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Andressa Marques – medicina UFR PATOLOGIA DA AMAMENTAÇÃO/LACTAÇÃO →A amamentação, além de atender às necessidades nutricionais do bebê, também confere proteção imunológica ao lactante. →O leite materno possui proteínas, lipídios, carboidratos, minerais, vitaminas anticorpos, água. →OMS, UNICEF, MS, SBP → 6 meses de amamentação exclusiva e depois complementada por mais 2 anos. →O incentivo à amamentação deve se iniciar ainda no pré natal e ser contínuo. →A unidades de saúde devem possuir programas de promoção, proteção e apoio à amamentação. INFECÇÕES DA MAMA INGURGITAMENTO MAMÁRIO →Decorre da congestão vascular e da quantidade de leite retido na glândula mamária; →As mamas aumentam de volume, ficam quentes, dolorosas, brilhantes, tensas e pode ocorrer febre; →A aréola e mamilo tornam-se menores dificultando a pega; RECOMENDAÇÕES: →Realizar massagem e ordenha sempre que as mamas ficarem túrgidas; →Fazer compressas frias no intervalo entre as mamadas, para diminuir a produção láctea; →Começar a mamada pelo seio mais túrgido, pois o bebê com fome suga mais forte, ajudando a esvaziar melhor o seio que está mais cheio; →Recomendar o uso de sutiã adequado (alças largas para melhor sustento das mamas); →Esvaziar manualmente o seio antes de oferece-lo à criança para facilitar a “pega” de toda a aréola; →Não interromper a amamentação; Andressa Marques – medicina UFR →Orientar sobre o fato de que a ansiedade é um fator que pode inibir a saída do leite, podendo ocasionar o ingurgitamento mamário. FISSURAS MAMILARES →São decorrentes da má posição da criança ao mamar (pega incorreta), da higiene desnecessária da aréola, do oferecimento das mamas ingurgitadas e, principalmente, da técnica de sucção. RECOMENDAÇÕES →A prevenção das fissuras deve ser realizada através de uma boa pega e posicionamento ao seio, exposição dos mamilos ao sol (queratinizando a pele e deixando-a mais resistente), evitando-se a maceração por umidade, aumentando a frequência das mamadas e usando a técnica correta para interromper a amamentação. →Quando os mamilos já estão rachados, recomenda-se passar o próprio leite materno, deixá-los um pouco ao ar livre ou fazer banho de luz com uma lâmpada comum de 40 watts, colocada a uma distância de um palmo do seio, 10 minutos de cada lado e uma vez ao dia. →Deve-se orientar a pega correta da aréola e a posição adequada do bebê durante a mamada. →Manter a amamentação com intervalos mais frequentes e a mamada de menor duração, iniciando com o seio menos dolorido. →Ordenhar a mama antes da mamada para que o reflexo da ejeção já esteja presente quando o bebê iniciar a sucção, fazendo com que ele necessite de menos força para sugar. →Não usar sutiã muito apertado que impeça o arejamento do mamilo. →Não usar pomadas ou antiacépticos, pois podem dificultar a cicatrização. →Dar de mamar em outras posições não habituais. MASTITE →O acúmulo de leite sem a ordenha pode facilitar a mastite – infecção do tecido celular subcutâneo mamário. →As mamas ficam quentes, doloridas e ocorre febre; →É mais frequente na segunda e terceira semana após o parto; →O agente infeccioso mais comumente envolvido é o Staphylococcus aureus; →O seio ingurgitado ou com rachaduras pode inflamar e infeccionar surgindo a mastite. CONDUTA →A mãe deve continuar cumprindo as mesmas orientações destinadas ao ingurgitamento mamário, a ordenha da mama reduz a pressão sobre o tecido conjuntivo e apressa a cicatrização; →Deve ser medicada com analgésicos, antitérmicos e antibióticos sistêmicos (cefalexina) e não tópicos. →Jamais contraindicar a amamentação. Andressa Marques – medicina UFR GALACTOCELE →Cistos presentes em meio ao tecido mamário, onde há grande produção de leite. →O diagnóstico é feito através do exame clínico e ultrassonografia mamária. →O tratamento consiste em excisão cirúrgica devido a sua tendência à recidiva. ABCESSO MAMÁRIO →Pode ser complicação da mastite ou resultar de seu tratamento ineficiente. →Caracteriza-se por intensa dor, formação de nódulo palpável e febre; →A drenagem pode ocorre por algum ducto ou para o exterior; →O diagnóstico é sugerido pelo exame clínico e por ultrassonografia da mama (comprova a presença de cavitação) CONDUTA →É necessário realizar a internação, drenagem cirúrgica, administrar antibióticos e esvaziar regularmente a mama. →Se o dreno ou a incisão cirúrgica estiver longe da aréola a mãe não precisará necessariamente interromper a amamentação na mama afetada. USO DE MEDICAMENTOS DURANTE A AMAMENTAÇÃO DROGAS COMPATÍVEIS COM A AMAMENTAÇÃO DE ACORDO COM A OMS ANESTÉSICOS GERAIS – éter, alotano, quetamina, tiopental, óxido nitroso. ANESTÉSICOS LOCAIS – lidocaína, bupivacaína MEDICAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA – diazepan (compatível em dose única) e monitorar o bebê para sonolência; morfina (compatível em dose única; efeitos colaterais: apneia e bradicardia); prometazina (compatível em dose única e monitorar para sonolência). ANALGÉSICOS NÃO OPIÁCEOS – ibuprofeno e paracetamol; AAS (compatível em doses ocasionais, monitorar o bebê para anemia hemolítica, sangramento prolongado e acidose metabólica). ANALGÉSICOS OPIÁCEOS – são compatíveis em doses ocasionais. No caso de codeína, morfina e petididina é necessário monitorar o bebê para apneia, bradicardia e cianose. ANTI-HELMINTÍCO – Albendazol, levamisol, mebendazol, niclosamida, piperazina, praziquantel, pirantel. *ANTI-ESQUISTOSSOMOSE – metrifonate, oxamiquine, praziquantel. ANTIBACTERIANOS – penicilinas (geralmente é seguro amamentar, porém, pode ocorrer reação alérgica no lactente; caso ocorra, a droga deve ser suspensa e a mãe deve ser avisada de que o bebê não deverá receber tal medicamento no futuro). DROGAS ANTI-FÚNGICAS – nistatina SITUAÇÃO EM QUE A MÃE NÃO DEVE AMAMENTAR Andressa Marques – medicina UFR →AIDS – transmissão do vírus HIV através do leite materno comprovada por diversos estudos e presenta contraindicação à amamentação. →OBS: em alguns países em desenvolvimento o aleitamento materno pode ser vital para o lactente, tornando, segundo a OMS, aceitável o risco da transmissão do HIV, mesmo na presença de alta taxa de infecção endêmica. Nestes países, os riscos da não amamentação ou mesmo da alimentação artificial, seriam piores que os de transmissão da doença. MÃES COM LIMITAÇÕES TEMPORÁRIAS, EMOCIONAIS OU FÍSICAS →Casos graves de psicose puerperal, eclâmpsia ou choque. →Em casos de lesões ativas na mama ou mamilo provocados por Herpes, as mães não poderão amamentar durante o período ativo da doença. OBS: uma vez tratada a patologia, a amamentação poderá ser reiniciada. PROBLEMAS ANATÔMICOS DA MAMA – MÃES SUBMETIDAS À CIRURGIAS PLÁSTICAS →Orientar que as glândulas mamarias são preservadas na cirurgia, não interferindo na amamentação. DOENÇAS INFECCIOSOAS CANDIDÍASE →Suspeita-se quando a dor é associada à ardor e fissuras durante a amamentação. →Geralmente há monilíase oral no lactente, monilíase vaginal na mãe e assadura perineal associada. →Pode surgir após a utilização de antibióticos por parte da mãe. →NÃO se suspende a amamentação. CONDUTA COM A MÃE →Aplicar nistatina solução nos mamilos após cada mamada, durante 14 dias. →Não é necessário lavar o seio antes da mamada par retirar o medicamento. →Deixar os mamilos em contato com o ar para secar a medicação e expô-lo ao sol a cada mamada. →Tratar a infecção vaginal (parceiro tbm precisa tratar) CONDUTA COM O BEBÊ →Aplicar nistatina solução oral durante 10-14 dias. →Tratar a dermatite da genitália com nistatina creme. CITOMEGALIA – CMV (CITOMEGALOVÍRUS) →O CMV passa através do leite materno e pode infectar o lactente, entretanto, como o risco de doença é baixo, não há contraindicação aoaleitamento. →O risco deve ser avaliado em prematuros. Andressa Marques – medicina UFR TUBERCULOSE PULMONAR →O aleitamento materno é liberado, uma vez que o bacilo de Koch não excretado no leite materno. →No caso de tuberculose pulmonar em atividade, a mãe bacilífera deve amamentar com a utilização de máscara em ambiente arejado. →Deve ser administrada medicação profilática (Quimioprofilaxia primária) ao recém nascido (isoniazida 10mg/kg/dia) não realizar a vacinação com BCG. →Com 3 meses de vida, realiza-se o teste tuberculínico, para avaliar a possibilidade de infecção e adoecimento. HANSENÍASE →A mãe contagiante deve amamentar com uso de máscara e o contato íntimo prolongado deve ser evitado. →Deve-se lavar as mãos antes de manipular a criança e a desinfecção de secreções nasais e lenços deve ser realizada. →Com a mãe não contagiante, o aleitamento deve ser mantido normalmente. →Embora exista possível excreção das drogas no leite, o aleitamento não é contraindicado. HERPES SIMPLES →A amamentação está contraindicada apenas quando as vesículas herpéticas estiverem localizadas na mama. →Cuidados adicionais devem ser tomados com vesículas em outras localizações: cobrir as lesões nasolabiais, usar luvas em lesões nos dedos, evitar contato íntimo prolongado até que as lesões estejam secas. VARICELA →As mães que apresentam varicela com início até 5 dias antes do parto passam anticorpos para o recém nascido que deverá ter uma forma leve de varicela. →As mães com varicela iniciada 5 dias antes do parto ou até 2 dias depois deverão ser isoladas do recém nascido durante a fase contagiante. →O leite deverá ser ordenhado e oferecido ao bebê →O contato mãe/filho deve ocorrer apenas na fase de crostas. LÁBIO LEPORINO E FISSURA PALATINA →Bebês com lábios leporino e/ou fenda platina podem e devem ser amamentados. →Após avaliação médica especializada, a mãe deverá ser orientada para que segure o bebê da forma mais vertical possível, de modo que seu nariz e garganta fiquem mais altos que o peito. ADENOMA DA LACTAÇÃO →O adenoma da lactação (AL) consiste no tumor sólido mamário mais frequente em gestantes. →Geralmente se apresenta como nódulo móvel, bem delimitado e menor que 3cm, raramente como tumor mamário gigante, o qual normalmente surge durante ou logo após à gestação. Andressa Marques – medicina UFR →É a lesão mamária mais prevalente em mulheres grávidas e durante o período pós-parto →Deve ser diferenciado do carcinoma →Faixa etária (19 – 34 anos) →Benigno, crescimento lento CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS →Massa discreta, indolor, macia, palpável, sólida e móvel →Pode ser bilateral e multifocal →O infarto pode causar dor, sensibilidade e aumento rápido DIAGNÓSTICO →Exames de imagem: ultrassom (modalidade de primeira linha com densidade aumentada de tecido mamário de gestante/lactantes), mamografia, ressonância magnética. →Procedimento invasivo: biópsia, aspiração com agulha fina em lesões suspeitas. TRATAMENTO →Observação para crescimento lento →Muitos regridem espontaneamente após o término da amamentação →Enucleação em casos que justificam a excisão (aumento, características clínicas ou histológicas preocupantes) RECOMENDAÇÕES QUANTO À AMAMENTAÇÃO NA VIGÊNCIA DE INFECÇÃO MATERNA →Na mulher em lactação, o sistema denominado enteromamário ou broncomamário atua quando os patógenos (bactérias) entram em contato com as mucosas do intestino ou aparelho respiratório e são fagocitados pelos macrófagos. →Com isso, desencadeia-se uma ação estimulante nos linfócitos T, promovendo diferenciação dos linfócitos B produtores de imunoglobulinas A (IgA). Os linfócitos migram para a glândula mamária e, com a mediação de citocinas, tornam-se células plasmáticas que produzem uma glicoproteína que é acoplada à IgA, convertendo-se em imunoglobulina A secretória (IgAs). →Doenças envolvendo tanto a mãe quanto o recém-nascido podem constituir obstáculos para a amamentação. →A nutriz, ao apresentar sintomas de uma doença, geralmente já expôs seu filho ao agente patogênico, e a orientação geral é manter o aleitamento. →Se a mãe suspende a amamentação quando surgem os sintomas da doença, a proteção ao lactente fica diminuída, aumentando a chance da criança adoecer, pois ela deixará de receber anticorpos específicos e demais fatores de proteção do leite humano. Andressa Marques – medicina UFR →Não há indicação de suspender a amamentação, mesmo que temporariamente, nas mães com infecção urinária, infecção bacteriana de parede abdominal, episiorrafia, mastite ou outra em que as condições físicas e o estado geral da nutriz não estejam muito comprometidos. →As células mononucleares do leite humano, mesmo promovendo proteção, podem transferir partículas infecciosas da mãe para o lactente. →Algumas doenças não-infecciosas podem impedir o aleitamento materno temporária ou definitivamente devido à condições físicas da mãe, tais como doenças cardíacas, renais e hepáticas graves, psicose e depressão pós-parto grave. INFECÇÕES POR VÍRUS →Em várias doenças virais maternas, tais como hepatite, herpes vírus, sarampo, caxumba e rubéola, dentre outras, pode haver excreção de vírus no leite humano. Porém, exceto para as infecções causadas pelos retrovírus vírus da imunodeficiência humana (HIV-1), vírus T-linfotrópicos humanos tipo I (HTLV I) e vírus T-linfotrópicos humanos tipo II (HTLV II), a transmissão por essa via tem pouco valor epidemiológico. →O risco de transmissão pode estar aumentado nos casos de infecção aguda no momento do parto, uma vez que o leite pode conter elevada concentração de partículas virais e baixos títulos de anticorpos protetores capazes de neutralizar o agente infeccioso. →Portanto, de modo geral, não há contraindicação formal para amamentação na maioria dos casos de doenças virais, exceto para o grupo dos retrovírus. →A transmissão de retrovírus RNA, incluindo HIV-111,12, HTLV I e HTLV II13, já foi demonstrada. →O vírus Epstein-Barr e herpes vírus 6 podem ser encontrados no leite humano, mas, até o momento, são raros os relatos de crianças amamentadas infectadas por esses vírus. INFECÇÃO PELO HIV Andressa Marques – medicina UFR →O HIV é excretado livre ou no interior de células no leite de mulheres infectadas, que podem apresentar ou não sintomas da doença. →A carga viral no colostro ou leite inicial é significativamente mais elevada que no leite maduro. O aleitamento misto parece ser de maior risco do que o aleitamento materno exclusivo, pelo maior dano à mucosa gastrintestinal decorrente da alimentação artificial, que favorece a penetração do vírus. →Retrovírus podem infectar células do epitélio mamário antes mesmo do parto, podendo ser encontrados livres ou infectando monócitos do leite, que correspondem a 50% das células do leite materno. →A utilização de terapêutica anti-retroviral durante a gestação e o parto e sua manutenção em recém-nascidos resulta, mesmo se mantido o aleitamento materno, em redução da transmissão vertical do HIV por até 6 meses após o parto. →No entanto, a infecção pelo HIV é uma das poucas situações onde há consenso de que a amamentação deve ser contraindicada. →No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda que as mães portadoras do vírus HIV não amamentem. Porém, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) recomendam que, em países pobres, onde doenças como diarreia, pneumonia e desnutrição contribuem substancialmente para elevadas taxas de morbimortalidade infantil, o benefício do aleitamento materno deve ser considerado em relação ao risco da transmissão do vírus HIV. →Outra possibilidade seria reduzir ou eliminar o HIV do leite humano. Células infectadas pelo vírus podem ser removidas do leite, mas partículas virais são difíceisde eliminar. A inativação do vírus HIV do leite materno pelo processo de pasteurização (62,5 ºC por 30 minutos, seguido de resfriamento rápido) permite que a criança continue a receber o leite materno sem aumentar o risco pós-natal do vírus. INFECÇÃO PELO HTLV →O HTLV é um vírus da família dos retrovírus, a mesma do HIV. São vírus linfotrópicos de células humanas T1 e T2, denominados de HTLV I e HTLV II. →Podem ser transmitidos pelo sangue, agulhas contaminadas, relações sexuais e de mãe para filho por meio do aleitamento materno. →A principal forma de transmissão é vertical, sendo a via pelo aleitamento considerada predominante. →Um aumento das infecções na América do Sul tem sido relacionado à falta de controle sanitário. →A contraindicação do aleitamento natural nas mulheres portadoras é a principal forma de diminuir sua disseminação vertical. →A quantidade de células infectadas pelo HTLV I no sangue periférico é muito pequena se comparada com o número de células T infectadas no leite materno, o que explicaria o risco elevado de transmissão viral pelo leite humano. →Alguns fatores de risco têm sido considerados na transmissão dos vírus HTLV I e II pelo leite humano: período de aleitamento materno superior a 3 meses, idade materna mais avançada, níveis de antígenos no sangue materno e altos títulos de anticorpos HTLV I na nutriz Andressa Marques – medicina UFR HEPATITES A, B E C →podem ser transmitidos para a criança durante a gravidez, parto ou período pós parto. →Além disso, o vírus da hepatite A pode ser excretado no leite humano de nutrizes na fase aguda da doença. Quando o parto ocorre nessa fase da doença, a criança deve receber imunoglobulina anti- HVA na dose de 0,02 ml/kg como profilaxia. Essa conduta é indicada para todas as crianças, independentemente da amamentação, e confere proteção que supera o risco da criança adquirir a doença. →O aleitamento materno não é contraindicado. →Os vírus das hepatites B e C são transmitidos pelo contato com sangue e secreções genitais. O antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HBsAg) tem sido detectado no leite de mulheres soropositivas para o HBsAg, e é possível que pequenas quantidades de sangue possam ser ingeridas pelo recém-nascido durante amamentação, a partir de lesões nos mamilos, mesmo que pequenas. Mas a maior via de transmissão do vírus da mãe para a criança é a exposição do bebê ao sangue materno, que acontece durante todo o trabalho de parto e no parto. →No parto de gestante HBsAg-positiva, orienta-se lavar bem o recém-nascido, retirando todo vestígio de sangue ou secreção materna. Por outro lado, mesmo que a mãe apresente fissura mamária com sangramento, não se contraindica a amamentação. →Em todas as situações, o aleitamento materno deve ser recomendado. →Apesar do vírus da hepatite C ter sido detectado no leite de mães HCV-positivas, sua transmissão por essa via não foi comprovada. Por isso, a amamentação em mães HCV-positivas não está contraindicada. Entretanto, a prevenção de fissuras mamilares é muito importante, pois ainda não foi determinado se o contato do bebê com o sangue materno pode favorecer a transmissão da doença. CITOMEGALIA →O citomegalovírus (CMV) pode ser excretado de forma intermitente na saliva, urina, trato genital e leite humano por vários anos após a primo-infecção e na ocorrência de reativação de suas formas latentes. →Devido à passagem de anticorpos por via placentária, a doença não é comum em recém-nascidos. →Estudos mostram que 30% de filhos de mães soropositivas e amamentadas adquirem a infecção nos primeiros anos de vida, chegando a 70% dos casos quando o vírus é isolado no leite materno. →Entretanto, infecções sintomáticas ou sequelas tardias não têm sido observadas nos bebês, provavelmente devido à passagem de anticorpos maternos específicos que os protegem contra a doença sistêmica. →Parece ser preferível a contaminação precoce da criança amamentada, pois, se ocorrer em período mais tardio da vida, o risco de doença sintomática é maior. Esses dados justificam a não contraindicação da amamentação. →Atenção especial deve ser dada para prematuros, principalmente os de menor idade gestacional. A decisão de amamentar recém-nascido pré-termo, filho de mãe CMV-positiva, deve ser considerada em termos do risco da transmissão da doença versus os benefícios da amamentação. Andressa Marques – medicina UFR VARICELA →Mãe que tenha apresentado varicela até 5 dias antes ou 2 dias após o parto pode transmitir a doença à criança em sua forma grave, período com maior risco de viremia. →Nesses casos, está indicado o isolamento da mãe na fase contagiante das lesões até a fase de crosta, além da administração, o mais precocemente possível, de imunoglobulina específica contra varicela (VZIG) na criança. →Também não se sabe se o vírus poderia ser encontrado no leite materno e se poderia infectar a criança. Assim, durante esse período, o leite materno pode ser ordenhado e oferecido ao recém- nascido. →Mãe com varicela cujo início da doença foi há mais de 5 dias antes do parto ou após o terceiro dia pós-parto pode produzir e transferir anticorpos para o recém-nascido tanto por via transplacentária quanto pelo leite materno. Nesse caso, o recém-nascido pode desenvolver a forma leve da doença, não estando indicado nem isolamento, nem profilaxia. A mãe pode amamentar a criança, tomando os cuidados especiais de lavagem das mãos, uso de máscara e oclusão de lesões. HERPES SIMPLES →O recém-nascido pode ser contaminado com herpes simples intraútero pela via hematogênica transplacentária, durante o parto (a via mais frequente) ou no período pós-natal. →O risco de transmissão do vírus pelo leite materno é muito baixo. No acometimento da nutriz pelo herpes, o aleitamento materno deve ser mantido, exceto quando as vesículas herpéticas estiverem localizadas na mama. →Se houver suspeita ou se for confirmado que o recém-nascido tenha infecção por herpes simples, ele deve ser isolado de outras crianças, mas não de sua mãe. RUBÉOLA →Doença exantemática aguda causada por vírus que pode ser eliminado pelas secreções respiratórias entre 10 dias antes e 15 após o início do exantema. →Não há dados que contraindiquem o aleitamento materno em nutrizes com a doença. SARAMPO →Doença exantemática muito contagiosa causada por vírus transmitido por intermédio de secreções respiratórias poucos dias antes e durante o período da doença. O vírus do sarampo ainda não foi isolado no leite humano, mas, por outro lado, anticorpos específicos são encontrados no leite de mulheres imunizadas. →O leite materno ordenhado pode ser dado à criança, porque a IgA secretória começa a ser secretada com 48 horas do início do exantema da mãe. CAXUMBA Andressa Marques – medicina UFR →Doença viral de transmissão por contato direto através de gotículas ou fômites de secreções respiratórias. →A infecção é rara em crianças menores de 1 um ano devido à transmissão passiva de anticorpos via placenta. →Se a nutriz susceptível contrair a doença, a amamentação deverá continuar, porque a exposição já ocorreu 7 dias antes do desenvolvimento da parotidite e a IgAs do leite humano podem ajudar a minimizar os sintomas da criança. INFECÇÕES POR BACTÉRIAS TUBERCULOSE →Para mães com tuberculose, as recomendações para amamentação dependem da época em que foi feito o diagnóstico da doença. Segundo a OMS, não há necessidade de separar a mãe da criança e, em circunstância alguma, a lactação deve ser impedida. →Rrecém-nascido de mãe com tuberculose pulmonar em fase contagiante ou bacilífera, sem tratamento ou com menos de 3 semanas de tuberculostáticos no momento do parto, deve ser separado da mãe mas alimentado com o leite humano ordenhado, uma vez que a transmissão geralmente se dá pelas vias aéreas. →Segundo a OMS, a amamentaçãodeve ser mantida, porém deve-se diminuir o contato íntimo mãe- filho, além de se tomar os seguintes cuidados: amamentar com máscara ou similar, lavar cuidadosamente as mãos, rastrear os comunicantes, especificamente os domiciliares. →Em mãe em fase não-contagiante da tuberculose cujo tratamento foi iniciado há mais de 3 semanas não há restrições quanto ao aleitamento materno, sendo indicado vacinar o bebê com BCG-ID ao nascer. →Nos casos em que o diagnóstico de tuberculose materna for feito após o início da amamentação, o lactente deve ser considerado potencialmente infectado e receber quimioprofilaxia. →A amamentação deve ser mantida, pois a administração de drogas tuberculostáticas para o tratamento da mãe não contraindica o aleitamento. →É importante ressaltar que todas as crianças devem ser monitoradas quanto ao ganho de peso e à saúde. Andressa Marques – medicina UFR HANSENÍASE →A hanseníase é uma doença infecciosa de curso crônico, alta infecciosidade e baixa patogenicidade. →A transmissão da doença ocorre pelo contato pessoal, preferencialmente prolongado, por meio das secreções nasais e da pele. O bacilo pode ser isolado no leite materno nos casos de doença de Hansen não tratada, bem como em pacientes com duração do tratamento inferior a 3 meses com sulfona (dapsona ou clofazamina) ou inferior a 3 semanas com rifampicina. →Não há contra-indicação para a amamentação se a mãe estiver sob tratamento adequado. SÍFILIS →A sífilis é uma doença essencialmente transmitida por contato sexual, mas existem outras formas de transmissão, como contato com pessoa com lesões ativas em mucosas, região genital e mamas. →Não há evidencias de transmissão pelo leite humano, sem lesões de mama. →Se as lesões estão nas mamas, sobretudo na aréola, amamentação ou uso de leite ordenhado está contraindicado até o tratamento e a regressão das lesões. →Com 24 horas após o tratamento com penicilina, o agente infeccioso (espiroqueta) raramente é identificado nas lesões. Assim, não há contraindicação à amamentação após o tratamento adequado. BRUCELOSE →Há relato de isolamento da Brucella melitensis no leite humano, bem como de casos de doença em lactentes amamentados exclusivamente ao seio – ou seja, há possibilidade de transmissão por leite materno →Na fase aguda da doença grave na mãe, geralmente o aleitamento materno deve ser evitado, podendo ser utilizado o leite humano ordenhado e pasteurizado. Assim que a doença for tratada com antimicrobianos e a nutriz apresentar melhora clínica, a amamentação pode ser restabelecida. Andressa Marques – medicina UFR INFECÇÕES POR PARASITAS MALÁRIA →Como a malária não é transmitida entre humanos, a amamentação pode ser mantida se as condições clínicas da mãe permitirem. →NÃO HÁ EVIDÊNCIAS DE TRANSMISSÃO PELA AMAMENTAÇÃO →Em mães que necessitam tratamento, cloroquina, quinina e tetraciclina são recomendadas. →Sulfonamidas devem ser evitadas no primeiro mês de lactação. DOENÇA DE CHAGAS →Nas formas aguda e crônica da doença de Chagas, estudos mostram que o Trypanosoma cruzi pode ser isolado no leite materno. →A raridade da transmissão da doença, justifica a manutenção do aleitamento materno em mulheres com a forma crônica da doença, exceto se houver sangramento e fissura no mamilo. →Nos casos de doença aguda, a nutriz não deve amamentar! →A pasteurização do leite previne a transmissão da doença. →. Estudos realizados com animais de laboratório utilizando-se leite humano aquecido à temperatura de 63 oC em forno de microondas doméstico (7 minutos, 45% potência) mostrou ser eficaz na redução da transmissão do Trypanosoma cruzi. INFECÇÕES POR FUNGOS PARACOCCIDIOMICOSE →Doença granulomatosa sistêmica causada por fungo, cuja transmissão se dá provavelmente por via respiratória. →Não há contraindicação para o aleitamento materno se esta doença acometer a nutriz. →O Cotrimoxazol, comumente usado no tratamento, é excretado no leite materno e pode causar efeitos colaterais graves no recém-nascido. CRIPTOCOCOSE →Doença causada por fungo, com distribuição ampla na natureza. →A transmissão de partículas no meio ambiente é pela via aerossol, não havendo relato da forma inter-humana. →O aleitamento materno não é contraindicado. REFERÊNCIAS →Aula patologista Andressa Marques – medicina UFR →Artigo: Lamounier JA, Moulin ZS, Xavier CC. Recomendações quanto à amamentação na vigência de infecção materna. J Pediatr (Rio J). 2004;80(5 Supl):S181-S188.
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