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23.10.2020 Farmacologia Geral Aula 10 – Profa.Alheteia Ansiolíticos e Hipnóticos Fármaco Ansiolítico é o primeiro grau de sedação do SNC. Reduz a ansiedade e exercer um efeito calmante. Fármaco Hipnótico produzir sonolência e estimular o início e a manutenção de um estado de sono. Os efeitos hipnóticos envolvem uma depressão mais pronunciada do SNC do que a sedação. ∴Um fármaco sedativo diminui a atividade, modera a excitação e acalma a pessoa que o recebe, ao passo que um fármaco hipnótico produz sonolência e facilita o início e a manutenção do sono que lembra o natural em suas características eletroencefalográficas e do qual o indivíduo pode ser facilmente acordado. ∴A sedação é um efeito colateral de muitos fármacos que geralmente não são depressores do SNC (p. ex., agentes anti- histamínicos e antipsicóticos). Ansiedade o Aumento da vigilância o Secreção de corticosteroides o Emoções negativas o Hiperatividade autonômica o Efeitos Somático Interferência com as atividades produtivas normais. Ansiedade Patológica: percebe-se com comprometimento do desempenho. Normalmente, esta correlacionado quando a ansiedade interfere com a produtividade da pessoa; haverá uma interferência nas relações interpessoais. Transtornos de Ansiedade Generalizado (TAG) - Estado permanente de ansiedade excessivo. Transtornos de Ansiedade Social - Medo de estar e interagir com pessoas. Transtorno do pânico - Ataques súbitos de medo. Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) - Desencadeado por lembranças estressores Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) - Comportamento compulsivo ritualista Fobias - Medo de objetos ou situações específicas. Visão Geral Ansiolíticos o Benzodiazepínicos o Antidepressivos o Buspirona o Antiepilépticos o Antipsicóticos o β-bloqueadores Hipnóticos o Benzodiazepínicos o Agonistas seletivos GABAA o Agonistas melatoninérgicos Classes de Fármacos Ansiolíticos Benzodiazepínico Utilizado para: o Tratar a ansiedade aguda (“SOS") e a insônia o Rápido controle de ataques de pânico o Podem ser usados durante a estabilização de um paciente iniciou tratamento com antidepressivo. - Efeito rápido, consegue controlar o individuo até o antidepressivo fazer efeito; contudo, devido aos problemas indesejados, a longo prazo, pode prejudicar a memoria anterógrada de memoria mais recente (interferindo no aprendizado). o Efeitos secundários indesejáveis: amnésia, redução da coordenação motora, tolerância e dependência física O que difere um ansiolítico de um hipnótico será a dose aplicada. Barbitúricos – fármaco de uso terapêutico mais estreito. 2 Benzodiazepínicos – fármaco relativamente mais seguro em relação aos barbitúricos, pois ele não passa de níveis anestésicos. Já os barbitúricos, ministrados em excesso, podem levar ao coma. *Benzodiazepínico (Diazepam) estabiliza e o antidepressivo trata. ∴Os sedativo-hipnóticos benzodiazepínicos pode ocorrer coma com doses muito altas, nem a anestesia para cirurgia nem a intoxicação fatal é produzida por benzodiazepínicos na ausência de outros fármacos com ações depressoras do SNC; uma exceção importante é o midazolam, que foi associado a redução do volume respiratório e da frequência respiratória. Além disso, existem antagonistas específicos dos benzodiazepínicos. ∴ Apenas dois dos efeitos desses fármacos resultam de ações periféricas: a vasodilatação coronária, observada após administração intravenosa de doses terape ̂uticas de certos benzodiazepínicos, e o bloqueio neuromuscular, que se observa apenas com doses muito altas. Fármacos Antidepressivos (ISRSs, ISRSNs, ADTs) Eficazes no tratamento do distúrbio de ansiedade generalizada, fobias, distúrbio da ansiedade social e distúrbio do estresse pós-traumático. Necessário 3 ou mais semanas para os efeitos aparecerem. Primeira linha no TAG e ansiedade crônica. Buspirona Agonista do receptor 5-HT1A Alguns fármacos antiepilépticos (p. ex., gabapentina, pregabalina, valproato e levetiracetam) têm propriedades ansiolíticas Alguns agentes antipsicóticos podem ser utéis para tratar algumas formas de ansiedade, mas têm efeitos secundários significativos Os antagonistas β-adrenérgicos são utilizados principalmente para reduzir os sintomas físicos da ansiedade (tremor, palpitações etc.); não têm efeito no componente afetivo. Benzodiazepínicos A primeira molécula desse grupo foi descoberta em 1961, o Clordiazepóxido, ao qual, possui diferenças no comportamento farmacocinético. Substancia sintética descoberta acidentalmente. Possui muitos anéis aromáticos, aumenta sua composição lipofílica + uma porção alógena, sendo essencial para o efeito ansiolítico. Ação mais curta – hipnóticos. Ação mais longa – ansiolíticos e sedativos. Neurotransmissor GABA (ácido gama- aminobuírico) = principal neurotransmissor inibidor do SNC. Alvo do GABA = receptores do tipo GABA (GABAA, GABAB e GABAC). Receptor acoplado a proteína Gi → inibem a enzima adenilato-ciclase, → reduz AMPc → abertura dos canais de K (pós-sinaptico = hiperpolarização) → fechamento dos canais de cálcio (pré- sináptico = diminui exocitose). Receptores GABAA Receptores do tipo GABAA é um canal iônico, ou seja, inotrópico. Quando o GABA se liga a esse canal, ele abre e responde a íons de cloreto gerando a hiperpolarização. Quando mais hiperpolariza, mais difícil de despolarizar, diminuindo a excitabilidade, diminuindo o efeito inibitório. Glutamato – neurotransmissor excitatório; se liga em receptores AMPA, NMDA e CAINATO. 6 subtipos subunidade 𝜶, 4 subtipos β e 3 subtipos 𝜸. 3 BZDs ligam-se através da interface entre as subunidades 𝜶 e β, mas apenas as isoformas que contêm as subunidades 𝜸 2 e 𝜶 1, 𝜶 2, 𝜶 3 ou 𝜶 5. *O ligante endógeno sempre vai gerar uma resposta acoplada ao tipo de receptor. O agonista endógeno (que é o neurotransmissor sempre vai gerar efeito) pode ser inibitório ou excitatório Mecanismo de ação Aumento da frequência da abertura dos canais GABAA → aumenta inibição da transmissão sináptica do SNC modulador alostérica positivo 1. aumenta a frequência de abertura 2. Seu sitio de ligação será diferente do sítio de ligação do GABAA 3. O efeito só ocorre na presença do agonista endógeno, potencialização a ação do GABA. IMAGEM: o curva azul deslocada para esquerda representa um aumento da potencia do neurotransmissor – precisa-se de uma quantidade menor de GABA para ter a mesma magnitude dos ions cloreto (hiperpolarização). Benzodiazempinico liga-se → altera a conformação → GABA terá maior afinidade pelos sítios de ligação → aumento na potencia → deslocando a curva para esquerda 𝛼1: efeitos sedativos, hipnótico, anticonvulsivante 𝛼 2: efeito ansiolítico 𝛼 2, 𝛼 3 e 𝛼 5: relaxamento muscular 𝛼 1 e 𝛼 5: amnésia *GABAA, os subtipos 𝛼2,3 e 5 predominam em neurônios motores inferiores. *Depende do subtipo de receptor, modulador e de onde esse subtipo predomina no sistema nervoso que atua. Principais Efeitos dos Benzodiazepínicos Redução da ansiedade e agressão o Tratar estados de ansiedade aguda e emergências comportamentais o Pré-medicação antes de procedimentos curtos e invasivos o Midazolam: induzir anestesia Hipnótico Efeitos Anticonvulsantes o Clonazepam, diazepam e lorazepam - tratamento da epilepsia o IV: controle do estado de mal epiléptico o Diazepam: via retal em crianças, controle de crises epilépticas agudas Redução do tônus muscular o Ação nos receptores GABAA na medula (interneurônios inibitórios) o A redução do tônus muscular aparente é possível sem considerável perda de coordenação - Devido a essa subunidade, ele não seria um bom anestesico 4 Amnésia anterógrada o Importante para “esquecer” de procedimentos invasivos o Em uso prolongado,Interfere no aprendizado o Flunitrapam – “boa noite cinderela” - efeito perigoso, potencializando a sedação, o individuo ficará letagico, fala arrastada, sonolência e não irá lembrar do que foi feito. Aspectos Farmacocinéticos Bem absorvidos quando administrados oralmente Vias intravenosa ou retal (sangue → órgão mais profundidos [cérebro + cérebro] → atravessa a barreira hematoencefálica no cérebro. *Se acumular em tecido adiposo, aumenta o tempo de meia visa, devido a diminuição da sua excreção, pois só começa a sair desse tecido quando as concentrações dos outros lugares sair – efeito de ressaca – sedação diurna do individuo. Alta solubilidade lipídica – importante para atravessar as barreiras, ex.: hematoencefálica. Quanto mais lipossolúvel, mais rápido será seu início de ação. Interações via CYP3A4 – importante metabolizador. Compostos de ação de curta, média e longa duração o curta duração: úteis como hipnóticos, com poucos efeitos de ressaca ao acordar o longa duração: úteis como ansiolíticos e anticonvulsivantes Interação farmacodinâmica (potencialização do efeito sedativo), interação farmacocinética (álcool inibe a potencialização) = toxicidade * álcool atuará como inibidor da CYP3A4, inibindo a potencialização, aumento de meia vida, aumento de níveis plasmáticos do benzodiazepínico gerando a toxicidade. Desmetildiazepam: metabólito ativo meia-vida de cerca de 60 h → efeito cumulativo, ressacas prolongadas com uso repetitivo. Os compostos de curta duração: metabolizados diretamente pela conjugação com glicuronídeo *Ácido glicurônico: utilizado em metabolismo de 2ª fase. Metabolismo direta de curta duração pela conjugação com glicuronídeo. Usos Clínicos dos Sedativos-Hipnóticos Efeitos Indesejáveis Advindos do uso terapêutico Toxicidade ocasionada por overdose- pessoas com problemas respiratórios, metabólicos, cardíacos, casos de interação (alcoólica, Opioides), intolerância. Tolerância e dependência – síndrome de abstinência caracterizado por sintomas físicos. 5 Efeitos Colaterais Durante o Uso Terapêutico Sonolência, confusão mental, sensação de “ressaca” Amnésia anterógrada Comprometimento da coordenação motora Precaução com idosos Mesmo os compostos com ação de curta duração podem produzir dificuldade no desempenho laboral e na capacidade de condução. Critérios de Beers – 2019 Lista de medicamentos que podem ser perigosos para idosos. Tabela 5: Medicamentos com interações medicamentosas entre as drogas o Evitar o uso de opioides em pacientes que utilizem benzodiazepínicos, gabapentina ou pregabalina por maior risco de sedação excessiva e depressão respiratória; o O uso de agentes que atuam no SNC (antidepressivos, antipsicóticos, benzodiazepínicos, antagonistas dos receptores benzodiazepínicos, antiepilépticos e opioides) de modo simultâneo em mais de três drogas foi colocado em uma única recomendação de cautela por aumento do risco de queda (até então se considerava cada fármaco em separado); Toxicidade Aguda São consideravelmente menos perigosos que outros fármacos ansiolíticos/hipnóticos Rebaixamento de consciência com depressão grave das funções respiratória e cardiovascular Depressão aditiva do SNC com etanol e outras substâncias Antagonista: flumazenil Antagonista competitivo Usos: intoxicação por benzodiazepínicos (normalmente usado apenas se a respiração está gravemente deprimida) - I.V Rápida ação, efeito dura 2h Pode precipitar a síndrome de abstinência aguda Podem ocorrer convulsões - isso é mais frequente nos pacientes que fazem uso de antidepressivos tricíclicos. *Naloxexona (IV, emergência); Naltrexona (VO, ambulatorial) Tolerância e Dependência o Tolerância: alteração em termos do receptor (infrarregulação, tempo de ocupação), mas o mecanismo não é bem compreendido o Tolerância ao efeito hipnótico é menor o Interrupção abrupta → síndrome de abstinência: aumento de ansiedade rebote durante semanas ou meses, com tremor, nervosismo, confusão mental, tonturas, zumbidos, agitação e insônia Flumazenil 6 Outros Fármacos Ansiolíticos Buspirona Agonista parcial dos receptores 5-HT1A o Expressos nos corpos celulares serotoninérgicos dos núcleos da rafe (autorreceptores) e em neurônios póssinápticos no hipocampo o *fecha canais de cálcio em níveis pré-sinapticos; em pós- sinaoticos abem canais de potássio. o Inibitório (Gi) o Agonista 5-HT1A → início ação mais prolongado o Também inibe a atividade de neurônios noradrenérgicos no locus coeruleus, interferindo nas reações de excitação o Também tem ação em receptores D2 o Sem efeito sedativo e hipnótico o Sem propriedades anticonvulsivantes ou miorrelaxantes o Menor risco de dependência e abstinência o Não potencializa ação de outros sedativos o Mais efetiva no TAG o Menos efetiva na ansiedade grave e nos transtornos do pânico Efeitos adversos: Náuseas, tontura, cefaleia, inquietação. Hipnóticos Insônia: transitória ou crônica Tratamento não farmacológico Um bom hipnótico: o Reduzir latência até o sono o Proporcionar sono com duração suficiente o Mínimo efeito de ressaca o Pouco efeito na atividade motora durante a vigília Fármacos hipnóticos utilizados: o Benzodiazepínicos de curta duração o Agonistas seletivos GABAA - Zolpidem, Zaleplon, Zopiclona o Agonistas dos receptores da melatonina MT1 e MT2 - melatonina e ramelteona (Rozerem ®) o Anti-histamínicos (ex: difenidramina e prometazina) o Antagonista dos receptores de orexina (OX1 e OX2) – suvorexant *Orexina – presentes no hipocampo, maiores quantidade aumentam o tempo de vigília no sono. Benzodiazepínicos Diminui latência até o sono e aumentam a duração do sono NREM Agentes de curta duração produzem menor efeito “ressaca” Diazepam: efeito de ação mais longo → tratar a insônia associada a ansiedade diurna Tolerância: 2 semanas Usar o menor tempo possível Insônia rebote após cessar uso Hipnóticos mais Recentes Ação semelhante dos BZDs, alvo é GABAA o são agonistas que interagem seletivamente com receptores que contém subunidade 𝛼1 Rapidamente absorvidos no TGI, rápido início de ação e meia-vida de eliminação curta. Encurtam o tempo de indução do sono, reduzem o número de despertares noturnos e aumentam o tempo total de sono o modificam menos a arquitetura do sono do que os BZDs Não tem propriedades anticonvulsivantes, ansiolíticas e miorrelaxantes dos BZDs Poucos efeitos amnésicos Poucos efeitos de abstinência Risco de dependência e indonia rebote. Principais efeitos colaterais do zolpidem (relacionados com a dose) o sonolência e tontura (5%) o dor de cabeça (3%) o sintomas gastrointestinais (4%) 7 o problemas de memória (1% a 2%) o pesadelos (1% a 2%) o confusão mental (1% a 2%) Agonistas de Melatonina Receptores MT1 e MT2 são envolvidos na regulação do sono o Reduzem latência do sono o Pouco efeito na arquitetura do sono o Sem sintomas significativos de abstinência o Eficazes para tratar insônia em idosos e crianças autistas https://www.youtube.com/watch?v=M Rr6Ov2Uyc4&feature=youtu.be ∴Sistema Nervoso Central Embora os benzodiazepínicos modifiquem a atividade de todos os níveis do neuroeixo, algumas estruturas são preferencialmente afetadas. Os benzodiazepínicos não produzem os mesmos graus de depressão neuronal produzidos pelos barbitúricos e anestésicos voláteis. Todos os benzodiazepínicos têm perfis farmacológicos similares. Entretanto, esses fármacos diferem em seletividade e assim a utilidade clínica de cada um deles varia consideravelmente. À medida que a dose de um benzodiazepínico é aumentada, a sedação progride para a hipnose e daí para o estupor. Os benzodiazepínicos parecem exercer a maior partedos seus efeitos interagindo com receptores de neurotransmissores inibitórios ativados diretamente por GABA. Os receptores inotrópicos GABAA são constituídos de cinco subunidades que se dispõem de modo a formar um canal de cloreto completo. Eles são responsáveis pela maior parte da neurotransmissor inibitório no SNC. Os benzodiazepínicos atuam nos receptores GABAA ligando-se diretamente a um local especifico distinto do ponto de ligação do GABA. Ao contrário dos barbitúricos, os benzodiazepínicos não ativam os receptores GABAA diretamente; em vez disso, os benzodiazepínicos atuam de maneira alostérica modulando os efeitos do GABA. Os benzodiazepínicos e os análogos do GABA ligam-se a seus respectivos locais nas membranas cerebrais com afinidade nanomolar. Os fármacos modulam a ligac ̧ão do GABA e este altera a ligação dos benzodiazepínicos de modo alostérico. Os agonistas no local de ligação dos benzodiazepínicos deslocam para a esquerda a curva de concentrac ̧ão- resposta do GABA, ao passo que os agonistas inversos desviam a curva para a direita. Um desses antagonistas, o flumazenil, é usado clinicamente para reverter os efeitos de altas doses de benzodiazepínicos. Os resultados comportamentais e eletrofisiológicos dos benzodiazepínicos também podem ser reduzidos ou preveni- dos pelo tratamento prévio com antagonistas do local de ligação do GABA (p. ex., bicuculina). Respiração. Em doses mais altas, como as usadas para medicação pré- anestésica ou para endoscopia, os benzodiazepínicos deprimem levemente a ventilação alveolar e causam acidose respiratória não como consequência da redução do estímulo hipercápnico, mas sim do estímulo hipóxico; esses efeitos são maiores em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), o que pode resultar em hipóxia alveolar e/ ou narcose por CO2. Eles podem causar apneia durante a anestesia ou quando administrados com opioides. Pacientes gravemente intoxicados por benzodiazepínicos requerem assistência respiratória apenas quando ingerirem outro fármaco depressor do SNC, mais comumente o etanol. Em contraste, doses hipnóticas de benzodiazepínicos podem piorar os distúrbios respiratórios relacionados ao sono, por afetarem de maneira adversa o controle sobre os músculos das vias respiratórias superiores, ou por diminuírem a resposta ventilatória ao CO2. Este último efeito pode causar hipoventilação e hipoxemia em alguns pacientes com DPOC grave, embora os benzodiazepínicos possam, em algumas instâncias, melhorar o sono e a sua estrutura. Em pacientes com apneia obstrutiva do sono (AOS), doses hipnóticas de benzodiazepínicos podem diminuir o tônus muscular das vias respiratórias superiores e exagerar o impacto dos episódios apneicos sobre a hipóxia alveolar, a hipertensão pulmonar e a carga ventricular cardíaca. Muitos clínicos consideram a presença de AOS como 8 uma contraindicação ao uso de álcool ou de qualquer agente sedativo hipnótico, incluindo os benzodiazepínicos; deve-se também ter cautela com pacientes que roncam regularmente, pois a obstrução parcial das vias respiratórias pode converter-se, sob a influência desses fármacos, em uma AOS. Além disso, os benzodiazepínicos podem promover o surgimento de episódios de apneia durante o sono REM (associados a decréscimos na saturação de oxigênio) em pacientes que estão se recuperando de um infarto do miocárdio. Entretanto, não há descrição de qualquer impacto desses fármacos sobre a sobrevivência de pacientes com doença cardíaca. Sistema cardiovascular. Os efeitos cardiovasculares dos benzodiazepínicos não têm importância em indivíduos normais, exceto na intoxicação grave; os efeitos adversos em pacientes com distúrbios obstrutivas relacionados ao sono ou com doença cardíaca. Em doses pré- anestésicas, todos os benzodiazepínicos diminuem a pressão sanguínea e aumentam a frequência cardíaca. Com o midazolam, os efeitos parecem estar relacionados a uma diminuição da resistência periférica, mas com o diazepam eles são secundários a um decréscimo no trabalho ventricular esquerdo e no débito cardíaco. O diazepam aumenta o fluxo coronário, possivelmente porque provoca um crescimento das concentrações intersticiais de adenosina. O acúmulo desse metabólito cardiodepressor também pode explicar os efeitos inotrópicos negativos do fármaco. Em grandes doses, o midazolam diminui consideravelmente o fluxo sanguíneo e a assimilação de oxigênio do cérebro. Trato GI. Alguns gastrenterologistas julgam que os benzodiazepínicos são capazes de melhorar uma variedade de distúrbios gastrintestinais "relacionados com a ansiedade". Há poucas evidências de ação direta. Eles protegem parcialmente contra as úlceras de estresse em ratos, e o diazepam diminui notavelmente a secreção gástrica noturna em seres humanos. Outros agentes são consideravelmente mais eficazes nos distúrbios ácido-pépticos. Metabolismo da Benzabiazepinico Para os benzodiazepínicos com um substituinte na posição 1 (ou 2) do anel diazepínico, a fase inicial e mais rápida do metabolismo envolve a modificação e/ou a remoção do substituinte. Com exceção do triazolam, alprazolam, estazolam e midazolam, que contêm ou um anel triazol ou imidazol fusionado, os produtos finais são compostos N-desalquilados biologicamente ativos. Um desses compostos, o nordazepam, é um importante metabólito, comum à biotransformac ̧ão do diazepam, clorazepato e prazepam; é também formado a partir do demoxepam, um importante metabólito do clordiazepóxido. A segunda fase do metabolismo envolve a hidroxilação na posição três e também habitualmente resulta em um derivado ativo (p. ex., o oxazepam a partir do nordazepam). Essas reações têm taxas habitualmente muito mais lentas que as do primeiro estagio (meias-vidas> 40-50 h) de tal modo que não ocorre um apreciável acúmulo de produtos hidroxilados com substituintes intactos na posição um. Há duas importantes exceções a esta regra: (1) pequenas quantidades de temazepina acumulam- se durante a administração crônica de diazepam e (2) após a substituição do enxofre pelo oxigênio no quazepam, a maior parte do 2-oxoquazepam resultante é lentamente hidroxilado na posição três, sem remoção do grupo N-alquil. Entretanto, apenas pequenas quantidades do derivado 3-hidroxila se acumulam durante a administração crônica de quazepam, pois esse composto é conjugado a uma taxa extraordinariamente rápida. Em contraste, o N-desalquilflurazepam formado pela via metabólica "menor" acumula-se durante a administração de quazepam e contribui significativamente para o efeito clínico global. A terceira das principais fases do metabolismo é a conjugação dos compostos 3-hidroxila, principalmente com o ácido glicurônico; as meias-vidas dessas reações são em geral de 6-12 h e os produtos são invariavelmente inativos. A conjugação é apenas uma das principais vias de metabolismo do oxazepam e do lorazepam e é a via 9 preferencial para o temazepam, por causa da conversão mais lenta desse composto a oxazepam. O triazolam e alprazolam são metabolizados principalmente por uma hidroxilação inicial do grupo metila sobre o anel triazol fusionado; a ausência de um resíduo de cloro no anel C do alprazolam reduz significativamente essa reação. Os produtos, às vezes denominados compostos a-hidroxilados, são bastante ativos, mas metabolizados de forma muito rápida, principalmente por conjungação com o ácido glicorônico, de modo que não há acúmulo apreciável dos metabólitos ativos. O anel triazol fusionado do estazolam carece de um grupo metila e é hidroxilado apenas em extensão limitada; a principal via de metabolismo envolve a formação de derivado 3-hidroxila. Os derivados hidroxila correspondentes ao triazolam e ao alprazolam também se formam em significativa extensão. Comparada com a dos compostos sem o anel trizasol, a taxa dessa reaçãopara os três fármacos é extraordinariamente rápida, e os compostos 3-hidroxila são rapidamente conjugados ou oxidados de forma adicional a derivados benzofenônicos antes da excreção. O midazolam é logo metabolizado, principalmente por hidroxilação do grupo metila no anel imidazol fusionado; formando-se apenas pequenas quantidades de composto 3-hidroxila. O composto 𝛼-hidroxilado, que tem apreciável atividade biológica, é eliminado após a conjugação com ácido glicorônico, com uma meia-vida de 1 hora. Um acúmulo variável e às vezes substancial deste metabólito já foi observado durante a infusão intravenosa. Referencias - FORMAN, Stuart A.. Farmacologia da Neurotransmissão GABAérgica e Glutamatérgica. In: GOLAN, David E.. Princípios de Farmacologia: a base fisiopatológica da farmacologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. Cap. 12. p. 374-416. - MIHIC, S. John. Hipnóticos e sedativos. In: L.BRUNTON, Laurence. Farmacologia da Terapêutica de Goodman&Gilman. 12. ed. Rio de Janeiro: Artmed, 2012. Cap. 17. p. 457-479. (∴). - RANG, H.P. Transmissão noradrenérgica In. RITTER,J.M. Farmacologia. 8. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. Cap. 42.
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