Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Processo Legislativo Guia de Estudos – Exclusivo de Processo Legislativo Referência: aulas da disciplina e obra: BERNARDI, Jorge. O Processo Legislativo Brasileiro. Curitiba: InterSaberes, 2012. Guia de estudos elaborado pela Profa. Tânia Agostinho, revisado pela Profa. Daniele Assad, organizado pela ordem dos capítulos da obra de referência. Olá! Neste guia de estudos destacamos a importância de alguns temas diretamente relacionados ao contexto estudado nesta disciplina. Os temas sugeridos abrangem o conteúdo programático da sua disciplina nesta fase, e lhe proporcionarão maior fixação de tais assuntos, consequentemente, melhor preparo para as avaliações. É importante ressaltar que os conteúdos abaixo apresentados foram abordados pelo professor em suas aulas, por isso a dica é: veja e reveja as aulas quantas vezes forem necessárias. Esse é apenas um material complementar! Além do livro, os vídeos e os slides das aulas compõem o referencial teórico que irá embasar o seu aprendizado. Utilize-os da melhor maneira possível. Bons estudos! 2 Sumário Capítulo I – O Poder Legislativo Brasileiro .................................................... 3 Capítulo II – Competências Legislativas ........................................................ 5 Capítulo III – A norma legal ........................................................................... 6 Capítulo IV – Emendas à Constituição e a outras normas ............................ 7 Capítulo V – A Técnica Legislativa ................................................................ 8 Capítulo VI – Do poder de iniciativa ............................................................... 9 Capítulo VII – As comissões parlamentares ................................................ 10 Capítulo VIII – A tramitação dos projetos..................................................... 11 Capítulo IX – Elementos do processo deliberativo ...................................... 11 Capítulo X – A deliberação nos legislativos brasileiros ................................ 12 Capítulo XI – A fase conclusiva do processo legislativo .............................. 13 3 Capítulo I – O Poder Legislativo Brasileiro Conceitos O direito nasce do consenso social, o qual não se dá em termos absolutos. São necessárias regras para a elaboração do direito – no qual o processo legislativo tem papel fundamental. De acordo com o artigo “O processo Legislativo – espécies normativas, conceitos e questões controvertidas” de autoria do prof. Rafael Diogo Diógenes, lemos: “o processo legislativo, corolário do Estado Democrático de Direito, é matéria de crucial importância que, infelizmente, não vem sendo tratada de acordo pelos diversos manuais de Direito Constitucional de autores pátrios”. Refletindo sobre esta afirmação, salienta- se que o processo legislativo apresenta dois sentidos: o sociológico e o jurídico. O sociológico envolve os legisladores no trabalho de formação das leis, e o jurídico envolve os procedimentos que devem ser seguidos para que a lei tenha validade. A formação das leis é um ato complexo e deve ser entendido como tal, pois, antes da norma, existe o momento social que levou à elaboração dela. Em relação ao processo legislativo, deve-se observar que existe diferença entre o ato legislativo e a norma jurídica. O processo legislativo “é o conjunto de atos (iniciativa, emenda, votação, sanção ou veto), realizado pelos órgãos legislativos visando à formação das leis constitucionais, complementares e ordinárias, resoluções e decretos legislativos”. Histórico A origem mais remota do Poder Legislativo encontra-se nos Conselhos de Anciãos, que vários povos antigos conheceram, como os egípcios, os sumérios, os babilônicos, os hebreus, os romanos e, também, os gregos. O conceito da divisão do Poder Legislativo passou a ser conhecido a partir da experiência da Inglaterra, tornando-o um poder autônomo e independente do Poder Executivo, ainda que harmonizado com este. O Poder Legislativo brasileiro tem nas câmaras municipais do período colonial a sua origem. Eram elas compostas por um presidente, três vereadores, dois almotacéis (espécie de fiscais de pesos e medidas), um escrivão e dois juízes, escolhidos de forma indireta pelos eleitores. Modelos unicameral e bicameral No mundo todo, o Poder Legislativo é estruturado nas formas unicameral ou bicameral. UNICAMERAL é o modelo de estruturação do Poder Legislativo em que o processo de elaboração legislativa ocorre em apenas 4 uma única Casa Legislativa. Já o modelo BICAMERAL no qual, para que uma norma seja aprovada, ela deve passar pelo processo de votação em duas casas legislativas distintas. No Brasil, um país federativo, o Poder Legislativo federal é bicameral, sendo exercido pelo Congresso Nacional, que é composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal (art. 44, CF/1988). Assim, no sistema legislativo brasileiro há duas casas legislativas de competência federal, o que significa que, para que um projeto de lei possa ser apresentado ao Presidente da República para sanção ou veto, deve primeiro ser aprovado pelos dois órgãos legislativos, com consenso entre os dois, já que um funciona como revisor do outro. Inviolabilidade Os parlamentares, no exercício de seus mandatos, gozam de prerrogativas que têm por objetivo manter a autonomia e a liberdade deles no desempenho de suas funções legais. “Inviolabilidade significa que não há crime quando esses parlamentares manifestam suas opiniões, palavras e votos, mesmo que possam com elas incorrer em determinado tipo penal. O preceito constitucional afugenta o crime, que deixa de existir.” Portanto, os deputados e senadores gozam de inviolabilidade civil e penal por suas opiniões, palavras e votos! Impedimentos e incompatibilidades Os encargos do exercício da função parlamentar trazem restrições de outras atividades. Os impedimentos e incompatibilidades se encontram enumerados na CF/1998, art. 54, e a consequência da violação deles é a perda do mandato.1 Câmera Municipal No âmbito municipal, a Câmara Municipal, composta pelos vereadores, é quem exerce o poder Legislativo. É competência da câmara de vereadores deliberar sobre matérias administrativas, matérias financeiras, matérias tributárias de âmbito local e as matérias urbanísticas, tais como: votar e emendar a lei orgânica, o Plano Diretor, as leis orçamentárias, leis complementares, leis ordinárias, decretos legislativos, entre outros. Antes mesmo de o Estado brasileiro existir como nação politicamente organizada, quando ainda era colônia de Portugal, já existiam agentes públicos em atividade no Brasil. Esses agentes se constituem em uma categoria até hoje existente na nossa organização política. Assim, o vereador 1 Consulte esses impedimentos na Constituição e, também, nas p. 55-57 da obra-base. 5 se constitui como o membro do Poder Legislativo municipal mais antigo, pois sua função ainda se encontra ativa nos dias de hoje. Regimentos Internos O Regimento é uma norma que possui caráter administrativo e disciplina o funcionamento de um determinado órgão. É competência indelegável das casas legislativas – de âmbito federal, estadual, distrital e municipal – a elaboração de seus respectivos regimentos internos, os quais estabelecem o funcionamento e os trâmites adotados em cada órgão. Capítulo II – Competências Legislativas O termo federação advém do latim foedus, que significa “aliança, união, pacto”. Desta forma, a federação representa a união entre os entes autônomos, ou seja, os Estados. “O modelo federativo americano, ao longo do tempo, espalhou-se pelo mundo e chegou ao Brasil com a Proclamação da República, um século mais tarde, em 15 de novembro de 1889.” “A Federação ou EstadoFederal tem como característica a união de coletividades com personalidades políticas regionais, territoriais ou locais autônomas, formando um ente político com soberania, constituindo-se em uma pessoa jurídica internacional.” Ademais, “No caso brasileiro, a federação corresponde à aliança de Estados, Municípios e Distrito Federal, formando um ente que a todos agrega, chamado de União.” Uma das características dos Estados federados é que cada unidade federativa pode elaborar leis no seu âmbito de competência. A União predomina nos assuntos de interesse geral; há predominância dos Estados- membros no interesse regional; e, nos municípios, há predomínio com relação ao interesse local. Eventual conflito entre normas federais, estaduais e municipais é solucionado pela investigação de qual órgão possui competência sobre o assunto. Descoberta a competência legislativa do ente, as outras leis são afastadas e declaradas inconstitucionais. Em casos de haver competência de um ente em detrimento dos demais, não importa o tempo em que cada lei foi editada, pois a competência é exclusiva. Quando um ente invade a competência do outro, quebra-se o pacto federativo, e a norma resultante dessa quebra é inconstitucional. A competência de legislação e atuação dos Estados é residual ou remanescente. Isso significa que os Estados podem legislar e atuar administrativamente em todos os assuntos ou matérias que não lhes sejam proibidos de forma implícita ou explícita. Além disso, significa que a competência de legislação e atuação dos Estados é residual ou 6 remanescente, significando dizer que tudo aquilo que não for de competência reservada da União ou dos municípios é de competência dos Estados. Na distribuição de competências legislativas, há a espécie de competência legislativa concorrente. Na competência legislativa concorrente, mais de um ente federado pode legislar sobre um mesmo assunto. Essas leis não podem se contrapor, mas há uma hierarquia de leis. Por exemplo, as leis gerais emanadas da União devem servir de parâmetro para as leis especiais originárias dos Estados. Estas últimas não podem contrapor-se àquelas pois, se isso ocorrer, temos a inconstitucionalidade da lei estadual ou distrital. Há algumas competências que são privativas, ou seja, que apenas um determinado órgão pode exercer, não havendo permissão para que nenhum outro órgão legislativo o faça, sob pena de inconstitucionalidade. Por exemplo, a competência para suspender, no todo ou em parte, lei federal declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, pertence unicamente ao Senado Federal (art. 52, X, CF/1988). Capítulo III – A norma legal A palavra “lei” se confunde, muitas vezes, com o termo “direito” (do latim directus, “aquilo que é justo”, ou, como afirma a filosofia, “a arte do justo”, ou “aquilo que é reto”, “que está de acordo com a lei”). A Lei, filosoficamente, deve refletir o direito, deve ser justa, deve representar o conceito de bem. Existem muitos conceitos e definições sobre o que significa Lei, sendo este bastante aceito: “a Lei é uma regra escrita, abstrata, de caráter geral, emanada de um órgão competente do Estado, que sujeita a todos que estejam na situação prevista em seu enunciado.” A realidade do processo legislativo brasileiro contempla na Constituição Federal – CF/1988, em seu art. 59, as espécies de normas cuja elaboração ocorre por meio do Parlamento Nacional; são elas: Emendas à Constituição Leis complementares Leis delegadas Medidas provisórias Decretos legislativos Resoluções Vamos às definições: Lei Complementar – é aquela, como o próprio nome já diz, que complementa a Constituição no âmbito federal ou estadual e, conforme o 7 caso, também complementa a lei orgânica (esta última situada na esfera distrital e municipal). Esse gênero de lei tem por atribuição regular a matéria cuja competência é do Poder Legislativo e deve ser sancionada pelo chefe do Poder Executivo. Lei Ordinária – é a lei simples, normal, aquela que não requer maiores formalidades na sua elaboração, a não ser o apoio da maioria simples dos parlamentares, mesmo que haja apenas maioria absoluta dos membros do legislativo no ato de sua aprovação. Para efetivamente existir, ela depende da sanção do chefe do Poder Executivo. Lei Delegada – é a lei oriunda de uma procuração que o Poder Legislativo outorga ao Poder Executivo para que este legisle sobre determinada matéria Medida Provisória – “As medidas provisórias são atos de governo provenientes do exercício das funções legislativas do Poder Executivo” e podem ser definidas como “atos emanados do Poder Executivo com força de lei destinada a normatizar matérias em situações de relevância e que exijam urgência.” (Silva, 2005, citado na obra.) As medidas provisórias caracterizam-se pelo prazo de vida de que dispõem para serem transformadas em lei – no caso federal, pelo Congresso Nacional – e pela perda de validade, caso isso não ocorra. Após a emissão da medida provisória, o Poder Legislativo tem o prazo máximo de 120 dias para transformá-la em lei, sob pena de perder seus efeitos. Decreto legislativo – é um ato normativo de competência exclusiva do poder legislativo com eficácia análoga à de uma lei. É utilizado para os assuntos tratados no art. 49 e no art. 63, § 3º da CF/1988 Resoluções – são atos legislativos interna corporis2 que objetivam regulamentar matérias de interesse próprio e de competência exclusiva dos legislativos, tanto nos aspectos político-legislativos como nas questões de ordem administrativa. Capítulo IV – Emendas à Constituição e a outras normas Emendar a Constituição Federal é a capacidade de que dispõe o Congresso Nacional, como poder constituinte derivado, de alterar as matérias 2 “’Interna Corporis’ são questões que devem ser resolvidas internamente por cada poder, sendo questões próprias de regimento interno; ex.: cassação de um deputado ou senador por falta de decoro parlamentar.” (LFG. O que se entende por questão Interna Corporis? Ela pode ser objeto de ADI? - Daniel Leão de Almeida. Disponível em: <https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1994280/o-que-se-entende-por-questao-interna- corporis-ela-pode-ser-objeto-de-adi-daniel-leao-de-almeida>. Acesso em: 14 maio 2019. 8 da Carta Magna que não sejam cláusulas pétreas,3 desde que cumprido determinado rito processual. A Constituição Federal não poderá ser emendada quando houver intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio (art. 60, § 1º, CF/1988). Nos projetos de normas tributárias, devem ser observados os princípios da anterioridade e da legalidade. Quando se tratar de contribuição social, precisa estar prevista a cobrança a partir de 90 dias da publicação. E, na instituição de taxas, o valor estabelecido deve obedecer e ser proporcional aos serviços públicos prestados. O processo de deliberação da emenda constitucional pelo Congresso Nacional, regido pela CF/1988, estabelece que a proposta deve ser discutida e votada pela Câmara e pelo Senado Federal, separadamente, em dois turnos, considerando-a aprovada se obtiver o voto favorável de três quintos dos membros de cada um dos órgãos legislativos (art. 60, CF/1988). Para conhecer os processos de apresentação, votação e aprovação de emendas, estude a sua obra, p. 163-180. Capítulo V – A Técnica Legislativa A questão de estilo na redação da norma é ponto de fundamental importância, pois quanto mais apurado for este estilo, mais clara e melhor será a lei. A lei deve, ao expressar uma ideia, utilizar-se de termos consagrados pela técnica legislativa e já interpretados de maneira clara pelos tribunais. O excesso pode trazer prejuízo à compreensão e interpretação da norma. “A norma legislativa deve refletir de maneira perfeita a ideia que almejamostraduzir, ou seja, a palavra usada na norma tem que ser aquela que mais se aproxima do conceito abstrato que pretendemos expressar.” De acordo com Campos, citado por Jorge Bernardi, “a lei deve primar pelo equilíbrio entre a forma e o fundo”, ou seja, a lei deve se valer do emprego exato das palavras e sua redação deve ter clareza e precisão para garantir que não haja ambiguidade ou redundância e possibilitar a interpretação adequada do conteúdo da lei. A boa redação deve conter as qualidades consideradas como fundamentais pelos catedráticos no assunto, tais como: simplicidade, clareza, 3 São limitações materiais ao poder de reforma da constituição de um Estado. Em outras palavras, são dispositivos que não podem ser suprimidos ou restringidos, nem mesmo por meio de emenda. (Veja-se o art. 60, § 4º da CF/1988.) 9 precisão, concisão, correção, coerência, pureza, eufonia, propriedade, ordem e unidade. Aliás, esses aspectos técnicos são necessários em qualquer texto onde se pretenda compreensão do conteúdo. A lei deve ser elaborada seguindo uma determinada estruturação, dividida em partes que se denominam “dispositivos”, a saber: artigos, parágrafos, alíneas, incisos e itens. Além disso, deve haver uma ordenação do seu conteúdo, divido por temas que são apresentados em subseções, seções, capítulos, títulos, livros e partes. Capítulo VI – Do poder de iniciativa O processo legislativo se instaura no momento em que é apresentada a proposição ao órgão legiferante (a quem compete criar as leis). A proposta deve estar de acordo com a técnica legislativa para que possa desencadear o processo que a transformará em norma jurídica. Há que se destacar que há uma diferença fundamental entre iniciativa legislativa e competência legislativa. De acordo com Miranda, citado por Jorge Bernardi, “são conceitos evidentemente diversos: iniciativa legislativa significa propor a lei, enquanto competência legislativa é decretar a lei.” Todas as leis, tenham a natureza que tiverem, dependem de um momento inicial que desencadeia o processo legislativo. De acordo com essa premissa, temos o conceito de poder de iniciativa, que é a capacidade que determinado ente possui para deflagrar o processo legislativo que poderá culminar no surgimento de uma nova norma jurídica. De acordo com a Constituição Federal, a capacidade de iniciativa de desencadear o processo legislativo está sujeita à espécie normativa, como por exemplo: o presidente da República tem capacidade de iniciativa quanto às ementas constitucionais, os deputados e senadores têm, individualmente, capacidade de iniciativa de apresentar projetos de lei complementar e de lei ordinária. A iniciativa popular é uma inovação no processo legislativo brasileiro, incluída na Constituição de 1988, art. 14, inc. III. Pelo instituto da iniciativa popular, 1% do eleitorado nacional, no mínimo, pode apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados. Esses eleitores devem pertencer a pelo menos 5 estados e constituir ao menos 0,3% do eleitorado de cada um deles (art. 61, § 2º, CF/1988). Nos municípios, de acordo com a constituição, o percentual necessário de eleitores do município para apresentar um projeto de lei de iniciativa popular na Câmara Municipal é de 5% (cinco por cento) dos eleitores do município (art. 29, XIII, CF/1988). 10 Capítulo VII – As comissões parlamentares O papel básico das comissões parlamentar é aprofundar o debate, trazer novos elementos para enriquecimento das discussões e procurar formar maiorias a favor ou contra projetos. As atribuições de cada uma dessas comissões estão previstas e definidas no Regimento Comum do Congresso Nacional (RCCN) ou nos regimentos internos de cada casa legislativa (Câmara dos Deputados e Senado Federal). A comissão permanente integra a estrutura institucional do órgão legislativo ao qual pertence e visa analisar e apreciar as matérias ou proposições encaminhadas ao seu exame de acordo com a sua especialização. Ela possui caráter técnico legislativo ou especializado e compõe as Casas Legislativas em todos os níveis (federal, estadual e municipal). A comissão representativa do Congresso Nacional, instituída pelo art. 58, parágrafo 4º da Constituição é considerada uma inovação no processo legislativo nacional e seus membros são eleitos pelas respectivas casas, na última sessão ordinária do período legislativo. A comissão representativa é composta de deputados federais e senadores, e tem como função representar o Congresso Nacional durante o recesso parlamentar. A comissão parlamentar de inquérito (CPI) é um órgão colegiado temporário, criado no interior das casas legislativas por meio de requerimento de, no mínimo, um terço de seus membros, com poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. Esse tipo de comissão tem como objetivo apurar um fato específico em um período pré-determinado. O fato deve possuir relevância para o interesse público e para a ordem legal, constitucional, econômica e social. A conclusão da CPI deverá indicar soluções para as situações administrativas ou, se for o caso, encaminhar o seu parecer ao Ministério Público (MP) para que promova a responsabilidade civil ou criminal daqueles que infringiram a lei (art. 58, § 3º, CF/1988). Em caso de apuração de ato do Presidente da República, este é julgado pelo Senado Federal nos crimes de responsabilidade e pelo STF nos crimes comuns. Os crimes de responsabilidade do presidente da República são aqueles que atentam contra a Constituição. Esses crimes se dão, segundo o art. 85 da Constituição, quando se age contra: “I - a existência da União; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; IV - a segurança interna do País; V - a probidade na administração; VI - a lei orçamentária; VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.” 11 Capítulo VIII – A tramitação dos projetos Uma proposição, um projeto de lei ou uma emenda constitucional passa primeiramente por uma análise técnica sobre a sua constitucionalidade, juridicidade e técnica legislativa, feita por uma comissão própria, denominada de Comissão de Legislação e Justiça (CLJ). A próxima etapa pode ocorrer em uma comissão de mérito ou uma comissão de previsões orçamentárias, como também, em comissões especializadas. O processo deve seguir todas as etapas até chegar ao plenário para discussão e votação pelo conjunto dos parlamentares. O regime de tramitação de uma proposição é o rito previsto nos regimentos internos dos órgãos legislativos, que deve ser cumprido em todas as etapas para que a proposta se torne uma norma jurídica. Os procedimentos legislativos podem ser classificados em três categorias: 1. Tramitação Ordinária – é a tramitação normal dos projetos, na qual todas as fases e prazos devem ser cumpridos até o momento da deliberação final; normalmente destinada à elaboração de leis ordinárias e complementares. 2. Regime de Urgência, ou Regime Sumário – estabelece um prazo para que haja deliberação sobre o projeto. O regime de urgência no Congresso Nacional dispensa certas exigências, prazos e formalidades na tramitação, para que possa haver uma deliberação em até 45 dias em cada casa legislativa. Está previsto constitucionalmente no art. 64, § 1º e outorga ao Presidente da República a competência para o requerer na tramitação da matéria. 3. Regime de procedimento legislativo especial – estabelecido para certas matérias referentes à CF/1988, às constituições estaduais e às leis orgânicas municipais. Capítulo IX – Elementos do processo deliberativo Plenário O ambiente tradicional no qual as decisões ocorrem é o plenário do órgão legislativo,onde todos os parlamentares, eleitos para representar os cidadãos, devem se reunir para participar dos debates das matérias e das deliberações. O colegiado que reúne todos os membros de um órgão legislativo denomina-se plenário. Esse é o principal órgão deliberativo da casa legislativa, em cujas sessões são tomadas as decisões mais importantes. 12 Sessões ordinárias e Sessões extraordinárias As sessões ordinárias são aquelas realizadas dentro do período estabelecido pelo regimento. As sessões extraordinárias devem ser convocadas quando as circunstâncias assim o determinarem ou quando houver necessidade de deliberação sobre matéria urgente. A convocação das sessões extraordinárias pode ser feita pelo chefe do Poder Executivo, pelo presidente do órgão legislativo, pelos líderes partidários ou de blocos partidários ou, ainda, por um percentual dos parlamentares e por deliberação do plenário. A realização dessas sessões se dará durante o período de recesso ou no período legislativo, mas em horário diferente do estabelecido para as sessões ordinárias. A regra é que as sessões sejam públicas, sendo exceção as sessões secretas. As sessões públicas podem ser assistidas por qualquer pessoa, desde que esta cumpra os requisitos do regimento interno e que haja vaga nas galerias. Em muitas casas legislativas, são transmitidas pela televisão, rádio ou internet. “Quorum” O termo quorum possui origem latina, cujo significado é “dos quais”. Este termo começou a ser utilizado na Inglaterra antiga, durante a Idade Média, para convocar pessoas que deveriam participar de um órgão judicial para auxiliar o descobrimento da verdade sobre determinados acontecimentos. Atualmente, o conceito de quorum (também grafado “quórum”) “é o número necessário de participantes para que as deliberações de uma assembleia sejam válidas”. No órgão legislativo, o quorum refere-se, portanto, ao número mínimo de parlamentares que são necessários para que seja iniciada uma sessão e ela possa ter continuidade até a fase de deliberações. O quorum é sempre uma proporção mínima relativa a todos os membros da casa legislativa. Capítulo X – A deliberação nos legislativos brasileiros “O momento áureo da atividade legislativa ocorre durante a sessão plenária deliberativa, pois é nela que a democracia representativa parlamentar acontece com as deliberações parlamentares.” Na Câmara dos Deputados há quatro tipos de sessões: preparativas, ordinárias, extraordinárias e secretas, cada qual com suas características. No Senado Federal, o Regimento Interno – RISF prevê que as sessões podem ser: deliberativas (que se classificam em ordinárias ou extraordinárias e que, por sua vez, se subdividem em públicas ou secretas), não deliberativas, e especiais (destinadas às comemorações e homenagens). 13 Os regimentos internos dos órgãos são documentos públicos, disponibilizados nas páginas oficiais na internet. Capítulo XI – A fase conclusiva do processo legislativo Sanção e veto O processo de formação da lei no Brasil, um estado federado, é o mesmo para todos os entes estatais (União, estados-membros, Distrito Federal e municípios). Na elaboração legislativa de qualquer dos entes federados, os princípios que devem ser obedecidos são os mesmos. Assim, cabe ao Executivo sancionar as leis sobre as quais o Legislativo deliberou. Existem dois tipos de sanções que podem ser utilizadas pelo executivo: A sanção expressa, que ocorre quando o chefe do Executivo assina o projeto, convertendo-o em lei. É um ato formal de concordância com a decisão legislativa. A sanção tácita, que ocorre quando o chefe do Executivo silencia, ou seja, não se manifesta no prazo de 15 dias úteis após receber o projeto aprovado pelo órgão legislativo. O silêncio é interpretado como sanção tácita. Pode, ainda, haver veto. Após a deliberação a respeito do projeto de lei ou proposta de emenda constitucional, ou ainda, de lei orgânica distrital ou municipal, para saber se a mesma se tornará ou não uma norma jurídica, chega-se à fase conclusiva do processo legislativo. “A fase conclusiva do processo legislativo ocorre após a deliberação plenária do órgão legislativo.” Nesta etapa ocorre a participação do chefe do Poder Executivo que, no caso do Brasil, é o Presidente da República, que pode sancionar, vetar ou promulgar as leis. Essa fase é constituída de elementos essenciais, estabelecidos na CF/ 1988. O veto é um desses elementos do processo legislativo e define-se como “o processo de discordância dos projetos de lei aprovados pelo legislativo”. Nos termos do art. 66, § 1º da Constituição, “Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.” Se o chefe do Poder Executivo não sancionar o projeto, nem o vetar no prazo estabelecido pela Constituição, significa que houve sanção tácita (art., 66, parágrafo 3º, CF/1988). 14 No âmbito federal, uma vez vetado o projeto pelo Presidente da República, este deve comunicar o veto ao presidente do Senado Federal, em 48 horas, expondo os motivos do ato. Existem dois tipos de motivos que o chefe do Executivo pode apresentar para vetar o projeto de lei: a inconstitucionalidade ou a contrariedade ao interesse público. Procedimentos pós-deliberativos Encerrados os trâmites de iniciativa, discussão, votação, e sanção ou veto de um projeto, surge uma série de atos pós-deliberativos, como a promulgação e a publicação: Promulgação – é o ato que complementa o processo legislativo, em que o chefe do Executivo certifica a existência de nova lei no mundo jurídico. É ato formal e solene que determina a publicação da lei e a divulgação da norma, para que esta produza os efeitos aos quais se destina. Sidney Guerra e Gustavo Merçon, citados na obra-base, esclarecem que “após a proclamação de uma espécie normativa validamente elaborada, faz-se necessária a sua ciência, por parte de seus destinatários, para que, com isso, tal ato normativo possa ser exigido e aplicado às relações sociais.” Publicação – efetuada em jornal oficial, é o instrumento da promulgação para tornar a lei executável, além de ser o modo pelo qual a sociedade tem acesso a ela e passa a conhecê-la. Revogação O verbo “revogar” do latim “revocare”, significa “tornar sem efeito, anular, desfazer”. A revogação dentro do Processo Legislativo ocorre para que a nova lei sobre a mesma matéria possa produzir seus efeitos sem causar dúvidas para quem interpretará a legislação, seja o Poder Judiciário, seja quem tem o poder e o dever de aplicar a norma – em especial, a Administração Pública. Se não houvesse a revogação de uma lei velha pela nova, haveria um verdadeiro caos no ordenamento jurídico, principalmente em função das contrariedades entre as normas. Esperamos que tenha tido, e ainda venha a ter, bons momentos de aprendizado e progresso! Obrigado por este momento conosco! Antoine Youssef Kamel Coordenador adjunto de Gestão de Serviços Jurídicos e Notariais
Compartilhar