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princípios da seguridade social

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3. Princípios Constitucionais da Seguridade Social 
Entendido o que são princípios e que eles são corretamente chamados de objetivos na 
Constituição Federal, fica fácil listar aqueles que estão expressos na Carta Magna, pois 
se encontram listados nos artigos 194 e 195 da seguinte forma: 
Art. 194 - A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa 
dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à 
saúde, à previdência e à assistência social. 
Parágrafo único - Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade 
social, com base nos seguintes objetivos: 
I - universalidade da cobertura e do atendimento; 
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; 
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; 
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; 
V - eqüidade na forma de participação no custeio; 
VI - diversidade da base de financiamento; 
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão 
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados 
e do Governo nos órgãos colegiados.(6) 
Art. 195 - A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e 
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições 
sociais:(7) 
Como referido, esses são apenas os princípios da seguridade social expressos na 
Constituição Federal, o que não significa que lá estão todos os princípios correlatos a 
essa área do direito. 
Listados os princípios da seguridade social, cumpre tecer maiores explicações sobre cada 
um deles. 
3.1. Universidade da Cobertura e do Atendimento 
O princípio da universalidade da cobertura e do atendimento pode ser identificado 
como o objetivo da seguridade social de promover a cobertura de todos 
indistintamente, propiciando a maior cobertura dos riscos sociais. 
Muitas vezes esse princípio é traduzido pela expressão em língua inglesa 
"fromthecradleto grave"(8) popularizada pela imprensa inglesa como síntese do plano 
elaborado pelo LordBeveridge, considerado o eixo central da seguridade social. 
A noção almejada por esse princípio é a de que o trabalhador, impedido de prover o 
próprio sustento por algum infortúnio merece uma proteção social para garantir sua 
subsistência e de sua família, sendo que o conceito de trabalhador na realidade do 
sistema jurídico brasileiro deve ser estendido para todas as pessoas, já que o serviço, 
principalmente, da saúde, revela cobertura ampla a todos. 
Esse princípio possui duas dimensões: a universalidade da cobertura e a universalidade 
do atendimento. 
Em relação à universalidade da cobertura é aquela relacionada às situações de risco 
social que podem gerar necessidades, sendo que todas elas serão cobertas pela 
seguridade social. 
No tocante à universalidade do atendimento, está se refere aos sujeitos protegidos, o 
que implica dizer, dentro do universo da seguridade, que todas as pessoas sem distinção 
são titulares desse direito público subjetivo. 
Esse princípio é colocado como o primeiro dos objetivos da seguridade, por ser, 
certamente, a maior expressão desse instituto, do qual os demais derivam, além de ser, 
claramente, uma tradução da isonomia. 
3.2. Seletividade e Distributividade na Prestação de Benefícios e Serviços 
Esse princípio, como o anterior, tem que ser analisado sob duas dimensões: seletividade 
e distributividade, que por sua vez se subdividem em benefícios e serviços. 
Em relação ao princípio da seletividade, ele é o meio que baliza o legislador na escolha 
dos riscos sociais que devem ser cobertos pela seguridade social. Ele se pauta pelos 
critérios de justiça e bem-estar social. O professor Wagner Balera assim o define: 
A seletividade é instrumental a serviço dessas finalidades adrede fixadas na Superlei. O 
momento da seletividade está situado no estágio de elaboração legislativa. Orientando 
a intenção normativa, que se expressa nas finalidades a serem atingidas, cabe ao 
legislador definir os benefícios e serviços cuja prestação propicie melhores condições de 
vida à população.(9) 
Em razão das limitações orçamentárias e da infindável necessidade humana, esse 
princípio é pautado por escolhas políticas, que cabem ao legislador, para definir as 
metas e prioridades que serão postas na lei. 
A outra dimensão desse princípio, a distributividade está relacionada a escolha dos 
destinatários dos benefícios e serviços eleitos pelo legislador para serem protegidos pela 
seguridade social, sendo aspecto relevante desse princípio é que os grupos populares 
mais necessitados recebam melhores prestações, ou seja, é uma síntese do princípio da 
isonomia, donde se denota que a distributividade tem por objetivo reduzir 
desigualdades sociais e regionais. Nesse sentido diz o professor Balera: 
Em outra ordem de considerações, apreciemos a distributividade como signo bem mais 
abrangente. As exigências do bem comum que o ideal da justiça distributiva evoca não 
serão atendidas pela mecânica e automática partilha do rol de prestações em partes 
iguais. Que se aquinhoem com melhores prestações aqueles que demonstrarem 
maiores necessidades.(10) 
Ainda, convém destacar a diferença entre benefícios e serviços, sendo que o primeiro é 
fruível individualmente pelo seu titular, ou seja, cada relação jurídica relaciona-se 
diretamente com uma prestação certa e determinada (há benefícios que são fruíveis 
pelos membros de uma mesma família, contudo ainda assim, cada beneficiário o frui de 
forma individual dentro da sua cota); já o segundo possui um aspecto coletivo, além do 
individual, já que os serviços da seguridade social são disponíveis a todos que dela 
necessitem, de titularidade da coletividade, mas são utilizados de forma individual. 
3.3. Uniformidade e Equivalência de Benefícios e Serviços às Populações Urbanas e 
Rurais 
Esse princípio ganhou destaque constitucional para corrigir uma injustiça histórica no 
país, que sempre tratou de forma diferente as populações urbanas e rurais, sendo que 
a seguridade social, a princípio, era destinada à proteção dos trabalhadores urbanos, 
enquanto o homem do campo era entregue à própria sorte. 
Dessa injustiça histórica surgiu um dever consciente da sociedade de reverter a 
desigualdade entre trabalhadores urbanos e rurais, constituindo um regime único do 
Sistema Nacional da Seguridade Social. 
Esse princípio também deve ser estudado sob dois aspectos: uniformidade e 
equivalência. 
A uniformidade faz referência direta às prestações da seguridade social, donde se pode 
inferir que, sendo idênticos os riscos, devem ser idênticos os benefícios, 
independentemente do local onde trabalham. 
No tocante à equivalência, essa se refere ao valor dos benefícios, identificando que não 
podem ser distintos em função das pessoas que são protegidas, devendo as prestações 
serem aferidas pelos mesmos critérios objetivos. 
Com assertividade, clareza e coesão, assim o professor Balera define esse princípio: 
O princípio da equivalência impede a distinção quanto aos valores e seus respectivos 
critérios de apuração, enquanto a uniformidade impõe um mesmo rol de prestações aos 
dois grupos em que se divide a população do Brasil.(11) 
3.4. Princípio da Irredutibilidade do Valor dos Benefícios 
O princípio da irredutibilidade do valor do benefício, ao contrário do que muitos, de 
forma equivocada, professam, é um princípio próprio da seguridade social, e não da 
previdência social e está relacionada à impossibilidade de redução do valor nominal dos 
benefícios da seguridade social e não à manutenção do seu valor real frente à inflação. 
Esse equívoco é justificado, pois muitas vezes as pessoas confundem princípio 
semelhante próprio da previdência social inserido no artigo 201, § 4º, da Constituição 
Federal, com redação dada pela EmendaConstitucional nº 20/1998 "§ 4º É assegurado 
o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor 
real, conforme critérios definidos em lei.". 
Essa confusão acontece com quem identifica benefícios como algo intrínseco da 
Previdência Social, esquecendo que há benefícios ligados à Assistência Social como: 
Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada da Lei Orgânica da Previdência 
Social (BPC/LOAS). 
Então, o que tem que ficar claro é que o princípio aqui tratado revela apenas a vedação 
à redução dos valores nominais dos benefícios da seguridade social, tal qual o princípio 
geral de direito que veda o retrocesso em conquistas dos direitos humanos. 
Nesse sentido, cumpre frisar brilhante lição do jurista Hermes Arrais Alencar: 
O STF, chamado a discorrer sobre o delineamento da irredutibilidade do valor de 
benefícios, asseverou, na qualidade de guardião e tradutor oficial do texto 
constitucional, que essa norma veda a redução do valor do benefício, impossibilita a 
redução da expressão numérica da prestação periódica percebida pelo cidadão. 
Não são os benefícios previdenciários resguardados por essa disposição constitucional 
contra a corrosão da moeda, uma vez que o princípio da irredutibilidade não garante a 
manutenção do valor real dos benefícios. O poder de compra dos segurados da 
previdência tem proteção constitucional prevista em outro dispositivo, art. 201, § 4º, 
que trata de regra exclusiva dos beneficiários da previdência, o da manutenção do valor 
real dos benefícios.(12) 
3.5. Equidade na Forma de Participação e Custeio 
A equidade na forma de participação e custeio é outro princípio ligado à isonomia e 
justiça social. A ideia central desse princípio é que todos os atores sociais devem 
contribuir para a seguridade social, porém, quem tem condições de pagar mais contribui 
mais para a manutenção do sistema e quem tem menos contribui com menos. 
Trata-se de buscar o equilíbrio entre a capacidade econômica de todos que devem 
contribuir e o esforço financeiro que eles necessitam para a manutenção da seguridade 
social, ou seja, é um meio de impulsionar a redução das desigualdades sociais. 
No entanto, isso não esgota o princípio, pois o mesmo pode ser inferido de regra 
semelhante de direito tributário, mas vai além, e se conecta também na esfera dos 
contribuintes empregadores aos riscos da atividade econômica, de onde se extrai que 
as empresas que exercem atividades de maiores riscos, devem pagar mais, sendo o 
inverso também verdadeiro, já que a empresa que mitiga os riscos de sua atividade pode 
ter reduzidas certas alíquotas de suas contribuições sociais. O mesmo vale para 
empresas que tem alta rotatividade de mão de obra e geram mais desemprego, logo, 
aumentam o risco social e devem contribuir mais. 
Esse é o sentido e alcance que o professor Balera atribui a esse princípio: 
Em suma, a regra ordena que o legislador, ao produzir a norma de custeio , atue com o 
propósito indireto de reduzir desigualdades sociais mediante a prudente e adequada 
repartição dos encargos sociais. 
A referência à igualdade entre contribuintes não se limita ao tema da capacidade 
econômica que mais propriamente, é aplicável aos impostos (...). 
(...) 
Portanto, a equidade exige a busca constante da "situação equivalente" entre os 
contribuintes.(13) 
Portanto, a equidade é signo da justiça social, já que determina que o custeio do sistema 
deve ser efetuado por todos, mas quem pode mais e ou gera maiores riscos sociais deve 
contribuir mais. 
3.6. Princípio da Diversidade da Base de Financiamento 
Como já referido no princípio anterior, a sociedade toda é convocada para custear a 
seguridade, sendo referido pela doutrina que o custeio é tripartite, sendo que os 
trabalhadores, os empregadores e o Estado devem contribuir para o sistema. 
Nos primórdios da seguridade social, quando ela estava atrelada de modo quase 
exclusivo ao seguro social, sua base de financiamento estava atrelada à folha de 
pagamento das empresas. 
Contudo, com a inclusão de novos benefícios, novos serviços, da saúde e da assistência 
social para formarem o sistema moderno da seguridade social, percebeu-se que seria 
inviável a manutenção desse sistema de financiamento, pois geraria um custo muito alto 
concentrado em uma única fonte, o que dificultaria o desenvolvimento do mercado de 
trabalho. 
Isso levou o constituinte a perceber que seria necessário diversificar os meios de 
financiamento do sistema como forma de se adequar à realidade moderna, sem implicar 
em custos de produção e redução da produtividade, identificando novos signos de 
riqueza que tragam o financiamento necessário ao sistema, sem afetar a atividade 
produtiva. 
Assim, a Constituição Federal definiu como fontes de custeio as contribuições sociais e 
os recursos provenientes dos orçamentos dos entes federados, em suma, toda a 
sociedade. Além disso, criou contribuições sobre o lucro e sobre o faturamento das 
empresas. Esse princípio é expresso pelo artigo 195 da Carta Magna: 
Art. 195 - A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e 
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: 
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes 
sobre: 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer 
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; 
b) a receita ou o faturamento 
c) o lucro; 
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo 
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência 
social de que trata o art. 201; 
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. 
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. 
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à 
seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento 
da União. 
3.7. Caráter Democrático e Descentralizado da Gestão Administrativa 
Esse princípio garante a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados 
dos órgãos públicos que administram a seguridade social, pois o objeto desse sistema é 
de grande interesse para eles, e não apenas ao poder público, por isso a Constituição 
Federal permite suas participações em deliberações e discussões atinentes ao sistema, 
tanto nas áreas da saúde, assistência social e previdência social. 
Na área da previdência social há, ainda, mais uma especifidade, que é a participação na 
gestão do INSS dos aposentados, que têm assento no Conselho Nacional da Previdência 
Social, pelo que se diz que a gestão do INSS é quadripartite. 
Tal princípio não é uma inovação da Carta Magna atual, mas tem origem na criação da 
Organização Internacional do Trabalho, hoje ligada a Organização das Nações Unidas, 
mas é mais antiga do que a organização a qual está submetida, já que é criação do pós 
Primeira Guerra Mundial. No advento dessa organização ficou estabelecido que ela seria 
dirigida pelos representantes de três atores sociais: os trabalhadores, os patrões e os 
governos. 
A participação democrática da comunidade se dá no âmbito dos Conselhos, que podem 
ser nacionais ou regionais. Esses conselhos são órgãos superiores de deliberação 
colegiada e têm a atribuição de emitir resoluções, moções e recomendações, que 
orientam os serviços a eles ligados. 
No que concerne à descentralização da gestão, esta define que a gestão deve estar 
próxima dos atendidos, do contrário, a participação da comunidade apenas no âmbito 
nacional, não traduzirá verdadeira participação na gestão, pois não se pode dizer que 
um representante dos patrões do Estado de São Paulo tenha as mesmas experiências 
sociais de um representante dessa categoria do Estado do Acre, portanto,a 
descentralização da gestão serve justamente à participação democrática, é o que ensina 
o jurista Lauro Cesar Mazetto Ferreira: 
A descentralização da administração do sistema procura adaptar a gestão para que se 
observem peculiaridades locais na tomada de decisões, ou seja, com a descentralização 
da gestão, as decisões são tomadas nas próprias localidades.(14) 
O professor Balera ensina que a descentralização e a participação democrática são 
elementos que se integram para atingir o objetivo da Constituição no que concerne a 
participação comunitária da seguridade social: 
A descentralização administrativa, combinada com a participação da comunidade, são 
instrumentos que se integram. A primeira situa a estrutura burocrática no seu 
verdadeiro papel de agente da proteção, enquanto que a segunda permite a elaboração 
de esquemas próprios de avaliação do desempenho dessa estrutura, no cumprimento 
dos objetivos maiores que o sistema deverá atingir.(15)

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