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DIREITO PENAL P R O F . T A S S I O D U D A 2020 Direito Penal Tema: Tempo do crime Prof. Tassio Duda Fala pessoal, tudo bem? No presente resumo, iremos abordar as teorias sobre o tempo do crime. A aplicação da lei penal no tempo é determinada pelo momento do crime. A doutrina costuma abordar três teorias sobre o tempo do crime: teoria da atividade; teoria do resultado; teoria mista ou da ubiquidade. De acordo com a teoria da atividade, considera-se praticado o crime no momento da conduta (ação ou omissão), pouco importando o momento do resultado. A teoria do resultado considera praticado o crime no momento em que ocorre a consumação, sendo irrelevante a ocasião da conduta. Por sua vez, a teoria mista ou da ubiquidade busca conciliar as duas anteriores. O momento do crime tanto é o da conduta como também o do resultado. O Código Penal, em seu art. 4º, adotou a teoria da atividade, dispondo que “considera-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. A doutrina explica que a teoria da atividade traz consequências relevantes para o Direito Penal. Uma delas é delimitação da responsabilidade penal. Nesse sentido, Victor Gonçalves (2020, pg. 343) explica que: Cléber Masson (2019, pg. 199) também dá o seguinte exemplo: 1. INTRODUÇÃO 2. TEORIA SOBRE O TEMPO DO CRIME Com base na regra do art. 4º do CP, torna-se possível fixar o exato momento em que o agente passará a responder criminalmente por seus atos — isso se dará somente se a ação ou omissão houver sido praticada quando ele já tiver completado 18 anos de idade (o que ocorre no primeiro minuto de seu 18º aniversário). (...) a identificação do tempo do crime leva em conta a prática da conduta. Exemplo: “A”, com a idade de 17 anos, 11 meses e 20 dias, efetua disparos de arma de fogo contra “B”, nele provocando diversos ferimentos. A vítima vem a ser socorrida e internada em hospital, falecendo 15 dias depois. Não se aplicará ao autor o Código Penal, em face de sua inimputabilidade ao tempo do crime, mas sim as disposições do Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/1990. Direito Penal Tema: Tempo do crime Prof. Tassio Duda Em relação ao crime permanente e a verificação da maioridade, Victor Gonçalves (2020, pg. 343) explica que: Já no crime continuado, o entendimento é um pouco diferente. Nucci (2020, pg. 163) elucida que: Mas também há outras consequências. Cléber Masson (2019, pg. 200) esclarece que em razão da teoria da atividade: a) aplica-se a lei em vigor ao tempo da conduta, exceto se a do tempo do resultado for mais benéfica; b) no crime permanente em que a conduta tenha se iniciado durante a vigência de uma lei, e prossiga durante o império de outra, aplica-se a lei nova, ainda que mais severa. Fundamenta-se o raciocínio na reiteração de ofensa ao bem jurídico, já que a conduta criminosa continua a ser praticada depois da entrada em vigor da lei nova, mais gravosa; c) no crime continuado em que os fatos anteriores eram punidos por uma lei, operando-se o aumento da pena por lei nova, aplica-se esta última a toda a unidade delitiva, desde que sob a sua vigência continue a ser praticada. O crime continuado, em que pese ser constituído de vários delitos parcelares, é considerado crime único para fins de aplicação da pena (teoria da ficção jurídica); Sobre esse ponto, o STF editou a súmula n. 711, dispondo que: d) no crime habitual em que haja sucessão de leis, deve ser aplicada a nova, ainda que mais severa, se o agente insistir em reiterar a conduta criminosa. Súmula n. 711. A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. No tocante à imputabilidade penal, é preciso ressalvar, no caso de crime continuado, que as condutas praticadas pelo menor de 18 anos devem ficar fora da unidade delitiva estabelecida pelo crime continuado. Sendo este mera ficção para beneficiar o acusado, não deve sobrepor-se a norma constitucional, afinal, o art. 228 da Constituição preceitua serem “penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos”. Assim, caso o agente de quatro furtos, por exemplo, possua 17 anos, quando do cometimento dos dois primeiros, e 18, por ocasião da prática dos dois últimos, apenas estes dois é que servirão para formar o crime continuado. Despreza-se o que foi cometido em estado de inimputabilidade. Em se tratando de crime permanente (aquele cuja consumação se protrai no tempo, como ocorre com o delito de extorsão mediante sequestro — art. 159 do CP), deve-se fazer uma observação: mesmo tendo a ação ou omissão se iniciado antes da maioridade penal, se o sujeito a prolongou conscientemente no período de sua imputabilidade penal, terá aplicação o CP. Direito Penal Tema: Tempo do crime Prof. Tassio Duda Importante destacar que na prescrição, o art. 111, I, do Código Penal preferiu a teoria do resultado, uma vez que a causa extintiva da punibilidade tem por termo inicial a data da consumação da infração penal. Microsoft Word - TEORIAS SOBRE O TEMPO DO CRIME.pdf DIREITO PENAL CAPA.pdf
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