.
Referencias : ¹ Francisco José Cahali, curso avançado de direito civil: direito das sucessões, p.213.

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