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APS Obrigações e Responsabilidade Civil 2

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APS Obrigações e Responsabilidade Civil 
 Ana comprou um caminhão para exercício de atividade profissional mediante alienação fiduciária em garantia. Meses depois, ajuizou ação revisional do contrato, alegando que os juros remuneratória os aplicados são abusivos. Uma vez proposta a ação, parou de pagar as parcelas aguardando decisão definitiva do Poder Judiciário. Cinco meses depois do ajuizamento da ação revisional, a empresa ajuizou ação de busca e apreensão devido ao inadimplemento. Em sua defesa, requerendo a revogação da decisão liminar deferida na ação de busca e apreensão, Ana alega que a existência da revisional fragiliza a mora e que o caminhão é bem essencial para o exercício de sua profissão. Na qualidade de julgador(a), analise a (im)procedência do pedido de Ana quanto à busca e apreensão. Aula de Referência: Aulas 6 a 9. | Caso adaptado do AI nº 70078925948 TJRS (DJ. 13 set. 2018) De acordo com o artigo 3º, da Lei 911/69, o proprietário fiduciário ou credor poderá, desde que comprovada mora, na forma estabelecida pelo parágrafo 2º do art. 2º, ou o inadimplemento, requerer contra o devedor ou terceiro a busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, a qual será concedida liminarmente, podendo ser apreciada em plantão judiciário (redação dada pela Lei 13.043/2014). Por sua vez, o STJ tem o entendimento de que a discussão das cláusulas contratuais na ação revisional não acarreta suspensão da ação de busca e apreensão, visto que não há conexão entre as ações nem prejudicial liberdade externa. A propósito: EMENTA: ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. BUSCA E APREENSÃO. MEDIDA LIMINAR. CONSTITUIÇÃO EM MORA DO DEVEDOR. DECRETO-LEI N. 911/69. 1. A concessão de medida liminar em ação de busca e apreensão decorrente do inadimplemento de contrato com garantia de alienação fiduciária está condicionada tão-só à mora do devedor, que deverá ser comprovada por carta registrada expedida por intermédio de Cartório de Títulos e Documentos ou pelo protesto do título, a critério do credor (art. 2º, § 2º, do Decreto-Lei n. 911/69). 2. A discussão das cláusulas contratuais na ação revisional não acarreta o sobrestamento da ação de busca e apreensão, porquanto não há conexão entre as ações nem prejudicial liberdade externa. 3. Recurso especial provido (STJ - REsp: 1093501 MS 2008/0208968-4, Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de Julgamento: 25/11/2008, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 15/12/2008) Dito isto, no caso em análise, a Ré, em sua defesa, requerendo a revogação da decisão liminar deferida na ação de busca e apreensão, alega fragilidade da mora em virtude da revisional contratual, porém a Ré, de forma deliberada, após ajuizar a ação revisional, parou de pagar as parcelas, quando deveria continuar a pagá-las nos moldes em que foram contratadas, sobre pena de ficar caracterizado mora contratual, ou obter decisão judicial autorizando o depósito em juízo. Quanto ao argumento de que o bem é essencial para o exercício da sua profissão, este não está amparado nos autos com qualquer prova. Do exposto, verifica-se que Ana não se desincumbiu de comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, consoante exige o art. 373, do CPC. Em vista disso, deve ser mantida a liminar de busca e apreensão do bem.

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