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Unidade I - Semântica e Pragmática

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Prévia do material em texto

Autoras: Profa. Siomara Ferrite Pereira Pacheco
 Profa. Mônica Oliveira Santos
Colaboradoras: Profa. Cielo Festino
Profa. Joana Ormundo
Semântica e Pragmática 
Professoras conteudistas:
Siomara Ferrite Pereira Pacheco e Mônica Oliveira Santos
Siomara Ferrite Pereira Pacheco
Mestre em língua portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Siomara é professora na 
Universidade Paulista - UNIP de disciplinas ligadas à área de língua portuguesa e doutoranda pela mesma instituição, 
desde o início de 2010, no Programa de Língua Portuguesa. Além de experiência profissional no ensino superior, já 
lecionou no ensino básico, tanto em escolas particulares quanto públicas. Participa de bancas de correção de provas 
de exames como ENEM e ENADE, entre outras. 
Mônica Oliveira Santos 
Graduou-se no curso de Letras (1997) pela Universidade Federal da Paraíba, tendo desenvolvido trabalhos de 
iniciação científica na área de análise do discurso durante a graduação. É mestre em linguística aplicada (2000), 
com ênfase na área de ensino de língua materna, pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e doutora 
em linguística (2004), com ênfase nas áreas de semântica e análise do discurso, também pela Unicamp. Atualmente 
é Professora Adjunto II da Universidade Paulista - UNIP, ministrando as disciplinas Gramática Aplicada à Língua 
Portuguesa, Teorias do Texto, Semântica e Estilística da Língua Portuguesa, Análise do Discurso, Análise do Discurso/
Pragmática e Morfossintaxe Aplicada à Língua Portuguesa. É coordenadora do curso de Letras da UNIP - Campus de 
Campinas/Swift e atua ainda como líder de disciplinas e conteudista (EaD) de teorias do texto, análise do discurso e 
análise do disrcurso/pragmática. Tem experiência na área de linguística, com ênfase em semântica, texto e discurso, 
atuando principalmente nas abordagens relativas à enunciação coletiva, enunciação proverbial, funcionamento 
enunciativo-discursivo, textualidade/discursividade, relação sentido/sujeito e ensino de português. Dentre outras 
produções nas áreas de estudo do texto e da análise do discurso, Mônica é autora do livro Um comprimido que anda 
de boca em boca: os sujeitos e os sentidos no espaço da enunciação proverbial e coautora dos livros Em torno da 
língua(gem): questões e análises; Território da linguagem e Texto, discurso, interpretação: ensino e pesquisa. De modo 
bastante direcionado, o percurso teórico-produtivo de Mônica focaliza-se nas questões pertinentes às teorias do texto 
e do discurso, centralizando-se sobremaneira nas abordagens do ensino, da enunciação, dos sujeitos e da construção/
produção de sentidos. 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
P116p Pacheco, Siomara Ferrite Pereira
Semântica e pragmática. / Siomara Ferrite Pereira Pacheco, 
Mônica Oliveira Santos. - São Paulo: Editora Sol, 2011. 
96 p., il.
Notas: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-044/11, ISSN 1517-9230. 
1. Semântica. 2. Pragmática. 3. Estilística I. Título
CDU 81’37
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Elaine Fares
Sumário
Semântica e Pragmática
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 SEMÂNTICA - CONCEITO .................................................................................................................................9
2 SEMÂNTICA LEXICAL ..................................................................................................................................... 12
2.1 Sinonímia, antonímia, homonímia e polissemia ..................................................................... 18
2.1.1 Sinonímia .................................................................................................................................................. 18
2.1.2 Antonímia .................................................................................................................................................. 19
2.1.3 Homonímia e polissemia ..................................................................................................................... 19
2.2 Paronomásia, hiperonímia e hiponímia....................................................................................... 20
2.2.1 Paronomásia ............................................................................................................................................. 20
2.2.2 Hiperonímia e hiponímia ..................................................................................................................... 20
3 SEMÂNTICA FORMAL ..................................................................................................................................... 20
3.1 Acarretamento e pressuposição ..................................................................................................... 22
3.2 Ambiguidade .......................................................................................................................................... 23
4 SINONíMIA E PARáFRASE; CONTRADIÇÃO E ANTONíMIA ............................................................. 24
4.1 Sinonímia e paráfrase ....................................................................................................................... 24
4.2 Contradição e antonímia .................................................................................................................. 24
Unidade II
5 ESTILíSTICA ......................................................................................................................................................... 28
5.1 Estilística: definição ............................................................................................................................. 28
5.2 Estilística: classificação ..................................................................................................................... 29
5.2.1 A estilística da língua (ou da expressão linguística) ................................................................. 29
6 ESTILíSTICA SOB OUTRAS PERSPECTIVAS .............................................................................................. 30
6.1 A estilística como sociolinguística ................................................................................................ 30
6.2 Estilística literária .................................................................................................................................30
6.3 Estilística funcional e estrutural .................................................................................................... 30
6.4 Estilística e retórica ............................................................................................................................. 31
6.5 Estilística do som .................................................................................................................................. 32
6.5.1 Aliteração .................................................................................................................................................. 32
6.5.2 Assonância ................................................................................................................................................. 33
6.5.3 Homeoteleuto e rima ............................................................................................................................ 33
6.5.4 Anomimação ............................................................................................................................................. 33
6.5.5 Paronomásia ............................................................................................................................................. 33
6.5.6 Onomatopeia ............................................................................................................................................ 33
6.5.7 Harmonia imitativa ................................................................................................................................ 34
6.5.8 Alterações fonéticas .............................................................................................................................. 34
6.5.9 Ortografia ................................................................................................................................................... 36
6.6 Estilística da palavra ......................................................................................................................... 36
6.6.1 Palavras gramaticais .............................................................................................................................. 36
6.6.2 Palavras lexicais ....................................................................................................................................... 38
6.6.3 As tonalidades emotivas das palavras ............................................................................................ 38
6.6.4 As palavras e a linguagem figurada ................................................................................................ 40
6.7 Estilística da frase ................................................................................................................................. 44
6.7.1 A ordem dos termos da frase ............................................................................................................. 48
6.7.2 As alterações da ordem direta .......................................................................................................... 48
6.7.3 Concordância ............................................................................................................................................ 49
6.8 Estilística da enunciação ................................................................................................................... 50
Unidade III
7 INTRODUÇÃO à PRAGMáTICA ................................................................................................................. 62
7.1 Pragmática: a origem ........................................................................................................................ 62
7.2 Definindo a pragmática: alguns aspectos .................................................................................. 63
7.3 Interesse atual pela pragmática: motivações de estudo ...................................................... 72
8 PRAGMáTICA: TRêS IMPORTANTES VERTENTES ................................................................................ 74
7
APRESENTAÇÃO
Caro aluno e leitor,
Nesta disciplina, temos por base o desenvolvimento da habilidade para a compreensão e análise dos 
estilos de diversos autores e de textos de gêneros variados. 
Para que isso ocorra, é necessário apreender os recursos que a língua propicia para a construção 
de sentidos, de significados, assim como a expressividade existente em textos escritos em língua 
portuguesa. 
Dessa forma, apresentamos nossos objetivos e conteúdos a seguir.
O objetivo geral da disciplina é estudar as principais ocorrências semânticas da língua, nos níveis 
fonológico, morfológico e sintático, bem como o uso dos efeitos semânticos em diversos gêneros de 
discurso e tipologias textuais. 
Assim, do ponto de vista estilístico, a disciplina estuda questões relativas à expressividade em língua 
portuguesa, também nos níveis fonológico, morfológico e sintático. 
Ao relacionar os aspectos semânticos e estilísticos da língua, objetiva-se verificar os recursos que 
qualificam um texto, assim como a construção de significados nos diversos contextos relacionados aos 
gêneros textuais.
Os objetivos específicos são:
• Reconhecer o potencial expressivo da língua portuguesa nos níveis fonológico, morfológico e 
sintático.
• Averiguar a construção do significado do texto pela seleção lexical, tendo em vista os recursos 
semânticos da sinonímia e da polissemia, entre outros. 
• Identificar fatores extralinguísticos que influenciam na construção do significado do texto, como 
o contexto social. 
• Reconhecer a construção de figuras relacionadas ao som, às palavras e/ou às estruturas sintáticas 
existentes em um texto.
• Conhecer estratégias estilísticas que caracterizam autores, estilos, épocas e gêneros de texto.
• Verificar, tanto do ponto de vista discursivo quanto textual, as estratégias de uso da língua como 
manifestações linguísticas das intenções do sujeito na interação comunicativa. 
8
INTRODUÇÃO
Para atingirmos nossos objetivos, o conteúdo será dividido em sequências, as quais serão descritas 
abaixo.
Na primeira sequência, trataremos do conceito de semântica, assim como dos conceitos de 
linguagem, sentido e significação. Para compreendermos esses conceitos, teremos de abordar tanto 
os fatores linguísticos quanto os extralinguísticos, os quais influem nessa construção de sentidos e/ou 
significados.
Iniciando pela área da semântica, ainda nessa primeira parte, a focalização, primeiramente, será no 
léxico e na construção dos significados por processos linguísticos, como a sinonímia, a antonímia, a 
hiperonímia/hiponímia, a homonímia e a polissemia. 
Em seguida, trataremos da semântica com foco na área da estilística, abordando figuras de palavras 
tais como a metáfora, a metonímia e a catacrese, entre outras.
Na última unidade, trataremos da pragmática, observando como a expressão linguística possibilita a 
interação entre os sujeitos participantes do ato comunicativo. 
Do ponto de vista semântico, veremos as relações semânticas tanto no nível da palavra quanto 
no nível da sentença. Neste último, estudaremos processos de acarretamento, de pressuposição, de 
ambiguidade.
Quanto à estilística, trataremos de conceitos e de classificações nessa área, os quais dizem respeito à 
expressividade que a língua propicia na elaboração de textos dos mais diversos tipos, sobretudo o texto 
literário. 
Também abordaremos outros recursos que se estendem desde o nível fonético até o da enunciação, 
nos quais podemos identificar estilos diversificados na organização e elaboração de um texto.
Na terceira parte, o foco será a área da pragmática, em que trataremos dos recursos expressivos da 
língua, voltados para os contextos reais cotidianos, portanto incorporados aos aspectos sócio-históricos 
e culturais que se podem observara partir do plano da expressão de um texto. Lembre-se de que, além 
do conteúdo desse material, é importante fazer a leitura da bibliografia indicada.
Bom estudo!
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Semântica e Pragmática 
Unidade I
1 SEMÂNTICA - CONCEITO
Nesta unidade, veremos como é ampla a área de estudo que se denomina semântica. Para tanto, 
enfocaremos cada vertente que se diz voltada para os estudos da construção dos significados.
A semântica é a área que estuda os significados, entretanto, dependendo do ponto de vista, muda a 
forma de descrevê-los, o que pode nos levar a afirmar que há semânticas, no plural. 
Os seguidores de Saussure1, os estruturalistas, entendiam que o significado constitui-se pelas 
diferenças, ou seja, uma palavra significa o que a outra não significa. Por exemplo, “sofá” define-se por 
não ser “poltrona”. 
Para entendermos o que é semântica, é preciso compreender a evolução dos estudos em termos 
de linguagem. Em um primeiro momento, houve a crença de que o referente era o objeto no mundo, 
externo à linguagem, ou seja, de que o homem nomeava as “coisas” do mundo independentemente de 
sua inserção sócio-histórica ou cultural nele. 
Para essa visão da linguagem, “as línguas naturais seriam como que nomenclaturas apensas às coisas 
de um mundo discretizado, recortado”, segundo Pietroforte & Lopes (2003, p. 112).
Durante o estruturalismo, ao pensar a relação de um significante para com um significado, Saussure 
postulava que cada significante tinha um significado e essa relação era social. Nessa época, acreditava-
se na palavra fora do texto, trabalhava-se uma lista de palavras e as estruturas gramaticais delas. 
Por exemplo: leão – palavra denotativa que designa um animal selvagem, felino, carnívoro, 
originário da áfrica. Entretanto, se dissermos “João é um leão”, ocorre o valor polissêmico, ou seja, 
há mais de um significado. Desse modo, João não é selvagem, ele pertence a outro universo, o que 
desconsidera alguns atributos de leão para privilegiar a agressividade, a ferocidade, processo que é 
chamado de conotação. Na perspectiva estruturalista havia o significado único para o significante do 
signo denotado. 
Em um segundo momento dos estudos da linguagem, porém, passou-se a verificar que os conceitos 
são determinados pelo discurso e não por meio de um referente dado previamente, externo à linguagem. 
Dessa forma, as palavras somente ganhariam significado se inseridas no contexto de comunicação, visto 
que elas não têm uma relação direta com o objeto que significam.
1Saussure foi o precursor do estruturalismo, primeiro paradigma de estudos linguísticos no qual a língua era vista 
como sistema, como uma estrutura em funcionamento, daí a origem do nome desse paradigma.
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Unidade I
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Pense, por exemplo, nos conceitos de céu e inferno. O que significa cada um deles? Isso dependerá 
do contexto em que se inserem. Do ponto de vista do discurso religioso, pode-se atribuir a eles o sentido 
de prêmio versus castigo, ao passo que para um indivíduo podem representar o estado interior de 
calmaria ou de turbulência.
Segundo os estudos mais recentes, a denotação pode ser tratada como base do signo e a conotação, 
como a significação de contexto, ou seja, associação do significado com o significante. 
Inicialmente, a semântica e a estilística caminhavam juntas (sentidos polissêmicos), por exemplo: 
a palavra olhos é significante de um significado, órgãos da visão que propiciam um sentido para os 
indivíduos. 
Já no uso efetivo, nenhum signo tem um significado único, o significado é cultural e depende da 
região e grupo social em que se insere. Por exemplo: “a minha esposa”, “a minha senhora”, “a minha 
mulher”, “a dona da pensão”, “a minha carcereira”. Os grupos sociais não têm o mesmo vocabulário, 
apesar de falarem a mesma língua e o léxico estar disponível para qualquer indivíduo.
Assim, sabendo que a semântica é o estudo sistemático do sentido nas línguas naturais, devemos 
compreender que cada maneira de construir a teoria da linguagem resulta em uma semântica peculiar.
Há uma semântica do referente, de tradição lógico-gramatical, herança dos filósofos gregos, em 
que se acredita que as palavras remetem aos conceitos e que estes, por sua vez, representam as coisas. 
Nessa concepção, os conceitos são garantidos pelas coisas do mundo, denominadas referentes e, assim, 
o mundo é o mesmo para todos.2
A semântica do referente trabalha com essências, em que há uma visão una do objeto, relegando o 
problema da interpretação a um segundo plano. Nessa perspectiva, os conceitos são universais, portanto, 
imutáveis para todo e qualquer ser humano, visto que não importa em que cultura ele nasceu e foi 
criado.
 Lembrete
A “semântica do referente” não é uma vertente, mas apenas a designação 
do autor. Referente é tudo aquilo a que o enunciado se refere, ou seja, o 
objeto no mundo a ser representado. 
Já outra vertente, de influência retórico-hermenêutica, transfere o eixo da produção do sentido 
para o que se passa “de homens para homens” e não simplesmente entre linguagem humana e mundo. 
Isso quer dizer que, sob essa perspectiva, a produção de sentido é um fenômeno humano em que há um 
fazer persuasivo do locutor e um fazer interpretativo do interlocutor.
2Atualmente há diferença entre referente e referência. O primeiro termo diz respeito à realidade que é apontada 
pelo segundo.
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Semântica e Pragmática 
No final do século XIX, início do século XX, os estudos de Saussure influenciaram a visão que se tinha 
sobre a palavra e o conceito. Nesse sentido, é preciso retomar o que é o signo linguístico postulado por 
ele.
Saussure defendia que as duas faces do signo linguístico são o significante e o significado, atribuindo 
ao primeiro a imagem acústica reconhecida pelo falante e ao segundo, o conceito que ele tem do objeto. 
Não podemos nos esquecer de que a visão saussuriana tinha por pressuposto a arbitrariedade do signo 
linguístico, ou seja, os signos seriam convenções sociais.
Antes de Saussure, o significante era linguístico e o significado era o referente no mundo 
extralinguístico. A palavra era um rótulo que se colocava no referente. Com Saussure, passou-se a 
considerar o referente e o significado linguístico, sendo este formado por significado e significante 
linguísticos. Os dois formam o signo, que passa a ser um valor, ou seja, o significado e significante valem 
pelo referente sê-lo, eles representam o objeto no mundo.
Nessa perspectiva, hoje, em uma visão sociointeracional, tanto a palavra quanto o conceito tornam-
se variáveis de acordo com a inserção sócio-histórica das expressões que estejam em relevância, visto 
que se pressupõe a ação humana na construção do sentido, o que não era previsto por Saussure. 
Do mesmo modo, é preciso destacar a noção de verdade versus falsidade que o olhar não referencialista 
leva-nos a ter sobre o mundo. Nesta perspectiva atual, que insere o sujeito no contexto de construção dos 
significados, a verdade é construída pelos homens e, por isso, torna-se múltipla, variável em função dos 
pontos de vista humanos. Portanto, não há mundo objetivo, dotado de referentes e de acontecimentos, 
os quais são refletidos pela linguagem, o que há é um mundo de sentido construído pelo homem.
 Saiba mais
Para aprofundar seus estudos a respeito, sugerimos a leitura de 
Referenciação e Discurso, obra indicada na lista de referências textuais. 
Nessa concepção, a semântica deixa de lado as noções lógicas e se aproxima de questõesrelacionadas 
à visão retórico-interpretativa, para a qual interessa o que é dito, como é dito e que efeitos tem sobre 
o interlocutor.
Há, entretanto, diferentes pontos de vista que delimitam os estudos da semântica. Como já foi dito, 
há um primeiro baseado na visão estruturalista de vertente saussureana, que define o significado 
como uma unidade de diferença, ou melhor, o significado de uma palavra define-se por não ser outro 
significado. Por exemplo, “janela” define-se por não ser “porta”.
Já para a semântica formal, o significado compõe-se de duas partes, o sentido e a referência. Dizer, 
por exemplo, “a janela da casa” ou “a janela do escritório” implica em relações diferentes do mesmo 
objeto. Nessa perspectiva do modelo lógico, a relação da linguagem com o mundo é fundamental.
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Para a semântica da enunciação, o significado constrói-se no jogo argumentativo criado na e pela 
linguagem. O exemplo dado, janela, pode significar as diversas possibilidades de encadeamentos argumentativos 
dos quais a palavra pode participar. O significado será a soma das suas contribuições em inúmeros fragmentos 
de discurso. Pode-se obter: “Abri a janela”; “Há uma janela entre uma reunião e outra” e assim por diante.
Há, ainda, uma vertente denominada semântica cognitiva, que vê a palavra como uma estrutura 
prototípica, ou seja, para a palavra em questão, janela, há conceitos pré-linguísticos que aparecem nas práticas 
discursivas, todavia esses conceitos definem-se pelo membro mais emblemático: um elemento de abertura.
 Saiba mais
A obra Metáforas da vida cotidiana, de Lakoff e Johnson, influenciou nos 
estudos da semântica cognitiva no Brasil. Para saber mais, leia Semântica 
Cognitiva: ilhas, pontes e teias, de Heloísa Pedroso de Moraes Feltes. 
Como se vê, dependendo do ponto de vista para o mesmo objeto, temos um estudo diferente, daí 
termos de considerar a semântica em seu sentido plural.
Para um entendimento inicial sobre o assunto, faremos uma descrição da semântica no nível do 
léxico e no nível da forma de organização linguística para a produção de significados, lembrando que 
esse estudo não se esgota aí.3 
2 SEMÂNTICA LExICAL 
à semântica lexical cabe estudar o significado das palavras de uma língua. O estruturalismo ocorreu 
entre 1912 e 1960/70 e o gerativismo, da década de 50 até os anos 70/80. Ambos os paradigmas trataram 
da língua “fora do uso”, focalizando o sistema da língua, por isso, trataram da semântica da palavra fora 
de uso, dentro da tensão do texto, o que se denomina semântica intencional.
Desse modo, a semântica intencional trata do conteúdo da palavra, do significado linguístico e 
podem-se utilizar os princípios da descrição dos dois planos – o dos significantes (plano da expressão) 
e o dos significados (plano do conteúdo), pelos quais a fonologia descreve as unidades do plano da 
expressão, decompondo-as em traços distintivos.
 Observação
Léxico refere-se a um conjunto de lexias que são denominadas unidades 
mínimas de memória armazenadas na memória de longo prazo, como o 
léxico da língua que conhecemos.
3 Veja o capítulo sobre semântica, que traz um panorama sobre o assunto, em: MUSSALIN, F.; BENTES, A. C. Introdução 
à linguística – domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001.
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Semântica e Pragmática 
Por exemplo, o fonema /p/ apresenta os seguintes traços: +oral, +oclusivo, +bilabial, enquanto /t/ é 
+oral, +oclusivo, -bilabial/+dental. Os dois fonemas distinguem-se no último traço, pois um é bilabial e 
o outro é dental.
Da mesma maneira, os traços distintivos do conteúdo, denominados semas, podem ser assim 
exemplificados:
Quadro 1 - Semas
Lexema Sema Poltrona Cadeira Sofá
1. para sentar-se + + +
2. com pés/elevado sobre o solo + + +
3. com encosto + + +
4. com braços + + +
5. de material rígido - + -
6. para uma pessoa + + -
RAMOS, R. S. P. In: CARVALHO, L. F. M. de (Coord.); SOUZA, J. M. de (Org.). Língua Portuguesa: semântica. Rio de Janeiro: Editora Rio, 2006.
Esse tipo de descrição denomina-se análise componencial ou sêmica. Ela é feita com base na 
presença e/ou ausência dos traços distintivos, os semas. O conjunto deles define-se por semema. 
Cada lexema tem, portanto, um semema, no mínimo. No dicionário, normalmente os diferentes semas 
são identificados por números. Por exemplo, o semema de “vaca” comporta os semas: boi + fêmea + 
adulto.
Entretanto, os traços semânticos têm uma gradação no continuum que, de acordo com Bernard 
Pottier (apud PIETROFORTE & LOPES, 2003, p. 122), “leva das propriedades objetiváveis (α) às subjetivadas 
(µ)”.
Quadro 2
µα
 esse caderno é: grosso volumoso bonito
Objetivo (normas definíveis em termos relativos) Subjetivo
 α 
Veja que os semas de caderno vão do mais objetivo ao mais subjetivo, o que pode ocorrer com 
sememas de um lexema, uma vez que estes podem variar de um contexto a outro, ou seja, uma mesma 
palavra pode variar seu significado de acordo com o contexto. É o que ocorre em textos nos quais a 
subjetividade influi sobre a construção dos significados das palavras, como os literários, os poéticos.
Para exemplificar, vejamos uma análise feita por Ramos (2006). A autora parte do lexema branco, 
extraído do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa:
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Que apresenta a cor da neve recém-caída [...].
Cuja cor é produzida por reflexão, transmissão ou emissão de todos os tipos 
de luz conjuntamente, na proporção em que existem no espectro visível 
completo, sem absorção sensível, sendo assim totalmente luminoso e 
destituído de qualquer matiz distintivo. 
Em seguida, compara o mesmo lexema a um texto jornalístico, cujo título é “Agora é branco”, 
extraído da revista IstoÉ, em que ele sofre alterações, pois a reportagem trata de um encontro de 
líderes do Partido dos Trabalhadores para rever o programa do partido e adequá-lo à realidade do 
governo Lula. 
No contexto analisado, há uma referência à nova cor do partido, que antes era representado pela 
cor vermelha e agora passa a sê-lo pelo branco, o que significa a mudança das ideias que orientavam o 
mesmo partido. De ideias “da esquerda”, o partido passa a representar uma neutralidade, representada 
pela cor branca. Portanto, o lexema branco passa a significar o que é moderado em oposição ao 
radicalismo representado anteriormente pelo vermelho.
A vertente referencialista, isto é, que vê o conceito relacionado ao referente no mundo, acredita 
em um grau zero da linguagem, isto é, na objetividade das palavras, no sentido “literal” delas. Nessa 
perspectiva, a linguagem reflete o mundo objetivo e o que se desvia desse grau zero é chamado 
conotativo ou figurado.
Todavia, a partir do conceito de signo desenvolvido por Saussure, vemos que a linguagem produz 
efeitos de sentido, não é simplesmente reflexo das coisas do mundo. É no discurso, portanto, que se 
constroem as figuras como metáforas, metonímias e outras.
Veja o exemplo de Ramos sobre o sentido figurado das palavras:
Timoneiro nunca fui
Que eu não sou de velejar
O leme da minha vida 
Deus é quem faz governar
 (Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho)
A autora destaca o lexema timoneiro, partindo da concepção de signo de Saussure, em que há 
um significante e um significado. Dessa forma, a sequência sonora está associada ao significado de 
“aquele que conduz o timão de uma embarcação”. Este seria o significado habitual, chamadode sentido 
denotativo. 
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No entanto, o signo linguístico posto em destaque assume um novo significado no texto, 
passando a significar “aquele que dirige ou guia algo”, especificamente, no caso, “aquele que 
guia a vida”, visto que está associado a outro signo – “Deus”. Este é o sentido conotativo da 
palavra.
Há duas formas de associação entre o sentido habitual e o sentido novo de uma palavra. A primeira diz 
respeito a uma relação de semelhança entre o significado de base e o novo, que se denomina metáfora. 
Se a associação ocorre por meio de uma relação de contiguidade, implicação, interdependência, tem-se, 
então, o que se denomina metonímia.
Saussure propõe que o significado da língua não é o referente, não é o objeto do mundo, porque se 
fosse seria rótulo. Então, podemos considerar que são recortes culturais e ideológicos. Veja, a seguir, o 
signo saussureano:
Figura 1: árvore
Entende-se o signo como se fosse um ícone, porque é uma imagem mental da árvore. A partir de 
Saussure, a linguística passou a ser tratada como ciência que estuda a linguagem humana.
A linguagem humana tem várias naturezas, por isso Saussure diz que é heteróclita. Podemos observar 
as distinções a seguir:
• Natureza neurológica – circunvolução do cérebro, cuja área, se lesionada, produz distúrbios de 
comunicação, por exemplo: em casos do uso de fórceps em nascimentos, algum acidente etc.
• Nomear coisas do mundo – linguagem e coisa no mundo.
• Construir significação – foco no sentido e não no objeto, por meio da associação de um significante 
ao significado ou ao contrário, e produção de sentido com essa construção. Por exemplo: “Está 
muito quente hoje!”. Associando significado e significante produzem-se sentidos.
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Em se tratando de produção e/ou interpretação textual, a linguagem se define pela textualidade por 
meio da elaboração de textos nas áreas do eu e do tu, construindo a intertextualidade. Desse modo, 
um texto é sempre resposta a um texto anterior, e a argumentatividade leva o outro a abandonar o que 
sabia e a dar adesão ao novo que está sendo colocado.
Dessa forma, constitui-se uma disciplina dentro da linguística chamada semântica.
 Observação
ica – refere-se aos conhecimentos das ciências exatas (como se fosse 
possível situar o sentido dos significados de forma exata).
logus/logia – conhecimentos das ciências humanas. 
Segundo Derrida, semasiologia é mais adequado. 
Quando a semântica tornou-se disciplina, um dos objetivos foi formalizar cientificamente o 
significado do signo, a partir de questões como: “é ícone?”; “é regra gramatical?”.
No início do século 20, com as contribuições de Freud, houve uma revolução no interior dos estudos da 
mente, pois os psicólogos apresentaram vários estudos sobre a psique humana. Bartlett (1932), por exemplo, 
apresentou as formas de conhecimento humano pela teoria dos esquemas mentais, em que se definem:
1. Script – existe a formalização de uma sequência ordenada de ações no tempo que propiciam a 
designação, que é o referente.
Por exemplo: nascer – namorar, cópula, engravidar, feto, 09 meses, nascer, sair do útero, passar a 
respirar sozinho.
Ela apeou do cavalo – inferências do script.
Segundo resultados de pesquisa, não armazenamos conhecimentos globais, mas uma parte disso, e 
os ordenamos em outro momento. A ordenação é cultural. 
Exemplificando: 
Morreu estava doente 
estágio final
moribundo
parou de respirar
morreu
estava saudável
levou um tiro
morreu
 
Nas sociedades indígenas, tiro não tem ordenação, para outras, morte é um bem e não uma pena, é 
luz.
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A língua é organizada como no exemplo a seguir:
Almoçar operário
toca o sino
lavar as mãos
é servido, não escolhe 
come 
não paga, vai embora
empresário com um político 
motorista
maître
acompanhamento, bebidas
aperitivo (pois a comida está sendo 
preparada na hora)
As experiências de vida constroem conhecimentos culturais. Todo esquema mental tem um sentido 
mais global. Exemplo:
“Feijoada: para quem gosta, é o paraíso, para quem não gosta, faz mal à saúde”.
2. Frame – sentido mais global de um script.
Do ponto de vista de quem produz o texto, é preciso que haja conhecimento das condições de 
produção, ou seja, é preciso saber para que, para quem e por que o texto será produzido. Assim, a escolha 
enunciativa do texto pode ser mais objetiva ou mais subjetiva, dependendo da intenção. Bernard Pottier 
faz uma grande contribuição ao incorporar ao signo saussureano a noção de lexia. Lexias são unidades 
de memória que se referem aos conteúdos memorizados por meio dos scripts e frames.
A seguir, o modelo de Pottier para formalizar a área semântica do signo, incorporando as relações de 
sentido na designação do signo proposto por Saussure:
Quadro 3 - Lexia
Significado
Semântico
Sintático
Categorema 
Semema
Virtuema
Significante
Lexema – designa o que existe no mundo e é formalizado em quatro classes gramaticais (substantivo, 
verbo, advérbio e adjetivo).
Gramema – significado gramatical – classes gramaticais: artigo, numeral, pronomes etc.
Lexema é tratado por lexia – unidade mínima de memória armazenada na memória de longo prazo, 
como o léxico da língua que se conhece. 
Léxico ativo – usa vocábulo em ocorrência.
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Léxico passivo – não usa vocábulo em ocorrência, mas sabe; dicionário – palavras interlexicais 
– incorpora semias.
O conteúdo de uma lexia – categorema, semema e virtuema.
 
• Categorema – significado comum a várias lexias. 
Por exemplo: óculos – lente para ampliar a visão.
• Semema – é o que dá a diferença de um referente para o outro.
Por exemplo: óculos (duas lentes); monóculo (uma lente).
• Virtuema – é a lexia memorizada, são significados específicos decorrentes de experiências 
pessoais.
Vocábulo – todas as unidades contidas; elas têm o mesmo significado para qualquer pessoa, em 
qualquer lugar ou tempo em que falar aquela língua. Imposto como estado político, sentido dicionarizado 
por definição.
 
Palavra – é a lexia manifestada em um texto, porque adquire novos significados incorporados pelo 
texto e contexto.
 
Conceito – é algo não institucionalizado e varia de grupo para grupo.
No campo lexical, as palavras definem-se umas em relação às outras e, nesse processo de estruturação 
do sistema lexical, elas estabelecem diversos tipos de relação, a saber: a sinonímia, a antonímia, a 
hiperonímia, a hiponímia, a homonímia, a paronomásia e a polissemia. É o que veremos na sequência.
2.1 Sinonímia, antonímia, homonímia e polissemia
2.1.1 Sinonímia 
São sinônimos dois termos que podem substituir um ao outro em determinado contexto. Embora isso 
ocorra, não são sinônimos perfeitos, porque as condições de uso serão determinadas pelo discurso. 
Selecionar um verbo, por exemplo, como amar ou adorar, implica em saber o contexto que determinará 
essa escolha, pois cada um compreende um grau de intensidade de gostar. 
Por outro lado, o discurso pode desfazer sinonímias. É o que ocorre com as palavras belo, sublime e 
bonito, no exemplo que se encontra no texto de Pietroforte & Lopes (2003, p. 126):
O Belo decorre do equilíbrio resultante da perfeita combinação de todos os 
elementos esteticamente relevantes.
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O Sublime nasce da exacerbação do Belo. Ele é alcançado, segundo Kant, 
quando ao Belo aliam-se elementos que trazem à consciência certa ideia de 
infinito. Há nesta categoria uma grandiosidade que ultrapassa a dimensão 
humana.
O Bonito é a forma diminuída do Belo; é o apoucamento do Belo. Não 
alcança a harmonia e a realização cabal deste.
2.1.2 Antonímia
Esse processo é contrário ao da sinonímia, uma vez que não há oposição absoluta entre antônimos, 
do mesmo modo em que não há semelhança total entre sinônimos. No léxico, encontramos, entretanto, 
significados que são contrários. 
Quando dizemos feio versus bonito, alto versus baixo, por exemplo, torna-se fácil reconhecer a 
oposição de sentido. Todavia, a antonímia vai além disso. Há palavras que não são a princípio opostas, 
mas que podem se tornar no contexto.
O autor Rodolfo Ilari (2002) lembra-nos de contextos, como o político, em que a oposição dos 
significados das palavras está relacionada a períodos diferentes da história e, por isso, remete às oposições 
entre eles. São os casos de parlamentaristas versus presidencialistas, monarquistas versus republicanos, 
por exemplo.
A oposição entre as palavras antônimas pode ter origem diversificada, pois pode ser estabelecida ao 
indicar, por exemplo, posições diferentes em uma escala (frio versus quente) ou delimitar início e fim de 
um mesmo processo (nascer versus morrer) e assim por diante. 
O importante é observar a construção dos significados pela linguagem, não nos esquecendo de que 
os sentidos se constroem na interação produtor-texto-leitor.
2.1.3 Homonímia e polissemia
às vezes torna-se difícil distinguir um fenômeno do outro. No entanto, mesmo parecidos, o que pode 
distinguir um do outro é o fato de a homonímia ser da ordem do significante, enquanto a polissemia é 
da ordem do significado.
O exemplo clássico de homonímia é o uso de manga, que no plano da expressão (o significante) 
é a mesma palavra, mas que pode designar uma fruta ou uma parte do vestuário – camisa ou 
blusa. 
Há homônimos que mudam a grafia, como cessão, sessão, seção. Há outros, ainda, que podem 
mudar de classe gramatical, como passe (substantivo) e passe (do verbo passar). De qualquer maneira, é 
o contexto que determinará o significado da palavra utilizada.
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Já na polissemia uma mesma palavra admite vários significados, que são apreendidos como extensões 
de um sentido básico. Coloquemos em destaque a palavra flor. Vejamos o exemplo:
“Maria, aquela flor de menina, encantou-me.”
O mesmo referente foi nomeado como Maria e, em seguida, retomado como “flor de menina”. Nesse 
caso, entendemos que o significado da palavra é polissêmico e se dá pela extensão do sentido básico.
2.2 Paronomásia, hiperonímia e hiponímia
2.2.1 Paronomásia
Esse fenômeno consiste na aproximação dos significados pela semelhança dos significantes. Isso 
pode ocorrer ou por engano do falante ou por recurso expressivo em textos poéticos.
No primeiro caso, temos como exemplo o uso dos verbos retificar e ratificar, nos quais há uma 
alteração fonética pela troca de um /e/ por um /a/, e que têm significados diferentes.
Já em construções poéticas, esse recurso pode ser utilizado como construção de figura de linguagem. 
Veja esse recurso nos versos da composição A Rita, de Chico Buarque de Holanda:
“A Rita levou meu sorriso [...]
Levou seu retrato, seu trapo, seu prato” (grifo nosso).
2.2.2 Hiperonímia e hiponímia
Ao se estabelecerem as relações entre as palavras em determinado contexto, pode haver um processo 
de hiperonímia ou de hiponímia. 
O primeiro se constitui no uso de lexemas que englobam os significados de outros, os quais são 
denominados hiperônimos. 
Já o segundo diz respeito aos lexemas que particularizam o sentido do primeiro. Nesse caso, 
denominam-se hipônimos.
Como exemplo, podemos ter flor como hiperônimo e margarida, rosa, violeta como hipônimos. 
Entretanto, ressalta-se que é preciso haver essa relação de termo englobante e termos englobados para 
que se estabeleça o processo de hiperonímia e/ou hiponímia.
3 SEMÂNTICA FORMAL
O estudo da semântica torna-se muito amplo quando se entende que esta estuda o significado 
das línguas naturais. É preciso considerar que, dependendo do ponto de vista, a noção de 
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significado pode mudar. Portanto, entende-se que esse estudo possa ser realizado de vários 
ângulos.
A semântica formal, todavia, parte do princípio de que é preciso conhecer as condições de verdade 
de uma sentença para saber o seu significado. Esse ponto de vista tem por base a concepção de signo 
linguístico postulada por Frege, que o entende como a união de uma referência (aquilo do que se fala) 
a um sentido (o modo de apresentação do objeto).
Assim, a semântica formal considera a noção de verdade referente ao que está sendo representado, 
focalizando a denotação, descrição mais próxima do referente (objeto no mundo).
Conhecer o significado de uma sentença é, portanto, nessa perspectiva, conhecer suas condições de 
verdade, o que significa conhecer as circunstâncias em que a sentença pode ser considerada verdadeira 
ou falsa.
A referência constitui o modo de se referir ao objeto a que se refere. Para tanto, temos outras 
possibilidades que vão além do uso do léxico simplesmente. As regras sintáticas, por exemplo, podem 
contribuir para que isso ocorra.
Considere os seguintes enunciados:
(a) “João ama Maria.”
(b) “Maria ama João.”
Podemos entender quem é objeto e quem é o sujeito do verbo pelas construções sintáticas, tornando 
os elementos ora agente ora paciente da ação enunciada pelo verbo amar.
Além disso, existem algumas maneiras de se referir a indivíduos no mundo. É o caso, por exemplo, 
do jogador de futebol, atualmente em destaque, que já foi citado pela mídia de diferentes formas: 
“Ronaldinho”, “o fenômeno”, “o gorducho”.
Essas formas definidas de se referir ao mesmo indivíduo são reconhecidas pelo brasileiro devido às 
condições que as tornam verdadeiras. Portanto, verificamos que a verdade não está relacionada ao que 
é inerente ao ser referido, mas à construção dela no contexto social em que ele se encontra.
Torna-se relevante, portanto, diferenciar referência de sentido. No exemplo dado, sabemos que 
todas as expressões apontam para o mesmo indivíduo no mundo, ao jogador de futebol que se chama 
Ronaldo. Essa é a referência.
No entanto, cada uma das expressões tem um sentido diferente, pois elas nos informam que o indivíduo 
Ronaldo pode ser encontrado no mundo por caminhos diferentes. Esses contextos que permitem a 
substituição de termos com a mesma referência são denominados contextos referenciais ou extensionais 
(em oposição ao que é intensional, isto é, encontra-se na dimensão do próprio enunciado).
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Assim, deve-se observar que há relações semânticas tanto no nível das 
palavras quanto no das sentenças e algumas delas são estabelecidas entre 
os sentidos das expressões, ao passo que outras se estabelecem entre suas 
referências. 
3.1 Acarretamento e pressuposição
No nível da palavra, quando temos a hiponímia e a hiperonímia, observamos que há o significado de 
uma palavra contido no significado de outra.
Pode-se, então, transferir essa noção para o nível da sentença para se chegar à noção de 
acarretamento.Vejamos os exemplos:
 
(c) “João continua fumando.”
(d) “João fuma desde adolescente.”
 
A informação descrita no enunciado (d) está contida no enunciado (c), o que nos leva a afirmar que 
(d) é hipônimo de (c), isto é, a afirmação em (c) acarreta a afirmação em (d). 
No entanto, a hiponímia pode ser estabelecida entre sentidos, ao passo que o acarretamento se 
estabelece exclusivamente entre referências. Isso quer dizer que uma sentença acarreta outra se a verdade 
da primeira garante a verdade da segunda ou a falsidade da segunda garante a falsidade da primeira. 
A noção de acarretamento leva à noção de pressuposição, pois ambas estão relacionadas ao que 
se denomina implicação. Assim, por exemplo, dizer que (e) implica (f) é apenas sugerir que (f) seja 
verdadeira:
(e) “Hoje tem sol.”
(f) “Hoje é dia de praia.” 
 
Afirmar que a verdade de (e) torna verdade a sentença (f) é apenas provável, mas não necessariamente 
verdadeiro. A noção de pressuposição vai além do conteúdo informacional da sentença, está relacionada 
às condições de uso determinadas pelo discurso.
Pode-se dizer que uma informação é pressuposta quando ela se mantém mesmo que seja negada. Por 
exemplo, se alguém disser que o aparelho parou de falhar depois que foi levado ao conserto, concluímos 
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que o aparelho falhava antes, e se dissermos que o aparelho não parou de falhar mesmo depois de 
levado ao conserto, também concluímos que ele falhava antes.
A pressuposição está, pois, ligada às estratégias de orientação argumentativa no discurso. Assim, 
por meio do que o falante seleciona como pressuposto e o apresenta, pode direcionar a argumentação 
manifestada no texto.
3.2 Ambiguidade
A ambiguidade é estabelecida quando se pode atribuir mais de um sentido ao que foi dito. E isso 
pode ocorrer em relação ao significado das palavras, devido à construção sintática da sentença ou até 
mesmo pela forma que se faz referência no texto. Veja o exemplo:
A mãe, irritada, diz ao filho:
_ Até quando você vai ficar sentado nesse trono?
A palavra trono produz ambiguidade e pode significar uma posição nobre, como a de um rei, ou pode 
significar o vaso sanitário – o sentido do texto.
Entretanto, a ambiguidade pode ocorrer na organização sintática da sentença ou ainda na 
referenciação. Vejamos:
(g) “O policial prendeu o ladrão da viatura.”
O sintagma “da viatura” produz ambiguidade. Pode-se entender que foi o local onde o policial 
prendeu o ladrão ou que este havia roubado uma viatura.
(h) “João encontrou sua carteira na rua.”
O pronome possessivo é um elemento anafórico que pode retomar o sujeito da oração, “João”, ou 
pode estar se referindo a uma terceira pessoa do contexto situacional.
Para finalizar esse tópico, vejamos algumas manchetes encontradas em jornal, nas quais há 
ambiguidade:
Von Poser mostra imagens captadas a bordo de dirigível (Folha de S. Paulo, Ilustrada, 23/09/2006).
Lula vê PT “insano” e diz “pôr a mão no fogo” por Mercadante (Folha de S. Paulo, Brasil, 22/09/2006).
Candidato do PT interpela vice de Serra no Supremo (Folha de S. Paulo, Brasil, 22/09/2006).
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4 SINONíMIA E PARáFRASE; CONTRADIÇÃO E ANTONíMIA
4.1 Sinonímia e paráfrase 
No nível das palavras, a sinonímia corresponde à equivalência de sentido que elas têm. Essa relação 
pode ser estendida para as sentenças, o que resultará no que se denomina paráfrase.
Lembrando a noção de acarretamento, quando duas sentenças são sinônimas, uma acarreta a outra. 
Vejamos:
(i) “João encontrou o caminho.”
(j) “O caminho foi encontrado por João.”
Embora a informação seja a mesma, na organização das sentenças, o que é tema em uma passa a ser 
rema na outra e vice-versa. É uma forma de se topicalizar o que se quer destacar.
4.2 Contradição e antonímia
Como já foi visto, a relação de antonímia no léxico apoia-se na noção de contrário (ou oposto), mas 
não necessariamente na noção de contraditório.
Assim, podemos ter as afirmações:
(k) “João começou o trabalho.”
(l) “João terminou o trabalho.”
Em (k) e (l) há uma antonímia, pois os verbos indicam início ou final de um percurso da ação. São 
opostos, mas não contraditórios.
Agora vejamos os exemplos:
(m) “João é um ótimo funcionário.”
(n) “João é um péssimo funcionário.”
Nessas duas sentenças há contradição, visto que uma afirmação nega a outra.
 Saiba mais
Se quiser saber um pouco mais sobre o assunto, em uma linguagem mais 
simplificada, veja o livro de Rodolfo Ilari, indicado nas referências textuais.
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 Resumo
Vimos que há uma semântica do referente, de tradição lógico-
gramatical, em que se acredita na existência do objeto no mundo e de 
sua representação pela linguagem. Já a outra vertente, de influência 
retórico-hermenêutica, postula a interferência do homem na construção 
dos significados. Há, ainda, o que se denomina semântica cognitiva, que vê 
a palavra como uma estrutura prototípica.
Sobre os conceitos de semântica lexical e de semântica formal, a 
primeira equivale à construção dos significados no nível lexical e a outra, a 
uma relação lógica pela qual o significado de uma sentença relaciona-se às 
suas condições de verdade, o que significa conhecer as circunstâncias em 
que a sentença pode ser considerada verdadeira ou falsa. 
Em se tratando da semântica em termos de léxico, vimos os conceitos 
de sinonímia/antonímia, homonímia/polissemia, hiponímia/hiperonímia e 
paronomásia.
Quanto à semântica formal, abordamos as noções de acarretamento, 
pressuposição, paráfrase, ambiguidade, antonímia e contradição.
 Exercícios
Questão 1 (FUVEST 2002 -1ª fase - questão 18). Considere o anúncio abaixo:
Figura 2
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Reflorestar as margens dos rios Pinheiros e Tietê, arborizar praças, ruas e escolas, criar novos parques, 
melhorar a qualidade do ar e da vida das pessoas, aumentar a consciência ecológica dos adultos e das 
futuras gerações. (...) Logo, logo você vai ver o Pomar em cada canto da cidade. Projeto Pomar. Concreto 
aqui, só os resultados (adaptado de IstoÉ, 19/9/2001).
Considerando-se o contexto deste anúncio, o tipo de efeito de sentido que ocorre na expressão 
“deixa no ar” também se verifica em:
A) Reflorestar as margens dos rios Pinheiros e Tietê.
B) Melhorar a qualidade do ar.
C) Consciência ecológica dos adultos e das futuras gerações.
D) Em cada canto da cidade.
E) Concreto aqui, só os resultados.
Resposta correta: alternativa E.
Análise das alternativas:
A, B, C e D: alternativas incorretas.
Justificativa:
Em nenhuma dessas alternativas os enunciados apresentam duplo sentido, conforme se explica 
abaixo.
E) Alternativa correta.
Justificativa:
A expressão “deixa no ar” foi explorada semanticamente pelo publicitário, pois pode ser compreendida 
em dois sentidos. Podemos interpretá-la no sentido de que a resposta fica “implícita”, para ser deduzida 
pelo leitor, e também no sentido de que a resposta fica literalmente no ar, com a melhoria da qualidade 
do ar provocada pelo programa de reflorestamento das marginais. Esse mesmo recurso acontece em 
“concreto aqui, só os resultados”, pois podemos interpretar a palavra “concreto” em dois sentidos. 
Podemos entender como resultado efetivo, que pode ser medido, e podemos entender como o concreto 
das construções urbanas.Questão 2. O anúncio a seguir foi produzido como “brincadeira” e encontra-se disponibilizado no 
site www.desencannes.com.br, que valoriza ideias criativas.
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Analise as afirmações que seguem e assinale a alternativa correta.
Figura 3
I. O anúncio brinca com a expressão popular “bom para burro”, dando um duplo sentido a ela.
II. Implicitamente, brinca-se com a expressão “pai dos burros”, que se refere popularmente aos 
dicionários.
III. Na expressão “bom para burro”, observa-se a aliteração.
Está correto o que se afirma:
A) Em todas.
B) Somente em I e II.
C) Somente em II e III.
D) Somente em I e III.
E) Somente em II.
Resolução desta questão na plataforma.

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