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HABEAS DATA
Art. 5º.
LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
Garantia do direito à personalidade, à intimidade e do direito de acesso à informações pessoais constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público.
Se destina:
· Ao mero conhecimento;
· À retificação (informações erradas, imprecisas ou desatualizadas)
...de informações “relativas à pessoa do impetrante”, isto é, informações pessoais, não de terceiros ou informações públicas (neste caso, pode ser MS).
Surgiu na CF/88 em virtude de um aspecto político: o arquivamento e uso indevido de informações pessoais por órgão no regime anterior (DOPS, SNI, etc.). Tais arquivos, por serem sigilosos, impediam o controle pela pessoa e eram, assim, insuscetíveis de questionamento. Hoje adquire importância por conta da sociedade de informação, em que órgãos públicos e particulares guardam enormes banco de dados sobre as pessoas (Receita, SPC, etc.), que tem direito de conhecê-los e evitar seu uso indevido. É uma forma de frear os abusos da sociedade da informação (nesse sentido: Siqueira Jr.).
Obs: diferença HD x direito de certidão (art. 5º, XXXIV) e de informações de interesse particular, coletivo ou geral (art. 5º, XXXIII):
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (Vide Lei nº 12.527, de 2011)
 XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
 a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
 b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
· O direito de informação tem objeto mais amplo, pois diz respeito à informação de interesse coletivo, geral e de “interesse particular”. Já o HD, ao assegurar o conhecimento de informações relativas “à pessoa do impetrante”, trata de dados pessoais, mais precisamente de dados pessoais que constem de arquivos ou bancos de dados. Quando uma informação de apenas de interesse particular, mas não sobre a pessoa do requerente, é negada (como, por exemplo, uma certidão pedida à Prefeitura sobre qual o tipo de zoneamento de uma área, quanto um imóvel tem de dívida tributária), cabe MS.
· O direito de certidão exige a demonstração de que o pedido é feito para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal, o que não é necessário no HD, para o qual basta o simples desejo de conhecer a informação (nesse sentido, Alexandre de Moraes).
· HD também permite a retificação, além do mero conhecimento. 
O termo “habeas” é a “segunda pessoa do subjuntivo de habeo, habere, significativo de ‘tenhas em tua posse’”. “Data” é “acusativo plural de datum, ou dados”. Então habeas data significa “que tenhas os registros, os dados” (Othon Sidou).
É, portanto, garantia do direito de informação e do direito à intimidade, consistente em requerer judicialmente a exibição de registros públicos ou privados de caráter público, nos quais haja dados pessoais do impetrante, para deles tomar conhecimento ou solicitar retificação.
Legitimidade ativa
Qualquer pessoa física (brasileira ou estrangeira) ou jurídica.
A ação, porém, tem caráter personalíssimo, não sendo possível requerer informações de terceiros, somente pessoais, isto é, do impetrante.
Mas já se admitiu na jurisprudência para fins de preservação da memória do de cujus, a impetração da ação pelos seus herdeiros.
MP não tem legitimidade, pois a informação é de caráter personalíssimo, salvo se for para pedir informação relativa ao próprio MP.
Legitimidade passiva
No pólo passivo figurará a pessoa responsável pelas informações e que deveria prestá-las (chamada de “coator”) ou, se não for possível identificar esta pessoa, a própria pessoa jurídica de direito público da administração direta e indireta ou de direito privado que detiver o banco de dados, que será representada em juízo de acordo com seus atos constitutivos, estatutos e regimentos (cf. Hely Lopes Meirelles).
A CF fala em:
· banco de dados de “entidades governamentais”, que podem ser entes da administração direta ou indireta;
· e de banco de dados “de caráter público”, isto é, pertencente a particulares, mas que tenham caráter público. Ex. SPC, SERASA, por força do art. 43, § 4º, do Cód. Defesa do Consumidor.
Ex:
DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. HABEAS DATA. ARTIGO 5º, LXXII, CRFB/88. LEI Nº 9.507/97. ACESSO ÀS INFORMAÇÕES CONSTANTES DE SISTEMAS INFORMATIZADOS DE CONTROLE DE PAGAMENTOS DE TRIBUTOS. SISTEMA DE CONTA CORRENTE DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL-SINCOR. DIREITO SUBJETIVO DO CONTRIBUINTE. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO.
1. O habeas data, posto instrumento de tutela de direitos fundamentais, encerra amplo espectro, rejeitando-se visão reducionista da garantia constitucional inaugurada pela carta pós-positivista de 1988.
2. A tese fixada na presente repercussão geral é a seguinte: “O Habeas Data é garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais.” 
3. O Sistema de Conta Corrente da Secretaria da Receita Federal do Brasil, conhecido também como SINCOR, registra os dados de apoio à arrecadação federal ao armazenar os débitos e créditos tributários existentes acerca dos contribuintes.
4. O caráter público de todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações é inequívoco (art. 1º, Lei nº 9.507/97).
5. O registro de dados deve ser entendido em seu sentido mais amplo, abrangendo tudo que diga respeito ao interessado, seja de modo direto ou indireto. (…) Registro de dados deve ser entendido em seu sentido mais amplo, abrangendo tudo que diga respeito ao interessado, seja de modo direto ou indireto, causando-lhe dano ao seu direito de privacidade (...) in José Joaquim Gomes Canotilho, Gilmar Ferreira Mendes, Ingo Wolfgang Sarlet e Lenio Luiz Streck. Comentários à Constituição. Editora Saraiva, 1ª Edição, 2013, p.487. 
6. A legitimatio ad causam para interpretação de Habeas Data estende-se às pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras, porquanto garantia constitucional aos direitos individuais ou coletivas. 
7. Aos contribuintes foi assegurado constitucionalmente o direito de conhecer as informações que lhes digam respeito em bancos de dados públicos ou de caráter público, em razão da necessidade de preservar o status de seu nome, planejamento empresarial, estratégia de investimento e, em especial, a recuperação de tributos pagos indevidamente, verbis: Art. 5º. …LXXII. Conceder-se-á habeas data para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, considerado como um writ, uma garantia, um remédio constitucional à disposição dos cidadãos para que possam implementar direitos subjetivos que estão sendo obstaculados. 
8. As informações fiscais conexas ao próprio contribuinte, se forem sigilosas, não importa em que grau, devem ser protegidas da sociedade em geral, segundo os termos da lei ou da constituição, mas não de quem a elas se referem, por força da consagração do direito à informação do art. 5º, inciso XXXIII, da Carta Magna, que traz como única ressalva o sigilo imprescindívelà segurança da sociedade e do Estado, o que não se aplica no caso sub examine, verbis: Art. 5º.…XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
9. In casu, o recorrente requereu à Secretaria da Receita Federal do Brasil os extratos atinentes às anotações constantes do Sistema de Conta-Corrente de Pessoa Jurídica-SINCOR, o Sistema Conta-Corrente de Pessoa Jurídica-CONTACORPJ, como de quaisquer dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação federal, no que tange aos pagamentos de tributos federais, informações que não estão acobertadas pelo sigilo legal ou constitucional, posto que requerida pelo próprio contribuinte, sobre dados próprios. 10. Ex positis, DOU PROVIMENTO ao recurso extraordinário.
(RE 673707, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 17/06/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-195 DIVULG 29-09-2015 PUBLIC 30-09-2015)
É isento de custas:
Art. 5º, LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.
Procedimento do HD
Procedimento regulamentado pela Lei n. 9.507, de 12 de novembro de 1997, que “Regula o direito de acesso a informações e disciplina o rito processual do habeas data”:
Art. 1º (VETADO)
Parágrafo único. Considera-se de caráter público todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações.
A lei regulamenta o que se considera registro ou banco de dados de caráter público. Surge, porém, a dúvida acerca do cabimento do HD em caso de dados acobertados pelo sigilo necessário à segurança nacional, como ocorre com o direito de informação (art. 5º, XXXIII). Porém, a doutrina, em sua maioria, defende que não pode haver sigilo quanto a dados pessoais, do próprio requerente, apenas quanto a dados de terceiros.
Não cabe HD contra entidade privada, como, por exemplo, o RH de uma empresa.
O Superior Tribunal de Justiça já teve oportunidade de decidir pelo não cabimento de habeas data diante de pedido de exibição de extratos de conta corrente mantida pelo impetrante junto à Caixa Econômica Federal, asseverando que, nesse caso, as informações são confidenciais, franqueadas somente aos contratantes, e não a terceiros, o que retira a natureza pública de tais informações (cf. Daniel A. Neves, Ações Constitucinais).
Art. 2° O requerimento será apresentado ao órgão ou entidade depositária do registro ou banco de dados e será deferido ou indeferido no prazo de quarenta e oito horas.
Parágrafo único. A decisão será comunicada ao requerente em vinte e quatro horas.
Art. 3° Ao deferir o pedido, o depositário do registro ou do banco de dados marcará dia e hora para que o requerente tome conhecimento das informações.
Parágrafo único. (VETADO)
Art. 4° Constatada a inexatidão de qualquer dado a seu respeito, o interessado, em petição acompanhada de documentos comprobatórios, poderá requerer sua retificação.
§ 1° Feita a retificação em, no máximo, dez dias após a entrada do requerimento, a entidade ou órgão depositário do registro ou da informação dará ciência ao interessado.
§ 2° Ainda que não se constate a inexatidão do dado, se o interessado apresentar explicação ou contestação sobre o mesmo, justificando possível pendência sobre o fato objeto do dado, tal explicação será anotada no cadastro do interessado.
Art. 5° (VETADO)
Art. 6° (VETADO)
Os arts. 2º, 3º e 4º da Lei 9.507/1997 regulamentaram a fase pré-processual.
Art. 7° Conceder-se-á habeas data: 
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.
A lei acrescenta no inciso III do art. 7º uma terceira finalidade para esta ação: anotar a existência de contestação ou explicação sobre dado que, embora verdadeiro, possa estar causando repercussões negativas à parte ou possa dar margem à interpretação dúbia.
Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do Código de Processo Civil, será apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda.
Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão.
Segundo já firmara a jurisprudência do STF e do STJ, o interesse processual na interposição do HD surge com a negativa do detentor em fornecer a informação. Se não há tal negativa, não há interesse processual para o remédio. Esse entendimento foi adotado na Lei 9.507:
STJ - Súmula 2: “NÃO CABE O HABEAS DATA (CF, ART. 5, LXXII, LETRA "A") SE NÃO HOUVE RECUSA DE INFORMAÇÕES POR PARTE DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA” (PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/1990, DJ 18/05/1990 p. 4359)
O STF adota o mesmo entendimento, afirmando que a recusa em fornecer a informação é indispensável à demonstração do interesse de agir no HD (RHD 22/DF, Min. Rei. Marco Aurélio, Plenário).
Assim, é necessária para propositura do HD prova do anterior indeferimento do pedido de informações de dados pessoais, ou da omissão em atendê-lo como também previsto no art. 8º. Ou seja, é imprescindível que o impetrante demonstre ter requerido antes administrativamente a informação.
Obs: grande parte da doutrina critica essa exigência, pois não consta expressamente do texto constitucional, não se podendo restringir uma garantia.
O art. 8º também exige que o HD seja apresentado em duas vias, e os documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda.
Art. 9° Ao despachar a inicial, o juiz ordenará que se notifique o coator do conteúdo da petição, entregando-lhe a segunda via apresentada pelo impetrante, com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de dez dias, preste as informações que julgar necessárias.
O coator tem o prazo de 10 dias para prestar “informações”
 
Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, quando não for o caso de habeas data, ou se lhe faltar algum dos requisitos previstos nesta Lei.
Parágrafo único. Do despacho de indeferimento caberá recurso previsto no art. 15.
Art. 11. Feita a notificação, o serventuário em cujo cartório corra o feito, juntará aos autos cópia autêntica do ofício endereçado ao coator, bem como a prova da sua entrega a este ou da recusa, seja de recebê-lo, seja de dar recibo.
Art. 12. Findo o prazo a que se refere o art. 9°, e ouvido o representante do Ministério Público dentro de cinco dias, os autos serão conclusos ao juiz para decisão a ser proferida em cinco dias.
O promotor de justiça deve ser ouvido no HD.
O rito é bastante abreviado: 10 dias para informações, 5 para o MP e 5 para o juiz
Não há fase instrutória. Como diz Daniel A. Neves, “A par da discussão de existência ou não da exigência de direito líquido e certo no habeas data – melhor entender que não, por ausência de expressa previsão nesse sentido –, não parece haver no procedimento previsto pela Lei 9.507/1997 espaço para produção de qualquer outra espécie de prova que não a documental, quando muito documentada” (in: Ações Constitucionais).
Embora não haja previsão de liminar (pois seria inegavelmente satisfativa), a doutrina admite a possibilidadede se pedir tutela de urgência com base no art. 300 do NCPC, em casos em que realmente estiverem presentes os requisitos.
Art. 13. Na decisão, se julgar procedente o pedido, o juiz marcará data e horário para que o coator:
I - apresente ao impetrante as informações a seu respeito, constantes de registros ou bancos de dadas; ou 
II - apresente em juízo a prova da retificação ou da anotação feita nos assentamentos do impetrante.
Art. 14. A decisão será comunicada ao coator, por correio, com aviso de recebimento, ou por telegrama, radiograma ou telefonema, conforme o requerer o impetrante.
Parágrafo único. Os originais, no caso de transmissão telegráfica, radiofônica ou telefônica deverão ser apresentados à agência expedidora, com a firma do juiz devidamente reconhecida.
Art. 15. Da sentença que conceder ou negar o habeas data cabe apelação.
Parágrafo único. Quando a sentença conceder o habeas data, o recurso terá efeito meramente devolutivo.
Quanto ao prazo para apelação, não havendo disposição específica da Lei 9.507, aplica-se o do CPC (15 dias), contado em dobro para a Fazenda e para o MP, conforme o CPC.
Sendo o recurso da sentença que conceder o HD recebido apenas do efeito devolutivo, o decisão deve ser cumprida de imediato.
Art. 16. Quando o habeas data for concedido e o Presidente do Tribunal ao qual competir o conhecimento do recurso ordenar ao juiz a suspensão da execução da sentença, desse seu ato caberá agravo para o Tribunal a que presida.
Art. 17. Nos casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos demais Tribunais caberá ao relator a instrução do processo.
Art. 18. O pedido de habeas data poderá ser renovado se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.
Art. 19. Os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto habeas-corpus e mandado de segurança. Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que, feita a distribuição, forem conclusos ao relator.
Parágrafo único. O prazo para a conclusão não poderá exceder de vinte e quatro horas, a contar da distribuição.
Art. 20. O julgamento do habeas data compete:
I - originariamente:
a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal;
c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do próprio Tribunal ou de juiz federal;
d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do Estado;
f) a juiz estadual, nos demais casos;
II - em grau de recurso:
a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão denegatória for proferida em única instância pelos Tribunais Superiores;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão for proferida em única instância pelos Tribunais Regionais Federais;
c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão for proferida por juiz federal;
d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e Territórios, conforme dispuserem a respectiva Constituição e a lei que organizar a Justiça do Distrito Federal;
III - mediante recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos na Constituição.
Este artigo repete disposições constitucionais como art. 102, I, d, art. 102, II, a, e art. 105, I, b, art. 108, I, c, art. 109, VIII.
Em razão da EC nº 45, o STF também tem competência para julgar o HD contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público (art. 102, I, r).
A Justiça do Trabalho tem competência para julgar HD quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição (CF, art. 114, IV).
Art. 21. São gratuitos o procedimento administrativo para acesso a informações e retificação de dados e para anotação de justificação, bem como a ação de habeas data.
A própria CF já isentou o HD e o HC de custas (art. 5º, LXXVII).
Art. 22. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 12 de  novembro  de 1997; 176º da Independência e 109º da República.
Enunciado:
Carlo Roberto da Foz, cidadão português, mas que residira durante trinta anos no Brasil e passara os últimos trinta anos de sua vida no exterior, decidiu retornar a este país.
Após fixar residência aqui, foi visitar os antigos colegas. Em uma conversa com um amigo, este lhe informou que ouvira um rumor de que constaria dos assentamentos do Ministério da Justiça que ele havia se envolvido em atividade terrorista realizada no território brasileiro, antes de retornar ao exterior.
Carlos decidiu averiguar a informação e apresentou uma petição ao Ministério da Justiça, requerendo cópia de todos os documentos de posse do referido ministério em que constasse o seu nome.
Dentro do prazo legal, Carlos obteve várias cópias de documentos. A cópia do processo entregue apresentava-o inicialmente como suspeito de participar de reuniões de grupos subversivos na época da ditadura militar. Porém, ao conferir a cópia que lhe foi entregue, percebeu que, além de faltarem folhas no processo, este continha folhas não numeradas.
Suspeitando de que as folhas faltantes no processo pudessem esconder outro documento em que constasse seu nome, Carlos formulou novo pedido ao Ministério da Justiça. Dessa vez, novamente dentro do prazo legal, recebeu comunicado de uma decisão que indeferia seu pedido, assinada pelo próprio ministro da Pasta em questão, no qual este afirmava categoricamente que o peticionário já recebera cópias de todos os documentos pertinentes.
Incrédulo e inconformado com a decisão, Carlos Roberto procurou os serviços de um advogado(a) para tomar a providência judicial cabível.
Prof. Luiz Henrique Boselli de Souza
Faculdade Direito – Mackenzie Campinas

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