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ANÁLISE DO FILME: VOCÊ NÃO ESTAVA AQUI
a) Breve sinopse do filme: 
O filme “Você não Estava Aqui” (2019), tem direção de Ken Loach, diretor britânico abordou uma questão moderna que é a uberização do trabalho, sendo um termo que vem sendo usado cada vez mais, para falar sobre a busca de empregos e trabalhos informais devido ao grande desemprego, refletindo um sistema de trabalho de falsa liberdade. O filme tem como personagem principal Ricky (Kris Hitchen), um pai de família que lutou a vida toda para sustentar todos de sua casa. Após uma crise financeira se encontravam em uma situação precária, sua esposa Abbie (Debbie Honeywood) trabalhava em várias casas como cuidadora de idosos e deficientes, mas não era o suficiente, Ricky estava desempregado e sem oportunidades na construção civil. Assim, ele consegue uma vaga em uma empresa que faz entregas de maneira terceirizada e decide trabalhar como autônomo, precisando apenas alugar uma van da empresa ou comprar uma, analisando ambas as situações, ele decide comprar uma pequena van. 
Ricky começa a trabalhar na empresa, com a ideia de que ele mesmo faria seu horário, ou seja, ele era seu patrão não seria um empregado, conceito esse apresentado pelo superior da companhia. Porém com o tempo, Ricky começa a perceber que sua autonomia não condiz com a realidade que foi passada a ele, ele começa a ter prazos cada vez mais curtos para as entregas e começa a se sacrificar cada vez mais para entregar e conseguir dinheiro suficiente para ajudar em casa. Além de ele estar trabalhando várias horas por dia sua esposa também começa a trabalhar cada vez mais, pois seu carro fora vendido para comprar a van de Ricky, e os dois começam a ficar muito tempo fora de casa. Essa ausência faz com que deixem um pouco de lado seus filhos, é nesse ponto que começam os problemas familiares. O filho mais velho, Sebastian (Rhys Stone), enfrenta problemas na escola e a filha caçula, Liza (Katie Proctor) começa a sentir a ausência dos pais na casa. 
Conforme o filme vai se desenvolvendo os problemas familiares começam a aparecer mais, seu casamento começa enfrentar uma crise, sua esposa começa a se queixar de falta de atenção e cansaço de trabalhar horas e horas e de sua locomoção já que a mesma precisa andar de ônibus, devido terem vendido seu único carro para comprar a van, seu filho é suspenso da escola por uns dias, logo mais ele rouba latas de tinta para grafitar é surpreendido pela polícia, seu pai precisa sair do trabalho, o que acaba custando caro e após isso as brigas da família começa a piorar. 
O filme retrata bem o cansaço físico e psicológico do personagem principal, pois, além de ter problemas familiares ele começa a ter problemas no trabalho, começa a ficar irritado com tudo e até mesmo discutindo com colegas e clientes, os problemas começam a se agravar. Assaltantes roubam alguns objetos valiosos de sua van e ainda o espancam, precisando ir para o hospital. 
Durante a cena do hospital o responsável pela empresa liga para ele, e começa as cobranças do prejuízo do incidente, sua esposa se irrita pega o celular briga com o responsável, logo mais vai para casa, Ricky fala com seu filho que se comove com seu estado. O dia amanhece, porém, novamente ele se levanta cedo para ir trabalhar, seu filho tenta impedir e sua esposa também, mas Ricky não os escuta e o filme acaba com ele a caminho do seu trabalho, mesmo machucado e com todos os problemas familiares. 
O filme é bem realista, mostrando de forma objetiva o que grande parte da população enfrenta no mundo do trabalho que parece muito evidente, mas que poucos se aventuraram a explicitar. O seu final, foge do óbvio como na maioria dos filmes, retratando que nem sempre há um final feliz, e que se as pessoas não forem à “luta” (trabalhar) suas vidas ficaram piores.
b) Relação do filme com o conceito de reestruturação produtiva: 
Reestruturação produtiva refere-se aos processos de transformações nas empresas e nas indústrias, caracterizados pela desregulamentação e flexibilização, resultada de uma acumulação flexível e das novas tecnologias após a revolução industrial, onde o trabalho era marcado por uma alta complexidade da linha fabril e pela repetição da mesma função do trabalhador onde foi substituída pela flexibilização de funções, onde o empregado passava a poder se deslocar mais para realizar suas atividades e o ritmo de produção obedece à demanda do mercado evitando assim a estocagem de produtos. 
Vale ressaltar que a Reestruturação Produtiva apenas se efetivou em virtude dos avanços proporcionados pelas inovações tecnológicas, que permitiram uma maior eficiência no processo produtivo, minimizando erros e acelerando a produção (BRASIL ESCOLA, 2020; MUNDO EDUCAÇÃO, 2020). 
É o que acontece no filme, Ricky começa a trabalhar em uma empresa que terceiriza os trabalhos de entregas, e uma das cenas o responsável pela empresa fala a ele que ele não é empregado da empresa, ele é seu próprio patrão, que quanto mais ele trabalhar mais capital irá girar, essa cena retrata bem essa flexibilização da reestruturação produtiva, onde o protagonista aparentemente tem livre arbítrio para desenvolver suas atividades conforme o que almeja atingir de capital. 
A empresa passa a falsa ideia que Ricky será autônomo, entretanto, o que acontece realmente é bem diferente, ele é totalmente submisso ao seu chefe, sendo necessário que todas as suas atitudes sejam sempre ser expostas ao seu superior, ocorrendo uma forte submissão camuflada. Essa submissão fica clara durante as vezes que Ricky precisa sair do trabalho para resolver problemas pessoais, porém é impedido pelo regulamento da empresa.
 A esposa de Ricky também trabalha em uma empresa de esquema semiautônomo, onde também sofre com jornadas de empregos longas, devendo arcar com seus custos de deslocamento de um cliente a outro e sendo submetida a trabalhar em dias de folga. A cena que desenvolve bem essa relação de submissão é quando em sua noite de folga ela precisa ir até um paciente para atendê-la. 
c) Relação do filme com o conceito de uberização, a partir do texto de Abílio e do documentário discutido em aula. 
Em relação à uberização em torno da ideia “Você não trabalha para nós, você trabalha conosco”, e no filme conta a exaustiva e difícil rotina da família após Ricky investir em um trabalho autônomo, dentro de uma empresa de entregas, que vende a ideia de fazer seus próprios horários, ter flexibilidade, ou seja, Ricky seria o “dono” do seu próprio tempo. O que se relacionado às plataformas de empregos existentes nos dias atuais, que trabalhadores se cadastram e começam a trabalhar fazendo seus horários, porém tendo que seguir algumas regras e passando por situações precárias. Assim fica a questão de que se realmente os trabalhadores autônomos dessa categoria não seriam melhores enquadrados como funcionários (MENDONÇA, 2020; OLIVEIRA, 2020). 
Todas as rotas são dadas pela empresa, e cada rota possui um tempo limite para ser concluídas, sendo totalmente monitoradas pela localização e cada parada que são feitas. Uma cena que mostrou bem isso foi de Ricky urinar em uma garrafa plástica, não tendo tempo nem ao menos de ir ao banheiro, pois precisava terminar suas entregas a tempo. Outra cena bem marcante nessa ideia de controle é quando Ricky leva sua filha Liza para ajuda-lo um dia, e é repreendido pelo superior. A van é dele, sendo ele um autônomo deveria ter a liberdade de fazer escolhas como essas, porém tem sua liberdade totalmente controlada pela empresa para qual presta serviços, é o que Abílio (2020), apresenta como sendo a monopolização produtiva, ou seja, as empresas controlam toda a vida de sua mão de obra terceirizada, mascarando-se em forma de autonomia produtiva.
Bibliografia 
ABÍLIO, L. C. Plataformas digitais e uberização: Globalização de um Sul administrado?. Contracampo, Niterói, v. 39, n. 1, p. 12-26, abr./jul. 2020. 
BRASIL ESCOLA. Reestruturação Produtiva. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/geografia/reestruturacao-produtiva.htm#:~:text=A%20reestrutura%C3%A7%C3%A3o%20produtiva%20emergiu%20a,de%20produ%C3%A7%C3%A3o%20e%20acumula%C3%A7%C3%A3o%20industrial>.Acesso em 01 nov. 2020. 
MENDONÇA, T. B. 'Você não estava aqui', de Ken Loach, e a uberização do trabalho. Disponível em: <https://epoca.globo.com/coluna-voce-nao-estava-aqui-de-ken-loach-a-uberizacao-do-trabalho-24284015>. Acesso em 01 nov. 2020. 
MUNDO EDUCAÇÃO. Reestruturação Produtiva. Disponível em: <https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/reestruturacao-produtiva.htm>. Acesso em 01 nov. 2020. 
OLIVEIRA, J. Cinema: Você não estava aqui, e a uberização do mercado de trabalho. Disponível em: <https://santosbancarios.com.br/artigo/cinema-voce-nao-estava-aqui-e-a-uberizacao-do-mercado-de-trabalho>. Acesso em 01 nov. 2020.

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