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Administração de Terminais Rodoviários MÓDULO 1 2 Sumário Apresentação 4 Unidade 1 | Breve Histórico do Transporte Urbano 6 1. A Evolução do Transporte Urbano 8 2. O Surgimento do Ônibus com Tração Mecânica 10 Glossário 13 Atividades 14 Referências 15 Unidade 2 | A Dimensão do Transporte Urbano 16 1. A Importância do Transporte Urbano 18 2. Conceitos Básicos Relacionados ao Transporte Urbano 19 3. O Transporte Público Urbano 20 4. Planejamento, Gestão e Operação 22 Glossário 23 Atividades 24 Referências 25 Unidade 3 | Modos de Transporte Urbano 26 1. Classificação dos Modos de Transporte Urbano 28 1.1. Modo Privado ou Individual 28 1.2. Modo Público, Coletivo ou de Massa 28 1.3. Modo Semipúblico 29 2. Modo de Transporte Público, Coletivo ou de Massa 29 2.1. Sustentação e Dirigibilidade 30 2.2. Energia para a Locomoção 30 3 2.3. Espaço Utilizado para a Locomoção 32 Glossário 33 Atividades 34 Referências 35 Gabarito 36 4 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Administração de Terminais Rodoviários! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que tem a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. O curso possui carga horária total de 70 horas e foi organizado em 5 módulos e 15 unidades, conforme a tabela a seguir. Módulos Unidades Carga Horária 1 Unidade 1 | Breve Histórico do Transporte Urbano 5 h Unidade 2 | A Dimensão do Transporte Urbano 5 h Unidade 3 | Modos de Transporte Urbano 5 h 2 Unidade 4 | Conceitos e Características do Transporte Urbano 5 h Unidade 5 | Linhas e Redes no Transporte Público 5 h Unidade 6 | Integração no Transporte Público Urbano 5 h 3 Unidade 7 | Elementos dos Terminais Rodoviários 5 h Unidade 8 | Terminais Rodoviários de Passageiros – Classificação 5 h Unidade 9 | Terminais Rodoviários de Passageiros – Instalações 5 h 5 Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato por e-mail no endereço eletrônico suporteead@sestsenat. org.br ou pelo telefone 0800 72 82 891. Bons estudos! 4 Unidade 10 | Indicadores de Desempenho na Gestão de Terminais 5 h Unidade 11 | Gestão de Terminais – Gerência de Viagens 4 h Unidade 12 | Gestão de Terminais – Gerações de Viagens 4 h 5 Unidade 13 | Novos Modelos de Exploração de Terminais 4 h Unidade 14 | Acessibilidade e Adaptações nos Terminais 4 h Unidade 15 | Acessibilidade e Infraestrutura nos Terminais 4 h 6 UNIDADE 1 | BREVE HISTÓRICO DO TRANSPORTE URBANO 7 Unidade 1 | Breve Histórico do Transporte Urbano Como se desenvolveu o transporte urbano? Como se deu o surgimento dos ônibus com tração mecânica? Por que é importante um gestor de terminal rodoviário de passageiros entender de mobilidade urbana? Para que o gestor de terminal rodoviário de passageiro possa entender melhor o contexto em que está inserida a sua atividade, os conhecimentos abordados neste curso serão transmitidos de forma gradual, partindo-se do transporte urbano, passando pela infraestrutura de transportes, até chegar à gestão de terminais propriamente dita. Vamos dar início a esta primeira unidade com a evolução do transporte urbano para, em seguida, tratar do surgimento do ônibus com tração mecânica. Fonte: www.freeimages.com 8 1. A Evolução do Transporte Urbano De acordo com Torbi (2014) e Ferraz (2004), a história do desenvolvimento do transporte urbano está intrinsecamente relacionada à evolução dos núcleos urbanos. A explicação da relação existente entre o desenvolvimento do transporte urbano e a evolução dos núcleos urbanos advém do fato de que os meios de transporte disponíveis sempre exerceram e exercem grande influência na localização, no tamanho e nas características das cidades, bem como nos hábitos da população. O crescimento e o progresso econômico e social de uma cidade dependem, sobretudo, das facilidades de troca de informações e produtos com outras localidades. É por isso que as primeiras aglomerações humanas irromperam à beira do mar e dos grandes rios e lagos, uma vez que o meio de transporte predominante na época eram as embarcações. E o desenvolvimento de outros meios de transporte — tais como o ferroviário, inicialmente, e, em seguida, o rodoviário e o aéreo – é que permitiu o surgimento de cidades distantes das rotas de navegação mais importantes. Todavia, a dimensão das cidades estava condicionada a dois fatores: a capacidade de obter alimentos e combustíveis – por meio de produção própria ou do deslocamento a outras aglomerações; e a distância máxima que as pessoas podiam percorrer a pé para trabalhar e realizar outras atividades concernentes à vida urbana. Tomando como base o fato de que a maioria das viagens com destino à área central das cidades eram realizadas a pé, com velocidade de caminhada de 4 km/h, em um tempo máximo de viagem de 20 minutos, chegamos à conclusão de que a distância do centro a que, em tese, as primeiras cidades poderiam chegar era de cerca de 1,3 km. Fonte: www.freeimages.com 9 Com o advento dos primeiros ônibus, as cidades puderam desenvolver-se um pouco mais. Não pelo fato de que a velocidade desses veículos fosse muito maior – era de, aproximadamente, 5 km/h –, mas sim porque não precisar despender esforço físico permitia deslocamentos mais longos. Os bondes puxados por cavalos – os quais se locomoviam à velocidade em torno de 7 km/h – transformaram, novamente, a possibilidade de crescimento das aglomerações humanas. O bonde elétrico, por sua vez – com velocidade de cerca de 15 km/h – revolucionou, peremptoriamente, o crescimento das cidades, as quais podiam chegar a 7,5 km de raio de extensão. Não obstante, vieram os ônibus e os automóveis — que se deslocavam a velocidades maiores – fazendo as cidades crescerem ainda mais. Além disso, destaca-se que também contribuíram para o desenvolvimento das cidades o trem suburbano e o metrô, bem como a implantação de vias expressas, em que os veículos podem se locomover a velocidades muito maiores do que nas vias comuns. Em relação ao uso do solo urbano, houve a influência do tipo de transporte. Quando o deslocamento era realizado a pé ou se valendo de animais, as cidades eram pequenas e densas. Com os bondes, as cidades começaram a se desenvolver ao longo das linhas, porque as pessoas procuravam morar próximo, e ter os seus negócios nas redondezas, das vias férreas. Com os trens suburbanos, teve início a ocupação não uniforme do uso do solo, prevalecendo a concentração de moradias e atividades próximas às áreas das estações. Com os ônibus e os automóveis, houve mudanças positivas e negativas. As positivas estão relacionadas à permeabilidade do espaço urbano ao automóvel e ao ônibus, permitindo a ocupação dos vazios deixados pelo bonde e pela ferrovia e adensando mais uniformemente o tecido urbano. Já as mudanças negativas dizem respeito à expansão da mancha urbana de forma irracional, provocando baixas densidades de ocupação e, dessa forma, deteriorando a eficiência econômica da infraestrutura viária e dos serviços públicos, assim como do próprio transporte urbano. 10 Outro ponto importante é que o transporte público suscitava a concentração de atividades comerciais e de serviços na área central das cidades, uma vez que era aonde os passageiros chegavam por meio de viagens diretas,sem transbordos. Com a utilização do automóvel, a descentralização das cidades foi bastante favorecida. Dessa forma, apareceram os shopping centers um pouco mais afastados dos centros. Além disso, tal descentralização permitiu um pequeno alívio para a falta de estacionamentos nas regiões centrais do comércio tradicional. Entretanto, o crescente uso do automóvel acarretou problemas variados para as aglomerações humanas: congestionamentos, acidentes, poluição atmosférica, desumanização dos espaços devido às grandes áreas destinadas a vias e estacionamentos, baixa eficiência econômica em face da necessidade de grandes investimentos no sistema viário e ao espraiamento das cidades. Atualmente, os congestionamentos atingiram níveis alarmantes, a tal ponto de a velocidade de deslocamento do ônibus ou do automóvel, em várias grandes cidades brasileiras, ser menor do que a velocidade dos bondes empregados no passado. 2. O Surgimento do Ônibus com Tração Mecânica Consoante Torbi (2014) e Ferraz (2004), no século XIX, foram realizadas diversas tentativas para movimentar os ônibus com propulsão mecânica – a propulsão a vapor foi uma delas. Contudo, a tentativa exitosa ocorreu em 1890, quando os primeiros ônibus movidos a gasolina começaram a circular em algumas cidades da Alemanha, França e Inglaterra. 11 Qual a origem da palavra ônibus? Várias das designações têm origem em omnibus — significando “para todos” em latim. Este termo foi usado, desde o século XIX, para designar um tipo de transporte coletivo de passageiros puxado a cavalo, usado nas grandes cidades do mundo, com características e funções muito semelhantes aos transportes coletivos atuais. A partir da utilização da propulsão mecânica, começa-se a adotar a forma ônibus. Por volta de 1920, iniciou-se a operação dos primeiros ônibus movidos a óleo diesel, começando pela Alemanha, depois indo para a Inglaterra. Uma ocorrência interessante é que, nessa época, as rodas dos ônibus deixaram de ser de borracha maciça e mudaram para pneus com câmaras de ar. Com isso, o ônibus passou a suceder o bonde no transporte urbano devido às seguintes vantagens: • Menor custo, visto que não necessita de subestações de energia elétrica, trilhos e cabos elétricos; • Flexibilidade nas rotas em face da possibilidade de desvio de trechos de vias públicas bloqueadas por incidentes ou execução de serviços; e • Maior confiabilidade, em razão de as interrupções no sistema de energia elétrica não interromperem todo o transporte. Com o galgar do tempo, diversas inovações tecnológicas foram incorporadas aos ônibus, até culminar nos modelos dos ônibus modernos, os quais constituem o principal modo de transporte público urbano empregado, atualmente, ao redor do mundo (NTU, 2016). Não se pode olvidar, é claro, do ônibus elétrico – também denominado de trólebus. Ele teve grande importância no transporte urbano no período entre 1920 e 1950, sendo que a primeira linha regular data de 1901, em Paris, na França. Fonte: www.freeimages.com 12 Nos Estados Unidos, por exemplo, a utilização do trólebus iniciou-se, de forma mais intensa, em 1925, principalmente com o aproveitamento da rede elétrica dos bondes. Em diversos países do mundo, o apogeu dos trólebus ocorreu nas cercanias de 1950. Nas décadas seguintes, muitos dos sistemas foram desativados. Diversos fatores contribuíram para o declínio do uso do trólebus, entre eles: a rigidez das rotas; o custo de operação superior ao do ônibus a diesel; a menor confiabilidade em relação aos ônibus a diesel; a massificação do uso do automóvel. Resumindo A explicação da relação existente entre o desenvolvimento do transporte urbano e a evolução dos núcleos urbanos advém do fato de que os meios de transporte disponíveis sempre exerceram, e ainda exercem, grande influência na localização, no tamanho e nas características das cidades, bem como nos hábitos da população. Atualmente, os congestionamentos atingiram níveis alarmantes, devendo- se priorizar os meios de transporte coletivo – tais como os ônibus – em detrimento dos automóveis. Com o passar do tempo, diversas inovações tecnológicas foram incorporadas aos ônibus, até culminar nos modelos dos ônibus modernos, os quais constituem o principal modo de transporte público urbano empregado, atualmente, ao redor no mundo. 13 Glossário Apogeu: o mais alto grau, o ponto culminante. Concernentes: que possui algum tipo de relação com; relativo: o argumento concernente ao estudo proposto. Galgar: caminhar, perpassar, dando grandes passos. Gradual: que aumenta ou diminui por grau: ordem gradual. Intrinsecamente: que faz parte da essência; que é característico, próprio. Irromperam: Invadir; entrar com ímpeto ou violentamente: os alunos irromperam na sala. Peremptoriamente: de maneira decisiva, de modo categórico. 14 Marque a alternativa correta: (1) As rodas dos primeiros ônibus eram fabricadas de borracha maciça e mudaram para pneus com câmaras de ar. ( ) Certo ( ) Errado (2) O ônibus passou a suceder o bonde no transporte urbano devido às seguintes vantagens: ( ) Menor custo, visto que não necessita de subestações de energia elétrica, trilhos e cabos elétricos. ( ) Flexibilidade nas rotas em face da possibilidade de desvio de trechos de vias públicas bloqueadas por incidentes ou execução de serviços. ( ) Maior confiabilidade, em razão de as interrupções no sistema de energia elétrica não interromperem todo o transporte. ( ) Todas as alternativas anteriores estão corretas. (3) Com o advento dos primeiros ônibus, as cidades puderam desenvolver-se um pouco mais. Não pelo fato de que a velocidade desses veículos fosse muito maior, mas porque a não necessidade de esforço físico permitia deslocamentos mais longos. ( ) Certo ( ) Errado (4) O crescente uso do automóvel acarretou variados problemas para as aglomerações humanas, exceto: ( ) Congestionamentos ( ) Acidentes ( ) Poluição atmosférica ( ) Humanização dos espaços urbanos Atividades 15 Referências ABNT. NBR 9050:2015 — Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ABETRAN. Associação Brasileira de Educação de Trânsito. Disponível em: <www. abetran.org.br>. Acesso em janeiro de 2016. ABRATI. Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros. Disponível em: <www.abrati.org.br>. Acesso em janeiro de 2016. 16 UNIDADE 2 | A DIMENSÃO DO TRANSPORTE URBANO 17 Unidade 2 | A Dimensão do Transporte Urbano Por que o transporte urbano é tão importante para o tecido urbano? Quais os principais motivos de viagem no transporte urbano? Quais as funções desse tipo de transporte? Uma das formas de irrigar o complexo tecido das cidades é por meio do transporte urbano. Sem um adequado planejamento, gestão e operação, tal tecido pode não mais realizar suas funções e entrar em colapso. Nesta unidade, abordaremos a importância do transporte urbano, conceitos básicos, características do transporte público urbano, planejamento, gestão e operação. Fonte: www.pixabay.com 18 1. A Importância do Transporte Urbano Para Torbi (2014) e Vasconcellos (2013), a caracterização da qualidade de vida de uma sociedade e, por conseguinte, do seu grau de desenvolvimento econômico e social, depende das características dos sistemas de transporte de passageiros, ou seja, da facilidade de deslocamento de pessoas. Da mesma forma, pode-se dizer que o nível de desenvolvimento econômico e social dessa sociedade está atrelado às características dos sistemas de transporte de cargas, isto é, às facilidades de deslocamento de mercadorias. As atividades comerciais, industriais, educacionais e de lazer – que são imprescindíveis à vida nas cidades contemporâneas – somente são praticáveis com o deslocamento de pessoas e mercadorias. Com isso, o transporte urbano é tão importante para a qualidadede vida da sociedade quanto os serviços de abastecimento de água, coleta de esgoto, suprimento de energia elétrica, educação, saúde e segurança pública. Você já parou para pensar a respeito da mobilidade urbana? A mobilidade é o elemento fundamental que permite o desenvolvimento urbano. Quando se proporciona a mobilidade adequada para todas as classes sociais, pode-se dizer que há uma ação essencial no processo de desenvolvimento econômico e social das cidades. Em todos os países do globo, os temas associados à oferta de um transporte urbano apropriado estão sempre presentes nos debates sociais, já que a maioria da população vive nas cidades. No Brasil, por exemplo, de acordo com o IBGE (2014), mais de 80% da população habita as cidades. Com isso, dos cerca de 202 milhões de habitantes da nação, 161 milhões utilizam os sistemas de transporte urbano. E este número tende a crescer todo ano, com o aumento da população economicamente ativa. Fonte: www.freeimages.com 19 Um dos fatos que também fundamentam a importância do transporte urbano está embasado em seus custos. O custo de transporte nas grandes cidades constitui uma parcela expressiva da matriz de custos urbanos. Eles englobam o investimento, a manutenção e a operação de todo o sistema viário – vias, obras de arte especiais e correntes (viadutos, pontes, túneis, trevos, drenagens), sinalizações, equipamentos de controle e fiscalização, bem como das vias específicas de transporte público e de todos os veículos públicos e privados. Para se ter uma ideia, somente o custo do transporte público coletivo em algumas grandes cidades supera o custo de outros serviços públicos básicos, tais como o abastecimento de água, coleta de esgoto, o suprimento de energia elétrica e a iluminação pública. 2. Conceitos Básicos Relacionados ao Transporte Urbano Transporte, de forma simplificada, pode ser entendido como o deslocamento de pessoas e mercadorias. O termo transporte urbano é utilizado para designar os deslocamentos de pessoas e mercadorias realizados nas cidades (FERRAZ, 2004). Para Torbi (2014) e a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP, 2016), os motivos de viagem que levam as pessoas a se deslocarem são variados, tais como: trabalho, estudo, compras, lazer e outras necessidades específicas (banco, órgãos públicos, tratamento de saúde). Por sua vez, o deslocamento de carga nas cidades ocorre pelos seguintes motivos: coleta de lixo, entrada de insumos nas fábricas e obras, saída de produtos acabados das fábricas, entrada e saída de mercadorias de estabelecimentos comerciais, movimentação de terra, transporte de mudanças, entre outros. 20 Mas, para que haja a movimentação de pessoas e de cargas, existem os denominados modos de transporte, que representam a modalidade ou a maneira de se efetuar o deslocamento. Encontram-se vários modos de transporte de passageiros no meio urbano: a pé, de bicicleta, montados em animal, em veículo tracionado por animal, com motocicleta ou congêneres, de carro, de van, de ônibus, por trem, bonde, embarcação, helicóptero, entre outros. Já o transporte de cargas nas cidades, pode ser realizado por: caminhões, camionetas e congêneres, carros, vans, veículos tracionados por animal etc. Outro conceito que se deve ter em mente diz respeito à relação existente entre os modos de transporte e o tamanho das cidades. Mas, por que isso? O tamanho da cidade determina, na maior parte dos casos, o modo de locomoção dos seus habitantes. Com isso, pode-se constatar que em: • Cidades muito pequenas: o deslocamento é realizado, sobretudo, a pé e de bicicleta; • Cidades de porte médio: predominam as bicicletas, carros, transporte coletivo por ônibus; • Cidades grandes: observam-se, além dos outros modos, o uso de ônibus maiores (articulados ou biarticulados) e metrô. 3. O Transporte Público Urbano Já conhecido o transporte urbano, foca-se, agora, no transporte público urbano, em especial no transporte público coletivo, em que inúmeras pessoas são transportadas juntas em um mesmo veículo. 21 Certamente, você deve estar se perguntando quais são as funções do transporte coletivo urbano. Nessa linha de raciocínio, consoante Ferraz (2004) e a Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU, 2016), podem ser elencadas as suas principais funções: • Aspecto social e democrático: representa um modo de transporte motorizado, seguro e cômodo e acessível às pessoas de baixa renda, assim como uma importante alternativa para quem não pode dirigir (crianças, adolescentes, idosos, deficientes) ou para quem prefere não dirigir. • Aspecto de substituição do modo de transporte: o transporte coletivo urbano pode substituir o uso do automóvel, visando à melhoria de qualidade de vida por meio da redução de poluição ambiental, congestionamentos e acidentes de trânsito. • Aspecto de uso do solo: contribui para tornar mais racional tanto a ocupação quanto o uso do espaço urbano, fazendo as cidades mais humanizadas e eficientes quanto ao transporte. • Aspecto econômico: as atividades econômicas da maioria das cidades se realizam em função do transporte público, visto que é o meio usado por grande parte dos clientes e empregados do comércio, da área de serviços e da indústria. Com isso, é possível deduzir que o transporte público urbano é essencial para a vitalidade econômica, a justiça social, a qualidade de vida e a eficiência das cidades modernas. Transporte passa a ser direito social na Constituição Federal Em outubro de 2014, a sociedade brasileira obteve uma importante conquista. Após passar por duas votações em cada uma das casas do Congresso Nacional, a proposta de inclusão do transporte na lista de direitos sociais da Constituição Federal foi aprovada por unanimidade. Agora, a mobilidade urbana ganha destaque no artigo 6º, ao lado de educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados. 22 4. Planejamento, Gestão e Operação Na lição de Torbi (2014) e Ferraz (2004), a experiência, em linhas gerais, aponta no sentido de que a operação do transporte público urbano deve ser realizada por empresas privadas, sendo que o planejamento e a gestão – incluindo a regulamentação, administração, fiscalização e programação da operação – pelo poder público. As empresas privadas mostram, na maioria dos casos, maior eficiência em relação às empresas públicas, sendo, com isso, mais apropriadas à realização da operação do transporte público. Já o seu planejamento e a gestão devem ser realizados pelo governo municipal, uma vez que o transporte coletivo urbano apresenta grande influência na qualidade de vida, na justiça social, na ocupação e uso do solo, nas atividades comerciais e, enfim, na eficiência econômica das cidades. Do outro lado, a ausência de planejamento e gestão prejudica a eficiência e a qualidade do transporte coletivo, degrada a qualidade de vida da comunidade e é capaz de levar os operadores a uma competição predatória, causando a desordem econômica e legal do sistema. Resumindo O custo dos transportes públicos têm um peso expressivo nas contas dos municípios. Em algumas grandes cidades, ele supera o custo de outros serviços públicos básicos, tais como o abastecimento de água, coleta de esgoto, o suprimento de energia elétrica e a iluminação pública. As atividades econômicas da maioria das cidades se desenvolvem em função do transporte público, tendo em vista que é o meio usado por grande parte dos clientes e empregados do comércio, da área de serviços e da indústria. Lembre-se que, a partir de outubro de 2014, a mobilidade urbana entrou no rol dos direitos sociais dos cidadãos brasileiros. 23 Glossário Atrelado: que está preso por alguma coisa. Colapso: falência, esgotamento. Rol: lista; relação mais ou menos detalhada. Suprimento:ação ou efeito de suprir; auxílio, adição, suplemento. Unanimidade: todos estão de acordo, pensamentos iguais, ideias iguais, concordância. 24 Marque a alternativa correta: (1) O tamanho da cidade determina, na maior parte dos casos, o modo de locomoção dos seus habitantes. ( ) Certo ( ) Errado (2) Em cidades muito pequenas, o deslocamento é realizado, sobretudo, pelos seguintes modos de transporte listados, exceto: ( ) A pé ( ) Bicicletas ( ) Automóveis ( ) Metrô (3) O transporte coletivo urbano pode substituir o uso do automóvel, visando à melhoria de qualidade de vida por meio do crescimento da poluição ambiental, congestionamentos e acidentes de trânsito. ( ) Certo ( ) Errado (4) Entre as funções do transporte coletivo urbano, podem ser elencadas: ( ) O aspecto social e democrático ( ) O aspecto de substituição de modo de transporte ( ) O aspecto de uso do solo ( ) Todas as alternativas anteriores estão corretas. Atividades 25 Referências ABNT. NBR 9050:2015 — Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ABETRAN. Associação Brasileira de Educação de Trânsito. Disponível em: <www. abetran.org.br>. Acesso em janeiro de 2016. ABRATI. Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros. Disponível em: <www.abrati.org.br>. Acesso em janeiro de 2016. ANP. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Disponível em: <www.anp.org.br>. Acesso em janeiro de 2016. 26 UNIDADE 3 | MODOS DE TRANSPORTE URBANO 27 Unidade 3 | Modos de Transporte Urbano Como se dá a classificação dos modos de transporte urbano? Quais as principais características do modo de transporte público coletivo? Por que a energia é um tema tão importante para a locomoção nas cidades? Um dos modos do transporte urbano – que é o transporte público coletivo – está intrinsecamente relacionado aos terminais rodoviários de passageiros. Isso ocorre porque é este modo de transporte que faz surgir a necessidade dos terminais e é responsável pela sua alimentação e distribuição. Nesta unidade, estudaremos a classificação dos modos de transporte urbano e o modo de transporte público coletivo. Fonte: blog.opovo.com.br 28 1. Classificação dos Modos de Transporte Urbano De acordo com Torbi (2014), a NTU (2016) e Ferraz (2004), os modos de transporte urbano de passageiros podem ser classificados em três grandes grupos, a saber: privado ou individual; público, coletivo ou de massa; e semipúblico. 1.1. Modo Privado ou Individual Nesse modo de transporte urbano, os veículos são dirigidos por um dos usuários, o qual pode selecionar, em regra, o trajeto e o horário de partida. Isso denota que existe flexibilidade de uso do espaço e tempo. Em geral, o transporte é realizado de porta a porta e podem existir pequenas distâncias a serem vencidas a pé para completar as viagens. No modo de transporte privado ou individual, a capacidade do veículo é pequena e sua posse pode ser momentânea, no caso de ser emprestado ou ser utilizado a serviço. Constituem exemplos do modo de transporte privado: a pé, bicicleta, motocicleta e congêneres, automóveis, vans, caminhonetes, montado em animal e veículo de tração animal. 1.2. Modo Público, Coletivo ou de Massa Nesse caso, os veículos são de propriedade de empresas que operam em rotas predefinidas e horários programados. Não há tanta flexibilidade de uso do espaço e tempo, sendo que o transporte não se caracteriza por ser porta a porta, visto que, 29 por vezes, é necessário caminhar distâncias consideráveis para completar as viagens. A capacidade dos veículos é relativamente grande, e a viagem, compartilhada por considerável número de viajantes. Constituem exemplos do modo de transporte público: ônibus, bonde, trem suburbano e metrô. 1.3. Modo Semipúblico Nessa condição, os veículos são de propriedade de uma empresa ou de um indivíduo, e podem ser usados por grupos de indivíduos ou por qualquer pessoa, apresentando trajeto e horários adaptáveis às necessidades dos usuários. Com isso, mostra características intermediárias entre os modos de transporte privado e público. Constituem exemplos do modo de transporte semipúblico: táxi, mototáxi, carona programada, lotação, veículo fretado e alugado. Tendo em vista os objetivos deste curso, a seção seguinte focará as características dos modos de transporte público, culminando no modo ônibus. 2. Modo de Transporte Público, Coletivo ou de Massa Nesta seção, serão retratadas algumas características do modo de transporte público, tais como: sustentação e dirigibilidade, energia para a locomoção, espaço utilizado. As outras características — preferência em semáforos, tipo de bilhetagem, tipo de parada e operação em comboio – serão vistas na próxima unidade. 30 2.1. Sustentação e Dirigibilidade Para Torbi (2014), Ferraz (2004) e Vasconcellos (2000), há, basicamente, dois tipos de tecnologia empregados no transporte público urbano: veículos sobre pneus que rodam em vias pavimentadas ou não – a exemplo dos ônibus – e veículos sobre rodas de aço apoiadas em trilhos – como os bondes e trens. Para os veículos sobre pneus, as alterações de direção são feitas por meio do giro do volante pelo condutor. Nos veículos sobre trilhos, eles são guiados pelo contato do friso da roda com a parte interna do boleto do trilho. Decerto, você está se perguntando: quais as vantagens e desvantagens? As vantagens do transporte sobre trilhos em relação ao transporte sobre pneus são as seguintes: menor consumo de energia, devido ao fato de a resistência ao movimento ser menor no rolamento da roda de aço sobre o trilho; dirigibilidade automática; maior vida útil dos veículos. No entanto, existem desvantagens: elevados custos de implantação e manutenção; impossibilidade de os veículos saírem da rota, para desviar de acidentes próximos ou para possibilitar serviços imediatos de manutenção da via. 2.2. Energia para a Locomoção Nos ensinamentos de Torbi (2014), ANTP (2016) e Ferraz (2004), as fontes energéticas mais utilizadas na tração dos veículos de transporte coletivo público são o óleo diesel e a energia elétrica. Também são empregados, embora em escala menor, o gás natural, o biodiesel, o álcool, a gasolina, as baterias elétricas e até o hidrogênio. Fonte: www.shutterstock.com 31 Os veículos sobre trilhos – bondes e trens – empregam, em sua maioria, a energia elétrica como fonte de propulsão. Os ônibus, em sua maior parcela, usam o óleo diesel como combustível. Ressalta-se que a utilização de gás natural nesses veículos vem aumentando, tendo em vista a necessidade de redução da poluição ambiental. O óleo diesel comercializado em todo o Brasil contém 7% de biodiesel. Esta regra foi estabelecida pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em novembro de 2014, e aumentou de 5% para 7% o percentual obrigatório de mistura de biodiesel ao óleo diesel. A contínua elevação do percentual de adição de biodiesel ao diesel demonstra o sucesso do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel e da experiência acumulada pelo Brasil na produção e no uso em larga escala de biocombustíveis. O biodiesel é um combustível produzido a partir de óleos vegetais ou de gorduras animais. Dezenas de espécies vegetais presentes no Brasil podem ser usadas na produção do biodiesel, entre elas soja, dendê, girassol, babaçu, amendoim, mamona e pinhão-manso (ANP, 2016). Também, existem os ônibus híbridos (diesel-elétrico): a energia é produzida por um motor propelido a óleo diesel, gás ou outro combustível que aciona um gerador elétrico, o qual, por seu turno, faz operar um motor elétrico e canaliza a energia não utilizada para ser armazenada em baterias ou outro dispositivo, para aproveitamento posterior. A vantagem dessa tecnologia consiste na redução do consumo de combustível e na emissão de poluentes,cujos valores são distintos para cada tipo de substância contaminante. 32 2.3. Espaço Utilizado para a Locomoção Para Torbi (2014), ANTP (2016) e Ferraz (2004), em função do espaço disponível à locomoção dos veículos destinados ao transporte público coletivo urbano, é possível observar as seguintes situações: • Movimento em vias junto com o tráfego geral; • Movimento em vias em faixas exclusivas, ou seja, uma separação parcial; • Movimento em vias em canaletas, ou seja, segregação total; e • Movimento em vias específicas e isoladas, no nível do solo, subterrâneas ou aéreas. Qual o objetivo do emprego de faixas exclusivas e canaletas? O objetivo é aumentar a velocidade e a capacidade do deslocamento dos ônibus ou veículos sobre trilhos. Não se pode esquecer de algumas soluções – aparentemente mais radicais e utilizadas em grandes cidades – como destinar algumas ruas somente para os veículos de transporte coletivo ou, ainda, toda uma área na região central das cidades. 33 Resumindo No modo de transporte público, a capacidade dos veículos é relativamente grande, e a viagem, compartilhada por considerável número de viajantes. Há, basicamente dois tipos de tecnologia empregados no transporte público: os veículos sobre pneus (ônibus) e veículos sobre rodas de aço apoiadas em trilhos (trens). A escolha das fontes energéticas utilizadas no modo de transporte público tem grande importância, uma vez que está relacionada diretamente com os custos de transporte, bem como com os aspectos ambientais da cidade. Glossário Congêneres: característico ou pertencente ao mesmo gênero, espécie, variedade. Considerável: que deve ser levado em conta. Importante. Intermediárias: que está no meio. Repercute: o mesmo que: ecoa, entoa, impressiona, reflete, repete, ressoa. Segregação: separar, afastar, isolar, apartar. 34 Marque a alternativa correta: (1) No modo de transporte privado ou individual, a capacidade do veículo é pequena e sua posse pode ser momentânea, no caso de ser emprestado ou ser utilizado a serviço. ( ) Certo ( ) Errado (2) São características do modo de transporte semipúblico, exceto: ( ) Os veículos podem ser de propriedade de uma empresa. ( ) Apresenta trajeto e horários não adaptáveis às necessidades dos usuários. ( ) Pode ser usado por grupos de indivíduos ou por qualquer pessoa. ( ) Apresenta características intermediárias entre os modos de transporte privado e público. (3) As faixas exclusivas e canaletas têm o objetivo de aumentar a velocidade e a capacidade do deslocamento dos ônibus ou veículos sobre trilhos. ( ) Certo ( ) Errado (4) Em função do espaço disponível à locomoção dos veículos destinados ao transporte público coletivo urbano, é possível observar os seguintes movimentos: ( ) Em vias junto com o tráfego geral ( ) Em vias em faixas exclusivas, ou seja, uma separação parcial ( ) Em vias em canaletas, ou seja, segregação total ( ) Todas as alternativas anteriores estão corretas. Atividades 35 Referências ANP. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Disponível em: <www.anp.org.br>. Acesso em janeiro de 2016. ANTP. Associação Nacional de Transportes Públicos. Disponível em: <www.antp.org. br>. Acesso em janeiro de 2016. BRASIL. Lei n° 13.103, de 2 de março de 2015. Dispõe sobre o exercício da profissão de motorista, entre outros. Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em janeiro de 2016. ______. Lei n° 12.619, de 30 de abril de 2012. Dispõe sobre o exercício da profissão de motorista, entre outros. Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em janeiro de 2016. 36 Gabarito Unidade 1 1 - Certo 2 - D 3 - Certo 4 - D Unidade 2 1 - Certo 2 - D 3 - Certo 4 - D Unidade 3 1 - Certo 2 - D 3 - Certo 4 - D Apresentação Unidade 1 | Breve Histórico do Transporte Urbano 1. A Evolução do Transporte Urbano 2. O Surgimento do Ônibus com Tração Mecânica Glossário Atividades Referências Unidade 2 | A Dimensão do Transporte Urbano 1. A Importância do Transporte Urbano 2. Conceitos Básicos Relacionados ao Transporte Urbano 3. O Transporte Público Urbano 4. Planejamento, Gestão e Operação Glossário Atividades Referências Unidade 3 | Modos de Transporte Urbano 1. Classificação dos Modos de Transporte Urbano 1.1. Modo Privado ou Individual 1.2. Modo Público, Coletivo ou de Massa 1.3. Modo Semipúblico 2. Modo de Transporte Público, Coletivo ou de Massa 2.1. Sustentação e Dirigibilidade 2.2. Energia para a Locomoção 2.3. Espaço Utilizado para a Locomoção Glossário Atividades Referências Gabarito
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