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afastamento interdental

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Maria Gabriella Thorpe - Odontologia UFPE 
Afastamento Interdental 
Dentística 
Afastamento interdental é toda manobra para promoção de um afastamento entre os dentes, de 
forma a ter um acesso à região proximal, para realizar qualquer tipo de intervenção, seja visualizar 
uma extensão ou localização de cárie, seja para iniciar os proparos cavitários. 
É feito de forma a se promover um afastamento vizinho sem que causar desgaste nos dentes 
adjacentes, mas sim, faciliter os processos de restauração, acabamento e polimento. 
 
Anatomia do Espaço Interdental 
 
 
Cristas marginais dos dentes posteriores 
Ponto de contato 
Espaço interdental: preenchido pela papila interental e, seguindo para as estruturas periodontais, tem-se 
o sulco gengival, epitélio juncional e inserção conjuntiva. 
 
O sulco gengival + epitélio juncional + inserção conjuntiva = distância biológica 
O epitélio juncional + inserção conjuntiva = espaço biológico 
 
Sempre que se falar de procedimento restaurador no sentido vertical, o término da parede gengival 
pode ficar tanto supra, quanto ao nivel ou subgengival, dependendo da idade do paciente, pois, com o 
passar dos anos, em pacientes mais adultos, ocorre uma recessão dos tecidos periodontais. 
Nos tecidos mais jovens, todo o espaço interdental está preenchido com a papila interdental. 
 
Sempre que ocorrer término da parede gengival subgengival, se fala de um término que se encontra 
até 0,5mm dentro do sulco gengival. 
Quando ocorre qualquer processo por lesão de cárie, restauração ou algum corpo estranho ali naquele 
espaço, faz com que se rompa o espaço biológico e, consequentemente, o seu selamento fica 
comprometido, facilitando a entrada de bactérias e subprodutos no tecido conjuntivo, gerando 
processo inflamatório. 
 
O tecido se move no sentido apical como uma forma de defesa para restabelecer a distância biológica. 
 
O processo inflamatório pode desencadear recessões gengivais, perda óssea vertical e formação de 
bolsas periodontais. Então, precisa-se de um controle vertical do término da restauração. 
No sentido horizontal, precisa-se que exista uma distância, chamade de distância biológica horizontal, 
entre um ventre e o outro, de forma que a papila interdental fique acomodada 
 
Sempre que houver algum tipo de perda interproximal da estrutura dentária, ou vai haver invaginação 
de alimentos, ou quando ocorre uma migração mesial de um dente posterior, haverá uma perda do 
espaço e estrangulamento da papila interdental, gerando um processo inflamatório. 
 
Logo, numa odontologia restauradora, através do afastamento interdental, busca-se restabelecer o 
espaço interproximal, recriando pontos de contato e anatomia do espaço interdental, com objetivo de 
restabeler a distância biológica horizontal a fim de: 
ü Minimizar a impactação e retenção alimentar 
ü Facilitar a remoção da placa bacteriana 
 
Quando existem situações de perda de estrutura dentária sadia interproximal precisa-se lançar mão de 
técnicas que promovam um afastamento e devolvam a anatomia para as estruturas perdidas. 
 
Indicações para o afastamento dental 
ü Facilitar o diagnóstico de cárie 
ü Recuperar posição original do dente 
ü Permitir acesso mais conservador 
ü Facilitar acabamento e polimento 
ü Restabelecer ponto de contato 
 
 
Facilitar o diagnóstico de cárie 
Precisa-se fazer avaliações clínicas (uso de borracha/separador) e radiográficas, como complemento. 
Quando há desmineralização apenas a nível de esmalte, não significa que exista algum tipo de cavitação, 
precisa-se então de um afastamento para avaliar se existe uma cavidade ali formada, pois pode ser 
apenas um processo passível de remineralizar. 
 
Quando se tem processos cariosos que se estendem a mais da metade externa de dentina, pode-se 
supor que existe algum tipo de cavitação ali na região. Então, uma forma de complementar a avaliação 
radiográfica é a visualização direta, como o uso de um separador ou borrachas interdentais, para 
analisar a face interproximal quanto à presença de cavidade, mudança de coloração etc 
 
As lesões de cárie interproximais não necessariamente progridem mais rápido, mas o diagnóstico é mais 
tardio pela dificuldade de visualização, pois as lesões geralmente iniciam ou em ponto de contato ou 
abaixo dele, geralmente em pacientes jovens, cobertos pela papila interdental. 
 
 
Reposicionar o dente 
A perda da estrutura dentária interproximal faz o dente migrar no sentido mesial, então se perde, 
depois de algum tempo, a distância mesiodistal da coroa, não conseguindo reestabeler o ponto de 
contato e a distância biológica horizontal. 
 
Então, deve-se promover técnicas que façam um afastamento interdental, possibilitando a 
restauração e devolvendo a anatomia interdental. 
 
 
 
 
Permitir acesso mais conservador 
Em dentes anteriores: acesso direto, por vestibular ou palatino. 
O ideal é o acesso direto, pois vai desgastar apenas o tecido cariado, e não o vizinho. 
Quando não for possível, fazer o acesso por palatina, preservando a estrutura do esmalte vestibular e 
facilitando durante o processo para devolver a estética.. 
O acesso por vestibular só deve ser feito quando já houver alguma perda de estrutura nessa região. 
Pode-se fazer o afastamento com o uso de borrachas interdentais e para estabilizar, usar cunhas de 
madeira para realizar o preparo e ter acesso direto à lesão para realização da restauração. 
O afastamento interdental é considerado uma forma de conveniência nesse caso, uma vez que é a 
via possível para se ter acesso ao tecido cariado e sua remoção. 
 
 
 
Facilitar acabamento e polimento 
Consegue-se reestabelecar a anatomia da face proximal de uma forma muito mais fácil do que se não 
houvesse afastamento 
 
 
Restabelecer ponto de contato 
Em dentes posteriores, utiliza-se cunha de madeira, promovendo leve afastamento, junto com arco 
metálico com borracha (kit TVD). O leve afastamento permite que, no momento que se retire a 
matriz metálica, o espaço regrida e se consiga o ponto de contato. 
1. Faz-se a brunidura da matriz no sentido mesial para definir o ponto de contato 
2. Condicionamento ácido 
3. Sistema adesivo 
4. Restauração com ponto de contato restabelecido 
 
 
Maria Gabriella Thorpe - Odontologia UFPE 
Vantagens do afastamento interdental 
ü Método reversível e não-invasivo 
ü Bem tolerado, rápido, eficaz e barato 
ü Permite visualização e acesso às lesões de cárie 
ü Possibilita a confecção de preparos mais conservadores 
ü Então, deixa de desgastar tecidos saudáveis, deixa de se fazer preparos mais extensos, pois 
se tem acesso direto ao tecido cariado 
 
Métodos de afastamento 
ü Mediato 
- Separação lenta e gradual 
- Tempo de espera de 24 a 48h 
- Vantagens: menos traumáticos ao periodonto 
- Desvantagens: desconforto e irritação aos tecidos moles; processo lento; dificuldade de higiene na 
região 
 
Elásticos separadores: 
Colocação: Separa-se dois pedaços de fios, passa os dois por dentro do anel, traciona/estica nos dois 
sentidos (para diminuir o diâmetro) e passa entre o dente e outro. Pode ser passado diretamente por 
oclusal, abaixo do ponto de contato. 
O elástico precisa estar envolvendo a região do ponto de contato, não podendo estar preso ou abaixo 
dela. 
 
Borrachas interdentais 
 
ü Imediato 
- Separação na mesma sessão clínica 
- Vantagens: única sessão; desconforto mínimo; não traumatiza tecidos moles, pois é executado em 
poucos minutos 
- Desvantagens: quando não executado de forma correta pode causar: dor, lesões permanentes a 
polpa e pericemento, ruptura de fibras periodontais, luxação dentária 
! Tem que ser executado com o paciente não anestesiado para sentir o limite que se pode ir. 
 
 
 
 
 
Cunhas de madeira e cunhas interdentais elásticas também fazem parte do afastamento imediato. 
 
 
 
As cunhas de madeira possuem um formato triangular, então a sua base deve ser posicionada na 
gengival e a ponta do triângulo no sentido oclusal. 
 
 
 
O afastamento promovido pela cunhaé leve, afim de compensar o sistema de matrizes que será 
utilizado, em questão de adaptação no sentido cervical da matriz. 
 
A cunha de madeira promove um vedamento da matriz junto à parede gengival, fazendo uma 
restauração sem excessos. 
 
 
Nas cunhas elásticas se usa a pinça de palmer para promover o estiramento e afinamento, para que 
possa passá-la entre os dentes. Elas permitem adaptação de matrizes e um leve afastamento, 
facilitando a confecção de ponto de contato. 
 
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Maria Gabriella Thorpe - Odontologia UFPE

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