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“Evasão” ou “Expulsão”? Uma análise do que ocorre com alunxs LGBTTQ nas escolas de Porto Seguro.1
Edson Pesca de Jesus2
Universidade Federal do Sul da Bahia
 RESUMO
Para que a sociedade seja construída de forma plural e democrática, é preciso que se reconheça a educação e a diversidade sexual como direitos fundamentais os quais devem ser assegurados a todas as pessoas sem qualquer distinção. Assim, o presente trabalho versa sobre os desafios em relação à proteção e garantia do direito à diversidade sexual e à educação escolar da população LGBTTQ, bem como no combate as violações de direitos das minorias sociais e no enfrentamento ao bullying homofóbico que são os principais motivadores do abandono (expulsão) e evasão escolar desse segmento populacional. O artigo intitulado "Evasão" ou “expulsão”? Uma análise do que ocorre com alunos LGBTTQ+ nas escolas de Porto Seguro.
PALAVRAS-CHAVE: Evasão Escolar; Bullyng Homofóbico; Diversidade Sexual; Heteronormatividade..
INTRODUÇÃO
A evasão escolar continua sendo um dos maiores desafios do Sistema educacional do brasileiro. A maior prova disso é que, dentre os adolescentes de 15 a 17 anos, que deveriam estar no ensino médio, só 84,3% estudam. O maior desafio, atualmente, se concentra nessa faixa, aponta Olavo Nogueira Filho, diretor de políticas educacionais do movimento Todos Pela Educação. No caso de um estudante se identificar e/ou se auto – declarar lésbica, gay, bissexuais, travesti ou transgênero os índices de abandono escolar são muito mais expressivos. 
De acordo com o defensor público João Paulo Carvalho Dias que é presidente da Comissão de Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil e membro conselheiro do Conselho Municipal de LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) em Cuiabá, o Brasil concentra 82% da evasão escolar de travestis e transgêneros. Estimativas atuais indicam que no Colégio Estadual Eraldo Tinoco, uma escola pública do município de Porto Seguro que atua no Ensino médio e que é umas escolas pesquisadas, a cada cinco estudantes declarados Negros e Gays apenas dois concluem o a última etapa do ensino médio, desses apenas um ingressa na Universidade, geralmente pela modalidade EAD. 
Tal estatística aterradora suscita questões inquietantes. Estudantes Negros LGBTT abandonam a escola ou estão sendo “expulsos”? O que a comunidade escolar pode fazer para mudar essa realidade? Qual é o papel do professor na promoção de políticas em prol da diversidade e da igualdade racial e de gênero? Pesquisas e estudos apontam para dois principais fatores responsáveis pela evasão escolar de alunos Negros identificados como LGBT. Um deles, atua como elemento fomentador, outro como ferramenta de expulsão (evasão). 
A heteronormatividade instituida e o “bulling” homofóbico são certamente as principais causas da evasão escolar e da não continuidade dos estudos dos estudantes LGBT’s. Pesquisa apresentada no final do ano de 2018 em audiência pública na Câmara dos Deputados revela que 73% dos estudantes brasileiros que se identificam como LGBT já sofreram bullying homofóbico na escola. O levantamento revela, também que 60% se sentem inseguros no ambiente escolar e 37% já chegaram a ser vítimas de violência física. A LGBTfobia em intersecção com o preconceito racial tem contribuído para evasão ou “expulsão” (BENTO, 2008) de alunos Negros LGBTT do espaço escolar. Santos (2018) afirma que:
A instituição escolar, ao classificar os sujeitos pela classe social, etnia e sexo, tem historicamente contribuído para (re) produzir e hierarquizar as diferenças. Essa tradição deixa à margem aqueles que não estão em conformidade com a norma hegemônica e, desta forma, não contempla a inclusão da diversidade sexual, proposta na atualidade. (SANTOS, 2008, P.3).
Você nao pode encerrar com citação. Você tem que dialogar com ela, então aqui tem que ter um paragrafo de encerramento do seu raciocínio
A GÊNESE DA HOMOFOBIA
Pessoas não nascem homofóbicas, são incentivadas desde crianças a tornarem-se homofóbicas, sendo a Heteronormatividade, o cerne dessa modelagem vil e socialmente inaceitável. A heteronormatividade nutre a ideia de que os seres humanos recaem em duas categorias distintas e complementares: macho e fêmea (binarismo de gênero); que relações sexuais e afetivas são normais somente entre pessoas de sexos diferentes; e que cada sexo tem certos papéis naturais na vida. 
Assim, sexo físico, identidade de gênero e papel social de gênero deveriam enquadrar qualquer pessoa dentro de normas integralmente masculinas ou femininas, e a heterossexualidade é considerada como sendo a única orientação sexual normal. Tal pensamento legitima a violência contra pessoas não-hetero em diversas áreas da sociedade, contudo, é na escola que esse tipo de violência tem se fortalecido. Isso porque a Escola foi instrumentalizada ao longo da história para reproduzir os dogmas da heteronormatividade reforçados pelas ideologias classistas, sexistas e machistas e eurocêntricas das religiões cristãs.
A escola reproduz o sistema heteronormativo a partir do momento que se silencia com o discurso de neutralidade e a omissão sobre os atos homofóbicos […] Agindo assim, a inclusão é apenas uma teoria. “[...] a mesma escola que cultuava silenciosamente os padrões heteronormativos passa a assumir um posicionamento claro de opressor ao discriminar aquele/a que foi vítima do seu silêncio [...]” (MISKOLCI apud CAVALCANTE e SILVA, 2014, p. 49)
Citação seguida de citação: nunca faça isso. Esses autores tem que dialogar entre si, então escreva sobre a citação anterior e como ela se liga com a próxima.
A homofobia no ambiente escolar “[...] acontece porque a escola, assim como a sociedade, caracteriza-se por normas rígidas de gênero e sexualidade, como expectativas a respeito da masculinidade, feminilidade e heterossexualidade.” (ALBUQUERQUE e WILLIAMS, 2015, p.664). Nenhuma tipificação de violência pode ser justificada, seja ela de que natureza for. A educação não pode se abster de uma posição incisiva na adoção de uma pedagogia libertadora para a promoção da
equidade. Tampouco podem os professores perpetuar seus dogmas, suas crenças e suas convicções fundamentalistas as quais muitas vezes estão contribuindo para legitimação do bullying homofóbico e para o agravamento da problemática da evasão escolar.
Mesma coisa aqui. Pelo menos dois parágrafos entre cada citaçao.
De acordo Isabella Tymburibá (2013, p.1)
A heteronormatividade é encontrada dentro da escola e pode ser percebida no currículo de maneira sutil, em normas institucionais, na arquitetura, nas músicas e nas histórias. Além disso, é usada para pautar suas condutas tanto com alunos quanto com o corpo docente. Os alunos que possuem comportamentos que não se encaixam no padrão heteronormativo, como os homossexuais, são regulados por estratégias e táticas usadas pelos professores e pela direção para repreendê-los ou mesmo invisibilizá-los. Essas atitudes contribuem para o bullying homofóbico, em que os sujeitos da sexualidade normativa aproveitam-se dos oprimidos como objetos de diversão e de prazer, por meio de “brincadeiras” com o intuito de atormentar e intimidar.
 PROFESSORES HETERONORMATIVOS
É notório o despreparo do corpo docente em relação a não saber intervir e/ou atuar diante de uma situação de racismor e homofobia, bem como o desinteresse dos professores em se aprofundar nesse assunto e na abordagem do mesmo como tema transversal em sala de aula. 
Tal despreparo é perceptível também dentre os demais membros da comunidade escolar, principalmente entre os gestores, que utilizam de sua autoridade inerente ao cargo para normatizar, relativizar ou mesmo coibir ações e projetos que visam promover a diversidade sexual na escola. 
Enquanto isso, aqueles alunos que não se identificam com a heterossexualidade compulsória, sem apoio para enfrentar a homofobia, tem de escolher entre conviver com o sofrimento cotidiano ou optar por descontinuar seus estudos. Uma vez evadidos, muitos deles acabamsendo empurrados para os serviços subalternos, para a prostituição ou para a marginalidade.
O estudo "Discriminação em razão da Orientação Sexual e da Identidade de Gênero na Europa", publicado pelo Conselho da Europa, identificou que jovens submetidos ao assédio homofóbico são mais propensos a abandonar o estudo e, também, mais disposto a contemplar a automutilação, cometer suicídio ou praticar atos que apresentem risco à saúde. 
	Comment by Francisco Nascimento: Que frase feia.
Aqui no Brasil, muitos jovens vítimas de homofobia acabam enveredando pelos caminhos da drogadição e do crime. Situamos o conceito de gênero na articulação com questões advindas do contexto social, cultural e político em que os corpos são explicados e por que também não dizer, questionados por não aderirem mais às únicas maneiras de ser e estar, socialmente aceitas. Todavia, a situação de estudantes gays e lésbicas que tentam esconder sua orientação sexual também não é mais fácil já que o silenciamento e o ocultamento de sua sexualidade é também uma forma de violência. Como lembra Guacira Louro:	Comment by Francisco Nascimento: Apresente a autora. é sociologa? Filosofa? Educadora? Valorize suas citações.
Ao não falar a respeito deles e delas, talvez se pretenda ´eliminá-los`, ou, pelo menos, se pretenda evitar que os alunos e as alunas ´normais` os/as conheçam e possam desejá-los/as. Aqui, o silenciamento – a ausência da fala – aparece como uma espécie de garantia da ´norma`. (LOURO, 1997, p. 67-68).
Em face do exposto, tais inquietações podem justificar o interesse de realizar esta pesquisa, sobretudo pelo fato de perceber que no universo escolar, é mais provável a preferência pelo silenciamento ou naturalização do fenômeno tão complexo como o proposto nessa investigação, permitindo assim que, os processos de preconceito e homofobia sejam legitimados e consequentemente, tornem- se replicadores da violência na sociedade. Outro fato que também pode justificar meu interesse de de escrver esse artigo, diz respeito a real possibilidade de sua contribuição para pesquisa na área de formação de professores. Por fim, a proposta pode ser justificada também, pelo fato de que os dados por ela produzidos poderão provocar debates acerca desse fenômeno e, nessa medida, criar possibilidades de alcançar uma realidade diferente nas escolas de educação básica, além de criar demandas para futuras investigações.
O PAPEL DA ESCOLA NO COMBATE AO BULLYNG HOMOFÓBICO
Ressignificar o papel da escola e do docente sobre a homossexualidade e a diversidade racial, sexual e gênero é um desafio que deve ser adotado pelas instituições educacionais objetivando desconstruir o preconceito promovendo a redução da discriminação e da violência contra gays, lésbicas, travestis, bissexuais e transexuais interseccionados com os marcadores étnicos-raciais e de classe. Nessa perspectiva Ferreira e Luz (2009) afirma que, “a instituição escolar deve contribuir para uma educação cidadã e libertadora que contemple a dimensão sexual, a diversidade, os direitos humanos e a multiculturalidade”. Não cabe à Escola a função de legitimar o bullyng homofóbico através do silenciamento ou do cerceamento das expressões em prol diversidade sexual.
Em razão disso, apresento brevemente nas linhas seguintes, os conceitos teóricos que considero relevante para compreender o fenômeno que me propus investigar nessa pesquisa, sendo esses: Evasão Escolar, Homofobia, Heteronormatividade, Diversidade Sexual.
EVASÃO ESCOLAR OU EXPULSÃO COMPULSÓRIA?
Evasão escolar é o ato de deixar de frequentar as aulas, ou seja, abandonar o ensino em decorrência de qualquer motivo. Esse problema social que, infelizmente, é comum no Brasil, afeta principalmente os alunos do Ensino Médio e tem propagado o fracasso escolar para além dos muros das escolas.
Bourdieu-Passeron (1975) e Cunha (1997) apontam a escola como responsável pelo sucesso ou fracasso dos alunos, principalmente daqueles pertencentes às categorias menos favorecidas economicamente, explicando teoricamente o caráter reprodutor desta instituição compreendida como aparelho ideológico do Estado (AIE). Assim, compreende-se que as causas da evasão escolar estão diretamente relacionadas às questões que envolvem o processo de ensino e aprendizagem, a formação docente, o currículo e as práticas pedagógicas que não contemplam as inquietações contemporâneas acerca da pluralidade social. De acordo com a pesquisadora Maria Helena Souza Patto:
“Neste contexto sem ignorar as questões extraescolares não se pode deixar de enfrentar que o fracasso escolar, bem como, a evasão, constituem um problema pedagógico. É no estudo do cotidiano da escola que vários autores têm apontado possibilidades concretas de transformação de suas práticas, como forma de enfrentamento do problema.” (PATTO, 1997 p.238).
O “bullyng” homofóbico ainda é uma triste realidade no país, inclusive nas escolas, sendo uma das causas preponderantes da evasão escolar. Segundo a Pesquisa Nacional Sobre o Ambiente Educacional no Brasil 2016, 27% dos entrevistados afirmaram ter sofrido agressão na escola e 73% foram alvos de xingamento em razão de sua orientação sexual. Em relação à identidade ou expressão de gênero, 25% foram agredidos fisicamente dentro da escola e 68%, verbalmente. A pesquisa, da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), indica que menos da metade (42,4%) desses estudantes informou à instituição alguma vez.
O que leva um (a) jovem a considerar a evasão escolar uma forma de libertação? Para Jaqueline de Jesus, professora de psicologia social do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), os transexuais vivem no Brasil um apartheid de gênero. “Alguém que não pode usar nem a própria identidade civil (por indicar um gênero e um nome com os quais a pessoa não se identifica) não pode se sentir humano. Afirma Rafaela Coelho, que em 1999 foi considerada uma das primeiras pessoas transgênero a ingressar numa faculdade pública, mas que por conta da homofobia foi obrigada a abandonar o curso.
BULLYNG HOMOFÓBICO
Pela primeira vez no Brasil, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), lançou na terça-feira uma consulta internacional para lidar com o bullying contra estudantes LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) nas escolas e universidades. De acordo com o diretor de Educação pela Paz e pelo Desenvolvimento Sustentável do órgão, Mark Richmond, é preciso combater esse tipo de violência, que contribui para o aumento da evasão escolar. Reis (2009, p. 249) aponta também que:
Na pior das situações, a consequência dessa discriminação da sexualidade não ortodoxa é a expulsão pela família, a rejeição pelos colegas, a evasão escolar, a resultante falta de qualificação para o mercado de trabalho, a discriminação na busca por emprego e, para alguns a prostituição, como a última alternativa de sobrevivência, considerando-se toda a vulnerabilidade social e pessoal que essa situação acarreta.
De novo: muito autor e pouco dialogo.
	Junqueira (2009, p. 02) reforça, dizendo que:
A homofobia compromete a inclusão educacional e a qualidade do ensino. Incide na relação docente-estudante. Produz desinteresse pela escola, dificulta a aprendizagem e conduz à evasão e ao abandono escolar. Afeta a definição das carreiras profissionais e dificulta a inserção no mercado de trabalho. O que os autores acima colocam,
Na escola a homofobia se expressa por meio de agressões verbais e/ ou físicas a que estão sujeitos estudantes que resistem a se adequar à heteronormatividade, conceito criado pelo pesquisador americano Michael Warner (1993) para descrever a norma que toma a sexualidade heterossexual como norma universal e os discursos que descrevem a situação homossexual como desviante. No contexto educacional, o termo bullying tem sido utilizado para nomear a violência sofrida por alunos (as) no ambiente escolar, e o termo bullying homofóbico tem sido utilizado para nomear especificamente a violênciasofrida por alunas (os) gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais.
HETERONORMATIVIDADE
Dentre os diversos padrões e normas dominantes ainda vigentes em nossa sociedade está a heteronormatividade, que pode ser entendida como a prática de considerar “normal” apenas a forma heterossexual de viver a sexualidade, invisibilizando e marginalizando sujeitos não-heterossexuais - os “desviantes” (PASSOS e Silva 2012). Tal fenômeno se complexifica quando associado a outros marcadores sociais, como etnia e classe, gerando uma hierarquia de valores, que resulta nas relações sociais de desigualdade. Alguns atributos relacionados a tais marcadores são considerados de mais valor do que outros, fazendo com exista uma “pirâmide” em que, no topo, estão as pessoas de mais valor as que possuem atributos masculinos, cisgênero, brancos, heterossexuais e de classe média. (BUTLER Apud VEIGA, 2009). 
A heterossexualidade compulsória - que a base da heteronormativiadade (BUTLER, 2013) - faz com que nasçamos socialmente predefinidos a sermos cisgênero e heterossexuais, de forma que todo sujeito que foge a essa regra ou expectativa, tratado como desviante, seja inferiorizado e/ou invisibilizado em relação ao considerado “natural” ou “normal”.
HETERONORMATIVIDADE NA ESCOLA
A Escola, espaço social histórico de construção e perpetuação de conhecimento, tem sido vítima e ao mesmo tempo vilã da heteronorma, uma vez que é usada de maneira contumaz como instrumento de manutenção das relações hegemônicas de poder. Tal início é percebido no currículo de maneira sutil, em normas institucionais, na arquitetura, nas músicas e nas histórias. Além disso, é usada para pautar suas condutas tanto com alunos quanto com o corpo docente. 
Os alunos que possuem comportamentos que não se encaixam no padrão heteronormativo, como os homossexuais, são regulados por estratégias e táticas usadas pelos professores e pela direção para repreendê-los ou mesmo invisibilizá-los. Essas atitudes contribuem para o bullying homofóbico, em que os sujeitos da sexualidade normativa aproveitam-se dos oprimidos como objetos de diversão e de prazer, por meio de “zoação” com o intuito de atormentar e intimidar. 
Munido da máxima “saber é poder”, Foucault diz que até o saber pedagógico padronizado é usado como arma no processo de transformação dos indivíduos em sujeitos normais, ou seja, moldados para aceitar as relações de dominação já impostas. O corpo compreendido como máquina a ser domesticada facilita com que estes processos ocorram. Sendo assim, a escola fomenta essa chamada normalização produzindo sujeitos dóceis e adestrados. 
 DIVERSIDADE SEXUAL
Para pensar a Diversidade Sexual é preciso reconhecer que, apesar da semelhança biológica, a vida social de cada um(a) é diferente uma das outras, assim como as famílias, a turma da escola, os(as) amigos(as), vinhos(as), crenças religiosas, ou ainda todas as questões sócias e culturais de um pais inteiro. 
Reconhecer a complexidade das relações entre as pessoas, suas diversidades e costumes, línguas, culturas, etnias e a própria diversidade de vivências é o primeiro passo para entender a diversidade sexual. Portanto, podemos entender a Diversidade Sexual não somente como as práticas sexuais, mas como todos os elementos que compõem a sexualidade humana, de forma ampla, ou seja, nossas vivências – sexuais ou não; nossas práticas habituais que aprendemos e incorporamos ao longo da vida, nossos desejos e afetos, nossos comportamentos e maneiras como vemos a nós mesmos e nos mostramos para os outros.
De acordo com Debora C. Araújo:
(...) ao se pensar no ambiente escolar atual e na convivência de diferentes grupos sociais, fica evidente o surgimento de conflitos e idéias contrastantes a respeito de assuntos ligados aos variados grupos. No que se refere à sexualidade, as discussões sejam talvez as mais polêmicas por envolverem muito mais que conceitos científicos diversos: referem-se, muitas vezes, a conceitos dogmáticos, especulativos, preconceituosos, limitados e conservadores, que, aliados a uma formação incipiente por parte das / os educadores / as, gera a apropriação de um currículo que geralmente ignora, trata com superficialidade ou desconsidera tal perspectiva. (SANTOS; ARAÚJO, 2009, p. 15)
Nessa perspectiva, a experiência docente aliada a uma formação acadêmica libertadora possibilita uma intervenção mais eficiente a apartir da compreensão das relações existentes no ambiente escolar, aluno-aluno, aluno-professor, professor-professor, etc., bem como promover a aproximação com os alunos já evadidos, a fim compreender de forma mais realística os fenômenos suscitados nesse trabalho.
Este artigo propõe ações reflexivas acerca da evasão escolar dos alunos Negros LGBT’S, da educação sexual e da homofobia. Pretendendo-se assim, questionar a naturalização da punição aos não-binários e a todos as pessoas que escapam à normatividade. Contribuirão para isso a abertura nos cursos de Graduação e Pós-graduação das discussões acerca da temática em questão visando desconstruir a heteronormatividade e o binarismo de gênero que tanto contribuem para “expulsão” precoce nas escolas públicas brasileiras.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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SILVA, Manoel Regis da. Causas e Consequências da Evasão Escolar na Escola Estadual
Professor Pedro Augusto de Almeida –Babaneiras/PB. Acesso em: 18 de março de 2016.

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