Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Toxoplasmose Toxoplasma gondii é um protozoário de distribuição geográfica mundial, com alta prevalência sorológica, podendo atingir mais de 60% da população em determinados países. A toxoplasmose é uma zoonose e a infecção é muito frequente em várias espécies de animais: mamíferos e aves. O gato e alguns outros felídeos são os hospedeiros definitivos ou completos e o homem e outros animais são os hospedeiros intermediários ou incompletos. · Aspectos biológicos · Morfologia T. gondii pode ser encontrado em vários tecidos e células (exceto hemácias) e líquidos orgânicos. As formas infectantes que o parasito apresenta durante o ciclo biológico são: taquizoítos, bradizoítos e esporozoítos. Essas três formas apresentam organelas citoplasmáticas características do filo Api-complexa. A invasão dessas formas na célula hospedeira é um processo ativo que requer a motilidade e a liberação controlada de proteínas e lipídeos das organelas do complexo apical do parasito. · Taquizoíto: é a forma encontrada durante a fase aguda da infecção, sendo também denominada forma proliferativa, forma livre ou trofozoíto. Apresenta-se com a forma grosseira de meia lua, com uma das extremidades mais afilada e a outra arredondada. É uma forma móvel, de multiplicação rápida, por um processo denominado endodiogenia. Os taquizoítos são pouco resistentes à ação do suco gástrico. · Bradizoíto: é a forma encontrada em vários tecidos geralmente durante a fase crônica da infecção, sendo também denominada de cistozoíto. Os bradizoítos se multiplicam lentamente dentro do cisto, por endodiogenia ou endopoligenia. A parede do cisto é resistente e elástica, que isola os bradizoítos da ação dos mecanismos imunológicos do hospedeiro. São muito resistentes à tripsina e à pepsina. · Oocistos: é a forma de resistência que possui rede dupla bastante resistente às condições do meio ambiente. São produzidos nas células intestinais de felídeos não-imunes e eliminados imaturos junto com as fezes. · Ciclo biológico Compreende duas fases distintas: a) Fase assexuada Um hospedeiro suscetível (p. ex. homem) ingerindo oocistos maduros contendo esporozoítos, encontrados em alimentos ou água contaminada, cistos contendo bradizoítos encontrados na carne crua, ou, mais raramente taquizoítos eliminados no leite, poderá adquirir o parasito e desenvolver a fase assexuada. Cada esporozoíto, bradizoíto ou taquizoíto, liberado no tubo digestivo, sofrerá intensa multiplicação intracelular, como taquizoítos, após rápida passagem pelo epitélio intestinal e invadirá vários tipos de célula do organismo formando um vacúolo parasitóforo onde sofrerão divisões sucessivas por endodiogenia, formando novos taquizoítos que irão romper a célula parasitada e formando novos do mesmo. Tal disseminação ocorre através de taquizoítos livres na linfa ou no sangue circulante, que poderão provocar um quadro polissintomático, cuja gravidade dependerá da quantidade de formas infectantes adquiridas, cepa do parasito e da suscetibilidade do hospedeiro. Essa fase inicial da infecção – fase proliferativa – caracteriza a fase aguda da doença. Com o aparecimento da imunidade, os parasitos extracelulares desaparecem do sangue, da linfa e dos órgãos viscerais. Alguns parasitos evoluem para a formação de cistos. Essa fase cística, com a diminuição da sintomatologia, caracteriza a fase crônica. Essa fase pode permanecer por longo período ou por mecanismos ainda não esclarecidos inteiramente poderá haver reagudização, com sintomatologia semelhante à primoinfecção. Os processos de reprodução assexuada são: · Endodiogenia: forma especializada de divisão assexuada na qual duas células-filhas são formadas dentro da célula-mãe. · Endopoligenia: endodiogenia múltipla, com maior formação de taquizoítos. b) Fase coccidiana ou sexuada O ciclo coccidiano ocorre somente nas células epiteliais, principalmente do intestino delgado de gato e de outros felídeos. Durante o desenvolvimento desse ciclo ocorre uma fase assexuada (merogonia) e outra sexuada (gamogonia) do parasito. Deste modo, um gato jovem e não-imune, infectando-se oralmente por oocistos, cistos ou taquizoítos, desenvolverá o ciclo sexuado. Os esporozoítos, bradizoítos ou taquizoítos ao penetrarem nas células do epitélio intestinal do gato sofrerão um processo de multiplicação por endodiogenia e merogonia (esquizogonia), dando origem a vários merozoítos. O conjunto desses merozoítos formados dentro do vacúolo parasitóforo da célula é denominado meronte ou esquizonte maduro. O rompimento da célula parasitada libera os merozoítos que penetrarão em novas células epiteliais e se transformarão nas formas sexuadas masculinas ou femininas: os gametófitos, que após um processo de maturação formarão os gametas masculinos móveis – microgametas e femininos imóveis – macrogametas. O macrogameta permanecerá dentro de uma célula epitelial, enquanto os microgametas móveis sairão de sua célula e irão fecundar o macrogameta, formando o zigoto. Este evoluirá dentro do epitélio, formando uma parede externa dupla, dando origem ao oocisto. A célula epitelial sofrerá um rompimento em alguns dias, liberando o oocisto ainda imaturo. Esta forma alcançará o meio exterior com as fezes. A sua maturação no meio exterior ocorrerá por um processo denominado esporogonia. O oocisto, em condições de umidade, temperatura e local sombreado favorável, é capaz de se manter infectante por cerca de 12 a 18 meses. · Transmissão O ser humano adquire a infecção por três vias principais: · Ingestão de oocistos presentes em alimento ou água contaminadas, jardins, caixas de areia, latas de lixo ou disseminados mecanicamente por moscas, baratas etc. · Ingestão de cistos encontrados em carne crua ou mal cozida. · Congênita ou transplacentária: o risco da transmissão uterina cresce de 14% no primeiro trimestre da gestação após a infecção materna primária, até 59% no último trimestre. As mulheres que apresentam sorologia positiva antes da gravidez têm menos chances de infectar seus fetos do que aquelas que apresentarem a primoinfecção durante a gestação. · Profilaxia · Não se alimentar de carne crua ou malcozida de qualquer animal ou leite cru; · Controlar a população de gatos nas cidades e em fazendas; · Incinerar todas as fezes dos gatos; · Recomenda-se o exame pré-natal para toxoplasmose em todas as gestantes
Compartilhar