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Resumo NP1 e NP2- Psicologia Escolar

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1 G a b r i e l a G o m e s d a S i l v a | P s i c o l o g i a | 6 º p e r í o d o | @ p s i c o m g a b i 
RESUMO P1 E P2 
PSICOLOGIA ESCOLAR 
 
O QUE É? 
É a prática do psicólogo no atendimento às demandas 
escolares. Dentro de uma perspectiva crítica em 
Psicologia, é a clínica ampliada, pois tira o psicólogo do 
consultório para atuar em outro espaço. Tem o objetivo 
de trabalhar para evitar ações que medicalizem e 
judicializem a educação, estudando a patologização do 
que é pedagógico e prestando orientação à queixa 
escolar. 
 
POR QUE A CRIANÇA NÃO 
APRENDE? 
Há um número muito grande de crianças e 
adolescentes com queixas de aprendizagem na escola. 
Nesses casos, a escola relata: 
 Problemas de aprendizagem: alfabetização e 
letramento, come letras, copista (só copia mas não 
entende o que escreveu), letra feia, dificuldade de 
interpretação, dislexia, etc; 
 Problemas de comportamento: desatento, apático, 
agressivo, não faz lição, TDAH, TOD, é muito calado, 
distraído; 
 Não aprende porque "tem um problema 
emocional", "de personalidade", "transtorno 
neuropsicológico", "disfunção cerebral mínima"; 
 Não aprende porque tem uma família disfuncional; 
 Não aprende porque tem problemas de nível 
socioeconômico, contexto de alta vulnerabilidade; 
 
Esse olhar é muito unilateral para intervir nos processos 
de escolarização. Não se considera o lugar em que essa 
criança aprende. São concepções patologizantes: 
"criança anormal", "criança problema", "criança carente 
cultural", "criança com distúrbio de aprendizagem" 
(destino selado, criança fadada a nunca aprender). 
O tirocínio diagnóstico é muito comum: atribuir 
patologias à criança sem nenhuma investigação 
científica prévia, acarretando a medicalização da 
educação e da vida. A criança se sente portadora de 
uma doença, internalizando uma compreensão sobre si 
mesma de pessoa doente. 
 
COMO A PSICOLOGIA TEM TRATADO 
ESSE TEMA? 
Através de: 
 Psicodiagnóstico clínico (anamnese com a família 
sobre os processos de desenvolvimento, relações 
familiares, entrevistas com a criança, com a escola, 
encaminhamento para exames neurológicos, 
aplicação de questionários); 
 Testes psicológicos; 
 Visita à escola para escuta; 
 Por fim, a elaboração de laudos. 
 
O psicólogo é um especialista que legitima a condição 
de adoecimento, dependendo do que tem no laudo. 
Dentro do psicodiagnóstico, a escola não é incluída na 
compreensão da queixa. 
TRATAMENTO OFERECIDO PARA A 
CRIANÇA COM PROBLEMAS DE 
APRENDIZAGEM 
 Psicoterapia e orientação familiar, atribuindo a 
criança ou a família como causadores do problema; 
 Educação especial, tirando a criança do contexto de 
uma escola comum; 
 Psicopedagogia; 
 Educação compensatória e estimulação precoce; 
 Medicamentos, quando o problema é atribuído a um 
problema neurológico. 
 
Todas essas ações são questionadas pela Psicologia 
Escolar crítica. Demandas que nascem na escola devem 
ser tratadas na escola, e a escola deve ser incluída na 
compreensão do problema levantado. 
 
CRÍTICAS AO ATENDIMENTO 
CLÁSSICO TRADICIONAL 
A compreensão dos problemas escolares é feita a partir 
da criança e da família, sem incluir a escola, portanto na 
intervenção psicológica os processos de escolarização 
ou a dimensão institucional não são levadas em conta 
como origem das dificuldades da criança. Nós devemos 
fazer uma análise sistêmica, e para isso é necessário 
incluir a escola na análise. 
 
CRÍTICAS A PARTIR DOS ANOS 70 
A partir da década de 70, começou a nascer a 
compreensão de que é uma rede de fenômenos que 
compromete a possibilidade de aprender. Surge nesse 
período a Psicologia Escolar crítica que questiona qual a 
função social da escola, acompanhada pelo marco que 
é o livro de Maria Helena Souza Patto – “Psicologia e 
ideologia”; depois “A produção do fracasso escolar”. 
A função social da escola é a de formar cidadãos críticos, 
ampliando seus valores democráticos, e que eles 
possam desenvolver um pensamento científico. 
Quando a escola oferece um espaço que favoreça a 
apropriação do conhecimento, o aluno aproveitará 
melhor os processos de aprendizagem. 
 
 
 
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2 G a b r i e l a G o m e s d a S i l v a | P s i c o l o g i a | 6 º p e r í o d o | @ p s i c o m g a b i 
QUEIXA ESCOLAR 
São os encaminhamentos que chegam da escola para a 
Psicologia e retratam as dificuldades vividas no 
processo de escolarização. A queixa escolar é 
constituída a partir do conjunto de relações individuais, 
sociais e institucionais. 
Essa concepção busca romper com o modelo clássico 
tradicional no sentido de diagnóstico e intervenção, 
pois o foco da análise é o processo de escolarização, 
buscando uma compreensão sistêmica do 
funcionamento escolar. 
FATORES QUE CONSTITUEM O 
PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO 
 Políticas educacionais; 
 Relações institucionais; 
 Relações escolares; 
 Aspectos pedagógicos; 
É promovida, nesse sentido, a escuta ao aluno e família 
e a leitura da escola sobre o caso. 
COMO INTERPRETAR O PROCESSO DE 
ESCOLARIZAÇÃO 
Através da compreensão dos fenômenos psicológicos, 
pedagógicos e sociais como produtos do processo de 
escolarização, da interpretação dos processos de 
aprendizagem e desenvolvimento como fenômenos 
interdependentes, e do olhar para o desenvolvimento 
do aluno e para as situações de aprendizagem. 
Os processos de avaliação da escolarização devem 
expressar a complexidade da vida escolar. Levamos em 
consideração o conjunto de fenômenos que permeiam 
a relação da criança com a escola. 
A pergunta “por que a criança não aprende?” muda 
para “o que acontece no processo de escolarização que 
faz com que a criança não se beneficie da escola?”. 
Existem funcionamentos adoecidos e adoecedores na 
escola, que geram o fracasso e vitimizam todas as 
pessoas que compõem esse sistema. É o funcionamento 
institucional que é patológico, não a criança ou a família, 
portanto a queixa escolar é um sintoma, não uma 
doença. 
 
 
 
 
Vygotsky destaca o nível de desenvolvimento real: o 
que a criança já sabe fazer; e o nível de 
desenvolvimento potencial: o sujeito ainda não tem o 
conhecimento ou precisa de ajuda para fazer. Entre os 
dois níveis está a zona de desenvolvimento proximal e 
é nessa parte que atuamos enquanto psicólogos. Nós 
ajudamos o sujeito a reconhecer aquilo que ele já 
internalizou e construímos uma rede para elaborar 
estratégias. 
 
CASO “GABRIELA NÃO LHE FICA” 
 Segunda série, repetente, trocou de escola 4x, não 
sabe ler e escrever; 
 Em 4 anos tem três psicodiagnósticos, fez o WISC 
pelo menos seis vezes; 
 Família de imigrantes, quatro filhos, sendo Gabriela 
a mais nova, nas mulheres havia problemas 
patológicos, nos homens não; 
 Atitude desqualificada e desvalorização da mãe em 
relação à Gabriela; 
 O problema começou na segunda série, em que 
Gabriela não conseguia formar frases; 
A mudança constante de escola a impediu de criar 
qualquer vínculo; a psicoterapia colocou a criança na 
condição de incapaz, quando devia ser um instrumento 
de mediação para introduzir à língua. 
 
 
 
 
 
Nossa intervenção se pauta a partir da visão de que o 
problema não está nela, e sim no sistema que o 
produziu. A partir daí, identificamos suas potências, 
quais conhecimentos estão internalizados nela e em 
nível real. 
 
MEDICALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO 
Quando as questões da vida social que afetam o sujeito 
fazem com que ele apresente sintomas, no processo de 
medicalização esse adoecimento é considerado uma 
patologia do próprio indivíduo. São questões 
identificadas considerando apenas próprio sujeito. 
Nesse sentido, os problemas da esfera da vida humana 
são transformados em questões biológicas. A pessoa é 
tratada como causa e origemdo problema. Aqui, o 
contexto não é considerado como produtor do 
adoecimento, então ele não é tratado, e sim o sujeito. 
A vida cotidiana é transformada numa doença. Isso 
produz uma epidemia de diagnósticos. 
A indústria farmacêutica investe mais em marketing 
(para vender o medicamento) do que em pesquisa e 
desenvolvimento, e o medicamento é o instrumento 
que mantém a cultura da medicalização. 
SOCIEDADE MEDICALIZADA 
 O Brasil é o 2º país com maior consumo de Ritalina 
(metilfenidato - droga da obediência); 
 Ano 2000: 71000 caixas; 
 Ano 2008: 1.147.000 caixas. 
O não aprender é uma denúncia de que 
algo não está bem na escola 
Muitas vezes a criança se sente atacada na 
escola, e começa a agir agressivamente. Aí 
entra a medicalização por ser “hiperativa”. 
 
 
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3 G a b r i e l a G o m e s d a S i l v a | P s i c o l o g i a | 6 º p e r í o d o | @ p s i c o m g a b i 
A disponibilidade de medicamentos cria a necessidade 
de automedicação; a precarização dos equipamentos 
públicos de saúde no Brasil contribui com a cultura da 
medicalização (demora na marcação de consultas e 
exames, etc). Além disso, o processo de medicalização 
nega os direitos conquistados pelo Estatuto da Criança 
e do Adolescentes (ECA), no sentido de patologizar a 
criança. 
Há também uma naturalização dos aspectos sociais 
patologizantes: trânsito, condições de 
trabalho precárias, etc. 
Reducionismo biológico: reduzimos qualquer problema 
da esfera humana a uma causa biológica, sem 
considerar os aspectos sociais e do contexto em que o 
sujeito ocupa. 
 
 
 
 
 
MEDICALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO 
A concepção dominante é de que a questão levantada 
pela queixa escolar é de ordem individual e orgânica. 
Existe uma ideologia que explica o fracasso escolar 
pelos próprios atores da escola; e uma política pública 
que busca no aluno a causa das suas dificuldades. 
 Projetos de lei na esfera macro 
» PL 321/2004: Programa Estadual para 
Identificação e Tratamento da Dislexia na 
escola (ir até a escola e identificar crianças 
com dislexia, sem levar em consideração os 
processos de ensino e aprendizagem); etc; 
 Esfera micro 
» Boletim escolar 
» Individualização da queixa e encaminhamento 
(não se leva em consideração as diferenças 
individuais no processo de aprendizagem) 
» Tirocínio diagnóstico 
» Problemas familiares aparecem como 
justificativa dos comportamentos desviantes 
*O primeiro passo do psicólogo escolar é romper com a 
esfera micro. 
 
DA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE 
É comum que ignorem a história do processo de 
escolarização, mas se o problema foi identificado na 
escola, deve ser tratado na escola. 
É necessário incrementar a formação dos profissionais 
de saúde quanto a compreensão dos problemas de 
escolarização. A definição das dificuldades escolares 
como "transtornos" alivia a família e a escola, porque o 
problema e solução foram "descobertos". 
O DSM leva em consideração sintomas externos, e 
mantém a questão da medicalização, gerando 
diagnósticos classificatórios e não explicativos. 
A dislexia, segundo o DSM-5, está ligada ao processo de 
alfabetização e letramento. No protocolo diagnóstico, 
não se investigam as questões intraescolares ou a 
história do processo de escolarização do sujeito. A 
pergunta que fazemos é: como ocorreu o processo de 
alfabetização? 
*Há evidências de que a orientação de pais tem mais 
eficácia do que a medicalização. 
 
 Por que patologizar os processos de escolarização?; 
 TDAH, TOD e dislexia são transtornos do aluno ou 
patologizas produzidas no sistema escolar?; 
 A vida confinada (escola - muros) e longe da 
natureza contribui com a medicalização e quadros 
depressivos nos alunos e professores. Aumento de 
casos de depressão, ideação suicida, automutilação 
e violência; 
 Professores diagnosticados com síndrome de 
Burnout (mas não se fala das condições precárias de 
trabalho que levam ao Burnout). 
 
 
 
COMO DESMEDICALIZAR A ESCOLA? 
 Compreender que o processo de aprendizado não 
acontece apenas na sala de aula; 
 Ouvir as crianças; 
 Proporcionar passeios, visitas de campo, excursões 
e contato com a natureza; 
 Desspatologizar a infância e adolescência; 
 Oferecer alternativas que instiguem o desejo do 
aluno por permanecer na escola; 
 Reorganizar a rotina da escola, pensando no 
equilíbrio entre as atividades escolares e o brincar; 
 Tornar o professor menos controlador e mais 
mediador. 
 
JUDICIALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO 
A fragilidade do diálogo entre os elementos que 
integram o processo de escolarização (gestores, 
professores, pais, alunos) causa problemas na busca por 
soluções dos conflitos cotidianos da escola, o que faz 
com que esses conflitos sejam judicializados e 
resolvidos pela justiça. Exemplos de judicialização da 
educação: 
 Matrícula; 
 Aceleração de estudos (superdotados que avançam 
séries só têm esse direito expresso em legislação); 
 Brigas e/ou acidentes no interior da escola: quando 
acontece algo com a criança e a família processa a 
Populações que mais sofrem com a medicalização: 
crianças em idade escolar, adolescentes e adultos em 
privação de liberdade, usuários que necessitam de 
atenção em saúde mental, pessoas com mais de 60 anos 
Análise do processo, não só do produto 
 
 
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4 G a b r i e l a G o m e s d a S i l v a | P s i c o l o g i a | 6 º p e r í o d o | @ p s i c o m g a b i 
escola. Ex: uma criança quebrou o braço e a mãe 
entrou na justiça. Como consequência, a diretora 
proibiu que as crianças brincassem no intervalo dali 
em diante. 
 
 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA 
ESCOLA 
Resolução nº 9, de 25 de abril de 2018 - CFP 
Art. 1º - Avaliação Psicológica é definida como um 
processo estruturado de investigação de fenômenos 
psicológicos, composto de métodos, técnicas e 
instrumentos, com o objetivo de prover informações à 
tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou 
institucional, com base em demandas, condições e 
finalidades específicas. 
PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO 
PSICOLÓGICA DENTRO DA ESCOLA 
Para determinadas queixas, a avaliação tradicional é 
necessária. Mas quando a queixa é escolar, o modo de 
avaliação deve ser crítico, pois na perspectiva clássica o 
olhar recai para o sujeito; na crítica o olhar contempla 
toda a rede de relações que produz a queixa. 
No modelo clássico/tradicional, a criança é o objeto de 
análise, e busca-se compreender "qual o problema 
dela", investigando a criança e a relação com a família. 
A avaliação é feita através de anamnese, entrevistas, 
sessão lúdica, sessão com os pais, aplicação de testes e 
encaminhamento. O resultado final é a elaboração de 
um laudo que atesta alguma patologia e a criança é 
encaminhada para tratamento com o objetivo de 
adaptá-la ao funcionamento da escola. 
 Laudos são reducionistas; 
 Numa avaliação crítica, o objetivo é mudar as 
práticas e processos de escolarização que facilitem o 
processo de aprendizagem; 
 Quando a queixa não é escolar, os testes são muito 
importantes. 
CRÍTICAS DE PATTO AOS TESTES 
PSICOLÓGICOS 
 Técnico demais, impossibilitando uma intervenção 
criativa na aplicação; 
 Testes não correspondem à realidade da condição 
brasileira, sobretudo de crianças pobres; 
 Avaliação pautada na aptidão e quantificação, e esse 
número concretiza o lugar que a criança ocupa; 
 Rapidez da resposta como definição de inteligência; 
 Uso exclusivo de psicólogos. 
O QUE OS LAUDOS NÃO DIZEM 
Os laudos não dizem o quanto o Estado defende os 
interesses das classes dominantes e nem que o poder 
público sempre tratou a educação com descaso, 
promovendo o sucateamento da rede pública; não 
demonstram a insatisfação dos professores diante das 
más condições de trabalho; que a escola é produtora deexclusão; que os resultados dos testes dependem e 
muito do processo de escolarização. 
Ou seja, os testes psicológicos resultam em um 
psicologismo que deposita no sujeito a causa das suas 
dificuldades escolares. 
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA SOB A 
PERSPECTIVA CRÍTICA 
Primeiro de tudo, é necessária uma reinvenção da 
avaliação psicológica. Na perspectiva da Psicologia 
escolar crítica, a avaliação psicológica deve investigar a 
rede de relações que produz a queixa, não tão somente 
o sujeito. 
Se a queixa é produzida coletivamente, a intervenção 
deve se pautar nas relações escolares, potencializando 
todos os envolvidos. 
 
ATENDIMENTO PSICOLÓGICO À 
QUEIXA ESCOLAR 
 Na perspectiva clássica, após o psicodiagnóstico é 
produzido um laudo (que muitas vezes legitima uma 
doença que a criança não tem), e a escola procede a 
partir desse laudo (encaminha para a terapia; coloca em 
educação especial; educação compensatória; 
estimulação precoce). Na perspectiva crítica, não se faz 
psicodiagnóstico. O olhar do psicólogo vai para a rede 
que produz a queixa, sendo o aluno apenas um dos 
elementos; vai para as políticas públicas implantadas na 
escola e como elas interferem no processo de 
escolarização; quais as relações institucionais; aspectos 
pedagógicos para tentar entender o que acontece na 
sala de aula que produz a queixa. 
Aprendizagem e desenvolvimento são inseparáveis. 
Devem existir situações de aprendizagem que 
possibilitem que o sujeito internalize o conhecimento. 
Os processos de avaliação da escolarização incluem 
toda a rede de relações, então se observa toda a 
complexidade da vida escolar. 
Existe uma ação reducionista que leva a uma conduta 
de medicalização: 
 Reducionismo biológico; 
 Tratamento medicamentoso; 
 Diagnósticos classificatórios e não explicativos; 
 Não considerar questões intraescolares, 
pedagógicas, sociais e econômicas; 
 Não considerar o que acontece dentro da escola. 
 
Na crítica a esse processo, se propõe um olhar crítico, a 
análise do processo de escolarização e condução a 
partir de uma abordagem histórico-cultural. Dialogar 
com a escola e inclui-la na investigação e na intervenção 
 
 
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5 G a b r i e l a G o m e s d a S i l v a | P s i c o l o g i a | 6 º p e r í o d o | @ p s i c o m g a b i 
é fundamental; potencializar e fortalecer recursos 
internos do aluno e do professor; considerar o 
funcionamento das relações escolares; enfim – 
entender como um problema coletivo e não individual. 
A psicologia escolar vê a importância de se investir em 
ações de melhoria para a escola, em que os processos 
de escolarização fossem mais bem-sucedidos e 
diminuísse a tendência de encaminhamentos médicos. 
Os psicólogos vêm ampliando as intervenções com o 
intuito de problematizar e reverter funcionamentos 
produtores de fracasso escolar. 
LACUNAS NA AÇÃO DO PSICÓLOGO 
É preciso: 
 Rever o atendimento tradicional às queixas; 
 Desenvolver uma abordagem que supere as 
dificuldades das práticas tradicionais; 
 Incluir a escola na investigação e intervenção. A 
escola é parceira na compreensão da queixa e 
estratégias de enfrentamento; 
 Fazer perguntas como: 
» Em que tipo de classe ele está? 
» Quantas professoras teve esse ano? 
» Onde o aluno se senta na classe? 
» Com que frequência ocorrem faltas de 
professores? 
» Em que momento da trajetória escolar surgiu 
a queixa? 
 Criar uma interlocução com a escola; 
 Investigar as pertenças sociais do indivíduo (camada 
socioeconômica, grupo étnico, religião) e seus 
desdobramentos. 
 
ALGUNS FUNCIONAMENTOS DO 
SISTEMA ESCOLAR QUE PRODUZEM 
SOFRIMENTO 
Dos órgãos centrais que regimentam o 
funcionamento da escola 
 Burocracia que cria problema no cotidiano da escola 
(ex: professor às vésperas de se aposentar, sai a 
aposentaria em maio e aí ele vai embora); 
 Políticas públicas implantadas de maneira 
autoritária e desorganizada que na verdade 
deveriam ser implementadas. 
 
Das unidades escolares 
 Ausência de espaços sistemáticos de reflexão, falta 
de diálogo; 
 Ausência de um projeto político-pedagógico; 
 Falta de apoio e orientação aos professores e 
gestores; 
 Saberes desconsiderados; 
 
Da relação escola-pais 
 Exclusão de decisões sobre os filhos; 
 Alvo de mitos e preconceitos; 
 Tratados como usuários de favores. 
 
Da sala de aula 
 Homogeneidade (todo mundo aprendendo na 
mesma hora, do mesmo jeito); 
 Pedagogia repetitiva e desinteressante; 
 Encaminhamentos a especialistas. 
 
ORIENTAÇÃO À QUEIXA ESCOLAR 
Os psicólogos devem: 
 Olhar o processo de escolarização e todos os fatores 
que influenciam a queixa; 
 Contemplar a tríade aluno-escola-pais; 
 Ir contra as práticas adaptacionistas, conquistando 
uma movimentação que se direcione no sentido de 
desenvolver todos os agentes ao redor da queixa. 
PRINCÍPIOS DA ORIENTAÇÃO À 
QUEIXA 
 Colher e problematizar a versão de cada participante 
da rede; 
 Circular a compreensão sobre a queixa, oferecendo 
as diferentes perspectivas sobre a ela, buscando 
novas leituras e soluções; 
 Identificar e fortalecer as potências de todos; 
 Cuidar das relações dos participantes da rede; 
 Atenção à singularidade, pois não há padronização 
em procedimentos; 
 Atendimento é breve, 6 a 8 encontros; 
 Atendimento é focal, pois se centra na queixa 
escolar. Se vê a queixa e o que está por trás dela, 
dialogando em rede. 
*Não aplicamos teste e não fazemos psicodiagnóstico. 
ATITUDE DO PSICÓLOGO 
A postura do psicólogo deve ser ativa e a manutenção 
da queixa horizontal, pois não existe uma hierarquia, a 
intervenção é baseada no diálogo entre todos os 
agentes. 
ESTRUTURA DO ATENDIMENTO 
 Triagem (com as famílias; apresentamos a 
modalidade de atendimento que oferecemos; 
colhemos informações dos responsáveis sobre as 
queixas; verificamos se a queixa é ou não de 
natureza principalmente escolar; é dado um 
relatório para que a família leve até à escola para um 
professor responder); 
 Encontros com as crianças (levar jogos; colher a 
versão da criança sobre a queixa; dar protagonismo 
 
 
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6 G a b r i e l a G o m e s d a S i l v a | P s i c o l o g i a | 6 º p e r í o d o | @ p s i c o m g a b i 
para a criança; perceber suas dificuldades e 
reinstaurar a esperança; instrumentalizar a criança 
para a situação de dificuldade que se encontra; 
fortalecer suas potencialidades); 
 Interlocução com a escola (buscar uma relação 
horizontal com os educadores; não desqualificar 
seus saberes; ouvir a versão dos professores; 
valorizar seus recursos e levar sugestões); 
 Entrevista de fechamento (construir uma releitura 
do caso; produzir um relatório de avanços); 
 Acompanhamento (3-4 meses depois falamos com a 
família, escola e criança para buscar saber como 
estão. 
 
Esse tipo de atendimento não tem evasão, e sempre 
ouvimos que as questões em relação à queixa 
minimizaram. 
 
ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NAS 
DIFICULDADES DE 
COMPORTAMENTO 
A escola reproduz os valores e regras impostos pela 
sociedade, e nem sempre assegura o exercício de uma 
cidadania ativa. Os processos de vida se dão nas 
relações, daí a importância de o psicólogo trabalhar os 
conflitos e violências muitas vezes produzidos dentro 
da escola. 
Não se pode compreender a educação sem inseri-la no 
contexto de política econômica, pública e social que 
atravessam o cotidiano da escola. Devemos conhecer as 
direções éticas e políticas da escola; isso se manifesta 
nas ações de todos lá dentro. A construção de um 
projeto político-pedagógico é um desafio para a 
comunidade. 
 
ASPECTOS QUE O DOCUMENTO 
REFERÊNCIAS TÉCNICAS PARA 
PSICÓLOGOS APONTA 
 Almejamos um conhecimento científico crítico, 
criando espaços de problematização e diálogo naescola para responder à exclusão social, violência, 
discriminação, intolerância, desigualdade; 
 Construção de relações democráticas, rompendo 
com a medicalização, judicialização, patologização 
dos professores e estudantes; 
 Não neutralidade da educação/escola como um 
espaço para reflexões sobre gênero, racismo, 
LGBTfobia, sexismo, capacitismo, etc; 
 Necessário o envolvimento do psicólogo no controle 
social das políticas públicas de educação 
(participando dos conselhos municipais e estaduais). 
DIFICULDADES QUE PRECISAM SER 
ENFRENTADAS 
 Políticas públicas são hierarquizadas; 
 Políticas públicas desconsideram a história 
profissional dos profissionais que estão na escola; 
 Políticas públicas não levam em consideração a 
infraestrutura da escola; 
 Concepções preconceituosas a respeito de 
estudantes e famílias; 
 Dificuldade de criar espaços de debates sobre as 
políticas públicas; 
 Implantação tecnicista das políticas, o que aliena o 
trabalho pedagógico. 
 
POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DO 
PSICÓLOGO 
Nossa ação é sempre coletiva, com toda a comunidade 
escolar. Há cinco áreas de atuação: 
 Projeto político-pedagógico: é o mapeamento da 
organização escolar, sua política de funcionamento 
(produzido pela escola), é nosso papel a avaliação e 
reformulação. Recuperar a história da escola, como 
uma anamnese; 
 Intervenção no processo de ensino aprendizagem: 
práticas que conduzem o aluno a reconhecer suas 
potencialidades (através de mediadores culturais - 
teatro, música, etc), trabalhar prospectivamente 
(naquilo que o aluno pode se desenvolver - 
Vygotsky); 
 Formação de educadores: possibilita autonomia no 
fazer pedagógico; contribuir com o aprimoramento 
teórico; 
 Educação inclusiva: como construir um plano que 
atenda a todos os alunos; acompanhamento de 
estudantes visando inclusão e permanência; 
mobilizar encontros com a equipe docente para 
auxiliar no planejamento educacional; etc; 
 Grupos de aluno: 10 a 15 alunos ou dentro da 
própria sala de aula, para abordar questões que 
atravessam a infância e adolescência; para realizar 
ações que caminhem com a finalidade da escola; 
grupos de apoio psicopedagógico. 
 
Enfim, o psicólogo poderá trabalhar em parceria 
com pais, professores, equipe pedagógica, com 
atividades que contribuam com o desenvolvimento 
dos alunos. 
9 DESAFIOS PARA O PSICÓLOGO 
 Compor com a equipe escolar criando um vínculo, e 
a partir do projeto político-pedagógico criar o 
próprio projeto de atuação; 
 Problematizar o cotidiano escolar; 
 
 
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7 G a b r i e l a G o m e s d a S i l v a | P s i c o l o g i a | 6 º p e r í o d o | @ p s i c o m g a b i 
 Construir estratégias de ensino aprendizagem com a 
comunidade escolar; 
 Considerar a dimensão da produção de 
subjetividade sem reduzi-la a uma perspectiva 
individualizante; 
 Valorizar e potencializar os saberes da escola; 
 Buscar conhecimentos técnico-científicos da 
Psicologia e da Educação; 
 Sair da ação clássica, procurando desenvolver 
práticas coletivas que acolham as demandas e 
buscando com elas os procedimentos de 
enfrentamento; 
 Romper com a patologização, medicalização e 
judicialização da educação; 
 Formar profissionais críticos para se dedicarem a 
esse campo de atuação. 
 
DIFICULDADES DE AQUISIÇÃO DA 
LÍNGUA ESCRITA 
A escola tem a concepção de que essa dificuldade está 
atrelada a um problema psicológico. O olhar é sempre 
como um transtorno de ordem biológica. Inclusive no 
DSM-5. 
Mas não se trata de uma dificuldade de aprendizagem, 
e sim de escolarização. O que está acontecendo na 
escola que propicia a não aprendizagem? Quais os 
critérios que a escola utiliza em relação ao tempo de 
aprendizagem de cada um dos alunos? 
Os alunos são colocados em igualdade, com os mesmos 
recursos, estratégias e tempo. Mas cada um tem um 
processo de aprendizagem, Vygotsky diz que a partir 
das mediações que o meio oferece e também a partir 
de suas condições internas é que o conhecimento 
acontece. Respeitar o ritmo de aprendizagem fará com 
que o aluno aprenda. 
Olhamos o indivíduo num contexto sócio histórico que 
interfere diretamente na forma como ele aprende. De 
que forma esse contexto está possibilitando ou não o 
processo de aprendizagem do indivíduo? 
USO DA LUDICIDADE 
Num primeiro momento, usar apenas do lúdico. Em 
seguida apresentar os recursos escolares, pois aí a 
criança já estará mais confiante. Trabalhar ações de 
cooperação, não de competição. 
 
PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA - 
EMÍLIA FERREIRO 
Ferreiro estudou como se aprende a ler e escrever. A 
aprendizagem da língua escrita se dá a partir de 
mecanismos cognitivos, não motores ou sensoriais, e a 
alfabetização não se dá por decifrar letra por letra e 
nem por memorização ou fixismo. É uma tarefa 
conceitual. 
PERÍODOS EVOLUTIVOS DA 
ALFABETIZAÇÃO 
PERÍODO ICONOGRÁFICO 
Hipótese de que símbolos gráficos são representações 
de características físicas ou ideias. *Pré-silábico 
PERÍODO LINGUÍSTICO 
A criança já entende que a letra corresponde ao som. 
 
 Silábico: quando há a hipótese de que cada emissão 
sonora é uma letra. Ex: cachorro - 3 letras; 
 Silábico alfabético: período de transição em que a 
criança começa a enxertar letras na escrita silábica, 
então ela oscila entre a hipótese silábica e alfabética; 
 Alfabético: compreensão de que as sílabas podem 
ser divididas em unidades menores, os fonemas. E 
que cada letra representa um fonema, geralmente. 
Com essa hipótese atingida, ainda há muitos 
desafios até o bom letramento. 
CONTROLE DA ESCRITA 
Nas etapas iniciais do período linguístico, há dois tipos 
de controle da escrita. 
CONTROLE QUANTITATIVO 
Criança preocupada com a quantidade de letras. 
CONTROLE QUALITATIVO 
Criança preocupada com a variedade de caracteres. Ex: 
não pode repetir letra de modo contíguo e não podem 
haver palavras diferentes representadas do mesmo 
modo).

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