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FENDAS LABIOPALATINAS DEFINIÇÃO As lesões ou fissuras labiopalatais são malformações congênitas caracterizadas pela incompleta fusão aberturas das estruturas do lábio e/ou palato que podem ter localização e extensão variáveis. Essas malformações alteram a anatomia normal, e consequentemente no aspecto funcional, acarretando dificuldades na fala, na audição, na mastigação, na respiração e na dentição. Como também, o ajustamento pessoal e social do indivíduo comprometido INCIDÊNCIA As fissuras labiopalatinas são os defeitos congênitos mais comuns entre as malformações que afetam a face do ser humano. Estima-se que a incidência no Brasil é de um fissurado para cada 650 nascimentos (1: 650). Em que o gênero predominante é o masculino. ETIOLOGIA A fenda labiopalatina é uma embriopatia, ou seja, decorrente de desenvolvimento embrionário anormal. Essas malformações acometem o terço médio da face, sendo ocasionadas pela fusão defeituosa entre o palato primitivo e os processos palatinos dos processos mandibulares durante a quarta e a décima segunda semana de vida intrauterina Além disso, acredita-se que a ocorrência da fissura se dê por uma interação de diversos genes associados a fatores ambientais; este modelo é conhecido como herança multifatorial. Os fatores ambientais mais conhecidos que são de risco para as fissuras são: bebida alcoólica, cigarros e alguns medicamentos (como corticoides e anticonvulsivantes), principalmente quando utilizados no primeiro trimestre da gestação. A ação destes fatores ambientais depende de uma predisposição genética do embrião (interação gene versus ambiente). CLASSIFICAÇÃO As fissuras labiopalatinas podem ser classificadas de diversas formas, conforme os seus aspectos morfológicos. No brasil, a classificação mais utilizada e a de SPINA (1979), que tem como ponto de referência anatômico o forame incisivo, que é limite entre o palato primário e secundário. As fissuras são divididas em quatro grupos: → Grupo I- Fissuras pré-forame incisivo: Fissuras que se restringem ao palato primário, ou seja, envolvem o lábio e/ou o rebordo alveolar sem ultrapassar o limite do forame incisivo. Varia desde um pequeno corte no vermelhão do lábio (incompleta) até toda a extensão do palato primário (completa). Podem ser classificadas em unilateral (só de um lado), bilateral (nos dois lados) ou mediana (no meio). → Grupo II- Fissuras transforame incisivo: São as de maior gravidade por ser fissuras totais, ou seja, que envolvem total e simultaneamente o palato primário e o palato secundário. Estende-se desde o lábio até a úvula (“campainha”), atravessando o rebordo alveolar. Podem ser também classificadas em unilateral (só de um lado), bilateral (nos dois lados) ou mediana (no meio). → Grupo III- Fissuras pós forame incisivo: Envolvem apenas o palato, mantendo o lábio intacto assim como os dentes. Ocorrem quando as estruturas do palato secundário não fazem a fusão. As consequências são essencialmente funcionais, no mecanismo velofaríngeo e na trompa auditiva. São consideradas completas quando atingem tanto palato mole como palato duro, morrendo no forame incisivo. → Grupo IV-Fissuras parciais rara: A ocorrência dessas fissuras é muito incomum e, por isso mesmo, são chamadas de “raras”. Referem-se àquelas fissuras que ocorrem em bochecha, pálpebras, orelha, nariz e ossos do crânio e face, como frontal, nasal, etmóide, malar e temporal. Mais adiante vamos explicar mais sobre o tratamento, mas vale fazer um adendo aqui que por serem incomuns, as fissuras raras de face não têm protocolos de tratamento bem definidos, podendo variar de caso a caso. ALTERAÇÕES Além da parte estética existem outras alterações. Pois o principal problema da fissura labiopalatina é a dificuldade de obter uma boa alimentação, Devido a separação da área palatal, existe a impossibilidade de exercer a pressão intra-oral negativa, de forma que a alimento possa a ser ingerido. Como também, o palato é essencial, juntamente com a língua, para criar certos sons fonéticos. E quando uma pessoa possui uma fenda palatina, elas são incapazes de pronunciar estes sons ou os pronunciam com uma vibração nasal distinta, que torna a sua dicção pouco clara. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES CLINICAS INTRABUCAIS ❖ Atraso na cronologia de erupção dentaria, principalmente no lado da fissura ❖ Presença de supranumerários ( pre-canino, natais, neonatais, intra-nasal) ❖ Presença de hipoplasias ❖ Presença de agenesias ❖ Microdontias ❖ Dentes mal posicionados, giroversão acentuada ❖ Maloclusoes, dentre elas a mordida cruzada com maior incidência e apresentando discrepâncias esqueléticas entre o tamanho, formato e posição dos maxilares. ❖ Falta de suporte ósseo para alguns dentes, para que alguns dentes possam se mover, em que prejudica o tratamento ortodôntico, sendo necessário em alguns casos enxertos ósseos DIAGNÓSTICO No geral, é durante a gestação, por meio de exame de ultrassom no pré-natal por volta de 18 semanas de gravidez (entre o 4º e 5º mês de gestação), que a fenda poderá ser visualizada e diagnóstico apresentado à família. Em alguns casos, também poderá ser facilmente diagnosticada no nascimento por meio do exame clínico do recém-nascido. TRATAMENTO o tratamento requer abordagem multidisciplinar, isto é, a participação de especialistas na área de cirurgia plástica, otorrinolaringologia, odontologia, fonoaudiologia, por exemplo. Em geral, a criança com fissura labiopalatina recebe a cirurgia de lábio nos três primeiros meses após o nascimento e o fechamento do palato por volta dos 18 meses de idade; essas são as chamadas cirurgias primárias. o fechamento completo da fenda palatina é realizado em etapas, a fim de assegurar a integridade da estrutura óssea e a funcionalidade da musculatura de oclusão, assim como para evitar a deficiência de respiração. A conduta preconizada é realizar a cirurgia nem cedo demais para não afetar o crescimento do osso, nem tarde demais para não prejudicar a fala. Na verdade, o tratamento de lábio leporino e fenda de palatina é o longo e só termina com a consolidação total dos ossos da face, aos dezessete, dezoito anos. 1. Avaliação, diagnóstico e orientações; 2. Pré-cirúrgica 3. Cirurgias primárias 4. Pós-cirúrgica 5. Odontologia (odontopediatria, ortodontia e bucomaxilofacial) 6. Fonoaudiologia e áreas complementares 7. Cirurgias secundárias CUIDADOS ODONTOLÓGICOS A odontologia tem papel fundamental na reabilitação, sendo uma das etapas mais longas no tratamento do paciente, pois essas malformações vão gerar alterações no sistema estomatognático que necessitam de atenção especial do profissional. → Odontopediatra: Esses cuidados são iniciados antes mesmo do surgimento dos primeiros dentes com a odontopediatra, que institui cuidados básicos de higiene bucal. faz procedimentos preventivos e educação alimentar, para isso, o protesista pode contribuir com a confecção de uma placa acrílica para vedar a fissura e facilitar a alimentação da criança. → Ortodontista: O tratamento ortodôntico é iniciado antes da erupção dos primeiros molares. a terapia ortodôntica é planejada em fases separadas, uma pré-enxerto e outra pós-enxerto ósseo, que deve ser realizada antes da erupção dos caninos. → Bucomaxilofacial; área da bucomaxilofacial atua com a ortodontia, corrigindo a posição dos ossos maxilares que podem crescer de forma inadequada, acompanhando o paciente desde os quatro anos de idade, realizando cirurgias de enxerto ósseo, reposicionamento de pré-maxila, cirurgias ortognaticas e implantes dentários. → Protesista: E o protesista, tem também papel fundamental na finalização do tratamento dentário realizando prótese total, PPR (prótese parcial removível), PF (prótese fixa),prótese sobre implante e prótese de palato. *obs.: vale fazer um adendo que o uso das próteses palatinas como tratamento em situações que a cirurgia não é considerada uma opção primária. O tratamento protético é utilizado seja como tratamento provisório ou definitivo, sendo uma alternativa para pacientes fissurados com impossibilidade do tratamento cirúrgico. Mas existem também casos em que a próteses palatinas são contra indicadas, como em pacientes com retardo mental que não são bons candidatos para prótese; pacientes e/ou parentes de pacientes não cooperativos, pois nesses casos, não seria dada a atenção adequada à higiene e por isso não devem ser sugeridas. CONSIDERAÇÕES FINAIS As fissuras Labiopalatinas desencadeiam uma série de alterações que comprometem a fala, nutrição, audição, psicológico, estética que afetam diretamente a vida do paciente. Contudo, a atuação de equipe interdisciplinar e a participação da família no tratamento para essa malformação, é fundamental para a qualidade de vida do paciente e para o sucesso da reabilitação, pois, apesar dessa condição estar presente em uma parcela significativa da população, os portadores de fissuras labiopalatinas podem ter hábitos de vida normais.
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