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Ascaridíase: Parasitose Intestinal

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Ascaridíase
Os helmintos constituem um grupo muito numeroso de animais, incluindo espécies de vida livre e de vida parasitária. Apresentam os parasitos distribuídos nos filos Platyhelmintes, Nematoda e Acanthocephala. As ocorrências de helmintos no homem são muito comuns. A exemplo: cerca de 20% da população humana do mundo está parasitada por ancilostomídeos, o que equivale a mais de 1 bilhão de pessoas. A situação é equivalente em relação ao Ascaris lumbricoides. 
Filo Nematoda (pertencente a Ascaris): São vermes com simetria bilateral, três folhetos germinativos, sem segmentação verdadeira, cilíndricos, alongados, tubo digestivo completo, sexos, em geral, separados (dióicos), sendo o macho menor que a fêmea, corpo revestido por cutícula acelular. Não há sistema circulatório e possuem pseudoceloma. O sistema nervoso é ganglionar. 
· Ascaris
Na família Ascarididae, são encontradas espécies de grande importância médico-veterinária representadas principalmente pelo Ascaris lumbricoides e Ascaris suum, que parasitam, respectivamente o intestino delgado de humanos e de suínos. São popularmente conhecidos como lombriga, causando a doença denominada ascaridíase.
· Morfologia
As formas adultas são longas, robustas, cilíndricas e apresentam as extremidades afiladas.
a) Machos: Medem 20 a 30 cm de comprimento e apresentam cor leitosa. A boca está localizada na extremidade anterior, e é contornado por três fortes lábios com serrilha de dentículos e interlábios. Apresentam ainda dois espículos iguais que funcionam como órgãos acessórios da cópula. A extremidade posterior fortemente encurvada para a face ventral é o caráter sexual externo que o diferencia da fêmea.
b) Fêmea: Medem 30 a 40 cm de comprimento, sendo mais robustas. A extremidade posterior da fêmea é retilínea.
Os ovos originalmente são brancos e adquirem cor castanha devido ao contato com as fezes. São grandes, com cerca de 50μm, ovais e com cápsula espessa. Têm uma membrana externa e uma média, constituída de quitina e proteína e outra mais interna, impermeável à água constituída de 25% de proteínas e 75% de lipídios. Esta última camada confere ao ovo grande resistência às condições adversas do ambiente.
· Habitat
Em infecções moderadas, os vermes adultos são encontrados no intestino delgado, principalmente no jejuno e íleo, mas, em infecções intensas, estes podem ocupar toda a extensão do intestino delgado. Podem ficar presos à mucosa com auxílio dos lábios ou migrarem pela luz intestinal.
· Ciclo biológico
É do tipo monoxênico. Cada fêmea fecundada é capaz de colocar, por dia, cerca de 200.000 ovos não embrionados. Os ovos férteis em presença de temperatura entre 25ºC e 30ºC, umidade mínima de 70% e oxigênio em abundância tornam-se embrionados em 15 dias. A primeira larva (L1) forma dentro do ovo e é do tipo rabditoide, formando esôfago com duas dilatações, uma em cada extremidade. Após uma semana, ainda dentro do ovo, essa larva sofre muda transformando-se em L2, e em seguida, nova muda transformando-se em L3. Trabalhos mais recentes demonstraram que em A. lumbricoides e outros ascarídeos a forma infectante é a L3 dentro do ovo. Após a ingestão, os ovos contendo a L3 atravessam todo o trato digestivo e as larvas eclodem no intestino delgado. A eclosão ocorre graças a fatores ou estímulos fornecidos pelo próprio hospedeiro, como a presença de agentes redutores, o pH, os sais, temperatura, e a concentração de CO2 cuja ausência inviabiliza a eclosão. As larvas, uma vez liberadas, atravessam a parede intestinal na altura do ceco, caem nos vasos linfáticos e nas veias e invadem o fígado entre 18 e 24 horas após a infecção. Em dois a três dias chegam ao coração direito, através da veia cava inferior ou superior e quatro a cinco dias após são encontradas nos pulmões (ciclo de LOSS). Cerca de oito dias da infecção, as larvas sofrem muda para L4, rompem os capilares e caem nos alvéolos, onde mudam para L5. Sobem pela árvore brônquica e traquéia, chegando até a faringe. Podem então ser expelidas com a expectoração ou serem deglutidas, atravessando ilesas o estômago e fixando-se no intestino delgado. Transformam-se em adultos jovens 20 a 30 dias após a infecção. Em 60 dias alcançam a maturidade sexual, fazem a cópula, ovipostura e já são encontrados ovos nas fezes do hospedeiro.
· Transmissão
Ocorre através da ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos contendo a L3. A literatura registra grande número de artigos que avaliam a contaminação das águas de córregos que são utilizadas para irrigação de hortas levando a contaminação de verduras com ovos viáveis. Poeira, aves e insetos (moscas e baratas) são capazes de veicular mecanicamente ovos de A. lumbricoides.
Os ovos de A. lumbricoides têm uma grande capacidade de aderência a superfícies, o que representa um fator importante na transmissão da parasitose. Uma vez presente no ambiente ou em alimentos, estes ovos não são removidos com facilidade por lavagens.
· Patogenia
Deve ser estudada acompanhando-se o ciclo deste helminto, ou seja, a patogenia das larvas e dos adultos, em ambos, a intensidade das alterações provocadas está diretamente relacionada com o número de formas presentes no parasito.
a) Larvas 
Em infecções de baixa intensidade, normalmente não se observa nenhuma alteração. Em infecções maciças encontramos lesões hepáticas e pulmonares. Nos pulmões ocorrem vários pontos hemorrágicos na passagem das larvas para os alvéolos. A migração das larvas pelos alvéolos pode determinar um quadro pneumônico com febre, tosse, dispnéia e eosinofilia – aumento no número de eosinófilos (células de defesa). Na tosse com muco o catarro pode ser sanguinolento e apresentar larvas do helminto. Estas manifestações geralmente ocorrem em crianças e estão associadas ao estado nutricional e imunitário das mesmas.
b) Vermes adultos
Em infecções de baixa intensidade, três a quatro vermes, o hospedeiro não apresenta manifestação clínica. Já nas infecções médias, 30 a 40 vermes, podemos encontrar:
1. Ação espoliadora: os vermes consomem grande quantidade de proteínas, carboidratos, lipídios e vitaminas A e C, levando o paciente à subnutrição.
2. Ação tóxica: reação entre antígenos parasitários e anticorpos alergizantes do hospedeiro, causando edema, urticária e convulsões.
3. Ação mecânica: causam irritação na parede e podem enovelar-se na luz intestinal. A obstrução intestinal é a mais comum das complicações agudas contabilizando três quartos de todas as complicações.
4. Localização ectópica: nos casos de pacientes com altas cargas parasitárias ou ainda em que o verme sofra alguma ação irritativa, a exemplo de febre, uso impróprio de medicamente e ingestão de alimentos condimentados o helminto desloca-se de seu habitat normal atingindo locais não-habituais – “áscaris errático”. Tal alteração necessita de intervenção cirúrgica, já que pode levar a apendicite, obstrução do canal colédoco, obstrução do canal de Wirsung – pancreatite e eliminação do verme pela boca e narinas.
· Diagnóstico
a) Clínico: Usualmente a ascaridíase é pouco sintomática, sendo a gravidade da doença determinada pelo número de vermes que infectam cada pessoa. Como o parasito não se multiplica dentro do hospedeiro, a exposição contínua a ovos infectados é a única fonte responsável pelo acúmulo de vermes adultos no intestino do hospedeiro.
b) Laboratorial: É feito pela pesquisa de ovos nas fezes, pela técnica de sedimentação. Deve-se ressaltar que em infecções exclusivamente com vermes fêmeas, todos os ovos expelidos serão inférteis, enquanto em infecções somente com vermes machos o exame de fezes será consistentemente negativo.
· Tratamento
Atualmente a Organização Mundial de Saúde recomenda o albendazol e mebendazol para o tratamento e o controle de geo-helmintos. Os medicamentos são eficientes contra vermes adultos, não havendo ação contra as larvas. Por isso após 3 meses de tratamnto o paciente deve fazer novamente o exame de fezes para o controle de cura.
· Epidemiologia
O A. lumbricoides continua sendo o helminto mais frequente emregiões pobres com uma estimativa de prevalência de aproximadamente de 30%, ou seja, 1,5 bilhão de pessoas de todo o mundo. Alguns fatores interferem na prevalência desta parasitose, são eles:
a) Grande quantidade de ovos produzidos e eliminados pela fêmea;
b) Viabilidade do ovo infectante por até 1 ano;
c) Concentração de indivíduos vivendo em condições precárias de saneamento básico;
d) Temperatura e umidade com médias anuais elevadas;
e) Dispersão fácil dos ovos pelas chuvas, vento, insetos e aves;
· Controle
Em geral, quatro medidas são bem conhecidas para o controle das infecções por helmintos: 
1. Educação para a saúde;
2. Saneamento básico;
3. Repetidos tratamentos em massa com drogas ovicidas nos habitantes de áreas endêmicas.

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