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Bases da Epidemiologia

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Epidemiologia
Epidemiologia é a ciência que estuda a distribuição de doenças ou enfermidades, assim como a de seus determinantes na população humana, estudando assim, o estado de saúde de uma população. Estes determinantes são conhecidos em epidemiologia como fatores de risco. Além de enfermidades, as características fisiológicas (p. ex. hipertensão, arterial, nível sanguíneo de glicose) e as doenças sociais (p. ex. a violência urbana e os acidentes de trânsito) são consideradas como objeto de estudo da epidemiologia. Tem como objetivo principal a promoção da saúde através da prevenção de doenças, em grupos populacionais. 
Para entender as diferenças observadas no aparecimento e manutenção de uma enfermidade na população, o raciocínio epidemiológico se direciona primeiramente a descrever e a comparar a distribuição das doenças com relação à pessoa, ao lugar e ao tempo.
· Com relação à pessoa: identificar quais, como e por que as características das pessoas enfermas diferem da pessoas não-enfermas. Algumas características pessoas estudadas são as demográficas (p. ex. sexo, idade e grupo étnico), biológicas (p. ex. níveis de anticorpos, hormônios e pressão sanguínea), socioeconômicas (p. ex. escolaridade, ocupação), pessoais (p. ex. dieta, exercícios físicos, uso de álcool) e as genéticas (fator RH, tipo de hemoglobina).
· Com relação ao lugar: determinar por que, em uma área geográfica, um grupo de enfermidades ocorre com maior freqüência quando comparado com outras áreas.
· Com relação ao tempo: determinar se ocorreram mudanças – aumento ou decréscimo – na freqüência de determinada doença, bem como compreender os mecanismos dessa variação.
· Conceitos epidemiológicos de doenças
· Formas de disseminação
a) Veículo comum: o agente etiológico pode ser transferido por fonte única, como água, ar ou alimentos. Pode ser resultante de exposição simples ao agente ou exposições continuadas por um determinado período de tempo.
b) Propagação de Pessoa a Pessoa: o agente é disseminado através de contato entre indivíduos infectados e suscetíveis, por via respiratória, genital ou por vetores.
c) Porta de Entrada no Hospedeiro Humano: pode ser pelo trato respiratório, gastrintestinal, geniturinário ou cutâneo.
d) Reservatórios dos Agentes: quando o homem é o único reservatório dos agentes a doença é classificada como antroponose (sarampo, filariose bancroftiana); já quando o homem e outros vertebrados são reservatórios, a doença é classificada como uma zoonose (leishmaniose, doença de Chagas).
· Período de incubação
É definido como o intervalo entre a exposição ao agente (contato) e o aparecimento da enfermidade. As doenças infecciosas apresentam período de incubação específico, que depende diretamente da taxa de crescimento do agente etiológico no organismo do hospedeiro, assim como a dose do agente, a porta de entrada dele e o grau de resposta imune do hospedeiro.
· Dinâmica da distribuição de doenças na população
a) Endemia: presença constante de uma doença em uma população de determinada área geográfica; pode também referir-se à prevalência usual de uma doença em um grupo populacional ou em determinada área; p. ex. doenças parasitárias no Brasil.
b) Epidemia: ocorrência de uma doença em uma população, que se caracteriza por uma elevação progressiva, inesperada e descontrolada, ultrapassando os valores endêmicos ou esperados. Não existe uma especificação sobre a extensão geográfica de uma epidemia, que pode ser restrita a um bairro ou atingir uma cidade, um estado ou um país. Pode estender-se por diferentes períodos de tempo: horas (p. ex. infecções alimentares), semanas (p. ex. gripes) ou vários anos (p. ex. AIDS). 
c) Pandemia: são epidemias que ocorrem ao mesmo tempo em vários países. Por exemplo, a peste bubônica, na Idade Média, e a gripe espanhola, no início do século XX, são exemplos de pandemias que ocorreram na humanidade.
· Doenças clínicas e subclínicas
Em muitas doenças, a proporção de indivíduos infectados sem sinais ou sintomas clínicos (doença subclínica) pode ser bem maior do que a proporção de indivíduos que apresentam sintomas clínicos (doença clínica). Por não apresentarem manifestações definidas, estas infecções não são de início clinicamente diagnosticáveis. Entretanto, as infecções sem sintomas clínicos são importantes do ponto de vista epidemiológico, e, dependendo da doença, esta fase pode ser de alta transmissibilidade.
· Imunidade de rebanho (imunidade de grupo)
A imunidade individual reduz a probabilidade do indivíduo de desenvolver uma doença particular, quando exposto a um agente infeccioso. A imunidade de rebanho indica a proporção de indivíduos imunes, em uma comunidade ou em um grupo populacional, que dificulta o contato entre infectados e suscetíveis. Tal imunidade age como uma barreira, decrescendo a probabilidade de introdução e manutenção de um agente infeccioso.
· Medidas preventivas
a) Prevenção primária: medidas que procuram impedir que o indivíduo adoeça, controlando os fatores de risco; agem, portanto, na fase pré-patogênica ou na fase em que o indivíduo encontra-se sadio ou suscetível. Podem ser primordiais (p. ex. moradia adequada, saneamento ambiental, incluindo tratamento de água, esgoto e coleta de lixo, educação, alimentação adequada, etc.) e específicas (p. ex. imunização, uso de camisinha, etc). Além disso, ações de controle de vetores são exemplos de tal prevenção, pois interrompem os ciclos biológicos dos agentes infecciosos – inseticidas para o controle de triatomíneos. Pode envolver duas estratégias: ser direcionada para grupos populacionais com o objetivo de uma redução média do risco de adoecer ou dirigida para indivíduos que estejam sujeitos a maior exposição a um fator de risco.
b) Prevenção secundária: medidas aplicáveis aos indivíduos que se encontram sob a ação do agente patogênico (fase subclínica ou clínica). Elas procuram impedir que a doença se desenvolva para estágios mais graves, que deixe sequelas ou provoque morte. Por exemplo, diagnóstico da infecção ou tratamento precoce.
c) Prevenção terciária: prevenção da incapacidade através de medidas destinadas à reabilitação, atuando na redução de complicações, aplicadas na fase em que esteja ocorrendo ou que já tenha ocorrido a doença. Processo de reeducação e readaptação de pessoas acometidas por acidentes ou que estejam com sequelas em decorrência de alguma doença. Inclui a fisioterapia, terapia ocupacional, cirurgias de reparo e colocação de próteses. Por exemplo, implante de marcapasso em pacientes com doença de Chagas.
· Estudos epidemiológicos
a) Estudos de observação: o investigador observa e analisa a ocorrência de enfermidades em grupos da população humana. Os grupos a serem estudados podem ser selecionados como doente e não-doentes ou expostos e não-expostos a um determinado fator de risco.
b) Estudos experimentais: investigador exerce um controle sobre os grupos populacionais – experimental e controle – que estão sendo estudados, decidindo quais serão expostos a uma possível medida preventiva ou terapêutica ou o fator de risco. Por exemplo, os testes de vacinas e drogas realizados em populações humanas – ensaios clínicos. 
· Medindo saúde e doença
A doença e a morte podem ser expressas através de números absolutos desses casos. A principal limitação na utilização de números absolutos é a de não permitir comparações, porque não leva em consideração o tamanho da população que se encontra sob o risco de adoecer ou morrer. Sua maior aplicabilidade é no planejamento das ações de saúde por expressar o número de doentes existentes em uma população. É preciso destacar, ainda, a diferença entre coeficientes (ou taxas) e índices. Índices não expressam uma probabilidade como os coeficientes, pois o que está contido no denominador não está sujeito ao risco de sofrer o evento descrito no numerador (LAURENTI et al., 1987). 
A medida ideal para expressar doenças ou mortes em uma população é a taxa, que é caracterizada pelos seguintes componentes:
Numerador = números de eventos;
Denominador= população em risco
Tempo = período de tempo definido
A taxa é padronizada para comparações e permite comparar ocorrência de doenças ou de mortes em diferentes populações, áreas geográficas e períodos de tempo. É a medida que claramente expressa a probabilidade de adoecer ou de morrer, por levar em consideração a população em risco.
· Taxa de morbidade
A morbidade, medida de freqüência de doenças, é operacionalizada por duas taxas distintas, que são as taxas de prevalência e de incidência.
a) Taxa de Incidência - número de casos novos (recentes) de uma doença que ocorreu em uma população em um período de tempo definido:
p. ex. Entre 800 crianças pré-escolares de um município, foram diagnosticadas quatro casos novos de leishmaniose visceral durante o ano de 2018. 
Taxa de incidência: 4/800 = 0,005 x 103= 5 casos de leishmaniose visceral por 1000 crianças no ano de 2018.
obs: Um dos problemas no cálculo da taxa de incidência é o do diagnóstico no início da infecção. Para algumas doenças, o aparecimento é mais facilmente diagnosticado, como é o caso da malária; entretanto, para outras doenças, como a esquistossomose, por não apresentarem sintomas característicos, o início da infecção é difícil de ser identificado.
b) Taxa de Prevalência - número de pessoas afetadas por uma determinada doença, em uma população em um tempo específico, dividido pelo número de pessoas da população naquele mesmo período: 
p. ex. Entre 400 crianças de uma comunidade submetidas ao exame parasitológico de fezes no início do ano de 2017, foram encontradas 40 com exame positivo para Ascaris lumbricoides.
Taxa de prevalência: 40/400 = 0,1 x 102 = 10 casos por 100 crianças ou 10% das crianças da comunidade estavam com Ascaris lumbricoides naquele ano.
Comparando incidência e prevalência, percebe-se que a incidência diz respeito à probabilidade de desenvolver a doença, requerendo acompanhamento da população e não depende da duração da doença. Já a prevalência se refere à probabilidade de ter tido a doença, não requerendo acompanhamento da população e depende da duração da doença. 
No quadro abaixo são expostos os fatores que influenciam na taxa de prevalência:
PREVALÊNCIA AUMENTA
Doenças de longa duração
Casos novos de doença
Emigração de pessoas doentes
Melhoria de técnicas de diagnóstico
Doenças de curta duração
Doenças que causam morte
Terapêutica eficaz
Imigração de pessoas doentes
PREVALÊNCIA DIMINUI
c) Taxa de mortalidade - se refere ao número total de mortes em uma população, em um período de tempo definido pelo número de pessoas existentes nesta população no meio do período. Tal taxa pode ser afetada no numerador pela qualidade do preenchimento dos atestados de óbito, pela existência de cemitérios clandestinos ou pelos registros de morte no local em que ocorreu e não no local de residência.
· Medidas de risco
O risco é definido como a probabilidade de ocorrência de um evento (doença ou morte) em um indivíduo em um tempo definido. Indica, portanto, a probabilidade do indivíduo passar de um estado de saúde para doença. As principais medidas que expressam risco são:
a) Risco Relativo (RR) - razão do risco de adoecer entre um grupo exposto e um grupo não-exposto a um determinado fator de risco ou característica:
O RR mede a força de associação existente entre cada fator e a doença. Um risco relativo de 1,5 significa excesso de risco de 50% entre os indivíduos expostos àquele fator de risco.
b) Risco Atribuível (RA) – mede a quantidade de doença que poderia ser prevenida se a exposição ao fator de risco em questão fosse evitada. Como exemplo, estima-se que 80% das neoplasias de pulmão que ocorrem atualmente estão associados ao hábito de fumar. Tal indicador é importante na definição de prioridades para a aplicação de medidas preventivas.
· Causalidade em Epidemiologia
A causa de uma doença pode ser considerada como um evento, condição ou característica, ou a combinação destes fatores, que são importantes no desenvolvimento da doença. Logicamente, a causa deve preceder a doença.
Quatro tipos de fatores de risco fazem parte do processo de causalidade de doenças:
a) Fatores predisponentes: idade, sexo e doenças prévias, criam um estado de suscetibilidade do indivíduo ao agente da doença.
b) Fatores facilitadores: desnutrição, moradia inadequada, falta de saneamento e falta de atenção médica favorecem o desenvolvimento da doença.
c) Fatores precipitantes: associados ao início da doença; são os agentes biológicos (parasitas, vírus, bactérias).
d) Fatores agravantes: são os fatores que, quando a exposição é repetida, podem agravar ou estabelecer o estado de doença.

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