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Meio Ambiente, 
Sociedade e 
Cidadania
E-book 1
Yara Maria Gasbelotto
Neste E-book:
INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3
SOBRE AS SOCIEDADES HUMANAS ����4
A origem das sociedades humanas �����������������������4
Conceitos relacionados às sociedades modernas 9
SOCIEDADE E CIDADANIA ���������������������16
Breve histórico da ideia de cidadania ����������������� 17
SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE ���������� 22
A relação Homem-Natureza: origens ������������������ 24
A relação Homem-Natureza: as mudanças no 
século 20 ��������������������������������������������������������������� 29
A relação Homem-Natureza: início do século 21 ��� 32
CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������34
SÍNTESE ������������������������������������������������������� 35
2
E-book 
1
Conceitos Fundamentais
E-book 
1
INTRODUÇÃO
Saudações!
Vamos iniciar com este módulo a disciplina Meio 
Ambiente, Sociedade e Cidadania� Ao contrário do 
que possa parecer, não se trata de uma disciplina de 
ecologia nem uma disciplina específica para cursos 
de Ciências Biológicas, Gestão Ambiental ou gradua-
ções similares� O assunto tratado aqui é transversal, 
multidisciplinar e contemporâneo�
Neste primeiro módulo, vamos apresentar a cons-
trução social das três ideias centrais da disciplina, 
resgatando brevemente aspectos históricos e deli-
mitando a concepção adotada em nossos estudos�
3
SOBRE AS SOCIEDADES 
HUMANAS
A origem das sociedades humanas
O Homo sapiens, assim como a Apis mellifera e o 
Canis lupus, é um animal social� Ou seja, é uma espé-
cie biológica que se mantém viva por meio da convi-
vência em grupos organizados, também chamados 
em alguns casos de sociedades�
Porém, o ser humano não tem a capacidade de voar 
das abelhas, nem os dentes afiados dos lobos e, en-
tre todas as espécies animais que vivem na Terra, não 
é a mais veloz nem a mais forte; não tem a capaci-
dade de permanecer por horas submerso na água, 
nem uma audição ou visão das mais apuradas� 
Então, como a nossa espécie sobreviveu, tendo uma 
constituição física tão inexpressiva?
Sobreviveu graças à capacidade de adaptar seu en-
torno às suas necessidades� Na Pré-história, isso sig-
nificou criar ferramentas rudimentares para superar 
suas limitações físicas. Significou criar estratégias 
para a sobrevivência do grupo, com caçadas mais 
eficientes e abrigos mais seguros.
É verdade que muitas outras espécies animais inter-
ferem no seu entorno para atender às suas necessi-
dades, como é o caso do joão-de-barro e do castor� 
Assim como muitas outras espécies subsistem em 
4
sociedades bem organizadas, como é o caso das 
formigas e das abelhas�
A grande diferença é que o ser humano faz isso in-
tencionalmente, ao passo que os outros animais o 
fazem instintivamente� Ou seja, as barragens dos 
castores e as colmeias das abelhas são construídas 
do mesmo modo desde que estas espécies surgiram 
no planeta, e são essencialmente iguais em qualquer 
parte do mundo� Podemos dizer a mesma coisa das 
ferramentas ou dos grupos humanos?
Outra diferença importante é o aprendizado� Os seres 
humanos aprendem e transmitem esse aprendizado 
aos seus semelhantes, acumulando um conhecimen-
to que possibilita o aperfeiçoamento das estratégias 
de sobrevivência com o passar do tempo�
Durante milhares de anos, na Pré-história, os grupos 
humanos viveram de maneira itinerante, caçando ani-
mais e coletando vegetais� Eram sociedades nôma-
des, muitas das quais já manejavam o fogo, apesar 
de eventualmente não dominarem a técnica de sua 
criação� Estudos apontam que o fogo já era utilizado 
intencionalmente pelos humanos há 100�000 anos�
FIQUE ATENTO
A biologia define sociedade como um agrupa-
mento de seres vivos que convivem em estado 
gregário e em colaboração mútua� É uma carac-
terística instintiva de sobrevivência� As socieda-
des humanas pré-históricas se encaixam nessa 
definição, bem como as sociedades de formigas, 
abelhas e outros animais sociais�
5
A sociologia define sociedade como um agrupamen-
to humano que convive em determinado período e 
espaço, seguindo um padrão comum de compor-
tamento� É uma característica cultural, que remete 
à concepção de coletividade e comunidade� As so-
ciedades humanas, especialmente quando deixam 
de ser nômades, encaixam-se melhor nesta última 
definição.
Aos poucos, os grupos humanos estabeleceram-se 
em locais permanentes� Já dominavam técnicas 
elementares de domesticação animal e cultivo ve-
getal, as quais proporcionavam relativa segurança 
alimentar; além disso, já dominavam o fogo, o que 
proporcionava considerável segurança física com 
relação a predadores�
Esse período de transição, de uma sociedade nôma-
de para uma sedentária, é chamada de Revolução 
Agrícola ou Revolução Neolítica; ocorreu entre 10�000 
e 8�000 anos atrás� O termo revolução é comumente 
associado a revolta ou insurreição, mas também 
significa uma “mudança profunda ou completa de 
uma estrutura política, econômica e social; transfor-
mação radical” (LAROUSSE, 2004)� Foi exatamente 
isso que ocorreu após o estabelecimento dos grupos 
humanos em locais fixos: uma alteração drástica na 
estrutura social�
Os seres humanos tinham então tempo disponível 
para exercitar sua capacidade de criação e aprendi-
zado em outras atividades que não a busca por ali-
mento ou abrigo: na arte (pinturas, danças, ornamen-
6
tos corporais), no vestuário, na divisão do trabalho 
e, claro, no aperfeiçoamento de suas ferramentas, 
plantações e moradias� A invenção da roda é um 
bom exemplo�
Figura 1: Homem na Pré-História. Fonte: Free Images.
Com alimento e abrigo garantidos, os agrupamentos 
humanos conseguiram mais do que apenas sobrevi-
ver� Conseguiram aumentar suas populações e ocu-
par os mais diversos ambientes naturais do planeta, 
das florestas tropicais aos desertos, das planícies 
costeiras aos topos de montanhas� 
Sob a influência de diversos aspectos ambientais, 
os agrupamentos espalhados pelo território terrestre 
desenvolveram-se cada qual à sua maneira, criando 
padrões próprios de comportamento, linguagens e 
tecnologias� Deram origem a culturas diferentes e, 
portanto, a sociedades humanas diferentes�
7
https://pt.freeimages.com/photo/the-caveman-1483739.
 
Figura 2: Dispersão da espécie humana pelos continentes. Fonte: 
Wikimidia.
Em outras palavras, podemos sintetizar o que trata-
mos até agora da seguinte forma:
Além do ambiente comum, de suas ações 
instintivas e dos agrupamentos da espécie, o 
homem é capaz de estabelecer relações, fazer 
escolhas e registrar sua história. Portanto, o 
homem não apenas reproduz o comportamento 
de seus antepassados, mas também desenvol-
ve novas habilidades e constrói uma ‘cultura’ 
formada por um conjunto de elementos pre-
sente dentro de grupos de afinidades comuns.
Podemos definir cultura como a união de to-
dos os acontecimentos relativos ao homem, 
como normas, valores, costumes, política, arte, 
poder, relacionamentos e explicações sobre 
a vida. O homem não se satisfaz com suas 
necessidades básicas; ele procura explorar e 
modificar o mundo (TERRA, 2014, p. 2). 
8
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/eb/Spreading_homo_sapiens-no.jpg/800px-Spreading_homo_sapiens-no.jpg.
Conceitos relacionados às 
sociedades modernas
Pudemos perceber que as nossas sociedades são 
muito mais do que grupos de seres humanos reuni-
dos no mesmo espaço e tempo� A formação de uma 
sociedade requer a construção e o reconhecimento 
de afinidades culturais entre seus indivíduos, o que 
ocorre por meio da socialização e da interação social�
A socialização é o desenvolvimento de habilidades 
que possibilitam o convívio em sociedade, por exem-
plo, saber se comunicar e se vestir adequadamente� 
A interação envolve troca de comunicação e pode 
ser interpretada como uma ação integradas entre 
indivíduos�
Os sociólogos identificam dois níveis básicos de 
grupos sociais: os primários e os secundários� 
Os grupos primários, compostos pela família e pelosamigos, destacam-se pelo vínculo afetivo� O processo 
de socialização de qualquer indivíduo começa no 
grupo familiar, quando vai absorvendo, pela convi-
vência, as atitudes e os costumes daquela sociedade 
em que está inserido�
Esse conjunto de atitudes e costumes pode ser cha-
mado de hábito� Palavra derivada do latim habitus, 
significa “maneira de ser”. As personalidades e os 
comportamentos respondem ao hábito específico 
de uma sociedade, que em um primeiro momento é 
moldado no grupo familiar� Você já ouviu a expressão 
9
“educação vem de berço”? Pois então, ela ilustra da 
maneira coloquial a formação desse hábito em cada 
um de nós�
Os grupos secundários, compostos pelas escolas, 
empresas, governos etc�, caracterizam-se pela con-
solidação das regras formais (leis) de funcionamento 
da sociedade� Exigem a interação entre os indiví-
duos, por meio de canais e formas de comunicação 
preestabelecidos�
 Pense em uma criança que vai à escola pela pri-
meira vez� Eventualmente, os costumes aprendidos 
por essa criança em casa divergem das regras es-
tabelecidas na escola, por isso, existe um período 
de adaptação no qual os responsáveis ficam com a 
criança na escola e/ou a criança fica na escola por 
um tempo menor que o usual, para ir se acostumando 
aos poucos�
Períodos de adaptação todos nós passamos inúme-
ras vezes ao longo de nossa vida, todas as vezes em 
que entramos em contato com um grupo secundário 
pela primeira vez (quando trocamos de escola ou em-
prego, quando mudamos de cidade etc�)� A duração 
desse período varia de acordo com o quão diferente 
ou similar são as regras desse grupo em relação às 
regras do grupo anterior ou ao habitus que trazemos 
de nossos grupos primários�
Os indivíduos circulam entre diversos grupos, e os 
grupos também se relacionam entre si� A soma de 
todos esses grupos e das interações entre eles é o 
que compõe uma sociedade�
10
Pilon (2014) reúne os grupos sociais em quatro di-
mensões: íntima, biofísica, interativa e social, como 
ilustrado na Figura 3�
Mercados,
centros de 
consumo, 
feiras e 
exposições
Espaços 
públicos: 
parques, praças 
e vias, cenarios 
naturais
Públicos e 
grupos de arte, 
esporte, lazer e 
entretenimento
Trabalho, 
escritórios, 
oficinas, campos 
e outros 
logradouros
Escolas e 
outras 
agências 
educativas
Lar, 
vizinhança, 
bairros, 
cidades e 
habitatsAgência de 
saúde, 
ambulatórios, 
meio ambiente, 
segurança 
oública, defesa 
civil
Dimensão 
Social
Dimensão 
Íntima
Dimensão 
Interativa
Dimensão 
Biofísica
Figura 3: As quatro dimensões dos grupos sociais. Fonte: Pilon 
(2014, p. 372).
De maneira geral, a vida em sociedade acaba por 
produzir uma padronização nas posturas individuais 
e nas explicações sobre o mundo� Vamos analisar 
um pouco cada um destes “produtos”.
A padronização das posturas individuais pode ser 
chamada de Comportamento Social� É o comporta-
mento adotado dentro das expectativas e dos valores 
morais do grupo em que você se encontra, ou seja, 
que está alinhado ao que o grupo entende como cer-
11
to, e/ou ao que sociedade estabeleceu como certo 
em dado momento histórico� Muitas vezes, as pes-
soas adotam comportamentos sem terem consciên-
cia sobre eles, de tão comuns que são� Gestos como 
o de sinalizar para o ônibus e estender a mão direita 
ao cumprimentar alguém ilustram comportamentos 
sociais comuns no Brasil�
Em 2014, durante um jogo da Copa do Mundo de 
futebol, a torcida do Japão chamou nossa atenção 
ao levar sacos de lixo ao estádio e, ao final do jogo, 
recolher todo o lixo ao entorno� Virou notícia em to-
dos os meios de comunicação� Para os japoneses, 
não havia nada de mais, pois manter limpo os lo-
cais por onde circulam é um comportamento social 
estabelecido no país deles� Mas aqui no Brasil não 
é, e por isso chamou a nossa atenção� Você prova-
velmente já deve ter vivenciado situações assim, de 
estranhamento quanto a comportamentos alheios�
De acordo com Terra (2014), a base destes compor-
tamentos é emocional e exterioriza-se principalmente 
por meio de opiniões públicas. Para a autora, “quan-
do o indivíduo não corresponde às expectativas da 
sociedade, violando seus valores culturais, temos a 
presença de um desvio social� Quando são contrá-
rios à lei, são chamados de transgressores” (TERRA, 
2014, p� 6)� É interessante perceber que o desvio 
social está relacionado a valores morais, que são 
as regras informais que organizam a sociedade, ao 
passo que a transgressão está relacionada às leis, 
que são regras formalmente constituídas�
12
REFLITA
Uma frase célebre atribuída ao psiquiatra Carl 
Gustav Jung é a de que “todos nascemos origi-
nais e morremos cópias”� Considerando o que 
estudamos até aqui, como você interpreta essa 
afirmação? Ela tem uma conotação positiva ou 
negativa em relação à individualidade das pes-
soas? É uma afirmação absoluta, isto é, inevitável 
para todos os seres humanos? 
A padronização nas explicações sobre o mundo pode 
ser chamada de Representação Social� É o conjunto 
de crenças e ideias cotidianas que utilizamos para 
nos referenciar a um dado acontecimento, pessoa ou 
objeto� Está relacionada aos conhecimentos produ-
zidos no cotidiano, que pertencem ao mundo vivido� 
 Se o comportamento social é a prática, ou seja, a 
atitude das pessoas e grupos na sociedade, então 
a representação social é a teoria por trás da prática, 
isto é, a explicação do comportamento observado 
nas pessoas ou nos grupos�
Na Tabela 1, são apresentadas as quatro funções 
essenciais das representações sociais na dinâmica 
das relações em sociedade:
13
FUNÇÃO DESCRIÇÃO
Saber
Permite compreender e explicar a realidade; 
permite que as pessoas adquiram os saberes 
práticos do senso comum em um quadro assimi-
lável e compreensível, coerente com os valores 
aos quais eles aderem�
Identitária
Define a identidade e permite a proteção da es-
pecificidade dos grupos. Nesta função, as repre-
sentações situam os indivíduos e os grupos no 
campo social, permitindo a elaboração de uma 
identidade social e pessoal gratificante, compatí-
vel com o sistema de normas e de valores social 
e historicamente determinados�
Orientação
Guia os comportamentos e as práticas� A repre-
sentação é prescritiva de comportamentos ou 
de práticas obrigatórias. Ela define o que é lícito, 
tolerável ou inaceitável em um dado contexto 
social�
Justificadora
Permite a justificativa das tomadas de posição 
e dos comportamentos� As representações têm 
por função preservar e justificar a diferenciação 
social, e elas podem estereotipar as relações 
entre os grupos, contribuir para a discriminação 
ou para a manutenção da distância social entre 
eles�
Tabela 1: Funções das representações sociais. Fonte: Adaptada de 
Reis e Bellini (2011).
É importante diferenciarmos representação social de 
conceito científico. De acordo com Toledo e Pelicioni 
(2014), a diferença entre representação social e con-
ceito científico é que as representações refletem a 
ideologia e as experiências de um grupo e/ou de uma 
sociedade num dado espaço e momento histórico�
Muito complicado? Vamos pensar no ato de fumar� 
Cientificamente falando, fumar significa “aspirar 
fumaça de cigarro, cachimbo ou charuto; aspirar e 
14
respirar o fumo” (LAROUSSE, 2004). A definição cien-
tífica de fumar não muda com o tempo nem com 
o local, mas a representação social sobre o ato de 
fumar, sim� Fumar cigarro, no Brasil de 1940, era 
considerado elegante� Fumar cigarro, no Brasil de 
2019, é considerado não só deselegante como algo 
prejudicial à saúde�
Percebe como o entendimento que a sociedade tem 
a respeito do cigarro influencia o comportamento 
das pessoas? Influencia até mesmo as leis, uma vez 
que hoje em dia é proibido fumar em muitos lugares 
onde décadas atrás era corriqueiro�
O entendimento de Representação Social é funda-
mental para esta disciplina, visto que vamos tratar 
de duas ideias que não são conceitos científicos, e 
sim representações: a noção de Cidadania ea de 
Meio Ambiente�
15
SOCIEDADE E CIDADANIA
O termo cidadania deriva do latim civitas; original-
mente significa a condição de cidadão, isto é, de 
quem mora na cidade� Hoje, mais do que simples-
mente habitar a cidade, cidadania está relacionada 
ao conjunto de direitos e deveres civis, políticos e 
sociais atribuído a todos que vivem em um Estado 
democrático�
Dito de outro modo,
Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à 
propriedade, à igualdade perante a lei: é, em 
resumo, ter direitos civis. É também participar 
no destino da sociedade, votar, ser votado, ter 
direitos políticos. Os direitos civis e políticos 
não asseguram a democracia sem os direitos 
sociais, aqueles que garantem a participação 
do indivíduo na riqueza coletiva: o direito à 
educação, ao trabalho, ao salário justo, à saú-
de, a uma velhice tranquila. Exercer a plena 
cidadania é ter direitos civis, políticos e sociais 
(PINSKY; PINSKY, 2003, p. 13).
Sendo a cidadania uma representação social, sua 
concepção é resultado de uma construção histórica, 
fortemente influenciada pelas revoluções burguesas 
ocorridas nos séculos 17 e 18; anteriormente, pelas 
ideias concebidas nas sociedades greco-romanas da 
16
Antiguidade Clássica� Vamos retomar rapidamente 
essas passagens históricas�
Breve histórico da ideia de cidadania 
As origens do que entendemos hoje por cidadania 
remonta a duas sociedades da chamada Antiguidade 
Clássica: a cultura grega e, posteriormente, a cultura 
romana, durante o Império Romano�
Você certamente já leu e ouviu inúmeras vezes re-
ferências a essas duas sociedades� Isso se deve 
ao fato de o Brasil ter sido ocupado e colonizado 
por um país europeu, que se desenvolveu sob esta 
influência cultural. Mas lembre-se de que diversos 
outros países desenvolveram-se sem esta influência, 
como é o caso de países asiáticos e mesmo alguns 
países africanos� É importante fazer essa ressalva, 
para entendermos que estas bases culturais não são 
regra geral para todas as nações do mundo�
Na Grécia, no período denominado Antiguidade 
Clássica, as sociedades organizavam-se em torno 
de cidades-Estado. Nessa configuração, cada cida-
de possuía seu respectivo governo independente e 
autônomo das demais cidades: eram as chamadas 
Pólis� Atenas, Esparta e a lendária Tróia são exem-
plos de cidades-Estado� 
Nas Pólis gregas, cidadão era o indivíduo que parti-
cipava das decisões da cidade, ou seja, “é o homem 
que partilha os privilégios da cidade” (DI GIOVANNI; 
NOGUEIRA, 2013)� Todos que habitavam a pólis eram 
17
cidadãos? Não� Somente os homens livres podiam 
opinar� Mulheres, escravos, estrangeiros, comercian-
tes e artesãos não eram considerados cidadãos� 
Restavam, basicamente, os proprietários de terras�
Figura 4: Ruínas da Grécia Antiga� Fonte: Pixabay.
A experiência grega foi muito importante por ter sido 
a primeira que se tem registro de uma organização 
social na qual havia a previsão de participação di-
reta dos cidadãos nas decisões que envolviam os 
interesses públicos�
A expansão da República Romana sobre o território 
grego aproximou as duas culturas, fazendo com que 
os romanos absorvessem diversas concepções da 
democracia grega�
18
https://pixabay.com/pt/photos/acr%C3%B3pole-atenas-gr%C3%A9cia-antigos-2725914/
De acordo com Di Giovanni e Nogueira (2013), a no-
ção de cidadania como exercício de poder na esfera 
pública ampliou-se com a expansão da cidadania ro-
mana aos povos conquistados� Beras (2013) aponta 
que, com a ascensão do Império Romano, a noção 
de cidadania deixou de representar somente os ha-
bitantes de um território delimitado “para englobar 
os senhores de um império, fossem ricos ou pobres, 
habitassem em Roma, na Itália, ou nos territórios 
conquistados”� Ainda assim, a cidadania era exercida 
somente pelos patrícios, isto é, os homens livres e 
provenientes da nobreza� Plebeus, escravos e mu-
lheres ficavam à margem das decisões. 
A concepção de cidadania perdeu espaço com a 
queda do Império Romano e durante toda a Idade 
Média, período em que as relações sociais ficaram 
fortemente hierarquizadas e estanques� Voltou ao 
cenário com as revoluções da Idade Moderna, es-
pecialmente as Revoluções Inglesa (1642-1649), 
Americana (1776) e Francesa (1789-1799)�
Na Inglaterra, a revolução trouxe à tona a afirma-
ção dos direitos civis e da monarquia limitada� Nos 
Estados Unidos, baseou-se no conceito de autono-
mia com ênfase na liberdade, o que resultou em seu 
processo de Independência� Na França, os ideais de 
liberdade, igualdade e fraternidade conduziram um 
processo de transformação social tão intenso que 
acelerou a desintegração das sociedades feudais 
da Idade Média e o surgimento dos Estados-nação�
19
A Revolução Francesa é o principal marco 
histórico na origem do cidadão moderno; a 
partir dela se desenvolve o Estado-nação, 
com a prevalência do princípio da soberania 
popular e o fim dos privilégios estatutários, 
pondo cada homem em relação direta com a 
autoridade soberana do país. Abre-se espaço 
para a existência de um código uniforme de 
direitos e deveres de que todos os homens 
são investidos em virtude de sua participa-
ção na comunidade (DI GIOVANNI; NOGUEIRA, 
2013, p. 136).
A partir destas revoluções, o processo de expansão 
da cidadania se desenvolveu ao longo do que os au-
tores chamam de “gerações”: a primeira, no século 
18, concentrou-se nos direitos civis, associados à 
liberdade individual (direito à vida, direito de ir e vir, 
liberdade de expressão etc�)� Somente no século 19 
agregam-se os direitos políticos, relativos à partici-
pação no exercício do poder, direito de votar e ser 
votado� E a terceira geração de direitos, já no século 
20, envolvem os direitos sociais, entendidos como 
aqueles que possibilitam condições adequadas de 
vida ao cidadão (moradia, trabalho, saúde, educação)�
Neste início de século 21, podemos dizer que a ideia 
de cidadania ampliou-se ainda mais, incorporando, 
segundo Terra (2014), as interações sociais e prin-
cípios de responsabilidade coletiva� Nesse sentido, 
20
exercer a cidadania implica também desenvolver 
atitudes e padrões de comportamentos que favore-
çam o bom convívio entre os indivíduos, pautando 
suas ações pela ética do cuidado e do respeito com 
o bem comum e a coisa pública� Dentro desta con-
cepção ampliada de cidadania, insere-se a questão 
ambiental� Mas vamos tratar disso mais à frente�
21
SOCIEDADE E MEIO 
AMBIENTE
São duas as forças motrizes que sempre conduziram 
a humanidade desde a revolução neolítica até as so-
ciedades contemporâneas: melhorar as condições de 
vida e reduzir o esforço físico� Para atender a essas 
duas demandas, o homem sempre se utilizou dos 
recursos à sua volta, com isso, foi transformando o 
ambiente em que se encontrava� 
A transformação do ambiente, por si só, não é um 
comportamento exclusivo de nossa espécie, como 
dito anteriormente� Também não é sinônimo de de-
gradação ambiental� Pense nas sociedades indíge-
nas que habitavam o território que hoje compõe o 
Brasil� A existência de uma aldeia indígena implica 
alteração no ambiente natural: construção de ocas, 
plantações, criação de animais� Nem por isso de-
grada o ambiente�
Porém, algumas grandes civilizações humanas, ao se 
consolidarem e expandirem, alteraram fortemente o 
ambiente natural em que se encontravam, de modo 
que constatamos que situações pontuais de degrada-
ção ambiental não são fenômenos recentes� Pense, 
por exemplo, na cidade de Roma durante o Império 
Romano; em Machu Picchu durante o Império Inca; 
na Grande Muralha da China com seus mais de 8 mil 
km de extensão� Por que não há registros históricos 
22
acerca de uma preocupação com meio ambiente 
nestas épocas?
Figura 5: Machu Picchu, capital da antiga civilização Inca. Fonte: Free 
Images.
A resposta é simples: a percepção de degradação 
ambiental como algo ruim, que compromete a so-
brevivência de nossa e de outras espécies de seres 
vivos, bem como a percepção de Meio Ambientecomo algo bom a ser cuidado para a atual e as futu-
ras gerações, é um fenômeno bastante recente na 
história da humanidade�
São representações sociais construídas a partir da 
segunda metade do século 20, e não estão relacio-
nadas à existência ou não de degradação ambiental, 
mas à percepção desta degradação como algo a ser 
combatido e do meio ambiente como algo a ser pre-
23
https://pt.freeimages.com/photo/machu-pichu-1385353. 
https://pt.freeimages.com/photo/machu-pichu-1385353. 
servado� Vamos entender como essa interpretação 
foi construída no próximo tópico�
A relação Homem-Natureza: origens
Já estudamos que, após a Revolução Neolítica, os 
seres humanos conseguiram segurança física e ali-
mentar para que pudessem investir tempo e inteli-
gência em melhorar suas condições de vida e reduzir 
os esforços físicos�
 Esse investimento resultou no desenvolvimento de 
sistemas de irrigação e de confinamento de animais, 
de ferramentas mais eficientes para caçar e se pro-
teger, de vestimentas mais eficientes para se pro-
tegerem do frio e do Sol etc� A população humana 
começa a crescer quantitativamente, como resultado 
positivo deste investimento: menos indivíduos mor-
rem de fome ou devorados por predadores, mais 
filhotes nascem e conseguem sobreviver e os indi-
víduos vivem por mais tempo�
Assim, em uma espiral de desenvolvimento, as so-
ciedades humanas aumentam em tamanho e com-
plexidade� Espalham-se por diversos ambientes do 
planeta� Descobrem como manipular os metais e 
como dominar grupos diferentes de seres humanos�
Por milhares de anos, a relação entre seres humanos 
e natureza foi de uso e apropriação, mas de maneira 
geral as sociedades mantinham-se próximas dos 
ciclos naturais, ou seja, era preciso saber sobre as 
24
chuvas, sobre a neve, sobre o solo e a vegetação para 
garantir a produção de alimentos� Não é à toa que 
as grandes sociedades sempre se estabeleceram às 
margens de rios�
O uso desmesurado dos recursos naturais resultava 
rapidamente em necessidade de mudança ou mesmo 
na extinção de determinada sociedade:
Os Sumérios, por exemplo, construíram no IV 
milênio a.C., uma das primeiras sociedades 
sedentárias da história, com uma organização 
social e política bastante elaborada, comparati-
vamente aos outros povos da época. Seu gran-
de instrumento foi o domínio do meio natural 
por meio da técnica de irrigação, que permitiu à 
sua população crescer e regularizar a produção 
alimentar, com base no sedentarismo. Uma 
das hipóteses mais prováveis do seu desapa-
recimento foi o não domínio das técnicas de 
drenagem, que provocou a degradação irrever-
sível dos solos, por processo de salinização 
(BURSZTYN; BURSZTYN, 2012, p. 67).
SAIBA MAIS
Além dos Sumérios, os habitantes da Ilha de 
Páscoa também tiveram sua sobrevivência com-
prometida devido a alterações ambientais� Saiba 
mais em: https://www.observatoriodoclima.eco.
br/ilha-de-pascoa� Acesso em: 22 abr� 2019�
25
https://www.observatoriodoclima.eco.br/ilha-de-pascoa/
https://www.observatoriodoclima.eco.br/ilha-de-pascoa/
Aos poucos, as sociedades foram conquistando cer-
ta autonomia em relação aos ciclos naturais, isto é, 
conseguiam garantir alimentos e segurança mesmo 
se houvesse intempéries naturais� Com isso, socie-
dades altamente complexas desenvolveram-se por 
todo o planeta� Podemos citar as mais conhecidas: 
na África, o Egito dos Faraós; na Europa, o Império 
Romano; nas Américas, os Impérios Maia, Inca e 
Asteca; no Oriente Médio, os sultanatos e califados; 
na Ásia, as dinastias chinesas�
A relação com a natureza continuava sendo de uso e 
apropriação, em um entendimento dos bens naturais 
como inesgotáveis� Consolida-se, no entanto, entre 
as sociedades humanas o entendimento do homem 
como centro do universo e acima das demais espé-
cies de seres vivos (antropocentrismo)� Conforme 
as sociedades se afastam dos ambientes naturais, 
construindo suas vilas, cidades, feudos etc�, a natu-
reza vai ganhando a imagem de local perigoso, a se 
manter distância dela� Se você recuperar algumas 
histórias e fábulas antigas, verá que é na floresta 
que estão os vilões, as bruxas, os lobos�
26
Figura 13.12 - No espaço-tempo culturas diferentes mantiveram 
diferentes relações com o ambiente, em termos de sobrevivência ou 
extinção.
Figura 6: Machu Picchu, capital da antiga civilização Inca. Fonte: Pilon 
(2014, p� 385)�
A Revolução Científica ocorrida no final do século 
16 para o século 17 pode ser considerada um mar-
co histórico para uma mudança de mentalidade em 
relação à natureza, ao menos para as sociedades 
ocidentais�
O desenvolvimento de métodos científicos de pesqui-
sa por Francis Bacon e René Descartes reforçaram 
o antropocentrismo e a separação do homem em 
relação ao ambiente natural, ao atribuírem à ciência 
a função de proporcionar o conhecimento sobre os 
mecanismos da natureza com intuito de dominação 
e usufruto�
Por outro lado, é essa mesma Revolução Científica, 
por meio da popularização dos métodos criados por 
Bacon e Descartes, que impulsiona o desenvolvi-
mento tecnológico humano, culminando nas revo-
luções industriais do século seguinte� Você pode 
27
conhecer um pouco mais sobre Francis Bacon e René 
Descartes em O método científico.
Podcast 1 
Desde então, a visão de meio ambiente como fonte 
inesgotável de recursos a serviço da humanidade 
torna-se dominante e acompanha todo o desenvol-
vimento das sociedades humanas� As revoluções 
industriais afastam a humanidade ainda mais do 
meio natural: as pessoas migram para as cidades 
para trabalhar nas fábricas que não param de surgir�
Problemas com lixo, poluição das águas e do ar tor-
nam-se cada vez mais comuns, especialmente nas 
grandes concentrações das cidades� Mas são enten-
didos sempre como uma consequência de menor 
importância do desenvolvimento tecnológico�
Uma síntese de impactos ambientais pontuais des-
de as antigas civilizações humanas até o início do 
século 20 pode ser observada na Tabela 2�
7000 a�C� 
até 
1800 a�C�
Mesopotâmia/sumérios
Salinização e assoreamento 
dos agroecossistemas�
Na região do atual Iraque, a 
pluviosidade naturalmente 
baixa levou à irrigação�
2600 a�C�
até hoje
Líbano
Exploração e uso excessivo 
da floresta de cedro
A exploração do cedro pelos 
fenícios e egípcios durou 
séculos; pequenos bosques 
ainda existem
2500 a�C�
até 900
Império maia
Erosão do solo; perda de 
vialibidade dos agroecos-
sistemas e assoreamento 
dos recursos hídricos
Partes dos atuais México, 
Guatemala, Belize e Honduras; 
agricultura era criativa e inten-
siva; em algum momento a de-
manda aumentou e o sistema 
agrícola entrou em colapso
28
https://famonline.instructure.com/files/70296/download?download_frd=1
800 a�C� 
até 200 a�C�
Grécia 
Desflorestamento e uso in-
tenso do solo
Florestas foram derrubadas 
para fins agrícolas; utilização 
de madeira para cozinhar e 
aquecer
200 a�C� 
até hoje
China
Desertificação ao longo da 
Estrada da Seda
Rota de comércio e viagens 
estimulou o desenvolvimento 
e o crescimento da população
50 a�C� 
até 450
Império romano
Desertificação e perda de 
viabilidade de agroecossis-
temas no norte da África 
Demanda intensa por grãos 
em todo o império exauriu es-
sas terras, que tinham um alto 
potencial de erosão
1500 
até hoje
Brasil
Extração de madeira e trans-
formação em solo agrícola 
da Mata Atlântica e urbani-
zação intensa no litoral
O processo de colonização 
do Brasil sempre primou pelo 
extrativismo e monoculturas 
para exportação
1800 
até hoje
Austrália e Nova Zelândia
Perda de biodiversidade e 
proliferação de espécies 
invasivas
Cem anos de introdução de 
ovelhas e gado aniquilaram 
gramíneas nativas e, conse-
quentemente, muito da biodi-
versidade local
1800 
até hoje
América do Norte
Conversão de hábitats para 
agricultura e pastagens�
Manadas de bisões, estimadas 
em mais de 50 milhões, che-
garam próximas da extinção
1800 até 
1900
Alemanha e Japão
Envenenamento químico-
-industrial dos sistemas deágua doce
As consequências da 
Revolução Industrial provo-
caram um grande impacto 
nas águas doces deses países
Tabela 2: Histórico das civilizações e sua relação com a natureza. 
Fonte: Philippi Jr.; Roméro; Bruna (2014, p. 68).
A relação Homem-Natureza: as 
mudanças no século 20
Impactos ambientais com repercussão na saúde 
humana começam a ocorrer a partir da década de 
1950; dois deles geraram grande repercussão social: 
29
o inverno de 1952 em Londres e a descoberta da 
contaminação da Baía de Minamata, no Japão� 
No caso de Londres, a junção de um evento natural 
na região (a neblina intensa) com a fumaça das cha-
minés alimentadas com carvão gerou uma concen-
tração de poluentes na cidade que matou milhares 
de pessoas em poucos dias� No caso do Japão, o 
lançamento de dejetos industriais com mercúrio di-
retamente nas águas da Baía de Minamata ao longo 
de 20 anos (entre 1930 e 1950) resultou não apenas 
na contaminação e morte de animais e pessoas, mas 
no nascimento de centenas de crianças com severas 
deficiências neurológicas e motoras, especialmente 
a partir da década de 1960 (DIAS, 2010)�
Somam-se a esses incidentes a publicação de dois 
estudos científicos que também obtiveram grande re-
percussão� Em 1962, a bióloga Rachel Carson publica 
Primavera Silenciosa, no qual denuncia os impactos 
ao meio ambiente e à saúde humana decorrentes 
do uso excessivo de pesticidas� Em 1968, o casal 
Paul e Anne Ehrlich publica A Bomba Populacional, 
no qual aborda o impacto do aumento demográfico 
da população humana sobre a disponibilidade de 
recursos naturais para alimentar todas as pessoas 
(BURSZTYN; BURSZTYN, 2012)�
Diante desse cenário, o Clube de Roma − grupo for-
mado por autoridades políticas e intelectuais de di-
versos países − contratou uma equipe técnica para 
elaboração de um relatório-diagnóstico, publicado 
em 1972 sob o título Os Limites do Crescimento� O 
30
relatório tinha como conclusão principal que o cons-
tante aumento da população humana geraria grande 
pressão sobre os recursos naturais e energéticos e 
que, mesmo com o avanço da ciência e da tecnologia, 
em pouco tempo o planeta não disporia destes recur-
sos em quantidade e qualidade suficientes (FÉLIX; 
BORDA, 2009)�
Trata-se de um primeiro relatório global sobre os 
impactos ambientais das atividades humanas, e que 
claramente apontava a existência de limites naturais 
ao crescimento humano�
A soma dos fatos descritos culmina com a realização 
da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio 
Ambiente Humano em Estocolmo no ano de 1972, 
considerada o grande marco de nascimento da agen-
da ambiental internacional�
Desta Conferência, organiza-se uma comissão in-
ternacional para estudar a situação ambiental� A 
Comissão, liderada pela então Primeira-Ministra da 
Noruega, Gro Brundtland, elabora o relatório “Nosso 
Futuro Comum”, no qual se consagra o termo desen-
volvimento sustentável como aquele que satisfaz às 
necessidades da atual geração sem comprometer a 
capacidade das futuras gerações em atender suas 
próprias necessidades�
Até então, as preocupações ambientais estavam 
restritas ao ambiente acadêmico das pesquisas em 
ciências naturais e ao movimento ambientalista que 
se fortalecia, mas era ainda muito incipiente� Saiba 
31
uma pouco mais sobre o movimento ambientalista 
em Origens do movimento ambientalista. 
Podcast 2 
Aos poucos, sedimenta-se a percepção de que os im-
pactos ambientais gerados pelas atividades humanas 
possuem uma escala planetária e podem vir a compro-
meter a sobrevivência de nossa espécie na Terra� Essa é 
a representação social que predomina nas sociedades 
modernas em geral desde o final do século 20.
No Brasil, essa agenda ambiental ganha força somente 
a partir da segunda Conferência da ONU sobre o tema, 
realizada no Rio de Janeiro em 1992� Vamos abordar 
o cenário nacional com mais profundidade no Módulo 
2 desta disciplina�
A relação Homem-Natureza: 
início do século 21
Podemos constatar que a percepção das sociedades 
humanas em relação à natureza varia de acordo com o 
momento histórico� Tomando como base a década de 
1960, percebemos que estamos há menos de 60 anos 
reformulando uma representação social sedimenta-
da em nossas sociedades nos últimos três séculos 
(desde a Revolução Científica de 1700).
Por isso, ainda há muito que se dialogar e pesquisar 
sobre o tema� Ainda há muitas opiniões divergentes e 
muitos desafios a se superar. Nossas sociedades mo-
32
http:// 
dernas foram construídas baseadas no entendimento 
da natureza como fornecedora ilimitada de recursos 
e consumidora ilimitada de nossos resíduos, e agora 
constatamos que essa visão pode estar equivocada�
É nesse cenário que a cidadania e o meio ambiente 
se encontram e se fundem como princípio ético deste 
o início do século 21, que pode ser representado pelo 
termo sustentabilidade� Em outras palavras,
É preciso fundar uma ética que concilie me-
lhor o tempo da reposição da base material 
por meio de processos naturais e o tempo 
de produção das necessidades materiais da 
existência. [...] A sustentabilidade pode ser 
uma fonte de cidadania, de uma nova cidada-
nia, que permita a circulação e promoção de 
ideias e valores por meios materiais extraídos 
de maneira cautelosa do ambiente (PINSKY; 
PINSKY, 2010, p. 415).
33
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste primeiro módulo, apresentamos a formação 
das sociedades humanas, desde sua origem bioló-
gica até sua consolidação sociocultural� Trouxemos 
conceitos importantes relacionados às ciências so-
ciais e que nos permitem analisar as sociedades hu-
manas com mais profundidade: socialização, intera-
ção, grupos primários e secundários, comportamento 
social e representação social� Apresentamos as duas 
representações sociais centrais desta disciplina: a 
noção de cidadania e a noção de meio ambiente, e 
fizemos um resgate histórico de como elas surgiram 
e como se modificaram ao longo do tempo. Ao final, 
apresentamos como o cuidado com o meio ambiente 
integra a cidadania do século 21� Fornecemos, assim, 
um amplo panorama histórico conceitual com o obje-
tivo de sedimentar nosso percurso de aprendizagem 
para a compreensão das relações entre Sociedade e 
Natureza� Nos próximos módulos, iremos aprofundar 
alguns temas específicos, sempre alinhavando as 
Ciências Ambientais e Sociais�
Até lá!
34
• A relação Homem-Natureza: 
início do século 21
• A relação Homem-Natureza: as mu-
danças no século 20
• A origem das sociedades humanas
• Conceitos relacionados às 
sociedades humanas
• Breve histórico da ideia de 
cidadania
CONCEITOS 
FUNDAMENTAIS
Sobre as sociedades humanas
• A relação Homem-Natureza: origens
Sociedade e Meio Ambiente
Sociedade e Cidadania
SínteSe
Referências
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Curitiba: InterSaberes, 2013�
BURSZTYN, M�; BURSZTYN, M� A� Fundamentos 
de política e gestão ambiental� Rio de Janeiro: 
Garamond, 2012�
DI GIOVANNI, G�; NOGUEIRA, M� A� (Orgs�)� 
Dicionário de Políticas Públicas� São Paulo: 
Fundap, 2013�
DIAS, G� F� Educação Ambiental: princípios e práti-
cas� 9� ed� São Paulo: Gaia, 2010�
DIAS, R� Gestão ambiental: responsabilidade social 
e sustentabilidade� 3� ed� São Paulo: Atlas, 2017�
FÉLIX, J. D. B.; BORDA, G. Z. (Orgs.). Gestão da 
Comunicação e Responsabilidade Socioambiental. 
São Paulo: Atlas, 2009�
FUMAR� In: Dicionário Larousse ilustrado da língua 
portuguesa� São Paulo: Larousse do Brasil, 2004�
PILON, A� F� A ocupação existencial do mundo: 
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357-412� (Coleção Ambiental)�Sustentabilidade� 
Barueri: Manole, 2014� pp� 357-412� (Coleção 
Ambiental)�
PINSKY, J�; PINSKY, C� B� (Orgs�)� História da cida-
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TOLEDO, R� F�; PELICIONI, M� C� F� Educação 
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http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=307325341003
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=307325341003
	_gjdgxs
	_30j0zll
	INTRODUÇÃO
	SOBRE AS SOCIEDADES HUMANAS
	A origem das sociedades humanas
	Conceitos relacionados às sociedades modernas
	SOCIEDADE E CIDADANIA
	Breve histórico da ideia de cidadania 
	SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE
	A relação Homem-Natureza: origens
	A relação Homem-Natureza: as mudanças no século 20
	A relação Homem-Natureza: início do século 21
	CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Síntese
	bt_foward 15: 
	Página 1: 
	bt_foward 17: 
	Página 36: 
	Página 37:

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