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Alex Marime Análise Matemática III – Notas teóricas – – Faculdade de Ciencias - Departamento de Matemática e Informática – – Outubro, 2020 – Conteúdo Conteúdo Conteúdo 1 Equações diferenciais ordinárias 3 1.1 Resumo teórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.2 Equações diferenciais de 1a ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.2.1 Equações diferenciais com variáveis separadas e separáveis . . . . . . . . . . . 4 1.2.2 Equações diferenciais homogêneas da 1a ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.3 Equações exactas. Factor integrante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.3.1 Factor integrante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.4 Equações lineares da 1a ordem. Equação de Bernoulli . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.5 Equações diferenciais de 2a ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.5.1 Método da equação caracteŕıstica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.5.2 Método de variação de parâmetros (Método de Lagrange) . . . . . . . . . . . . 14 1.5.3 Método de coeficientes indeterminados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2 Cálculo operacional 17 2.1 Transformada de Laplace . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2.2 Solução de Problemas de Valor Inicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Licenciatura em Engenharias 2 Alex Marime c©, 2020 1 Equações diferenciais ordinárias 1 Equações diferenciais ordinárias 1.1 Resumo teórico Suponhamos que no processo de estudo teórico de um fenómeno f́ısico não seja posśıvel encontrar a dependência funcional entre certas grandezas variáveis x e y que caracterizam este fenômeno, isto é, y = f(x). Entretanto, existe a possibilidade de achar uma relação anaĺıtica entre x, y e as derivadas da variável y com respeito a x, a saber: F (x, y, y′, y′′, . . . , y(n)) = 0 (1) A relação (1) denomina-se equação diferencial. Exemplos de problemas f́ısicos que leval às equações diferenciais Definição 1.1. Chama-se equação diferencial a uma equação que estabelece uma relação anaĺıtica entre a variável independente x, a função desconhecida y = ϕ(x) e as suas derivadas y′, y′′, · · · , y(n), o que se escreve na forma simbólica seguinte: F (x, y, y′, y′′, . . . , y(n)) = 0. Definição 1.2. Denomina-se ordem equação diferencial à ordem da derivada superior que contém essa equação. Definição 1.3. Chama-se solução de uma equação diferencial a toda função y = ϕ(x) que satisfaça identicamente essa equação. Exemplo 1.1. É fácil verificar que toda função da forma y = C1 sin(x) +C2 cos(x), onde C1, C2 são constantes arbitrárias, é solução da equação diferencial da 2a ordem y′′ + y = 0. Definição 1.4. Chama-se solução geral de uma equação diferencial de ordem n a uma função y = ϕ(x,C1, C2, . . . , Cn) que contém n constantes arbitrárias C1, C2, . . . , Cn, chamadas constantes de integração, e que goza das seguintes propriedades: 1. esta função satisfaz a equação diferencial dada quaisquer que sejam os valores admisśıveis das constantes C1, C2, . . . , Cn; 2. sendo dadas certas condições y(x0) = α0, y ′(x0) = α1, . . . , y (n−1)(x0) = αn−1, chamadas de condições iniciais, é sempre posśıvel encontrar tais valores numéricos C01, C02, . . . , C0n das constantes de integração que a função y = ϕ(x,C01, C02, . . . , C0n), denominada de solução particular da equação diferencial, verifica as condições iniciais indicadas. Definição 1.5. Chama-se integral geral de uma equação diferencial de ordem n a uma relação φ(x, y, C1, C2, . . . , Cn) = 0 que define implicitamente a solução geral desta equação. Licenciatura em Engenharias 3 Alex Marime c©, 2020 1 Equações diferenciais ordinárias 1.2 Equações diferenciais de 1a ordem Nota 1.1. Resolver, ou seja, integrar uma equação diferencial significa achar a solução geral (ou integral geral) desta equação. Definição 1.6. Denomina-se Problema de Cauchy a um problema formulado de modo se- guinte: “sendo dada uma equação diferencial e sendo colocadas respectivas condições iniciais, é preciso encontrar uma solução particular desta equação que satisfaça as condições iniciais indicadas.” 1.2 Equações diferenciais de 1a ordem Vamos estudar equações diferenciais da 1a ordem que, caso geral, podem ser escritas sob a seguinte forma geral: F (x, y, y′) = 0. As vezes esta equação pode ser resolvida em relação à derivada y′ e escrita na forma y′ = f(x, y). Para tal equação verifica-se o seguinte teorema de existência e unicidade da solução , conhecido como Teorema 1.1 (Teorema de Cauchy). Dada uma equação diferencial da 1a ordem y′ = f(x, y). Suponha-se que a função f(x, y) e a sua derivada parcial fy sejam cont́ınuas num domı́nio D do plano das coordenadas x0y contendo um ponto P0(x0, y0). Então, existe uma única solução y = ϕ0(x) da equação diferencial dada, denominada solução particular, que verifica a seguinte condição: y = y0 quando x = x0, ou seja, y(x0) = y0. 1.2.1 Equações diferenciais com variáveis separadas e separáveis Definição 1.7. Chama-se equação diferencial com variáveis separadas a uma equação diferencial da 1a ordem que tem a seguinte forma geral: M(y)dy = N(x)dx, onde M(y) e N(x) são certas funções de variáveis y e x, respectivamente. Desta definição resulta que uma equação diferencial com variáveis separadas representa, de facto, uma igualdade de dois diferenciais de algumas funções primitivas que se diferem por uma constante C. Logo, ao integrar ambas partes desta equação, obteremos o seu integral geral:∫ M(y)dy = ∫ N(x)dx+ C, C ∈ R. Definição 1.8. Denomina-se equação diferencial com variáveis separavéis a uma equação di- ferencial da 1a ordem que tem a seguinte forma geral: M(y)N(x)dy + P (x)Q(y)dx = 0, onde M(y), N(x), P (x) e Q(y) são certas funções de variáveis y e x. Para integrar uma equação diferencial deste tipo é preciso separar as suas variáveis, transcrevendo-a para a forma M(y)N(x)dy = −P (x)Q(y)dx e, em seguida, divindido ambas partes da equação obtida por N(x) · Q(y) na suposição de que N(x) 6= 0 e Q(y) 6= 0. No resultado obteremos uma equação diferencial com variáveis separadas M(y) Q(y) dy = −P (x) N(x) dx, cujo integral geral é∫ M(y) Q(y) dy = − ∫ P (x) N(x) dx+ C, C ∈ R. Além disso, é necessário analisar adicionalmente cada um dos casos N(x) = 0 e Q(y) = 0 que eventualmente podem ser soluções complementares da equação dada. Licenciatura em Engenharias 4 Alex Marime c©, 2020 1 Equações diferenciais ordinárias 1.2 Equações diferenciais de 1a ordem Exemplo 1.2. Resolver o problema de Cauchy { (1 + x2)y3 − (y2 − 1)x3y′ = 0 y(1) = −1 . Resolução: Primeiro, multipliquemos ambas partes da equação diferencial dada por dx 6= 0 e, atendendo a que y′dx = dy, transformemo-la para a forma: (1+x2)y3dx = (y2−1)x3dy. Supondo que x 6= 0, y 6= 0 e dividindo ambas as partes desta equação por x3y3, obtemos uma equação com variáveis separadas: y2 − 1 y3 dy = x2 + 1 x3 dx. Ao integrar esta última equação, achamos o integral geral da equação dada: ln |y| + 1 2y2 = ln |x| − 1 2x2 + C, C ∈ R. A seguir temos que determinar o valor da constante de integração C de modo que seja satisfeita a condição inicial y(1) = −1. Fazendo x = 1 e y = −1 no integral geral, achamos C = 1. Assim, encontramos uma solução particular da equação diferencial dada que satisfaz a condição inicial indicada, isto é, solução do problema de Cauchy, colocado: ln |y|+ 1 2y2 = ln |x| − 1 2x2 + 1. É fácil ver, que caso x = 0 a equação diferencial dada não se verifica, pois não existe a derivada y′. Ao mesmo tempo, a função y = 0, cuja derivada y′ = 0, satisfaz esta equaçãoe cosntitui sua solução complementar que, entreteanto, não é solução do problema de Cauchy dado. Exemplo 1.3. Resolver a equação diferencial y′ − y = 2x− 3. Resolução: Transformando a equação dada para a forma y′ = y+ 2x− 3 e introduzindo a nova função desconhecida z = y + 2x − 3 obtemos uma equação diferencial com variáveis separáveis em relação à função auxiliar z(x) : z′ = 2 + z. Multiplicando ambas partes desta equação por dx e divindido por 2 + z 6= 0, obtemos uma equação diferencial com variáveis separadas dz 2 + z = dx ou ∫ dz 2 + z = ∫ dx+ln |C̄|, onde C̄ 6= 0. A forma logaŕıtmica da constante de integração permite apresentar a solução da equação acima na forma mais simples: z = −2 + C̄ex. Verificando o caso 2 + z = 0, obtemos que a função z = −2 é uma solução complementar da equação z′ = 2 + z. Assim, a solução geral desta equação é (z = −2 + C̄ex) ∨ (z = −2), onde C̄ 6= 0. Esta solução pode ser escrita sob uma única forma z = −2 + Cex, onde C é constante arbitrária, isto é, C ∈ R. Atendendo a que z = y + 2x + 3, achamos a solução geral da equação diferencial dada: y = 1− 2x+ Cex. 1.2.2 Equações diferenciais homogêneas da 1a ordem Definição 1.9. Uma função f(x, y) diz-se função homogênea de grau k em relação aos seus argumentos x e y se para qualquer número real λ > 0 verifica-se a igualdade f(λx, λy) ≡ λkf(x, y), k ∈ N. Exemplo 1.4. 1. a função f(x, y) = x3 + 2xy2 − 3x2y é homogênea de grau k = 3, pois dado qualquer λ > 0 cumpre-se a igualdade f(λx, λy) ≡ λkf(x, y); 2. é fácil verificar que a função f(x, y) = xy − 2y2 xy + arctg (y x ) é homogênea de grau k = 0; Licenciatura em Engenharias 5 Alex Marime c©, 2020 1 Equações diferenciais ordinárias 1.3 Equações exactas. Factor integrante 3. a função f(x, y) = x2 + 2y2 − 5xy + 7 não é homogênea. Definição 1.10. Uma equação diferencial da 1a ordem diz-se equação homogênea se for dada numa das seguintes formas: M(x, y)dx + N(x, y)dy = 0 ou y′ = f(x, y), onde M(x, y), N(x, y) são funções homogêneas de um mesmo grau k, mas f(x, y) é função homogênea de grau zero. Na resolução de uma equação diferencial homogênea utilizam-se as substituições y = xu, dy = xdu ou y′ = u + xu′, que levam a uma equação com variáveis separáveis em relação a nova função desconhecida u(x). Exemplo 1.5. Resolver a equação xy′ = y ( 1 + ln y x ) . Resolução: Sendo x 6= 0, podemos transformar a equação dada para a forma y′ = y x ( 1 + ln y x ) . A parte direita desta equação f(x, y) = y x ( 1 + ln y x ) é função homogênea de grau zero. Então conclúımos que a equação dada é homogênea. Utilizando as substituições y = xu⇔ y′ = u+xu′, obtemos uma equação diferencial com variáveis separáveis em relação a nova função desconhecida u(x) : xu′ = u lnu ou du u lnu = dx x , na suposição que lnu 6= 0, sendo u > 0. Na resolução desta última equação vamos escolher a constante de integração na forma logaŕıtmica. Então, obteremos: ln | lnu| = ln |x|+ ln |C̄|, onde C̄ 6= 0. Daqui resulta: u = eC̄x. É fácil verificar que o caso lnu = 0 dá mais uma solução da equação xu′ = u lnu, isto é, u = 1. Assim, a solução geral desta equação é u = eCx, C ∈ R. Atendendo a que u = y x , achamos a solução geral da equação dada: y = xeCx, C ∈ R. Exemplo 1.6. Resolver o problema de Cauchy ou problema de valor inicial{ x cos(y/x)(ydx+ xdy) = y sin(y/x)(xdy − ydx) y(1) = 2π . Resolução: Primeiro, vamos encontrar a solução geral da equação diferencial dada. Agrupando os seus termos com dx e com dy, transformemo-la para a forma: M(x, y)dx + N(x, y)dy = 0, onde M(x, y) = xy cos(y/x) + y2 sin(y/x), N(x, y) = x2 cos(y/x) − xy sin(y/x) são funções homogêneas do mesmo grau k = 2. Logo, a equação acima é homogênea que se resolve, utlizando as substituições y = xu, dy = xdu + udx que levam a uma equação diferencial com variáveis separáveis: 2u cosudx+ x(cosu− u sinu)du = 0. Resolvendo esta equação achamos: x2u cosu = C,C ∈ R. Atendendo a condição inicial y(1) = 2π, encontramos C = 2π. Assim, a solução do problema de Cauchy dado é xy cos(y/x) = 2π. 1.3 Equações exactas. Factor integrante Definição 1.11. Chama-se equação exacta a uma equação diferencial da 1a ordem da forma P (x, y)dx + Q(x, y)dy = 0, onde P (x, y), Q(x, y) são funções que verificam a seguinte condição ∂Q ∂x = ∂P ∂y . Licenciatura em Engenharias 6 Alex Marime c©, 2020 1 Equações diferenciais ordinárias 1.4 Equações lineares da 1a ordem. Equação de Bernoulli Sob esta condição a parte esquerda da equação exacta representa o diferencial total de uma função F (x, y), sendo P (x, y) = ∂F ∂x ,Q(x, y) = ∂F ∂y . Da teoria de integrais curviĺıneos de 2a espécie é sabido que neste caso verifica-se a seguinte igualdade F (x, y) = ∫ x x0 P (x, y0)dx+ ∫ y y0 Q(x, y)dy = C, C ∈ R que determina o integral geral da equação exacta dada. Notemos que (x0, y0) é ponto fixo no qual as funções P (x, y), Q(x, y) são cont́ınuas. Exemplo 1.7. Resolver o problema de Cauchy ydx− (y3 − x)dy = 0, y(1) = 2. Resolução: Temos que P (x, y) = y,Q(x, y) = −(y3 − x), onde ∂Q ∂x = ∂P ∂y = 1. Logo, a equação diferencial dada é exacta. Então, ao escolher o ponto (x0, y0) = (0, 0) e atendendo a que P (x, 0) = 0, obtemos ∫ x 0 0dx − ∫ y 0 (y3 − x)dy = C,C ∈ R. Desta igualdade achamos o integral geral da equação diferencial dada y4 = 4xy+C. Utilizando da condição inicial y(1) = 2, achamos C = 8. Assim a solução do problema de Cauchy é y4 = 4xy + 8. 1.3.1 Factor integrante Seja dada uma equação diferencial da forma P (x, y)dx+Q(x, y)dy = 0. Suponhamos que ∂Q ∂x 6= ∂P ∂y , isto é, a equação dada não é exacta. Em certos casos é posśıvel encontrar uma função µ(x, y), chamada factor integrante, tal que sendo multiplicada pela equação diferencial dada obter-se-á uma equação diferencial exacta, isto é, µ(x, y)P (x, y)dx + µ(x, y)Q(x, y)dy = 0. Então, o factor integrante determina-se pelas seguintes condições: 1. se 1 Q ( ∂Q ∂x − ∂P ∂y ) = u(x), então µ = µ(x) = e− ∫ u(x)dx; 2. se 1 P ( ∂Q ∂x − ∂P ∂y ) = v(y), então µ = µ(y) = e ∫ v(y)dy. Exemplo 1.8. Resolver a equação diferencial y(1 + xy)dx− xdy = 0. Resolução: Temos que P (x, y) = y(1 + xy), Q(x, y) = −x, onde ∂P ∂y = 1 + 2xy e ∂Q ∂x = −1, verifica-se que ∂Q ∂x 6= ∂P ∂y . Logo, a equação diferencial dada não é exacta. Entretanto, 1 P ( ∂Q ∂x − ∂P ∂y ) = −2 y = v(y). Isso significa que existe um factor integrante depen- dente da variável y que calculamos pela fórmula µ = µ(y) = e ∫ v(y)dy = e− ∫ 2 y dy = 1 y2 . Agora multiplicando a equação diferencial dada pelo factor integrante µ = 1/y2, obtemos uma equação exacta 1 + xy y dx− x y2 dy = 0, cujo integral geral é x(2 + xy) = Cy,C ∈ R. 1.4 Equações lineares da 1a ordem. Equação de Bernoulli Licenciatura em Engenharias 7 Alex Marime c©, 2020 1 Equações diferenciais ordinárias 1.4 Equações lineares da 1a ordem. Equação de Bernoulli Definição 1.12. Chama-se equação linear da 1a ordem a uma equação diferencial da forma seguinte y′ + P (x)y = Q(x), onde P (x), Q(x) são certas funções de x. A parte esquerda desta equação é do 1o grau, ou seja, linear em relação à função desconhecida y(x) e à sua derivada y′. O método de resolução de uma equação linear de primeira ordem consiste no seguinte: Procurar a sua solução na forma de produto de duas funções desconhecidas u(x) e v(x), isto é, y = uv. Neste caso uma destas funções, digamos v(x), pode ser escolhida arbitrariamente, mas a outra, isto é, u(x), deve ser determinada de modo que o produto uv satisfaça a equação linear dada. Então, efectuando as substituições y = uv, y′ = u′v + uv′, obteremos u′v + uv′ + P (x)uv = Q(x) ou u′v + u[v′ + P (x)v] = Q(x). Agora, para simplificar a última equação vamosescolher a função v(x) de tal maneira que a expressão entre os parêntesis rectos seja igual à zero, isto é, v′ + P (x)v = 0. Resolvendo esta equação de variáveis separáveis, achamos uma solução particular, correspondente a constante de integração nula v0(x) = e − ∫ P (x)dx. Neste caso a função u(x) satisfaz a seguinte equação u′v0 = Q(x), cuja solução é u(x) = ∫ Q(x) v0(x) dx+ C,C ∈ R. Assim, a solução geral da equação linear tem a seguinte forma y = v0(x) [∫ Q(x) v0(x) dx+ C. ] Exemplo 1.9. Resolver a equação diferencial (x+ 1)y′ − 2y = (x+ 1)4. Resolução: A parte esquerda da equação dada é do primeiro grau em relação a y e y′, a sua parte direita é uma função de x. Logo, a equação dada é linear. Efectuando as substituições y = uv e y′ = u′v + uv′, obtemos a seguinte equação (x+ 1)u′v + u[(x+ 1)v′ − 2v] = (x+ 1)4. Igualando a zero a expressão (x+ 1)v′ − 2v = 0, temos a seguinte solução particular, correspon- dente a constante de integração nula v0(x) = (x+1) 2. Então, a função u(x) é definida pela equação (x+ 1)u′v0 = (x+ 1) 4 ou (x+ 1)3u′ = (x+ 1)4, cuja solução geral é u(x) = 1 2 (x+ 1)2 +C,C ∈ R. Atentendo a que y = uv, encontramos a solução geral da equação dada é y = (x+ 1)2 [ 1 2 (x+ 1)2 + C. ] Definição 1.13. Chama-se equação de Bernoulli a uma equação diferencial da 1a ordem da forma seguinte y′ + P (x)y = Q(x)yα, α 6= 0 ∨ 1, onde P (x), Q(x) são certas funções de x. Para resolução da equação de Bernoulli, segui os mesmos passos da resolução de equações lineares da primeira ordem, com as seguintes substituições y = uv, y′ = u′v + uv′. Licenciatura em Engenharias 8 Alex Marime c©, 2020 1 Equações diferenciais ordinárias 1.5 Equações diferenciais de 2a ordem Exemplo 1.10. Resolver a equação diferencial x(x lny − 2)dy − ydx = 0. Resolução: A equação dada não é nem linear nem de Bernoulli em relação a y(x), pois contém lny. Vamos considerar a variável x como função desconhecida do argumento y, isto é, x = x(y). Neste caso dx = x′dy e a equação dada pode ser transformada à forma yx′ + 2x = x2 lny. Conforme a definição 1.13 esta equação é de Bernoulli que resolvemos aplicando as substi- tuições x = u(y)v(y), x′ = u′v + uv′, onde x′, u′, v′ são derivada em relação a y. No resultado obtemos yvu′ + u(yv′ + 2v) = u2v2 lny. A função v(y) é dado igualando yv′ + 2v = 0, que tem como solução particular v0 = 1 y2. Então, a função u(y) é definida pela equação y(1/y2)u′ = u2(1/y2)2 lny, cuja solução geral é u = 4y2 1 + 2 lny + Cy2 . Assim, atendendo a que x = uv, obtemos a solução geral da equação diferencial dada como x = 4 1 + 2 lny + Cy2 . Exemplo 1.11. Resolver a equação de Cauchy y′ cosx− y = y2(sinx− 1) cosx, y(0) = 1. Resolução: A equação é de Bernoulli. Aplicando a substituição y = uv, obtemos u′v cosx+ u(v′ cosx− v) = u2v2(sinx− 1) cosx. Da equação v′ cosx− v = 0 achamos v0 = 1 + sinx cosx . Então, a função u(x) é definida pela equaçào u′ = − cosx, cuja solução geral é u(x) = 1 C + sinx ,C ∈ R. Atendendo a que y = uv, encontramos a solução geral da equação dada y = 1 + sinx (C + sinx) cosx Da condição inicial y(0) = 1 obtemos C = 1. Assim, a solução do problema de Cauchy é y = 1 cosx . Teorema 1.2. A equação diferencial linear de primeira ordem y′ + P (x)y = Q(x) admite um factor integrante µ(x) = e ∫ P (x)dx e a solução geral é y = e− ∫ P (x)dx [∫ Q(x) ·e ∫ P (x)dxdx+ C ] (2) 1.5 Equações diferenciais de 2a ordem Definição 1.14. Uma equação diferencial se segunda ordem y′′ = f(x, y, y′) é linear quando a função f é linear em y e y′, isto é, a funçã f pode ser escrita na forma f(x, y, y′) = −p(x)y′ − q(x)y + r(x). Licenciatura em Engenharias 9 Alex Marime c©, 2020 1 Equações diferenciais ordinárias 1.5 Equações diferenciais de 2a ordem E a forma geral da equação diferencial linear de segunda ordem é y′′ + p(x)y′ + q(x)y = r(x). (3) Esta equação será chamada de homogênea se r(x) = 0. Caso contrário, será chamada de não- homogênea. Exemplo 1.12. . 1. A equação diferencial y′′ = 2xyy′ + e−x é uma equação de segunda ordem, porém não é linear por causa do termo 2xyy′. 2. A equação diferencial y′′ = 2xy′ + e−xy é uma equação de segunda ordem linear. 3. A equação diferencial y′′ = 2xy′ + e−x é uma equação de segunda ordem linear. Definição 1.15. Uma solução da equação (3) é uma função φ(x) definida num intervalo aberto, pelo menos duas vezes diferenciável e que satisfaz a equação diferencial, isto é, φ′′(x) + p(x)φ′(x) + q(x)φ(x) = r(x). Proposição 1.1. Se y1, y2, . . . , yn são soluções de y ′′ + p(x)y′ + q(x)y = 0 então a combinação linear y = C1y1 + C2y2 + · · ·+ Cnyn também é solução. Definição 1.16. Um Problema de Valor Inicial (PVI) de segunda ordem tem a forma y′′ = f(x, y, y′) y(x0) = y0 y′(x0) = y1 onde x0, y0 e y1 são valores dados. Uma soluçào deste PVI é uma solução da equação diferencial y′′ = f(x, y, y′) e que satisfaz as condições iniciais dadas, isto é, φ′(x) = y1 e φ(x) = y0. Teorema 1.3 (Existência e Unicidade). Sejam p(x), q(x) e r(x) funções cont́ınuas em [a, b]. Dados x0 ∈ [a, b] e y0, y′0 ∈ R, o problema de Cauchy y′′ + p(x)y′ + q(x)y = r(x) y(x0) = γ y′(x0) = δ possui uma única solução em [a, b]. Licenciatura em Engenharias 10 Alex Marime c©, 2020 1 Equações diferenciais ordinárias 1.5 Equações diferenciais de 2a ordem Definição 1.17. Dadas as funções diferenciáveis f(x) e g(x), o wronskiano de f e g é a função W (f, g)(x) = ∣∣∣∣ f(x) g(x)f ′(x) g′(x) ∣∣∣∣ = f(x)g′(x)− g(x)f ′(x) Proposição 1.2. Se y1 e y2 são linearmente independentes em [a, b], então o Wronskiano destas duas funções é diferente de zero, i.e, W (y1, y2)(x) 6= 0. Teorema 1.4 (Solução Geral). Se y1 e y2 são soluções linearmente independentes da equação diferencial ordinária y′′ + p(x)y′ + q(x)y = 0 então qualquer outra solução dessa equação é da forma y = C1y1(x) + C2y2(x), para quaisquer constantes reais C1, C2. Exemplo 1.13. Mostre que as funções y1 = x 1/2 e y2 = x −1 são soluções da equação 2x2y′′ + 3xy′ − y = 0. Resolução: • Precisamos achar primeiro as derivadas de y1 = x1/2 y′1 = 1 2 x−1/2, y′′1 = − 1 4 x−3/2 • Substituindo: 2x2 ( −1 4 x−3/2 ) + 3x ( 1 2 x−1/2 ) − x1/2 = −x 1/2 2 + 3x1/2 2 − x1/2 = 0. • Para provar que y2 = x−1 é solução, notemos que y′2 = −x−2 e y′′2 = 2x−3. Portanto, 2x2 ( 2x−3 ) + 3x ( −x−2 ) − x−1 = 4x−1 − 3x−1 − x−1 = 0. Exemplo 1.14. Conforme vimos no exemplo anterior, y1 e y2 são linearmente independente. Portanto, y = C1x 1/2 + C2x −1, é a solução geral no intervalo ]0,∞[. Licenciatura em Engenharias 11 Alex Marime c©, 2020 1 Equações diferenciais ordinárias 1.5 Equações diferenciais de 2a ordem Teorema 1.5 (Fórmula de Liouville). Seja y1 uma solução particular não nula da equação y′′ + p(x)y′ + q(x)y = 0 com p(x) e q(x) funções cont́ınuas no intervalo [a, b], a segunda solução da equação diferencial é dada por y2(x) = y1(x) [∫ 1 y21(x) e− ∫ p(x)dxdx ] . Ademais, as duas soluções são linearmente independente. Exemplo 1.15. Ache a solução geral da equação (x2 + 1)y′′ − 2xy′ + 2y = 0 conhecendo sua solução particular y = x. Resolução: • É fácil comprovar que y1 = x é uma solução; • Se aplicarmos a fórmula de Liouville obteremos a outra solução. Portanto, y2(x) = x (∫ 1 x2 e ∫ 2x x2+1 dx dx ) = x (∫ 1 x2 eln(x 2+1)dx ) = x (∫ x2 + 1 x2 dx ) = x ( x− 1 x ) = x2 − 1. • A solução geral da equação (x2 + 1)y′′ − 2xy′ + 2y = 0 é y = C1x+ C2(x 2 − 1). Teorema 1.6. A solução geral de uma equação diferencial linear não homogênea (3) é igual a soma y = y0 + yp, onde y0 é a solução da equação homogênea correspondente e yp uma qualquer solução de (3). Resolução de equaçõesdiferenciais lineares homogêneas de segunda ordem com coeficientes cons- tantes 1.5.1 Método da equação caracteŕıstica Sejam p(x) = a, q(x) = b e r(x) = 0 da equação (3), onde a e b são constantes: y′′ + ay′ + by = 0. (4) Observe que a função exponencial ekx tem a propriedade de que suas derivadas são todas constantes multiplicadas por si própria. Isto nos faz considerar a função y = ekx como uma solução posśıvel de Licenciatura em Engenharias 12 Alex Marime c©, 2020 1 Equações diferenciais ordinárias 1.5 Equações diferenciais de 2a ordem (4), se k for convenientemente escolhida. Fazendo y = ekx solução da equação e substituido y e suas derivadas y′ = kekx e y′′ = k2ekx na equação (4), temos: k2ekx + akekx + bekx = 0⇔ k2 + ak + b = 0. (5) Observe que a exponencial ekx nunca se anula. A equação (5) chama-se equação caracteŕıstica associada à equação diferencial (4). Para achar o valor de k basta resolver a equação caracteŕıstica k1 = −a+ √ a2 − 4b 2 e k2 = −a− √ a2 − 4b 2 . Poddemos ter três casos para os valores de k : Caso 1: as ráızes são reais e distintas, k1 6= k2. Neste caso, a solução geral correspondente é y = C1e k1x + C2e k2x Caso 2: as ráızes são reais e iguais, isto é, k1 = k2. Neste caso, a solução geral correspondente é y = (C1 + C2x)e k1x Caso 3: as ráızes são complexas, isto é, k1 = α + iβ e k2 = α− iβ. Neste caso, a solução geral correspondente é y = eαx (C1 cos βx+ C2 sin βx)) Exemplo 1.16. Resolva o problema de Cauchy y′′ − 5y′ + 4y = 0, y(0) = y′(0) = 1 equação caracteŕıstica: k2 − 5k + 4 = 0; Ráızes da equação caracteŕıstica: k1 = 1, k2 = 4; Solução geral: y = C1e x + C2e 4x Condições iniciais: y(0) = C1 + C2 = 1 y′(x) = C1e x + 4C2e 4x y′(0) = C1 + 4C2 = 1. Resolvendo o sistema de equações achamos C1 = 1, C2 = 0. Solução: y = ex. Exemplo 1.17. Resolva o problema de Cauchy y′′ + 2y′ + 5y = 0, y(0) = 1, y′(0) = 5 Resolução: equação caracteŕıstica: k2 + 2k + 5 = 0; Ráızes da equação caracteŕıstica: k1,2 = −1± 2i; Solução geral: y = e−x(C1 cos 2x+ C2 sin 2x); Condições iniciais: y(0) = C1 = 1 y′(x) = e−x (−C1 cos 2x− C2 sin 2x− 2C1 sin 2x+ 2C2 cos 2x) Licenciatura em Engenharias 13 Alex Marime c©, 2020 1 Equações diferenciais ordinárias 1.5 Equações diferenciais de 2a ordem y′(0) = −C1 + 2C2 = 5⇔ C2 = 3; Solução: y = e−x(cos 2x+ 3 sin 2x). Aseguir métodos de resolução de equação não homogêneas, sendo o método de variação das constantes geral. 1.5.2 Método de variação de parâmetros (Método de Lagrange) Seja a, b constantes arbitrárias. Considere a equação diferencial y′′ + ay′ + by = r(x). (6) Suponhamos que y = C1y1 + C2y2 seja a solução da equação homogênea y′′ + ay′ + by = 0. O método de varição das constantes consiste em trocar as constantes C1 e C2 por funções C1(x) e C2(x) adequadas, de modo que y = C1(x)y1(x) + C2(x)y2(x) seja uma solução particular de (6). Portanto, as funções C1(x) e C2(x) são obtidas do sistema:{ C ′1(x)y1 + C ′ 2(x)y2 = 0 C ′1(x)y ′ 1 + C ′ 2(x)y ′ 2 = r(x) Está garantida a existência da solução deste sistema pois o seu determinante é o Wronskiano de y1 e y2, que é diferente de zero, pois y1 e y2 são linearmente independentes. Exemplo 1.18. Resolva y′′ + y′ = 1 ex + 1 Resolução Equação homogênea correspondente: y′′ + y′ = 0 equação caracteŕıstica: k2 + k = 0; Ráızes da equação caracteŕıstica: k1 = 0, k2 = −1 Solução da parte homogênea: y0 = C1 + C2e −x Solução particular: yp = C1(x) + C2(x)e −x, onde C ′1(x) + C ′ 2(x)e −x = 0 C ′1(x)0− C ′2(x)e−x = 1ex+1 obtêm-se C ′2(x) = ex ex + 1 e C ′1(x) = 1 ex + 1 . Assim, C2(x) = ∫ exdx ex + 1 = ln(ex + 1), C1(x) = ∫ e−x e−x + 1 dx = − ln(e−x + 1). Portanto, yp(x) = − ln(e−x + 1) + e−x ln(ex + 1). Licenciatura em Engenharias 14 Alex Marime c©, 2020 1 Equações diferenciais ordinárias 1.5 Equações diferenciais de 2a ordem Assim, a solução geral é y = C1 + C2e −x − ln(e−x + 1) + e−x ln(ex + 1) 1.5.3 Método de coeficientes indeterminados Seja p, q constantes arbitrárias. Considere a equação diferencial y′′ + ay′ + by = r(x). (7) Suponhamos que y = C1y1 + C2y2 seja a solução da equação homogênea y′′ + ay′ + by = 0. Este método pode ser aplicado só caso o segundo membro r(x) da equação não-homogênea tiver uma forma especial. Vamos considerar dois casos t́ıpicos de aplicação do método de coeficientes indeterminados: Caso 1: o segundo membro r(x) da equação não-homogênea tem a forma r(x) = eaxPm(x), onde a é um número real que chama-se parâmetro real do segundo membro da equação não-homogênea, Pm(x) é um polinômio de x com grau m. Então a solução particular yp da equação não- homogênea dada procura-se sob a seguinte forma: yp = x reaxUm(x) onde o expoente da potência xr admite o valor r = 0 se o parâmetro real a não é raiz da equação caracteŕıstica, e admite os valores naturais r = 1, 2, 3, . . . se o parâmetro a fôr raiz de ordem de multiplicidade r da equação caracteŕıstica. Um(x) é um polinômio com coeficientes indeterminados cujo o grau m é mesmo que do polinômio Pm(x). Por exemplo, um polinômio de grau m = 0 tem a forma U0(x) = A, um polinômio de grau m = 1 tem a forma U1(x) = Ax+B, do grau m = 2 é U2(x) = Ax 2 + Bx + C etc., sendo A,B,C, . . . coeficientes indeterminados. Para encontrar esses coeficientes, é preciso substituir na equação não-homogênea dada, a função incógnita y e as suas derivadas y′, y′′, . . . por yp, y ′ p, y ′′ p , . . . , respectivamente, e da identidade obtida achar os coeficientes do polinômio Um(x). Caso 2: o segundo membro r(x) da equação não-homogênea tem a forma r(x) = eax[Pm(x) cos(bx)+ Ql(x) sin(bx)], onde Pm(x) e Ql(x) são polinômios de x de graus m e l, respectivamente. Ao número complexo a + ib chamaremos parâmetro complexo do segundo membo da equaçào não-homogênea. Então a solução particular yp da equação dada procura-se da seguinte forma: yp = x reax[Uj(x) cos(bx) + Vj(x) sin(bx)], onde o expoente da potência xr admite o valor r = 0 se o parâmetro complexo (a + ib) não é raiz da equação caracteŕıstica, e admite valores naturais r = 1, 2, 3, . . . . se este parâmetro fôr raiz de ordem de multiplicidade r da equação caracteŕıstica, Uj(x), Vj(x) são polinômios de x de grau j = max(m, l) com coeficientes indeterminados, que se determinam de maneira análoga a do Caso 1. Exemplo 1.19. Integrar a equação y′′′ + 3y′ − 4y = −6e−2x. Resolução: A equação diferencial dada é linear não-homogênea de coeficientes constantes, cuja soluçào geral tem a forma y = y0 + yp. A parte homogênea y ′′′ + 3y′ − 4y = 0, tem como solução y0 = C1e x + (C2 + C3x)e −2x. Para achar a solução particular yp da equação linear homogênea dada, vamos aplicar o método de coeficientes indeterminados, tomando em consideração que o segundo membro desta equação tem Licenciatura em Engenharias 15 Alex Marime c©, 2020 1 Equações diferenciais ordinárias 1.5 Equações diferenciais de 2a ordem a primeira forma especial, a saber, representa o produto do polinômio de grau “zero” P0(x) = −6 pela exponencial e−2x, sendo o parâmetro real do segundo membro a = −2 raiz dupla da equação caracteŕıstica r = 2. Logo, a solução particular yp é preciso procurar sob a forma yp = Ax 2e−2x, onde A é coeficiente indeterminado. Para determinar A, vamos substituir na equação dada y, y′′, y′′′ por yp, y ′′ p , y ′′′ p , respectivamente. No resultado obteremos A = 1. Então achamos yp = x2e−2x. Assim, a solução geral da equação diferencial dada é y = C1e x + (C2 + C3x+ x 2)e−2x. Exemplo 1.20. Integrar a equação y′′ + y′ − 2y = 8 sin(2x). Resolução: A equação diferencial dada é linear não-homogênea de coeficientes constantes, cuja soluçào geral tem a forma y = y0 + yp. A parte homogênea y ′′ + y′ − 2y = 0, tem como soluçãoy0 = C1e x + C2e −2x. A solução particular yp da equaçào linear não-homogênea dada, vamos procurar, aplicando o método de coeficientes indeterminados. Atendendo a que o segundo membro desta equação tem a segunda forma especial, cujo parâmetro complexo a + ib = 2i não é raiz da equação caracteŕıstica r = 0, sendo Pm(x) = 0, Ql(x) = 8,m = l = 0, j = max(m, l) = 0, concluimos que yp = A cos(2x) + B sin(2x), onde A e B são coeficientes indeterminados. Aseguir substituindo na equação diferencial y, y′, y′′ por yp, y ′ p, y ′′ p , respectivamente, obteremos a identidade (−6A+ 2B) cos(2x) + (−2A− 6B) sin(2x) = 0 · cos(2x) + 8 · sin(2x) resolvendo esta equação obtem-se A = −2 5 , B = −6 5 . Então a solução particular é yp = − 2 5 cos(2x)− 6 5 sin(2x). Assim a solução geral da equação dada é y = C1e x + C2e −2x − 2 5 cos(2x)− 6 5 sin(2x). Licenciatura em Engenharias 16 Alex Marime c©, 2020 2 Cálculo operacional 2 Cálculo operacional 2.1 Transformada de Laplace A transformada de Laplace pode ser usada para usada para resolver equa,c‘oes diferenciais com coeficientes constantes, ou seja, equações da forma ay′′ + by′ + cy = f(t), para a, b, c ∈ R. Para isso, a equação diferencial é inicialmente transformada pela transformada de Laplace numa equação algébrica. Depois resolve-se a equação algébrica e finalmente transforma-se de volta a solução da equação algébrica na solução da equação diferencial inicial. A transformada de Laplace de uma função f : [0,∞)→ R é definida por L(f)(s) = F (s) = ∫ ∞ 0 e−stf(t)dt (8) para todo s ≥ 0 em que a integral (8) converge. As transformadas de Laplace das funções f(t), g(t) e h(t) serão representadas por F (s), G(s) e H(s), respectivamente. Exemplo 2.1. Cálcule a transformada de Laplace da função f : [0,∞)→ R definida por f(t) = 1. Resolução: Usando a fórmula (8) temos F (s) = ∫ ∞ 0 e−st1dt = lim A→∞ ∫ ∞ 0 e−stdt = lim A→∞ e−st −s ∣∣∣A 0 = lim A→∞ [ e−sA −s − e −s·0 −s ] = 1 s , s ≥ 0 Exemplo 2.2. Cálcule a transformada de Laplace da função f : [0,∞)→ R definida por f(t) = eat, a ∈ R. Resolução: F (s) = ∫ ∞ 0 e−steatdt = lim A→∞ ∫ ∞ 0 e−(s−a)tdt = lim A→∞ e−(s−a)t −s+ a ∣∣∣A 0 = 0− e −(s−a)·0 a− s = 1 s− a , s ≥ a Teorema 2.1 (Linearidade). Se a transformada de Laplace de f(t) é F (s), para s > a1 e a transformada de Laplace de g(t) é G(s), para s > a2, então para as constantes α e β L(αf + βg)(s) = αL(f) + β L(g) = αF (s) + βG(s), s > max{a1, a2}. Teorema 2.2 (Primeiro teorema de deslocamento). Seja a ∈ R. Se a transformação de Laplace da função f : [0,∞)→ R é F (s), para s > c, então a transformada de Laplace da função g(t) = eatf(t) é G(s) = F (s− a), s > a+ c. Licenciatura em Engenharias 17 Alex Marime c©, 2020 2 Cálculo operacional 2.2 Solução de Problemas de Valor Inicial Exemplo 2.3. Achar f(t) sabendo que a transformada de Laplace é dada por F (s) = s+ 3 s2 − 3s+ 2 . Resolução: Colocando F (s) em função de somas parciais temos F (s) = s+ 3 s2 − 3s+ 2 = −4 s− 1 + 5 s− 2 = −4 1 s− 1 + 5 1 s− 2 cuja a transformada é F (s) é f(t) = −4et + 5e2t. 2.2 Solução de Problemas de Valor Inicial Diremos que a uma função f : [0,∞)→ R é seccionalmente cont́ınua ou cont́ınua por partes se f(t) é cont́ınua em [0,∞) excepto posśıvelmente em um número finito de pontos, nos quais os limites laterais existem. Teorema 2.3 (Derivação). (a) Suponha que f : [0,∞)→ R seja derivável com f ′(t) seccionalmente cont́ınua. Então L(f ′)(s) = sF (s)− f(0), em que F (s) é transformada de Laplace de f(t). (b) Suponha que f : [0,∞) → R seja derivável duas vezes com f ′′(t) seccionalmente cont́ınua. Então L(f ′′)(s) = s2F (s)− sf(0)− f ′(0), em que F (s) é transformada de Laplace de f(t). Exemplo 2.4. Determinar F (s) sabendo que f(t) = t sin(at), a ∈ R. Resolução: Temos que f ′(t) = sin(at) + at cos(at), f ′′(t) = 2a cos(at)− a2t sin(at) = 2a cos(at)− a2f(t) Assim, aplicando-se a transformada de Laplace e usando o Teorema 2.3 obtemos s2F (s)− sf(0)− f ′(0) = 2a s s2 + a2 − a2F (s) assim, F (s) = 2as (s2 + a2)2 Exemplo 2.5. Resolva este PVI onde y′′ + 2y′ + 5y = 4e−t cos(2t), y(0) = 1, y′(0) = 0. Resolução: Aplicando a transformada de Laplace, obtemos[ s2Y (s)− sy(0)− y′(0) ] + 2 [sY (s)− y(0)] + 5Y (s) = 4 s+ 1 (s+ 1)2 + 4 Licenciatura em Engenharias 18 Alex Marime c©, 2020 2 Cálculo operacional 2.2 Solução de Problemas de Valor Inicial substituindo-se os valores y(0) = 1 e y′(0) = 0 obtemos (s2 + 2s+ 5)Y (s) = 4 s+ 1 (s+ 1)2 + 4 + s+ 2 = 4s+ 4 + (s+ 2)(s2 + 2s+ 5) s2 + 2s+ 5 = s3 + 4s2 + 13s+ 14 s2 + 2s+ 5 assim, Y (s) = s3 + 4s2 + 13s+ 14 (s2 + 2s+ 5)2 . Como o denominador tem somente ráızes complexas, para decompor Y (s) em frações parciais vamos encontrar A,B,C e D tais que Y (s) = As+B s2 + 2s+ 5 + Cs+D (s2 + 2s+ 5)2 onde A = 1, B = 2, C = D = 4. Assim, Y (s) = s+ 2 s2 + 2s+ 5 + 4s+ 4 (s2 + 2s+ 5)2 = s+ 1 + 1 (s+ 1)2 + 4 + 4 s+ 1 [(s+ 1)2 + 4]2 = s+ 1 (s+ 1)2 + 4 + 1 2 2 (s+ 1)2 + 4 + 2 · 2(s+ 1) [(s+ 1)2 + 4]2 De onde obtemos y(t) = e−t cos(2t) + 1 2 e−t sin(2t) + te−t sin(2t). Licenciatura em Engenharias 19 Alex Marime c©, 2020 Equações diferenciais ordinárias Resumo teórico Equações diferenciais de 1ª ordem Equações diferenciais com variáveis separadas e separáveis Equações diferenciais homogêneas da 1ª ordem Equações exactas. Factor integrante Factor integrante Equações lineares da 1ª ordem. Equação de Bernoulli Equações diferenciais de 2ª ordem Método da equação característica Método de variação de parâmetros (Método de Lagrange) Método de coeficientes indeterminados Cálculo operacional Transformada de Laplace Solução de Problemas de Valor Inicial
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