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POLIFARMÁCIA NO IDOSO Polifarmácia do idoso ◦ AUMENTO DA POPULAÇÃO IDOSA ◦ AUMENTO DA SOBREVIDA ◦ AUMENTO DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS ◦ POLIMORBIDADES ◦ MAIOR ACESSO AO TRATAMENTO ◦ USO DE MEDICAMENTOS PRESCRITOS E NÃO PRESCRITOS ◦ MAIOR RISCO D EFEITOS ADVERSOS INDESEJADOS Estudos populacionais sobre utilização de medicamentos no Brasil mostram que de fato a idade avançada é um dos principais fatores de risco para ser um grande utilizador de medicamentos de uso crônico ◦ O uso de medicamentos constitui-se hoje uma epidemia entre idosos, cuja ocorrência tem como cenário o aumento exponencial da prevalência de doenças crônicas e das seqüelas que acompanham o avançar da idade, o poder da industria farmacêutica e do marketing dos medicamentos e a medicalização presente na formação de parte expressiva dos profissionais da saúde. ◦ As consequências do amplo uso de medicamentos têm impacto no âmbito clínico e econômico repercutindo na segurança do paciente ◦ No Brasil estima-se que 23% da população consome 60% da produção nacional de medicamentos, especialmente as pessoas acima de 60 anos(5) . ◦ O Estudo Saúde, Bem-estar e Envelhecimento (SABE) realizado com 2.143 idosos da cidade de São Paulo apontou que 84,3% deles usaram medicamento. ◦ Em outras cidades brasileiras de diferentes estados, observou-se que 69,1% a 85% dos idosos usava um medicamento prescrito, demonstrando a alta prevalência de consumo nesta faixa etária EVENTOS ADVERSOS PELA POLIFARMÁCIA ◦ A freqüência de eventos adversos relacionados aos medicamentos é maior nesta faixa etária, aumentando expressivamente de acordo com a complexidade da terapia. ◦ O risco de ocorrência aumenta em 13% com o uso de dois agentes, de 58% quando este número aumenta para cinco, elevando-se para 82% nos casos em que são consumidos sete ou mais medicamentos. POLIFARMÁCIA ◦ A polifarmácia definida como o uso de cinco ou mais medicamentos, aumentou de modo importante nos últimos anos, apesar de não ser uma questão contemporânea. ◦ A polifarmácia esta associada ao aumento do risco e da gravidade das RAM – reações adversas de medicamentos, de precipitar IM – interação medicamentosa, de causar toxicidade cumulativa, de ocasionar erros de medicação, de reduzir a adesão ao tratamento e elevar a morbimortalidade. REAÇÕES ADVERSAS DE MEDICAMENTOS - RAM ◦ A idade por si só não representa um fator de risco, mas um indicador para co-morbidade, pois neste grupo a farmacocinética alterada e a polifarmácia são as variáveis mais diretamente associadas as RAM. ◦ Em muitos casos o tratamento da RAM inclui a inclusão de novos medicamentos a terapêutica, elevando o risco da cascata iatrogênica. O ideal, quando possível, é realizar a suspensão ou redução da dose do medicamento. Alguns dos medicamentos ou classes terapêuticas envolvidas em RAM, que apresentam conseqüências graves nos idosos são ilustradas no Quadro abaixo INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS ◦ Uma interação ocorre quando um medicamento influencia a ação de outro. ◦ A gravidade, prevalência e possíveis consequências das IM estão relacionadas a variáveis como condições clínicas dos indivíduos, número e características dos medicamentos. ◦ Esses fatores são agravados pelo mau uso não intencional que ocorre devido a problemas visuais, auditivos e de memória. ◦ Deste modo, idosos representam o grupo mais vulnerável, visto que a maioria das IM ocorre através de processos que envolvem a farmacocinética e/ou farmacodinâmica do medicamento. ◦ A interações medicamentosas também podem estar associadas a falhas no processo de condução do tratamento medicamentoso. ◦ A definição do horário no qual o medicamento será administrado, ou seja, o aprazamento da prescrição médica, pode apresentar não conformidades. ◦ Falhas no processo de aprazamento podem conduzir a eventos adversos e por isso estudar como os medicamentos são aprazados é bastante relevante. ◦ Estudar sobre as IM pode representar um diferencial positivo na atuação do enfermeiro. Por sua responsabilidade pelo aprazamento e condução dos medicamentos prescritos o enfermeiro tem atuação indiscutível na prevenção das IM e incompatibilidades e é imprescindível que tanto as conheça como saiba identificá-las no sentido de não expor os pacientes à situações indesejadas. ◦ Estima-se que o risco de apresentar IM seja de 13% para idosos que usam dois medicamentos, de 58% para aqueles que recebem cinco. Nos casos em que o uso desses agentes é igual ou superior a sete, a incidência eleva-se para 82%. ◦ A amiodarona e a digoxina usadas por muitos idosos que apresentam doenças cardiovasculares são implicadas em IM graves que podem causar, respectivamente cardiotoxicidade e intoxicação digitálica. ◦ Muitas das IM apresentam grande magnitude podendo resultar em morte, hospitalização, injúria permanente do paciente ou insucesso terapêutico. ◦ A terapia combinada dos AINE (anti-inflamatórios não esteroidais – ibuprofeno, cetoprofeno) e diuréticos tiazídicos (furosemida), bem como dos IECA (inibidores de enzima corversora da angiotensina – enalapril, captopril) e AINE podem causar alteração da função renal, desequilíbrio eletrolítico, além de afetar a eficácia da terapia antihipertensiva. Você sabia??? Interações medicamentosas potenciais e respectivos desfechos clínicos ◦ O Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da assistência farmacêutica, tem o dever de garantir o acesso e promover o uso racional dos medicamentos. ◦ Desde 2011 está regulamentada a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), a qual compreende seleção e padronização de medicamentos indicados para atendimento de doenças ou de agravos, disponibilizados no âmbito do SUS PNAUM ◦ No Brasil, a Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso racional de Medicamentos (PNAUM) vem como uma indispensável iniciativa, por parte do Ministério da Saúde, com o intuito de instruir o planeamento do tratamento farmacológico principalmente aos idosos, bem como elencar protocolos médicos para o controle nacional de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) em todo o território nacional. Aumento na prevalência da polifarmácia em nível global, sobretudo em regiões onde há numerosas manifestações de doenças crônicas, destacando-se as cardiovasculares e metabólicas principalmente em idosos. Apesar de a faixa etária idosa dominar os casos de polifarmácia, o aumento da polimedicação em jovens, com o uso de psicotrópicos, e adultos, com esquemas terapêuticos crônicos semelhantes aos dos idosos, refletem a dinamicidade dos fenômenos epidemiológicos ao longo das gerações. CONCLUSÃO Além disso, os efeitos negativos da polimedicação, causados em sua maioria por reações e interações farmacológicas, estão influenciando de maneira direta na redução da sobrevida de pacientes, especialmente os idosos. ◦ A situação de polifarmácia não indica, necessariamente, que a prescrição de medicamentos simultaneamente esteja incorreta e sim que se faz necessária uma abordagem mais criteriosa a fim monitorizar o uso e evitar seus agravos em idosos. Enfermagem e polifarmácia ◦ Dentre as tantas atribuições do enfermeiro, está entre elas o manejo da prescrição medicamentosa. ◦ Conhecer as inúmeras medicações que serão oferecidas ao paciente, bem como suas especificidades torna-se uma tarefa hercúlea principalmente em situação de polifarmácia. ◦ O Código de Ética de Enfermagem destaca no Art. 78 a proibição ao profissional de enfermagem de “Administrar medicamentos sem conhecer indicação, ação da droga, via de administração e potenciais riscos, respeitados os graus de formação do profissional” (COFEN, 2017). ◦ Ainda, segundo parecer 036/2013 (COREN-SP, 2013), o aprazamento é atribuição do enfermeiro, que registra os horários nos quais os medicamentos devem ser administrados. ◦ A importância do aprazamento medicamentoso pelo enfermeiro é ressaltada na meta número 3 do Programa Nacionalde Segurança do Paciente (PNSP), “melhorar a segurança na prescrição, no uso e administração de medicamentos” (BRASIL, 2013), mais especificamente em relação à segurança da prescrição medicamentosa. ◦ Este processo inclui uma avaliação rigorosa diária do paciente no sentido de evitar complicações relacionadas à medicação e assegurar uma prática contextualizada na ciência. ◦ O aprazamento realizado com embasamento técnico-científico pode resultar na eficácia do tratamento. ◦ Tornam-se fundamentais políticas sociais que sejam definidas pelas necessidades de saúde da população, sobretudo dos segmentos socialmente mais vulneráveis e carentes, e que busquem trazer equidade e racionalidade no acesso à atenção à saúde e a tratamentos. Referências ◦ Rezende RWS, et al. Polifarmácia: peculiaridades epidemiológicas, efeitos e atualidades. Rev. Bra. Edu. Saúde, v. 9, n.3, p. 50-55, jul-set, 2019. ◦ Soares HS, e al. O papel do enfermeiro e a polifarmácia do idoso: uso de tecnologia para manejo de prescrição. VI Congresso Internacional de envelhecimento humano. Disponível em: https:// editorarealize.com.br/revistas/cieh/trabalhos/ TRABALHO_EV125_MD1_SA3_ID561_26052019214443.pdf ◦ Ramos LR, et al. Polifarmácia e polimorbidade em idosos no Brasil: um desafio em saúde pública. Rev Saúde Pública 2016;50(supl 2):9s.
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