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BASES DA PROPEDÊUTICA DE CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO · Pontos de convergência em ORL e CCP principalmente nos recursos propedêuticos. · Avanços nos meios diagnósticos e de monitorização dos resultados. · Atenção em não abandonar as bases tradicionais de avaliação e não supervalorizar a tecnologia. · Tecnologia óptica não disponível com grande facilidade. · Foco na semiologia convencional: otoscopia e oroscopia. - Câncer de boca: é uma neoplasia que se identifica fazendo uma otoscopia/exame de boca. O que é cirurgia de cabeça e pescoço? Especialidade cirúrgica que trata principalmente dos tumores benignos e malignos da região da face, fossas nasais, seios paranasais, boca, faringe, laringe, glândula tireoide, glândulas salivares, dos tecidos moles do pescoço, da paratireoide, tumores do couro cabeludo e esôfago cervical. Não abrange os tumores ou doenças do cérebro ou áreas do SNC ou coluna cervical. - Tratamento multidisciplinar SEMIOLOGIA EM CABEÇA E PESCOÇO · Queixa e duração · História pregressa da moléstia atual · Antecedentes · Hábitos e vícios ** · Exame físico “O exame físico bem realizado e a intervalos regulares, em especial nos pacientes expostos a fatores de risco para o desenvolvimento de neoplasias malignas é nossa maior arma para o diagnóstico precoce e o tratamento efetivo do câncer.” FATORES DE RISCO · Diferenças étnicas e geográficas · Consumo de álcool e tabagismo · Maior incidência geral em homens idosos · Aumento da incidência em adultos jovens não fumante (HPV) · Tabaco: fator de risco mais importante · Predisposição genética ao efeito do tabaco · Efeito sinérgico com álcool · Efeito carcinogênico repetitivo na mucosa aerodigestiva causa múltiplos tumores primários e secundários. Mucosa adjacente doente. - Paciente clássico: paciente tabagista e alcoolista- efeito potencializador/sinérgico. - Soma-se o fator de risco + probabilidade genética = câncer. · HPV: agente causal de CA de cabeça e pescoço – acometimento primário de orofaringe (tonsilas e base de língua) · Outros: exposição a radiação, deficiências nutricionais, imunossupressão, fatores ocupacionais. - HPV: tumores de orofaringe, não tem uma relação de boca muito bem. - Pacientes que trabalham com madeira aumenta a chance de câncer de maxila e seios paranasais - Pacientes que trabalham em indústria de níquel – tumor nasossinusal e tumor de seios paranasais aumentado. SINAIS E SINTOMAS Otalgia reflexa: ramos do nervo timpânico (Jacobson), ramo do glossofaríngeo (IX). - Por que o paciente irá apresentar otalgia se ele tem um tumor de base de língua? Ou de laringe? - n. glossofaríngeo vai inervar a orofaringe, mas o timpânico (n. de Jacobson) fará uma conexão com ele. Então, o nosso SNC irá interpretar uma otalgia reflexa, uma dor crônica, que o paciente sente no mesmo lado do tumor, sendo que o tumor dele está distante. - Os sintomas e sinais podem aparecer em locais diferentes onde o tumor está localizado. - n. glossofaringeo que vai inervar a região de orofaringe. E terá vários ramos. Processo na orofaringe que causa dor no ouvido. APRESENTAÇÃO CLÍNICA - Identificar o sítio da lesão, onde está causando os sinais e sintomas. Carcinoma de rinofaringe: a queixa mais comum é uma massa cervical – 90% dos pacientes. · Perda auditiva (associada a otite média serosa), zumbido, obstrução nasal e dor · Disfunção nervosa II a VI · Adultos com efusão unilateral precisam realizar exame da nasofaringe - Pode estar com um tumor crescendo na rinofaringe, o que é oculto ao exame físico. Mas, paciente terá uma queixa de sintomas indiretos. A queixa mais comum será um nódulo cervical, é a primeira manifestação clínica daquele tumor. - Paciente pode estar apresentando perda auditiva, pois pode ter um tumor obstruindo o óstio faríngeo da tuba auditiva. - Podem infiltrar a base do crânio onde terá a saída dos pares cranianos, então, o paciente com esse tipo de tumor quando testados os movimentos oculares pode apresentar uma paralisia. - Tumor estará perto da base do crânio escondido atrás do nariz. O tumor cresce cai na corrente linfática e a primeira estação de drenagem dele é um gânglio no pescoço, isso é o mais comum. Aí aparece um nódulo cervical que não é uma extensão direta do tumor e sim uma metástase ganglionar. - Topografa lesões apenas com exame físico basicamente. TUMORES ORAIS – SINTOMAS: · Odinofagia e úlceras que não cicatrizam · Perda de elementos dentários · Disfagia, perda ponderal, otalgia reflexa · 66% apresentam envolvimento linfático cervical que depende do T. Baixo em lesão palato duro. - Pacientes com queixa de disfagia, odinofagia, afta que não cicatriza (úlcera que pode ser um carcinoma se não cicatriza por mais de 3 semanas). - Tumor em outras áreas que empurra os dentes. - Perda de peso. – Investigar a sede de tumor. - Maioria quando se tem um tumor de boca, já terá o envolvimento de gânglios do pescoço associados. · Tumores da língua: infiltrativo ou exofítico. Sintomas de dor associado a disartria (infiltração mm língua- não consegue movimentar a língua) ou não · Tumores de lábio: lesão ulcerada ou exofítica, associada a sangramento ou dor. Parestesia de lábio quando infiltração do nervo mentoniano. - Carcinoma epidermoide de língua – lesão que se estende no terço superior de língua através da orofaringe. Esse é exofítico, infiltra a língua. - Um tumor na boca pode infiltrar a musculatura mastigatória – podendo ocorrer trismo (paciente não consegue abrir a boca). - Tumores do lábio: maioria no lábio inferior – fator de risco radiação IV. Lábio inferior esta mais exposto a radiação ultravioleta. - Lábio superior: maioria carcinoma basocelular. - Quando tumores infiltra a maxila, irão infiltrar o n. mentoniano (nervo sensitivo) causando parestesia, formigamento; podem infiltrar a mandíbula causando anestesia, formigamento. · Tumores de Hipofaringe: longos períodos assintomáticos; disfagia, odinofagia, perda ponderal, hemoptise, dispneia e massa cervical. - Fibroscopia: como se fosse uma endoscopia. – só consegue ver o tumor assim. - Cai na corrente linfática e drena, assim, fica com um carocinho no pescoço. - Seio piriforme · Tumores de Laringe: rouquidão persistente, disfagia, otalgia, hemoptise, estridor; supraglóticos – descoberta mais tardia e podem se apresentar com obstrução aérea e massa cervical. - Estridor: respiração como se estivesse fechando a laringe. – quando o tumor está grande. - Corda vocal pode estar paralisada. - Laringe: protege a via aérea, fonação e ajuda na deglutição. · Nasossinusais: mais comum ocorrer epistaxe e obstrução nasal unilateral; dor facial ou cefaleia – tardios por pressão tumoral ou infiltração do periósteo. - Tumores nasossinusais são tumores que estão nos seios paranasais- onde dá a sinusite. - Quando dá o diagnóstico, o tumor já está bem avançado. - Epistaxe unilateral chama mais atenção, principalmente paciente em idade mais avançada. PATOLOGIA Histologia: · Carcinomas espinocelulares: 90-95% dos tumores de boca e laringe · Teste HPV: determinação do status tumoral em todos os casos novos de carcinomas espinocelulares de orofaringe. AVALIAÇÃO INICIAL · História clínica combinada com inspeção, palpação, exame com espelhos indiretos ou laringoscopia flexível. - Usa-se a endoscopia. · Otoscopia e rinoscopia anterior. · Palpação cervical nas áreas mais comuns de drenagem cervical. Avaliar adenopatias ou outras massas de acordo com o nível cervical · Palpação parotídea - Drenagem linfática - Níveis cervicais: região- palpação de todas as regiões/cadeias - Tumor de assoalho de boca normalmente drena para o nível 1, 2, e, as vezes, para o nível 4. SEQUÊNCIA DE PALPAÇÃO Sentir os seguintes nódulos: 1. Preauricular 2. Auricular posterior 3. Occipital 4. Tonsilar 5. Submandibular 6. Submentual 7. Cervical superficial 8. Cervical posterior 9. Cadeia cervical profunda 10. Supraclavicular - Tem vários linfonodos na região cervical PALPAÇÃO Consistência da lesão, mobilidade,tamanho, limites. Proteção do examinador. Palpação bimanual das glândulas salivares. - Glândula submandibular: palpação bimanual – introduz o dedo indicador e com a mão contraria palpa com os dedos, o assoalho, empurrando a glândula para cima. · Exame sob anestesia: extensão tumoral, lesões sincrônicas e biópsia diagnóstica. · Panendoscopia: revela 2,5% a 4,5% de incidência de segundo tumor primário aerodigestivo. · Ainda sem evidência que PET-CT é capaz de substituir a panendoscopia. – verifica a atividade metabólica da célula. Câncer usa uma atividade metabólica maior. - Laringoscópio de suspensão – aparelho que introduzimos e irá até as cordas vocais. Usado para terapêutica e exame. Fazer uma biópsia. - Cirurgia com laser para operar a corda vocal. PUNÇÃO ASPIRATIVA COM AGULHA FINA · PAAF – usada com frequência para diagnóstico inicial de massa cervical · Acurácia de 89-98% - Acurácia cai muito quando é glandula salivar. Em linfonodo e tireoide é excelente. · Aspiração não diagnóstica 5 a 16% geralmente em lesões cisticas. – tem que se achar um padrao de células para se dar um diagnóstico. · Realizada em linfonodo suspeito na presença de lesão primária. - Citologia- diferente de biopsia. Aspira um conjunto de células e essas células são depositadas numa lâmina e o patologista tenta ver a composição dessas células para dar o diagnóstico. Ou seja, através da PAAF realiza-se a coleta do material e depois faz a citologia dele. SEMIOLOGIA DA BOCA E OROFARINGE · Inspeção · Observar comportamento do paciente: ansioso e prolixo, exagero nos sintomas – oncofobia · Iluminação adequada · Paciente sentado - Diferença de doença e moléstia: doença é uma lesão estrutural que acomete um órgão e sistema específico o que irá causar sinais e sintomas; já a moléstia é a percepção do paciente frente ao problema que ele tem. OROSCOPIA · Explicar procedimento e aproximação delicada · Variações da normalidade · Atenção: alteração de cor, úlceras, bolhas, malformações · Lábios: lesões, malformações, hipotonia muscular; coloração vermelha; ângulo labial (aspecto macerado em perda da dimensão vertical). - Variação da normalidade: glandulos de Fordyce – inclusões de cristais de gordura e células de gorduras muito comuns na mucosa oral. Comum na região próximo a mucosa oral, próximo ao vestíbulo e lábio inferior. · Exame padronizado: lábio externo, regiões jugais, face externa gengivas, palato duro, mole, úvula, dorso e ventre lingual, soalho da boca, tonsilas palatinas, orofaringe. · Doenças bolhosas podem romper (pênfigo vulgar) · Regiões jugais: observar linha alba, papila do ducto Stennon (ducto da parótida) e grânulos de Fordyce. - Câncer de mucosa bucal é mais raro · Gengivas: alterações locais (higiene, neoplasias) e sistêmicas (uso de hidantoinatos). - Paciente que usa anticonvulsivante pode ocorrer hiperplasia da gengiva. · Dentes: · Médico: visar alterações para diagnóstico de doenças locais ou sistêmicas · Placas bacterianas: higiene · Cor: intoxicação por produtos químicos · Desgaste dos ápices: bruxismo, DTM · Palato duro: · Rugoso na parede anterior: edema traumático, químico, térmico · Toro palatino · Adenoma pleomórfico · Fumantes: eritroplasia, leucoplasia · Mucocele - Imagem abaixo: variação da normalidade – tórus palatino- não aborda se não tiver sintoma. - Imagem acima: nódulo infiltrativo que pode ser um câncer. · Palato mole: · Estático e dinâmico · Hiperemia em fumantes: leucoplasia e eritroplasia lesões pré malignas · Aumento de volume: apnéia noturna · Solicitar emissão de som · Úvula: bífida (mal formação) e observar volume, desvios. - Úvula bífida: embriológica – defeito de fusão na maxila. - Volume do palato também é importante. As vezes, tem um aumento de volume causando apneia do sono. - Hiperemia: pacientes que fumam - Lesões esbranquiçadas: leucoplasia. · Língua: · Papilas circunvaladas: avaliar saburra · Língua geográfica: alteração constitucional – rachaduras e fendas que não representa lesão · Testar mobilidade: movimentar em todas as regiões - Movimento da língua quando coloca ela para fora – n. hipoglosso. · Borda posterior: aspecto mais avermelhado · Ventre: varicosidades. Frênulo. - Assoalho da boca – pode ser comum varizes. – comum no idoso. · Soalho: ductos de Wharton (gls. Submandibulares), glândulas sublinguais e rânulas. · Orofaringe · Tonsilas palatinas: volume e assimetria. - Paciente idoso com aumento unilateral de tonsila suspeita-se de linfoma de orofaringe. · Tamanho variável, caseum, assimetria nem sempre representa doença · Parede posterior · Rica em tecido linfoide. Avaliar hipertrofia. - Amigdala apresenta criptas, onde pode-se acumular restos alimentares, formando caseum, que é um corpúsculo esbranquiçado de odor fétido. · Avaliar tecido ósseo. Toro mandibular, tumores osteogênicos. · Glândulas salivares: avaliar aumento, drenagem purulenta. Sd. De Sjogren. - Hipertrofia na sub lingual. - Processos inflamatórios, drenagem purulenta.
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