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Parasitas Nematelmintos: introdução + família Ascarididae

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VANESSA TELLES- MEDICINA UFMT 
 
-----Parasitas Nematelmintos: Família Ascarididae---- 
 
• INTRODUÇÃO: Os parasitas a 
seguir compõem o filo 
Nemathelmithes, que reúne certo 
número de classes com os 
seguintes caracteres em comum: 
corpo cilíndrico, não segmentado e 
com simetria bilateral, revestido 
por uma cutícula formada de 
escleroproteínas; a cavidade geral 
é um pseudoceloma e contém um 
líquido que banha todos os órgãos; 
o sistema digestório é completo, 
com esôfago altamente 
diferenciado, mas estão ausentes 
os sistemas respiratório e 
circulatório; os sexos são 
separados, havendo dimorfismo 
sexual em maior ou menor grau 
(as fêmeas sendo maiores que os 
machos). Além disso, os parasitos a seguir são classificados na classe Nematoda, a principal classe do filo 
Nemathelmithes e caracterizada por helmintos cilíndricos com extremidades afiladas; o tamanho varia de alguns 
milímetros a 1 metro de comprimento; com evolução em 4 estágios larvários associados a ecdises ou mudas da 
cutícula, que protege os órgãos internos, atua como exoesqueleto onde se apoiam os músculos e impede a 
desidratação. Essa cutícula apresenta três camadas de escleroproteínas com metabolismo próprio: o córtex, 
externamente, a matriz e o estrato fibroso, internamente, sendo tudo recoberto pela Epicutícula de natureza lipídica 
que torna o tegumento pouco permeável. Algumas famílias da classe Nematoda são: Strongyloididae (gênero 
Strongyloides); Ancylostomatidae (gêneros Ancylostoma e Necator); Ascarididae (gêneros Ascaris, 
Lagochilascaris, Toxocara); Oxyuridae (gênero Enterobius). 
 
1) Família Ascarididae: 
• Espécies de grande importância médico-veterinária, que parasitam o intestino delgado de humanos. São 
popularmente conhecidos como lombriga ou bicha, causando a doença denominada ascaridíase e, menos 
frequentemente, ascaridose ou ascariose. O patógeno de humanos é o A. lumbricoides. 
• Morfologia: embora o tamanho dos A. lumbricoides dependa do número de parasitos albergados e do estado 
nutricional do hospedeiro, as formas adultas costumam ser longas, robustas, cilíndricas e com extremidades 
afiladas. Nos machos a extremidade posterior é enrolada em espiral. O tamanho é maior quando são pouco 
numerosos no intestino, chegando as fêmeas a 30 ou 40 cm e os machos a 15 ou 30 cm. Apresentam cutícula 
espessa, lisa e brilhante, com finas estriações transversais; a hipoderme sincicial e as miocélulas são numerosas sob 
ela. A boca é cercada de três lábios, com papilas sensoriais, o esôfago musculoso com lúmen trirradiado e o 
intestino simples. Grande parte da cavidade geral 
(pseudoceloma) é preenchida pelos órgãos reprodutores que, 
nas fêmeas, contam com dois ovários tubulares com 
capacidade para por diariamente cerca de 200.000 ovos. Nos 
machos há um só testículo, um canal deferente, seguido do 
canal ejaculador que se abre na cloaca, e dois espículos 
iguais.Seus ovos férteis são ovais ou esféricos, medindo 60m e 
contendo uma célula germinativa não segmentada, envolvida 
por uma casca grossa, de três camadas e superfície irregular. O 
embrionamento se dá no solo, podendo completar-se em 2 
semanas, nas condições mais favoráveis (entre 20º e 30ºC). 
Com mais 1 semana ocorre a primeira muda e o ovo se torna 
infectante, podendo sobreviver no meio durante anos. 
VANESSA TELLES- MEDICINA UFMT 
 
• Alimentam-se do conteúdo intestinal, contando com enzimas para digerir proteínas, carboidratos e lipídios. 
Vivem cerca de 2 anos. As formas adultas podem habitar jejuno e íleo do intestino delgado ou, em grandes 
infecções, todo o intestino delgado, onde se prendem na mucosa com o auxílio dos lábios ou migram pela luz 
intestinal. 
• Transmissão: As únicas fontes de infecção são as pessoas parasitadas que defecam no chão, sobretudo as 
crianças, portadoras das cargas parasitárias mais elevadas. O peridomicílio, nas áreas sem saneamento, constitui o 
foco elementar da parasitose, variando a situação de casa a casa na mesma área. Os ovos são disseminados pelo 
vento e pelas chuvas ou pelos animais coprófilos (anelídeos e insetos, ou batráquios e aves que comem também os 
insetos). Alimentos cobertos pelas poeiras possivelmente contêm ovos que podem ser transportados pelos esgotos 
(onde eles resistem mesmo ao tratamento habitual). Assim, a transmissão se dá através da ingestão de água ou 
alimentos contaminados com ovos contendo a L3; depósito subungueal (unhas). 
• Ciclo biológico (monoxênico): As fêmeas põem seus ovos, que chegam ao ambiente juntamente com as fezes. 
Os ovos férteis em presença de temperatura entre 25ºC e 30°C, umidade mínima de 70% e oxigênio em abundância 
tomam-se embrionados em 15 dias. A primeira larva (L1) forma dentro do ovo e é do tipo rabditóide, isto é, possui 
o esôfago com duas dilatações, uma em cada extremidade e uma constrição no meio. Após uma semana, ainda 
dentro do ovo, essa larva sofre muda transformando-se em L2 e, em seguida, nova muda transformando-se em L3 
infectante com esôfago tipicamente filarióide (esôfago retilíneo). Estas formas permanecem infectantes no solo por 
vários meses podendo ser ingeridas pelo hospedeiro e, após a ingestão, os ovos contendo a L, atravessam todo o 
trato digestivo e as larvas eclodem no intestino delgado e a eclosão ocorre graças a fatores ou estímulos fornecidos 
pelo próprio hospedeiro, como a presença de agentes redutores, o pH, a temperatura, os sais e, o mais importante, a 
concentração CO, cuja ausência inviabiliza a eclosão. As larvas, uma vez liberadas, atravessam a parede intestinal 
na altura do ceco, caem nos vasos linfáticos e nas veias e invadem o figado entre 18 e 24 horas após a infecção. Em 
dois a três dias chegam ao coração direito, através da veia cava inferior ou 
superior e quatro a cinco dias após são encontradas nos pulmões (ciclo de LOSS). Cerca de oito dias da infecção, as 
larvas sofrem muda para L4, rompem os capilares e caem nos alvéolos, onde mudam para L5. Sobem pela árvore 
brônquica e traquéia, chegando até a faringe. Podem então ser expelidas com a expectoração ou serem deglutidas, 
atravessando incólumes o estômago e fixando-se no intestino delgado. Transformam-se em adultos jovens 20 a 30 
dias após a infecção. Em 60 dias alcançam a maturidade sexual, fazem a cópula, ovipostura e já são encontrados 
ovos nas fezes do hospedeiro. 
• Patogenia: a intensidade das alterações provocadas está diretamente relacionada com o número de formas 
presentes no parasit e, como o parasito não se multiplica dentro do hospedeiro, a exposição contínua a ovos 
infectados é a única fonte responsável pelo acúmulo de vermes adultos no intestino do hospedeiro. Em infecções 
maciças, as larvas podem migrar pelo parênquima ou pelos alvéolos e gerar lesões hepáticas e pulmonares, com 
pequenos focos hemorrágicos e de necrose, os quais podem fibrosar; quadros de febre, dispneia e eosinofilia; 
edemaciação dos alvéolos com infiltrado parenquimatoso eosinofilico, manifestações alérgicas, bronquite e 
pneumonia; tosse produtiva (com muco) que pode ter catarro sanguinolento e com larvas do helminto. Já os vermes 
adultos geram sintomas apenas em infecções medianas (30-40 vermes) ou maciças (100+ vermes), havendo: 
a. Ação espoliadora: os vermes consomem grande quantidade de proteínas, carboidratos, lipídios e vitaminas 
A e C, levando o paciente, principalmente crianças, a subnutrição e depauperamento físico e mental; 
b. Ação tóxica: reação entre antígenos parasitários e anticorpos alergizantes do hospedeiro, causando edema, 
urticária, convulsões epileptiformes etc.; 
c. Ação mecânica: causam irritação na parede e podem enovelar-se na luz intestinal, levando à sua obstrução. 
As crianças são mais propensas a este tipo de complicação, causada principalmente pelo menor tamanho do 
intestino delgado e pela intensa carga parasitária; 
d. Localização ectópica: nos casos de pacientes com altas cargas parasitárias ou ainda em que o verme sofraalguma ação irritativa, a exemplo de febre, uso impróprio de medicamento e ingestão de alimentos muito 
condimentados o helminto desloca-se de seu hábitat normal atingindo locais não-habituais. Aos vermes que 
fazem esta migração dá-se o nome de "áscaris errático". Algumas localizações do verme podem levar a 
quadros graves como no apêndice cecal (apendicite aguda), canal colédoco (obstrução), canal de Wirsung 
(pancreatite aguda), podendo haver eliminação do verme pela boca e narinas. Além disso, alterações 
cutâneas como manchas, circulares, disseminadas pelo rosto, tronco e braços podem ser atribuídas ao A. 
lumbricoides, que consome grande quantidade de vitaminas A 
e C, provocando despigmentações circunscritas. 
• Diagnóstico: Clínico (mais difícil porque em muitos casos não há sintomatologia clara); Laboratorial com 
pesquisa de ovos nas fezes por EPF, principalmente com a técnica de sedimentação espontânea (já que as fêmeas 
eliminam muitos ovos por dia) e com análise quantitativa pelo método de Kato, indicado pela OMS porque estima 
VANESSA TELLES- MEDICINA UFMT 
 
o grau de parasitismo dos portadores, compara dados entre várias áreas trabalhadas e demonstra maior rigor no 
controle de cura. Deve-se ressaltar que em infecções exclusivamente com vermes fêmeas, todos os ovos expelidos 
serão inférteis, enquanto em infecções somente com vermes machos o exame de fezes será consistentemente 
negativo. 
• Tratamento: A Organização Mundial da Saúde recomenda quatro drogas para o tratamento e controle de 
helmintos transmitidos pelo solo. Porém, existem diferentes opiniões baseadas de um lado pela falta de evidências 
científicas sobre a toxicidade e teratogenicidade das drogas, e por outro pelo impacto que as helmintoses intestinais 
causam na saúde pública principalmente nos países subdesenvolvidos, gerando divergências sobre o uso desses 
fármacos em gestantes e em crianças menores de 2 anos. No tratamento da ascaridíase, quando há complicações 
como oclusão e suboclusão, é recomendado manter o paciente em jejum e passar sonda nasogástnca. Administrar 
pela sonda hexahidrato de piperazina (100mgkg; sem exceder dose total de 6g) e 50ml de óleo mineral. 
a. Albendazol: componente dos benzimidazóis e com dose única de 400mg que é altamente eficaz contra a 
ascaridíase,mostrando níveis de cura e de redução de ovos de até 100%. Este fármaco pode atuar de duas 
maneiras: através da ligação seletiva nas tubulinas inibindo a tubulina-polimerase, previnindo a formação 
de microtúbulos e impedindo a divisão celular; e, ainda, impedindo a captação de glicose inibindo a 
formação de ATP que é usado como fonte de energia pelo verme. 
b. Mebendazol: O mecanismo de ação é o mesmo descrito para o albendazol e a dose única de 500mg 
mostrou alta efetividade contra a ascaridíase e outras parasitoses intestinais. 
c. Levomisol: isômero levógiro do fetramisol e tem uma boa eficácia contra o A. lumbricoides, sendo 
encontradoem comprimidos de 40mg e administrado em dose única de 2,5mgkg. Ele inibe os receptores de 
acetilcolina, causando contração espásmica seguida de paralisia muscular e conseqüente eliminação dos 
vermes. Não existe evidência de teratogenicidade e embriotoxicidade em animais e o uso deste 
medicamento durante a gravidez é visto como uma opção segura. 
d. Pamoato de Pirantel: derivada da pirimiduia, sendo efetiva contra a ascaridíase e a ancilostomíase. É 
encontrada em forma de comprimidos de 250mg, sendo administrada em dose única oral de 10mgkg. O 
modo de ação é similar ao levamisol. 
e. Plantas com atividade anti-helmíntica: 
Extratos de diferentes partes de plantas ou 
de.seus frutos são preparados pelos 
curandeiros, que representam o conhecimento 
e,mpirico,e cultural em comunidades do 
mundo inteiro. 
• Epidemiologia: O A. lumbricoides é encontrado 
em quase todos os países do mundo e ocorre com 
frequência variada em virtude das condições 
climáticas, ambientais e, principalmente, do grau de 
desenvolvimento socioeconômico da população. A 
prevalência mundial está em torno de 30%, mas varia 
de lugar para lugar, podendo chegar a 75%; atinge 
sobretudo as crianças de populações pobres. Apesar 
da ascaridíase ser cosmopolita, a maior parte das 
infecções ocorre na Asia (73% de prevalência), 
seguida pela África (l2,0%) e América Latina (8%). 
Em geral, a prevalência é baixa em regiões áridas, 
sendo, contudo, relativamente alta onde o clima é 
úmido e quente, condição ideal para a sobrevivência e o embrionamento dos ovos. 
• Prevenção e controle: quatro medidas são bem conhecidas para o controle das infecções por helmintos: a) 
repetidos tratamentos em massa dos habitantes de áreas endêmicas com drogas ovicidas; b) tratamento das fezes 
humanas que eventualmente, possam ser utilizadas como fertilizantes; c) saneamento básico; e dj educação para a 
saúde. É importante salientar que a descentralização do sistema de saúde, a formação adequada de equipes para 
atuar em municípios e comunidades endêmicas (Programa de Saúde da Família-PSF) e o envolvimento total das 
populações interessadas são fatores importantes e indispensáveis para se conseguir resultados eficazes e 
duradouros. 
 
 
 
VANESSA TELLES- MEDICINA UFMT

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