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A INTERDEPENDÊNCIA NAS RELAÇÕES SINTÁTICAS

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A INTERDEPENDÊNCIA NAS RELAÇÕES SINTÁTICAS: A CORRELAÇÃO NO
CONTINUUM
ENTRE A DEPENDÊNCIA E A INDEPENDÊNCIA
1
 José Marcos de FRANÇA (PROLING/UFPB/CAPES)

 
“
Defender a classificação de orações comocorrelatas implica considerar a correlação um procedimento sintático diferente, e nãosimplesmente uma variante da coordenação e dasubordinação.
” (RODRIGUES, 2008, p. 231)
 
RESUMO:
 Neste artigo, temos por objetivo discutir e apresentar a correlação como um processo sintático que deveria figurar junto à coordenação e à subordinação, dentro de um
continuum
entre a independência e a dependência, que se caracteriza pela interdependência eque a classificação das orações vão além daquela apresentada pelas gramáticas normativas.Sob os aportes de estudos funcionalistas, mais precisamente a partir do
 princípio da marcação
 (CUNHA; COSTA; CEZARIO, 2003), após defender a correlação como um processosintático independente, procuramos mostrar que as orações correlativas se mostram maismarcadas no contexto semântico-pragmático que as coordenadas e as subordinadas e essamarcação lhes confere um maior poder argumentativo. Nosso trabalho se sustenta em Módolo(2009; 2005), Rodrigues (2008), Castilho (2010) e outros.
Palavras-chave
: Correlação; Interdependência; Princípio da marcação; Argumentação
Introdução
  Neste artigo, discutiremos a legitimidade da correlação como um outro processosintático, com base em estudos de bases funcionalistas, que se encontra em um
continuum
 entre a coordenação e a subordinação. Esse tipo de oração, no entanto, não foi agraciada pela NGB
2
como um processo sintático pertinente aos períodos compostos. Em geral, asgramáticas normativas, tradicionalmente, tratam apenas da coordenação e da subordinaçãocomo os únicos processos sintáticos da língua ligados à oração. Contudo, defenderemos aqui
1
Artigo apresentado à disciplina Tópicos em Sintaxe, do Programa de Pós-Graduação emLinguística, da Universidade Federal da Paraíba, ministrada pelo Prof. Dr. Camilo Rosa Silva,no período 2011.2, como pré-requisito parcial de avaliação.

Doutorando em Linguística pela Universidade Federal da Paraíba com projeto de pesquisavoltado para a formação do professor de língua materna no curso Letras português da UFS. E-mail: santanadefranca@yahoo.com.br . 
2
Assim como as correlativas, alguns autores apontam que as justapostas também ficaram defora. Ambas foram incorporadas às coordenadas e às subordinadas.
  
 
FACULDADE SÃO LUÍS DE FRANÇA Aracaju-SE, Brasil, 24 e 25 de novembro de 2012
que a correlação figura como um processo sintático que se caracteriza por ser interdependente, embora, quando mencionada, nas gramáticas, é em relação à coordenação ouà subordinação, como um subtipo desses processos. Na literatura linguística, o termo figura, inclusive, como verbete de dicionáriosespecializados de linguística, o que comprova a sua existência como um termo linguístico,embora, ainda, ligado aos outros dois processos. Segundo Rodrigues (2008) e Macambira(1999) esse reconhecimento da existência da correlação já estava presente nas discussões deimportantes gramáticos como José Oiticica e Rocha Lima, dois dos grandes gramáticos daLíngua Portuguesa e notórias autoridades do estudo da língua portuguesa. Já Mattoso CamaraJr. apesar de reconhecer a existência das relações correlativas não as aceita como um processodistinto da coordenação e da subordinação, alegando não haver necessidade destaclassificação já que elas apresentam características de uma e de outra, assim elas seriamsubtipos daquelas.É justamente a partir desses autores que o tema é retomado pelos estudos dasintaxe pelo viés da Linguística. Castilho (2010) traz a correlação, assim como Rodrigues(2008) e Módolo (2005, 2009), como um processo que se distingue da coordenação e dasubordinação. A coordenação se caracteriza por ser independente; a subordinação, por ser dependente; e a correlação, por ser interdependente. Nesse passo, também defenderemos que as orações correlativas, em comparaçãocom as orações coordenadas e as subordinadas correspondentes, são marcadas naquilo que o
 princípio da marcação
aponta como características próprias de uma estrutura marcada. Alémdisso, o fato de serem marcadas, faz com que elas sejam usadas em contextos bem marcadosde uso formal implicando um maior poder de argumentação que as suas correspondentes, ouseja, os aspectos argumentativos e semântico-pragmáticos aí implicados vão além de umaequivalência sintática e semântica como pregam as gramáticas normativas.Em nossa discussão, num primeiro momento, apresentamos os termos
correlação
 e
correlativo
como verbetes de dicionário. Em seguida, discutiremos o fenômeno dacorrelação como um processo sintático intermediário entre a coordenação e a subordinaçãodentro de um
continuum
. Por fim, discutiremos a correlação à luz do princípio da marcação, procurando mostrar que as orações correlativas são marcadas e argumentativamente maisfortes que as suas correlatas coordenadas e subordinadas.
  
 
FACULDADE SÃO LUÍS DE FRANÇA Aracaju-SE, Brasil, 24 e 25 de novembro de 2012
Os Verbetes Correlação/Correlativo
Comecemos este tópico com a seguinte afirmação de Rosário (2012, p. 2)
É marcante, em nossos compêndios, a polêmica quanto à existência e àcaracterização da correlação, entendida como processo sintático distinto dacoordenação e da subordinação. A maioria dos gramáticos tradicionais, por influência da Nomenclatura Gramatical Brasileira, não incluiu em suas obrasa correlação, apesar de esta apresentar especificidades bem particulares emrelação aos processos mais canônicos de estruturação sintática.
 Neste tópico, apresentamos os termos
correlação/correlativo
como verbetes dedois dicionários especializados e os seus sentidos em um dicionário comum. Com issoqueremos mostrar que tais termos tem entrada nos dicionários especializados de linguística, portanto, são termos que adquirem certa autonomia na terminologia da ciência da linguagem. Nesse sentido, veremos como no
 Dicionário de Lingüística e Gramática
, deMattoso Camara Jr., o verbete
correlação
é definido como:
Construção sintática de duas partes relacionadas entre si, de tal sorte que aenunciação de uma, dita
 prótase
, prepara a enunciação de outra, dita
apódose
. A correlação se estabelece
 – 
a) por coordenação, ou b) por subordinação, conforme o conectivo utilizado e a noção de seqüência ou desintagma, respectivamente, que daí decorre; a construção
condicional 
, em português, é uma correlação de subordinação; da mesma sorte o é acomparação e o
 símile
. Na estruturação das formas lingüísticas, dentro da língua (paradigma),considera-se como correlação a associação das formas por semelhança aolado da oposição por seus contrastes. (CAMARA JR., 1988, p. 87)
 Na definição de Mattoso Camara há uma relação com a coordenação e asubordinação, o que nos diz que o autor não reconhece a correlação como um processo aolado dos outros dois, mas sim como uma construção que se dá ou pode ocorrer em ambos os processos, em casos específicos, como os mencionados. Diferentemente de Mattoso Camara,vimos a correlação como um processo que se situa num
continuum
entre a coordenação e asubordinação, em vista disso, defendemos que ela apresenta características de ambas, mas nãose confundem com elas.Contudo, é pertinente observar que o autor recorre a aspectos semântico- pragmáticos e morfossintáticos para definir a correlação. Ao definir 
 prótase
e
apódose
entra
  
 
FACULDADE SÃO LUÍS DE FRANÇA Aracaju-SE, Brasil, 24 e 25 de novembro de 2012
no campo semântico-discursivo desses termos. Ao dizer que
“a enunciação de uma, dita
 prótase
, prepara a enunciação de outra, dita
apódose”
ele remete ao sentido e à relaçãoestabelecida entre as duas orações, que não é nem de dependência nem de independência esim de interdependência. Isso a caracterizaria como um processo que apresenta característicasde ambas, mas não se confundiria com elas.Já no dicionário de Jean Dubois, o verbete
correlativo
 
é assim definido: “1. Diz
-seque dois termos são correlativosquando indicam uma relação de dependência entre a oração principal (ou matriz) e a oração subordinada
” (DUBOIS,
2006, p. 160). Vemos em Duboisuma certa divergência com relação ao definido por Mattoso Camara. Aqui não encontramosuma referência à relação de interdependência, mas sim de dependência, o que remete àsubordinação e nenhuma ligação com a coordenação. Por inferência, podemos afirmar que para Dubois não há relação de correlação no processo sintático da coordenação nem tampoucoreconhece como um processo sintático, seja em um
continuum
seja à parte dos dois outros processos.Em um dicionário comum, ou seja, não especializado, de sinônimos, como o
 Novo Dicionário da Língua Portuguesa
, o verbete
correlação
apresenta os seguintes significados:
“1. Relação mútua entre dois termos. 2. Qualidade de correlativo. 3. Correspondência”
(FERREIRA, 1986, p. 483). Aqui o sentido de correlação na entrada 1 fala em relação entredois termos de forma mútua, esse sentido é o que temos de mais próximo com o sentidoapresentado por Mattoso Camara, pois a relação de mutualidade implica uma relação de
“correspondência”, como está na entrada 3.
 Macambira (1999) ressalta para as conjunções subordinativas consecutivas ecomparativas como sendo as únicas que resistem à inversão, pois, diz o autor, que a possibilidade de inversão na ordem das orações é uma característica que marca e diferencia aoração coordenada, que não admite tal inversão, da subordinada. Sendo assim, o autor expõealguns pontos de vista sobre a questão em tela e apresenta em seguida a sua posição assumida:
Por esta e outras causas, escreve Carreter (19) que às vezes as consecutivas eas comparativas são incluídas entre as coordenativas (1962, 92). José Oiticica(64) e Rocha Lima (50) vão mais avante, e criam, a par das coordenativas edas subordinativas, a categoria das conjunções correlativas.
“Introduzem uma frase em que se exprime um pensamento pre
so, não à ação principal com que apenas se coordena, mas a um termo
intensivo
, claro ouoculto. São:
que
e às vezes
como
:a)
 
Subi tanto, que perdi o fôlego;
  
 
FACULDADE SÃO LUÍS DE FRANÇA Aracaju-SE, Brasil, 24 e 25 de novembro de 2012
 b)
 
Esforçou-se de maneira tal, que
adoeceu.” (OITICICA, 64, p.
66)
“Não há interdependência das orações
componentes, como na coordenação,nem subdependência como na subordinação. Existe, a rigor,
 paradependência.” (ROCHA LIMA, 50, p. 69)
  Não negamos a natureza um tanto híbrida que ressumbra [se revela, deixatransparecer] das consecutivas e comparativas, mormente [principalmente,sobretudo]
como
; parece-nos entretanto mais simples incluí-las entre assubordinativas, do que abrir a subclasse das correlativas, categoria mista
 – 
 nem coordenativa, nem subordinativa. (MACAMBIRA, 1999, p. 71)
Sobre a posição assumida por Oiticica, Rosário (2012, p. 5) faz a seguinte ponderação:
O estudo do autor, contido na célebre
Teoria da Correlação
(1952), advoga aexistência da correlação como um mecanismo de estruturação sintática ou procedimento sintático em que uma sentença estabelece uma relação deinterdependência com a outra no nível estrutural. Assim, a distinção entre acorrelação e os outros processos de estruturação poderia ser atestada por meiodo critério da dependência sintática.
Rosário cita ainda o posicionamento de Gladstone Chaves de Melo que é em favor de uma classificação que inclua a correlação como um terceiro processo sintático. SegundoRosário, Melo (1978)
“
também considera a correlação como um terceiro processo deestruturação sintática, distinto da subordinação e da coordenação
” (
2012, 6). Citando Melo,afirma o referido autor:
(A correlação) é um processo sintático irredutível a qualquer dos outros dois(subordinação ou coordenação), um processo mais complexo, em que há, decerto modo, interdependência. Nele, dá-se a intensificação de um dos membrosda frase, ou de toda a frase, intensificação que pede um termo. (MELO, 1978, p.152 apud ROSÁRIO, 2012, p. 6)
O termo aparece nas gramáticas normativas sempre associado ou à coordenação ouà subordinação. Mesmo em autor de assumida postura linguística como Azeredo (2000), fala-se apenas em
coordenação correlativa
. Diz o autor que ela
Realiza-
se por meio dos pares ‘ou…ou’, ‘ora…ora’, ‘quer…quer’,‘não…nem’ – 
exprimem
disjunção
 
 – 
 
‘não só…mas também’, ‘não só…senãotambém’, ‘não apenas…mas ainda’, ‘tanto…como’ – 
que exprimem
união
 
 – 
 
‘senão…ao menos’, ‘não…mas’, ‘mas…não’, – 
que exprimem
 preferência/compensação
. (AZEREDO, 2000, p. 118)
  
 
FACULDADE SÃO LUÍS DE FRANÇA Aracaju-SE, Brasil, 24 e 25 de novembro de 2012
Em Kury (2006) aparece o termo “correlatas” quando o autor ab
orda as oraçõessubordinadas consecutivas em que ele classifica-as como
“orações consecutivas correlatas”
daseguinte forma:
“m
ais comuns são as orações consecutivas encabeçadas pela conjunção
que
 em correlação com um termo intensivo (
tão, tanto, cada, tamanho
, etc.) da oração principal”
(KURY, 2006, p. 98); e quando se refere às proporcionais, em que as correlatas figuram comou
m tipo dessas, assim exposto: “c
orrelatas, em que o termo intensivo que introduz a oraçãosubordinada (
quanto mais, quanto menos, quanto melhor, quanto pior 
) se acha em correlaçãocom outro que introduz a chamada oração principal (
mais, menos, tanto mais, tanto menos,
etc.)” (KURY, 2006, p. 104).
 Vimos até aqui que os autores preferem colocar a correlação como um subtipo dasorações coordenadas e das subordinadas, quando isso acontece, pois a maioria dos gramáticosdesconsidera ou simplesmente ignoram-na como um processo sintático independente.
A Correlação como Processo Sintático numa Proposta Funcionalista: entremeio
Em Rodrigues (2008) encontra-
se a seguinte explanação: “a correlação é o
mecanismo sintático diferente da coordenação e da subordinação, embora normalmente sejaconsiderada ora um subtipo da subordinação, ora um outro procedimento sintático, ou sequer seja menciona
do” (p. 225) para em seguida dar a definição: “entende
-se por correlação omecanismo de estruturação sintática ou o procedimento sintático em que uma sentençaestabelece uma relação de interdependência com a outra no nível estrutural
” (idem)
. Diz aindaa a
utora que “na correlação, nenhuma das orações subsiste sem a outra, porque, na verdade,elas são interdependentes” (idem).
 O que caracteriza a correlação principalmente é o fato de que ela
“
tem sua conexãoestabelecida por elementos formais, expressões que compõem um par correlativo, estando
cada um de seus componentes em orações diferentes” (RODRIGUES, 2008, p. 225). A partir 
desse estabelecimento marcado pela característica estrutural, é que se pode falar das possibilidades de correlação dentre a classificação tradicional das orações coordenadas esubordinadas: correlação aditiva, correlação alternativa, correlação comparativa, correlação proporcional e correlação consecutiva. Saliente-se que aqui não se fala em oração principal oucoordenada sindética, mas, apenas, em orações correlativas.
  
 
FACULDADE SÃO LUÍS DE FRANÇA Aracaju-SE, Brasil, 24 e 25 de novembro de 2012
A autora traz a lume a discussão sobre
 parataxe
e
hipotaxe
, em que a primeirainclui todos os tipos de justaposição e a segunda, todos os tipos de dependência, e asubordinação. Diante disso, Rodrigues (2008, p. 227) faz a seguinte consideração distintiva:

 
 Parataxe
implicaria independência relativa, ou seja, o vínculo entre orações dependeapenas do sentido e da relevância da relação entre elas.

 
 Hipotaxe
implicaria dependência entre um núcleo e margens, mas não encaixamentoda margem em um constituinte do núcleo.

 
Subordinação
implicaria dependência completa entre núcleo e margem(ns) e, portanto,encaixamento de toda a margem em um constituinte do núcleo.Para esta última, diz a autora que ela se divide em três tipos:1. aquelas que funcionam como sintagmas nominais
 – 
 
completivas
;2. aquelas que funcionam como modificadores de nomes
 – 
 
adjetivas
;3. aquelas que funcionam como modificadores de sintagmas verbais ou de orações inteiras
 – 
 
adverbiais.A autora apresenta as seguintes características das orações correlatas, no sentidode deixar claro o porquê da distinção entre aquelas e as coordenadas e subordinadas: a) acorrelação apresenta conjunções que vêm aos pares, cada elemento do par em uma oração; b)no período composto por correlação, as orações não podem ter sua ordem invertida, isto é,não apresentam a mobilidade posicional típica das subordinadas adverbiais; c) as correlatasnão podem ser consideradas parte constituinte de outra, como ocorre com as substantivas, asadverbiais e as adjetivas.Citando Oiticica, Rodrigues (2008, p. 231) diz que ele
“[…]
 propõe uma tipologia para as orações, em que distingue quatro processos sintáticos: coordenação, subordinação,
correlação e justaposição.” Rodrigues acre
scenta ainda que para
o referido gramático “[…]
nem todas as orações subordinadas adverbiais funcionam como adjuntos; para ele,
consecutivas e comparativas são correlatas” (idem).
Vemos que Oiticica propõe umaclassificação que coloca a correlação e a justaposição como processos sintáticos distintos dacoordenação e da subordinação, no entanto, como sabemos, a NGB não considerou acorrelação como um dos processos sintáticos e a justaposição foi incluída na coordenaçãocomo
orações coordenadas assindéticas
(aquelas que vêm sem a presença de conjunção, justapostas por meio de sinal de pontuação).Em Castilho (2010) encontramos a seguinte afirmação:
  
 
FACULDADE SÃO LUÍS DE FRANÇA Aracaju-SE, Brasil, 24 e 25 de novembro de 2012
A criação das conjunções correlatas é, portanto, mais uma consequência do processo de redobramento.O arranjo sintático que daí resultou recebeu o nome de correlação, que
significa “relacionamento simultâneo”.
Aparentemente, Oiticica (1952: 22-40)foi o primeiro a destacar que as relações de coordenação e de subordinaçãonão captam todas as possibilidades de relacionamento intra ou intersentencial.
Castilho nos coloca, fazendo referência também a Oiticica, que os processossintáticos da coordenação e da subordinação não são suficientes para explicar todos os casosde relações sintáticas que impliquem duas orações. A correlação viria preencher o vaziodeixado pela insuficiência das outras duas relações, posto que não haveria, necessariamente,uma relação de coordenação ou de subordinação em toda e qualquer situação.É pertinente para esta discussão o que observa Módolo:
Uma proposta mais coerente é substituir a dicotomiacoordenação e subordinação por um
continuum
, assim como já opropuseram Susumu Kuno (1973) e Talmy Givón (1990), entreoutros. Nesse sentido, a correlação é entendida como uma
etapa intermedi
ária recortando esse
continuum
e dividindopropriedades ora com as coordenadas, ora com as subordinadas.
(MÓDOLO, 2005, p. 1
71)
É seguindo nessa esteira, junto com Módolo, que defendemos a correlaçãocomo um processo intermediário, de entremeio num
continuum
entre a coordenação e asubordinação. Módolo (2009) apresenta pelo menos oito tipos de correlação: aditiva,alternativa, comparativa, consecutiva, proporcional (já citadas pelas gramáticas), equiparativa,hipotética e diferençativa (estas últimas são novidades, até então).Em seguida o autor aponta que há duas formas de se construir, numa perspectivafuncionalista, os pares correlativos:

 
Correlatas espelhadas: correlação formada pela repetição do mesmo elementoconjuntivo.

 
Correlatas não-espelhadas: correlação formada pela repetição de elementosconjuntivos distintos.O autor diz que as correlativas estão em uma posição intermediária entrecoordenação e subordinação, seguindo um
continuum
, pois “a correlação é entendida como
  
 
FACULDADE SÃO LUÍS DE FRANÇA Aracaju-SE, Brasil, 24 e 25 de novembro de 2012
uma etapa intermediária recortando esse
continuum
e dividindo propriedades ora com as
coordenadas, ora com as subordinadas” (MÓDOLO, 2009, p. 3).
A proposta de um contínuo éfruto dos estudos funcionalistas que apontam para uma relação que não é de independência oude dependên
cia, mas sim, de interdependência, ou seja, “a estrutura das duas orações que secorrelacionam está estreitamente vinculada por expressões conectivas” (MÓDOLO, 2009, p.
6).
A Correlação e o Princípio da Marcação: Implicações Semântico-Pragmáticas
 Neste tópico discutiremos a correlação a partir do
 princípio da marcação
, emrelação à coordenação e à subordinação, defendendo que aquela se mostra mais marcada queestas. Aqui seguiremos o que nos diz Cunha, Costa e Cezario (2003, p. 34):
O princípio de
marcação
, herdado da lingüística estrutural desenvolvida pelaEscola de Praga, estabelece três critérios principais para a distinção entrecategorias marcadas e categorias não-marcadas, em um contraste gramatical binário:a)
 
complexidade estrutural: a estrutura marcada tende a ser mais complexa(ou maior) que a estrutura não-marcada correspondente; b)
 
distribuição de freqüência: a estrutura marcada tende a ser menosfreqüente do que a estrutura não-marcada correspondente;c)
 
complexidade cognitiva: a estrutura marcada tende a ser cognitivamentemais complexa do que a estrutura não-marcada correspondente.Incluem-se, aqui, fatores como esforço mental, demanda de atenção etempo de processamento.
É a partir dessas características que colocamos em confronto as seguintesestruturas:a)
 
O bom aluno estuda
e
cumpre o que é necessário. b)
 
O bom aluno
não só
estuda
mas também
cumpre o que é necessário.De acordo com a gramática normativa, essas duas sentenças são sintática esemanticamente equivalentes. Confrontando as duas estruturas, verificamos, no entanto, que asentença
b
apresenta uma estrutura mais complexa, maior que a sentença
a
; que é menosfrequente na fala/uso dos falantes do que a sentença
a
; que é mais complexa cognitivamente, pois requer um esforço mental, atenção e tempo maiores para o processamento, ou seja, o
  
 
FACULDADE SÃO LUÍS DE FRANÇA Aracaju-SE, Brasil, 24 e 25 de novembro de 2012
 processo da compreensão é mais complexo. No entanto, como observa Givón (apud CUNHA; COSTA; CEZARIO, 2003), é preciso admitir que a marcação é dependente do contexto, por isso, uma estrutura marcada em
um contexto pode não ser em outro, portanto, deve “[…] ser explicada com base em fatorescomunicativos, socioculturais, cognitivos ou biológicos” (p. 34). Isso implica dizer,
necessariamente, no caso das orações correlatas, que se deve levar em conta o contexto emque foram empregadas porque isso implica a relação de sentido estabelecida, ou seja, oaspecto semântico-pragmático é fundamental no estabelecimento de um sentido. Nosexemplos acima, não é possível afirmar que ambas as sentenças dizem a mesma coisa, têm omesmo sentido. A estrutura marcada, a nosso ver, apresenta-se com um poder argumentativo bem mais forte que a estrutura não marcada. O falante que usa a estrutura
b
, quer dizer,transmitir bem mais que uma simples enumeração de atos atribuídos ao bom aluno.Esses mesmos aspectos podem ser observados em relação às sentenças a seguir:c)
 
Esta menina é bonita como a mãe.d)
 
Esta menina é tão bonita quanto a mãe.e)
 
Esta menina é mais bonita (do) que a mãe.Essas sentenças não apresentam do ponto de vista semântico-argumentativo amesma implicação de sentido. A sentença
d 
é mais enfática que a sentença
c
, embora ambasapresentem uma relação semântica de comparação, mas a presença do elemento intensificador 
do par “tão…quanto” faz com que a ênfase a ess
a beleza seja dada com maior intensidade,como a dizer que não se trata de uma simples beleza e que a beleza da menina em nada ficadevendo a da mãe. E na sentença
e
 
o par “mais…(do)que” do ponto de vista argumentativo e
da marcação se mostra mais forte enfaticamente que a relação estabelecida pelo o
como
. Neste ponto, cabe o que nos diz Módolo sobre a relação de correlaçãoconjuncional e o seu emprego quando se quer 
estabelecer ‘uma coesão forte’ em textos
enfáticos:
Assim, a correlação conjun
cional pode ser caracterizada como um
tipo de conexão sintática de uso relativamente freqüente,particularmente útil para emprestar vigor a um raciocínio,estabelecendouma coesão forte entre sentenças ou sintagmas, e
aparecendo principalmente nos textos a
pologéticos e enfáticos.A correlação exerce aí um papel importante, pois concorre paraque se destaquem as opiniões expressas, a defesa de posições, a

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