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CURSO: ENGENHARIA CIVIL DISCIPLINA: HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO MAPA DE RISCO Sumário 1 - INTRODUÇÃO 3 2 - OBJETIVO DO MAPA DE RISCO 3 3 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3 4 - INFORMAÇÕES SOBRE O ESTABELECIMENTO ESCOLHIDO 4 5 - DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DE SAUDE E SEGURANÇA DO LOCAL 4 6 - IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS EXISTENTES 4 7 - DESCRIÇÃO DE CADA RISCO E SUAS POSSIVEIS CONSRQUÊNCIAS 5 8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA 11 1 – INTRODUÇÃO No Brasil a indústria de calçados é um importante setor da economia, tendo em vista o volume de produção, sua parcela expressiva de exportação e capacidade de geração de empregos. No entanto, constitui-se em um espaço em que os riscos ocupacionais são uma constante, sendo inerentes ao processo de trabalho. Pesquisa direcionada a estes ambientes evidencia que a exposição aos diferentes riscos ocupacionais é inevitável em virtude do crescimento da industrialização no mundo. Isso fez com que, a partir da segunda metade do século passado, estudos fossem realizados nessa área, os quais possibilitaram relacionar riscos do processo de trabalho a efeitos adversos à saúde, justificando a necessidade de se adotar medidas preventivas adequadas, com vistas a minimizar possibilidades de agravos à saúde dos envolvidos. Essa indústria absorve uma significativa força produtiva detentora de conhecimentos, habilidades e destrezas manuais imprescindíveis à produção. Esse processo envolve diversas etapas na busca por agilizar a atividade, melhorar a qualidade dos produtos e, em consequência, aumentar a produtividade. Nesse contexto, o trabalho representa para o homem uma necessidade básica de sobrevivência. Também, por meio dele é que o homem em uma sociedade capitalista melhor desenvolve suas aptidões, sejam elas: físicas, intelectuais ou morais. Varias transformações ocorreram nas ultimas décadas, envolvendo relações complexas entre o homem, a sociedade e o processo de produção. 2 - OBJETIVO DO MAPA DE RISCO Reunir as informações básicas necessárias para estabelecer o diagnostico da situação da segurança e saúde no trabalho na empresa, e possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e a divulgação de informação entre os trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção. A elaboração do Mapa de Riscos esta mencionada item 5.16 da NR 5, com redação dada pela Portaria nº 25 de 29/12/1994: 3 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A representação gráfica explora, através da técnica e composição, os diferentes elementos presentes no espaço. Representado em um mapa, este processo compositivo permeia os diferentes elementos inseridos no espaço e, para tanto, analisa uma série de medidas de segurança. Estas medidas têm com base uma pré avaliação conforme as necessidades locais a serem resolvidas em termos de segurança e saúde do trabalho. Assim, a construção deste processo apresenta um projeto inicial que implicará em uma futura fonte de consulta: o Mapa de Riscos Ambientais. O ‘Mapa de Riscos Ambientais’ nada mais é do que uma forma de representação gráfica. Como em um mapa qualquer este terá suas propriedades características de informação. Assim, em vista superior, o local será apresentado em uma planta baixa. A qualidade das informações neste processo está representada pelo conjunto de fatores de risco expostos no local. Para tanto, cabe a avaliação do ambiente de forma completa ou por setores. Para tanto, observam-se fatores locais que venham a comprometer a saúde do trabalhador – ou ocupante – do espaço, como: os materiais, as instalações, o arranjo físico (layout), o método de trabalho, a postura de trabalho, os suprimentos, etc. Com base nestes fatores citados, cabe ao profissional, que irá compor o mapa, um planejamento. Quando tratamos da expressão planejamento, recorremos à questão ‘planejar o espaço. Entretanto, o desenho técnico é uma das formas de expressão gráfica que tem por finalidade a representação da forma, dimensão e posição dos objetos, estes, de acordo com as diferentes necessidades requeridas pelas diversas modalidades de engenharia e também da arquitetura. 4 - INFORMAÇÕES SOBRE O ESTABELECIMENTO ESCOLHIDO Uma das maiores empresas calçadistas do Brasil e importante fomentadora da economia local, a empresa Ramarim está em Jequié há 20 anos e atende ao mercado nacional e internacional com calçados e conta com as unidades de produção nas cidades de Nova Hartz e Sapiranga, no estado do Rio Grande do Sul; em Jequié e na cidade de Santo Antônio de Jesus, na Bahia. Como uma das maiores empregadoras do município, no centro industrial de Jequié. A empresa emprega diretamente no seu pátio local cerca de 4 mil pessoas, que trabalham na produção de calçados femininos para os mercados nacional e internacional, chegando a fabricar mais de 60 mil pares de calçados por dia. Conforme o diretor industrial da Ramarim Nordeste, Marcos Artur em criar mecanismos fortalecedores da cadeia produtiva local, responsável pela geração de milhares de empregos 5 - DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DE SAUDE E SEGURANÇA DO LOCAL A análise da situação de saúde é um dos componentes do processo de planejamento das ações em saúde e do próprio processo de vigilância em saúde. Deve ser construída de forma articulada com todas as áreas da vigilância em saúde – vigilância epidemiológica, vigilância sanitária, vigilância em saúde ambiental, vigilância da saúde do trabalhador, vigilância laboratorial – e promoção da saúde, de modo a permitir o monitoramento contínuo e sistemático da situação de saúde de uma dada população em seu território. É necessário conhecer o perfil sócio-econômico demográfico e o perfil epidemiológico – os modos de viver e adoecer da população nos territórios – para identificar necessidades e problemas de saúde da população, fatores determinantes e potenciais riscos à saúde, de modo a subsidiar a tomada de decisão política e o estabelecimento de prioridades para atuação, seja em relação à organização da rede de serviços de saúde, em relação às ações de promoção e proteção da saúde e prevenção de agravos e doenças, seja para a devida articulação entre as políticas setoriais visando o fortalecimento do SUS no enfrentamento dos principais determinantes do processo saúde-doença. 6 - IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS EXISTENTES Os riscos estão presentes nos locais de trabalho e em todas as demais atividades humanas, comprometendo a segurança e a saúde das pessoas e a produtividade da empresa. Esses riscos podem afetar o trabalhador a curto, médio e longos prazos, provocando acidentes com lesões imediatas e/ou doenças chamadas profissionais ou do trabalho, que se equiparam a acidentes do trabalho. Os agentes que causam riscos à saúde dos trabalhadores e que costumam estar presentes nos locais de trabalho são agrupados em cinco grupos: • Grupo 1 ‐ Agentes Químicos; • Grupo 2 ‐ Agentes Físicos; • Grupo 3 ‐ Agentes Biológicos; • Grupo 4 ‐ Agentes Ergonômicos; • Grupo 5 ‐ Agentes de Acidentes (mecânicos). Cada um desses grupos de agentes é responsável por diferentes riscos ambientais que podem provocar danos à saúde ocupacional dos funcionários da empresa. Para fazer o mapa de riscos, consideram se os riscos ambientais provenientes de cada um dos grupos. 7 - DESCRIÇÃO DE CADA RISCO E SUAS POSSIVEIS CONSRQUÊNCIAS GRUPO 1 ‐ AGENTES QUÍMICOS São considerados agentes químicos, aqueles capazes de provocar riscos à saúde: poeira, fumos, névoas, vapores, gases, produtos químicos em geral, neblina, etc. Os principais tipos de agentes químicos que atuam sobre o organismo humano, causando problemas de saúde, são: gases, vapores e névoas; aerodispersóides (poeiras e fumos metálicos). RISCOS À SAÚDE Os gases, vapores e névoas podem provocar efeitos irritantes, asfixiantes ou anestésicos: Efeitos irritantes: são causados, por exemplo, por ácido clorídrico, ácido sulfúrico, amônia, soda cáustica, cloro, que provocam irritação das vias aéreas superiores; Efeitos asfixiantes:gases como hidrogênio, nitrogênio, hélio, metano, acetileno, dióxido de carbono, monóxido de carbono e outros causam dor de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, coma e até morte; Efeitos anestésicos: a maioria dos solventes orgânicos assim como o butano, propano, aldeídos, acetona, cloreto de carbono, benzeno, xileno, alcoóis, tolueno, tem ação depressiva sobre o sistema nervoso central, provocando danos aos diversos órgãos. 0 benzeno especialmente é responsável por danos ao sistema formador do sangue. GRUPO 2 ‐ AGENTES FÍSICOS São considerados agentes físicos, aqueles capazes de provocar riscos à saúde: ruídos, vibrações, radiações ionizantes e não ionizantes, pressões anormais,temperaturas extremas, iluminação deficiente, umidade, etc. RISCOS À SAÚDE Ruídos provocam cansaço, irritação, dores de cabeça, diminuição da audição (surdez temporária, surdez definitiva e trauma acústico), aumento da pressão arterial, problemas no aparelho digestivo, taquicardia, perigo de infarto. Vibrações cansaço, irritação, dores nos membros, dores na coluna, doença do movimento, artrite, problemas digestivos, lesões ósseas, lesões dos tecidos moles, lesões circulatórias. Calor ou frio extremo, taquicardia aumento da pulsação, cansaço, irritação, fadiga térmica, prostração térmica, choque térmico, perturbação das funções digestivas, hipertensão. Radiações ionizantes alterações celulares, câncer, fadiga, problemas visuais, acidentes do trabalho. Radiações não ionizantes queimaduras, lesões na pele, nos olhos e em outros órgãos. É muito importante saber que a presença de produtos ou agentes no local de trabalho como por exemplo radiações infravermelho, presentes em operações de fornos, de solda oxiacetilênica; ultravioleta, produzida pela solda elétrica; de raios laser podem causar ou agravar problemas visuais (ex. catarata, queimaduras, lesões na pele, etc.), mas isto não quer dizer que, obrigatoriamente, existe perigo para a saúde, isso depende da combinação de muitas condições como a natureza do produto, a sua concentração, o tempo e a intensidade que a pessoa fica exposta a eles, por exemplo. Umidade doenças do aparelho respiratório, da pele e circulatórias, e traumatismos por quedas Pressões anormais embolia traumática pelo ar, embriaguez das profundidades, intoxicação por oxigênio e gás carbônico, doença descompressiva. GRUPO 3 ‐ AGENTES BIOLÓGICOS Microrganismos e animais são os agentes biológicos que podem afetar a saúde do trabalhador. São considerados agentes biológicos os bacilos, bactérias, fungos, protozoários, parasitas, vírus. Entram nesta classificação também os escorpiões, bem como as aranhas, insetos e ofídios peçonhentos. RISCOS À SAÚDE Pode causar as seguintes doenças: Tuberculose, intoxicação alimentar, fungos (microrganismos causadores infecções), brucelose, malária, febre amarela. As formas de prevenção para esses grupos de agentes biológicos são: vacinação, esterilização, higiene pessoal, uso de EPI; ventilação, controle médico e controle de pragas. GRUPO 4 ‐ AGENTES ERGONÔMICOS São os agentes caracterizados pela falta de adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas do trabalhador. Entre os agentes ergonômicos mais comuns estão: • Trabalho físico pesado; • Posturas incorretas; • Posições incômodas; • Repetibilidade; • Monotonia; • Ritmo excessivo; • Trabalho em turnos e trabalho noturno; • Jornada prolongada. RISCOS À SAÚDE Trabalho físico pesado, posturas incorretas e posições incômodas provocam cansaço, dores musculares e fraqueza, além de doenças como hipertensão arterial, diabetes, úlceras, moléstias nervosas, alterações no sono, acidentes, problemas de coluna, etc. Ritmo excessivo, monotonia, trabalho em turnos, jornada prolongada, conflitos, excesso de responsabilidade provocam desconforto, cansaço, ansiedade, doenças no aparelho digestivo (gastrite, úlcera), dores musculares, fraqueza, alterações no sono e na vida social (com reflexos na saúde e no comportamento), hipertensão arterial, taquicardia, cardiopatias (angina, infarto), tenossinovite, diabetes, asmas, doenças nervosas, tensão, medo, ansiedade. GRUPO 5 ‐ AGENTES DE ACIDENTES (MECÂNICOS) São arranjo físico inadequado ou deficiente, máquinas e equipamentos, ferramentas defeituosas, inadequadas ou inexistentes, eletricidade, sinalização, perigo de incêndio ou explosão, transporte de materiais, edificações, armazenamento inadequado, etc. Essas deficiências podem abranger um ou mais dos seguintes aspectos: Arranjo físico; • Edificações; • Sinalizações; • Ligações elétricas; • Máquinas e equipamentos sem proteção; • Equipamento de proteção contra incêndio; • Ferramentas defeituosas ou inadequadas; • EPI inadequado; • Armazenamento e transporte de materiais; • Iluminação Deficiente ‐ fadiga, problemas visuais, acidentes do trabalho. RISCOS À SAÚDE Arranjo físico: quando inadequado ou deficiente, pode causar acidentes e provoca desgaste físico excessivo nos trabalhadores. Máquinas sem proteção: podem provocar acidentes graves. Instalações elétricas deficientes: trazem riscos de Curto circuito, choque elétrico, incêndio, queimaduras, acidentes fatais. Segurança Matéria prima sem especificação e inadequada: acidentes, doenças profissionais, queda da qualidade de produção. Ferramentas defeituosas ou inadequadas: acidentes, com repercussão principalmente nos membros superiores. Falta de EPI ou EPI inadequado ao risco: acidentes, doenças profissionais. Transporte de materiais, peças, equipamentos sem as devidas precauções: acidentes. Edificações com defeitos de construção: a exemplo de piso com desníveis, escadas fora de ausência de saídas de emergência, mezaninos sem proteção, passagens sem a atura necessária: quedas, acidentes. Falta de sinalização das saídas de emergência, da localização de escadas e caminhos de fuga, alarmes, de incêndios: ações desorganizadas nas emergências, acidentes. Armazenamento e manipulação inadequados de inflamáveis e gases, curto circuito, sobrecargas de redes elétricas: incêndios, explosões. Armazenamento e transporte de materiais: a obstrução de áreas traz fiscos de acidentes, de quedas, de incêndio, de explosão etc. Equipamento de proteção contra incêndios: quando deficiente ou insuficiente, traz efetivos riscos de incêndios. Sinalização deficiente: falta de uma política de prevenção de acidentes, não identificação de equipamentos que oferecem fisco, não delimitação de áreas, informações de segurança insuficientes etc. comprometem a saúde ocupacional dos funcionários. 8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS O ambiente de trabalho da indústria calçadista é um espaço com vários riscos e, neste sentido, deve ser objeto de constante avaliação, controle e de desenvolvimento de ações em educação permanente. Foram identificados riscos inerentes ao trabalho, com consequências imediatas, ou seja, situações que interferem na integridade física como amputações e esmagamentos. Também, sucintamente, o ergonômico foi lembrado. No entanto, destaca-se que o risco químico decorrente do processo de preparo da matéria prima (couro e derivados) envolve manuseio de produtos que podem determinar agravos para a saúde, os quais não foram lembrados pelos entrevistados. Ainda o risco físico manifesto pela exposição ao ruído, foi sinalizado por uma pequena parcela dos sujeitos entrevistados, como a necessidade de uso de protetor auditivo; no entanto, não manifestaram as consequências de dano à saúde, em especial, em longo prazo. Destaca-se que a instituição pesquisada fornece aos seus colaboradores EPI adequado para as necessidades conforme o posto de trabalho e risco advindo do processo a ser efetivado. Também, observou-se que a reposição dos mesmos era imediata e sem restrição de quantidade. Também, a manutenção de uma equipe de saúde com vistas a qualificar e ampliar as ações educativas e corretivas no campo da saúde do trabalhador. Por serem escassos os estudos e publicações voltados para a indústria calçadista e, com vistasaos resultados do estudo, recomendam-se novas investigações, de forma a ampliar o número dos sujeitos e locais de pesquisa, permitindo verificar se a realidade neste tipo de indústria é semelhante e possibilitar propostas de ações buscando a prevenção de acidentes e doenças e a promoção da saúde dos trabalhadores deste setor. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Godinho Filho, M, Fernandes FCF, Lima, AD. Pesquisa em gestão da produção na indústria de calçados: revisão, classificação e análise. Gest Prod 2009;16(2):163-186. [ Links ] 2. Franco-Benatti, DM. Acidentes e doenças relacionadas ao trabalho na indústria de calçados de franca-SP. Ribeirão Preto. Dissertação [Mestrado em Ciências] -Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto; 2011. [ Links ] 3. Cury Junior CH. Qualidade de vida no trabalho e subjetividades docentes. Evidência 2010;(6):89-110. [ Links ] 4. Borsoi ICF, Rigotto RM, Maciel RH. Da excelência ao lixo: humilhação, assédio moral e sofrimento de trabalhadores em fábricas de calçados no Ceará. Cad Psicol Soc Trab 2009;12(2):173-187. [ Links ] 5. Ministério do Trabalho. Normas regulamentadoras: segurança e medicina do trabalho. São Paulo: o Ministério; 2011. [ Links ] 6. Minayo MCS. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 29 ed. Rio de Janeiro: Vozes; 2011. [ Links ] 7. Santos LRCS. Saúde do trabalhador e qualidade de vida no centro do debate sobre política pública de desenvolvimento regional na Bahia: o caso do ramo calçadista. Rev Saúde Coletiva 2010;7(41):146-51. [ Links ] 11