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INQUÉRITO POLICIAL
Disposições legais a respeito do tema: 
I- Arts. 4. ao 23 do CPP – (Livro I Título II do CPP com as respectivas atualizações legislativas);
II- Lei 12.830/13 (dispõe sobre investigação criminal conduzida pelo Delegado de Polícia – “Estatuto do Delegado de Polícia”);
III- Lei 13.964/19 – Pacote Anticrime (alterou alguns dispositivos legais do CPP, especialmente no tocante ao inquérito policial, sendo que alguns dispositivos legais ainda se encontram com eficácia suspensa por prazo indeterminado por conta de decisão liminar do min. Luiz Fux (22.01.20), em sede de ADI);
IV- Súmulas Vinculantes do STF: SV 11 do STF (trata do uso de algemas); SV 14 do STF (trata de acesso dos advogados aos autos do inquérito policial).
Presidência do inquérito policial:
I- Polícia Judiciária (repressiva) e Polícia Administrativa (ostensiva);
II- Artigo 144 da CF – p. 4. (Polícia Civil) e p. 1. (Polícia Federal);
III- Artigo 4. do CPP – Polícia Judiciária: instituição de direito público, de função auxiliar à justiça
IV- Artigo 2. Lei 12.830/13 – “as funções de polícia judiciária e a apuração das infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas do estado”;
V- No estado de São Paulo, a carreira de Delegado de Polícia passou a ser expressamente reconhecida como carreira jurídica com a promulgação da EC 35 de 2.012, que alterou os p. 2. e 3. do artigo 140 da CE-SP, sendo que no nível federal a carreira jurídica para o Delegado de Polícia foi introduzida pela Lei 12.830/13.
Art. 140 p. 2. CE-SP -”no desempenho da atividade de polícia judiciária, instrumental à propositura de ações penais, a Polícia Civil exerce atribuição essencial à função jurisdicional do Estado e à defesa da ordem jurídica”.
 p. 3. CE-SP- “aos Delegados de Polícia é assegurada independência funcional pela livre convicção nos atos de polícia judiciária”
Finalidades do Inquérito Policial:
I- Apuração da materialidade delitiva (existência do crime) e respectiva autoria/participação delitiva;
II- Serve principalmente como “filtro do sistema de justiça criminal”: limitando e viabilizando o exercício do direito de punir do Estado em matéria penal, evitando acusações infundadas, impunidades e violações de direitos fundamentais, individuais e sociais.
Introdução ao tema e a persecução penal: violada, ao menos “a priori”, qualquer norma penal incriminadora, com a realização do fato descrito no tipo penal, surge para o Estado, abstratamente, o “jus puniendi”. Mais do que uma pretensão, trata-se de um dever do Estado-Juiz de punir os infratores da lei penal, restabelecendo a paz social afrontada pelo comportamento transgressor.
 Contudo, a atividade persecutória no Brasil não se cinge apenas à fase processual. Ela é integrada por dois momentos distintos: uma investigação preliminar seguida de uma fase processual, sendo que a primeira delas, em regra, realiza-se, por intermédio do inquérito policial, conduzido pela Polícia Judiciária e presidido por um Delegado de Polícia de carreira, seja no âmbito estadual quanto no âmbito federal.
FASE DE INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR:
Inquéritos extrapoliciais: a investigação criminal, via de regra, é promovida pela Polícia Judiciária (cf. artigo 4º caput do CPP). Contudo, nos termos do disposto no parágrafo único do mencionado artigo, tal investigação preliminar NÃO é realizada apenas e tão somente pela Polícia Judiciária. Há, contudo, outras formas de investigações criminais que não são realizadas pela Polícia Judiciária, desde que tais atribuições investigativas estejam devidamente previstas em lei, como por exemplo:
a) o inquérito realizado pelas autoridades militares para apuração de infrações penais de competência da Justiça Militar, nos termos do artigo 8º do CPPM (IPM); 
b) as investigações efetuadas pelas Comissões Parlamentares de Inquérito, de acordo com o disposto no artigo 58 p. 3º da CF (CPIs); 
c) inquéritos contra membros do Ministério Público (presidido pelo Procurador Geral de Justiça, cf. art. 41 da LONMP); 
d) inquéritos contra juízes de direito (presidido por desembargador sorteado, cf. art. 33 da LOMN); 
e) investigação particular (Lei 13.432/17) – dispõe sobre o exercício da profissão de detetive particular, sendo que a referida lei afirma que este profissional pode colaborar com investigação policial em curso, desde que expressamente autorizado pelo contratante, sendo que o aceite da colaboração ficará a critério do Delegado de Polícia, que poderá admití-lo ou rejeitá-lo a qualquer tempo (art. 5º p. único), vedando-se expressamente que tal profissional participe diretamente de diligências policiais (art. 10, IV);
f) investigação defensiva realizada por Advogados visando a instrução de procedimentos administrativos e judiciais, que poderiam realizar diligências investigatórias, ressalvadas as hipóteses de reserva de jurisdição (Provimento 188/2018 da OAB).
Investigação criminal presidida pelo Ministério Público: parte da doutrina, a exemplo do prof. Guilherme de Souza Nucci apresenta inúmeros argumentos contrários à investigação criminal presidida pelo Ministério Público, todos rechaçados pela doutrina majoritária, de maneira que o próprio STF recentemente se manifestou pela possibilidade desta investigação, na esteira da Resolução 13/06 do CNMP, o qual em julgamento ao Recurso Extraordinário nº 593727/MG foi reconhecida repercussão geral da matéria, assegurando-se a investigação criminal pelo “Parquet”, desde que sejam devidamente resguardados os direitos do investigado, incluindo acesso aos meios de provas, respeitados os limites definidos na Súmula Vinculante 14 do STF, observando-se as hipóteses de cláusula de reserva constitucional de jurisdição, bem como respeitando as prerrogativas profissionais asseguradas aos Advogados e sendo ainda a investigação realizada necessariamente dentro de prazo razoável, sujeito ao permanente controle do Poder Judiciário. Outrossim, vale ainda observarmos o disposto na Súmula 234 do STJ, a qual dispõe no sentido de que “a participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarretará o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia”.
Investigações de autoridades que possuem foro por prerrogativa de função: parte da doutrina, pouco habituada às investigações dessa natureza tem defendido que a investigação pré-processual de pessoas detentoras de foro por prerrogativa de função deva ser conduzida pelos magistrados que oficiem perante os Tribunais competentes para processá-los criminalmente. Todavia, a ausência efetiva de normas constitucionais e infraconstitucionais (exceção feita à Lei Orgânica da Magistratura Nacional e Lei Orgânica do Ministério Público) acerca da investigação de autoridades que possuam prerrogativa de foro nos leva a concluir que a mesma deva ser conduzida segundo a regra geral, ou seja, pelas respectivas autoridades policiais. Em tais casos, cabe apenas observar que o correlato inquérito policial deve ser consequentemente remetido no prazo legal ao Tribunal com respectiva competência para processar e julgar o investigado, adotando-se o mesmo procedimento nas representações para prática de atos sujeitos à reserva constitucional de jurisdição (medidas cautelares, quebra de sigilo, etc.). Também não há que se falar em necessidade de autorização prévia dos Tribunais para instauração do respectivo inquérito policial, pois não compete a eles a valoração da notícia do crime. Tampouco, há que se invocar os regimentos internos dos nossos tribunais. Com efeito, as normas regimentais mencionadas, embora se refiram a autoridades sujeitas à jurisdição daqueles tribunais, fazem referência apenas e tão somente aos crimes cometidos nas dependências dos Tribunais (art. 43 do Regimento Interno do STF). Dessa forma, ao permitir a realização de investigações criminais por seus ministros (justamente em casos envolvendo grandesautoridades da República), o STF coloca em xeque o sistema acusatório, único apto a resguardar a necessária imparcialidade do juiz.
Cláusula de reserva de jurisdição e compartilhamento com autoridades policiais de dados bancários e fiscais do contribuinte obtidos pela Receita Federal e pela Unidade de Inteligência Financeira (UIF): 
 Em data de 04.12.2019 o Plenário do STF aprovou a tese de repercussão geral no Recurso Extraordinário nº 1055941, no qual foi validado o compartilhamento com o Ministério Público e com autoridades policiais dos dados bancários e fiscais do contribuinte obtidos pela Receita Federal e pela UIF (Unidade de Inteligência Financeira), antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), sem a necessidade de autorização prévia do Poder Judiciário.
Acordo de não persecução penal (artigo 28-A CPP): 
 Trata-se de instituto hoje devidamente positivado pelo Código de Processo Penal por conta das alterações legislativas promovidas pelo Pacote Anticrime, definido como sendo o ajuste passível de ser celebrado antes do início da ação penal (ou seja, da persecução penal em juízo), no âmbito da investigação criminal, entre o Ministério Público e o investigado (acompanhado do respectivo defensor) e que, uma vez homologado judicialmente e cumpridas as condições impostas, enseja a consequente extinção da punibilidade.
							 São considerados requisitos legais para a celebração do acordo de não persecução penal:
a) não ser caso de arquivamento da investigação criminal;
b) exigência de confissão formal e circunstanciada do investigado;
c) infração penal cometida sem violência ou grave ameaça e com pena mínima cominada inferior a 04 anos;
d) o acordo ser necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime;
e) cumprimento das condições ajustadas cumulativa ou alternativamente previstas nos incisos do artigo 28-A do CPP. Vejamos: reparação do dano ou restituição da coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; renúncia voluntária a bens e direitos indicados pelo MP como instrumentos, produto ou proveito do crime; prestação de serviço à sociedade; pagamento de prestação pecuniária; cumprimento de outra condição indicada pelo MP, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. 
Conceito de Inquérito Policial: é um procedimento administrativo investigatório prévio/ exercido pela Polícia Judiciária/, formado por um conjunto de diligências (rol exemplificativo do artigo 6º CPP)/, tendo como finalidade a obtenção de provas para apuração da materialidade das infrações penais e das suas respectivas autorias/, fornecendo subsídios ao Ministério Público ou ao querelante para a formação de sua “opinio delicti” (destinatário imediato)/, bem como para o magistrado (destinatário mediato)/ e visando ainda à perfeita aplicação da lei penal, quando do exercício da sua função jurisdicional.
 Serve ainda o inquérito policial, conforme já consignado, como filtro do sistema de justiça criminal, limitando e viabilizando o exercício do poder de punir do Estado em matéria penal, dentro das balizas constitucionais e legais, evitando acusações infundadas, impunidades e especialmente violações de direitos fundamentais, individuais e sociais.
Polícia Judiciária ou de atuação repressiva: trata-se de instituição de direito público, de função auxiliar à justiça, que possui a finalidade de apurar a materialidade das infrações penais e suas respectivas autorias delitivas, a fim de oferecer ao respectivo titular da ação penal elementos necessários para propô-la. Difere diametralmente da polícia administrativa, a qual tem atuação eminentemente ostensiva, ou seja, preventiva.
É atribuída, no âmbito estadual e do distrito federal às Polícias Civis, dirigidas por Delegados de Polícia de carreira; Já no âmbito federal, é atribuída à Polícia Federal também dirigida por seus respectivos Delegados Federais (art. 144 par. 1º, inciso IV da CF). 
Preceitua ainda o art. 2. da Lei 12.830/13 que “as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas do Estado”.
A atribuição para apuração das infrações penais, por meio do inquérito policial, seguirá, em um primeiro momento o critério territorial (delimitando a circunscrição pelo local onde o crime se consumou), mas também existe o critério material (existência de Delegacias de Polícia Especializadas na apuração de determinadas infrações penais como Delegacia especializada em crimes cibernéticos) e ainda o critério pessoal (que leva em consideração a qualidade da vítima para efeito de fixação de circunscrição - ex. Delegacia de Defesa da Mulher, Delegacia do Idoso, Delegacia da Infância e Juventude). 
Provas produzidas na fase da investigação policial: as provas produzidas na fase de investigação, em regra, se prestam em um primeiro momento a fundamentar o oferecimento da ação penal, não se valendo por si só para embasar uma futura sentença penal condenatória, haja vista que se exige para tanto, como regra, a repetição de tais provas ao longo da instrução processual, agora sob o crivo do contraditório e ampla defesa. É a inteligência extraída do artigo 155 caput do CPP.
						 	 Excepcionalmente, nos termos do referido dispositivo processual penal, porém, é admissível exclusivamente a utilização de provas produzidas no inquérito policial para a formação da convicção do magistrado, desde que tais provas sejam cautelares (aquelas que em razão da urgência e necessidade devem ser praticadas, sob pena de os elementos serem perdidos ex. busca e apreensão), não repetíveis (aquelas que não podem ser reproduzidas durante a fase processual, em razão de impossibilidade material - ex. exame de corpo de delito em um crime que deixou vestígios) e antecipadas (são as provas produzidas em incidente pré-processual que tramita perante um magistrado, havendo a efetiva participação das futuras partes, respeitando dessa forma, o contraditório e ampla defesa, o que legitimará a utilização de tais provas na fase processual - ex. oitiva de testemunha presencial de determinado crime que se encontra em estado de vida terminal e que, portanto, possivelmente não poderá ratificar seu depoimento posteriormente em juízo, comprometendo a apuração real dos fatos). 
Juiz das garantias – (arts. 3º-B a 3º-F do CPP com redação dada pela Lei 13.964/19): 
						 Com a reforma do CPP promovida pela Lei Anticrime que deu redação aos referidos artigos supra referidos, os quais ainda se encontram com eficácia suspensa por conta de decisão monocrática do STF, o fato é que o artigo 3º-B do CPP assevera que “o juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário”.
						 Assim, verifica-se que o juiz de garantias tem por finalidade na fase de investigação, simplesmente resguardar os direitos fundamentais dos envolvidos, analisando as diligências que devam ser realizadas e que atinjam direito fundamental do indivíduo e que, portanto, demandam autorização judicial (cláusulas de reserva constitucional de jurisdição), como nos casos de interceptação telefônica (mitiga a privacidade e intimidade do sujeito), busca e apreensão domiciliar (mitiga a inviolabilidade do domicílio) e prisões cautelares (mitigam a liberdade de locomoção do indivíduo).
						 O referido artigo 3º-B do CPP elenca ainda um rol exemplificativo de medidas a serem tomadas pelo juiz das garantias, restando imprescindível advertir que o referido magistrado também não está autorizado a atuar de forma inquisitiva, colocando-se à frente das partes na colheita das provas.Ainda sobre o assunto, importante consignar que o juiz das garantias não deve atuar em toda e qualquer investigação criminal. Logo, para a doutrina, são apontados os seguintes casos em que não haverá a participação deste juiz: em infrações de menor potencial ofensivo (art. 3º-C do CPP); em competência originária dos tribunais (em razão do princípio da especialidade, a Lei 8.038/90 não prevê o juiz de garantias quando a atuação judicial se dá por órgãos colegiados). Já para a jurisprudência também não se aplica o juiz de garantias para: os processos de competência originária dos tribunais, regidos pela Lei 8.038/90; processos de competência do Tribunal do Júri; casos de violência doméstica e familiar; processos criminais de competência da Justiça Eleitoral.						
Características principais do inquérito policial: 
a) procedimento administrativo de caráter investigatório – aqui devemos entender a expressão “procedimento” em sentido amplo, como sendo sinônimo de atividade, pois em sentido estrito, procedimento deve ser entendido como a marcha ou rito do processo. Assim, sabendo que o inquérito policial não é processo e que também não possui um rito legal pré-estabelecido (procedimento discricionário do delegado de polícia durante a investigação), não podemos conceituá-lo como sendo procedimento em seu sentido estrito. Outrossim, a referida atividade é eminentemente administrativa, pois presidida por uma autoridade também administrativa, qual seja, o Delegado de Polícia e com fins de investigação criminal.
b) é informativo – uma vez que se trata de um conjunto de peças de informações qualificadas (acerca da materialidade e da respectiva autoria/participação delitiva);
c) é preparatório – porque o inquérito policial prepara, ou seja, embasa a futura e eventual ação penal a ser levada a juízo por meio da denúncia ou queixa-crime;
d) trata-se de atividade obrigatória e indisponível para o Delegado de Polícia (arts. 6º e 17 do CPP) – dessa forma, o Delegado de Polícia, nos casos em que tomar conhecimento de uma “notitia criminis” apurada por meio de ação penal pública incondicionada, em que não se enquadre em infração de menor potencial ofensivo, deverá instaurar de ofício o inquérito policial e uma vez instaurado, não poderá jamais arquivá-lo;
e) é dispensável para o órgão do Ministério Público ou para o ofendido – uma vez que o titular do direito de ação poderá dispensar o inquérito policial para embasar o oferecimento de tal ação penal, desde que o Promotor de Justiça ou o ofendido, nos crimes de ação penal de iniciativa privada, já possuam elementos idôneos de convicção necessários para a propositura da respectiva ação penal . 
f) é escrito (art. 9º do CPP) – todas as peças do inquérito deverão ser reduzidas a escrito ou datilografadas e neste caso rubricadas pela autoridade. Quanto aos atos orais, estes devem ser reduzidos a termo. Contudo, a doutrina afirma que tal característica está evidentemente mitigada com o disposto no artigo 405 p. 1º e 2º do CPP com redação dada pela Lei 11.719/08. Isso porque, embora este dispositivo legal se refira à gravação de audiência de instrução e julgamento, etapa da fase judicial da persecução penal, permite o registro dos depoimentos pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, do investigado e indiciado (além do ofendido e testemunhas), figuras presentes apenas na fase do inquérito policial, motivo pelo qual entendemos também se aplicar na fase de investigações.
g) é sigiloso (art. 20 CPP) – o sigilo no inquérito policial foi concebido pelo em prol da sociedade e da investigação criminal e não do investigado. Assim, terá a autoridade policial discricionariedade, durante o tramitar do inquérito policial, para decidir acerca da decretação ou não do sigilo das investigações, tendo por pressupostos os interesses da sociedade e da investigação realizada. 
PERGUNTA : O sigilo do inquérito policial poderá ser oposto ao órgão do Ministério Público e ao Advogado do investigado ? 
 A questão é tratada da seguinte forma: ao Ministério Público não poderá ser oposto o sigilo, pois será ele o próprio destinatário imediato do inquérito policial. Aqui vale frisar ainda o disposto no art. 26, inciso IV da Lei 8625/93- LOMP, a qual preceitua que o sigilo do inquérito policial não poderá ser oposto ao órgão do Ministério Público;
 Aos Advogados: desde o ano de 2.009 com a edição da Súmula Vinculante 14 do STF, “o defensor pode ter acesso às diligências já documentadas no inquérito policial, que digam respeito ao exercício do direito de defesa”. Isto significa que quanto ao conteúdo já documento nos autos, jamais poderá haver sonegação de informações ao Advogado, que, no entanto, não terá direito a acompanhar as investigações ainda não materializadas em sede de inquérito policial. Na mesma esteira a Lei 13.245/16 alterou o EOAB passando a prever em seu artigo 7. inciso XIV que é direito do Advogado “examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital”.
h) incomunicabilidade do indiciado (art. 21 CPP): há entendimento de que o referido dispositivo legal não teria sido recepcionado pela atual Constituição Federal, que veda a incomunicabilidade do preso inclusive durante o estado de defesa (estado de exceção ao Estado Democrático de Direito, onde se permite a limitação de direitos individuais). Assim, se a CF veda tal incomunicabilidade até mesmo em estado de exceção, não há qualquer argumento para se admitir tal incomunicabilidade em situações de perfeita normalidade. Ademais, nem o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) permite a incomunicabilidade do investigado, nos termos da lei 10.792/03.
i) oficiosidade (é obrigatória a instauração de inquérito policial pelo Delegado de Polícia diante da notícia de uma suposta infração penal, salvo no caso de ação penal pública condicionada e de ação penal privada, casos estes em que deverão estar presentes as respectivas condições específicas de procedibilidade ou ainda nos casos de infrações penais de menor potencial ofensivo, onde o inquérito policial será, em regra, substituído por um Termo Circunstanciado de Ocorrência); 
j) autoritariedade - o inquérito policial é presidido por uma autoridade pública, no caso a autoridade policial, ou seja, pelo Delegado de Polícia de carreira; 
l) é inquisitivo – pois no inquérito policial não há acusação formal, não há partes e especialmente pelo fato de que os poderes investigatórios estão concentrados nas mãos de uma única autoridade, qual seja, do Delegado de Polícia. Logo, não se aplicam, ao menos em regra, ao instituto do inquérito policial os princípios do contraditório e da ampla defesa. Sua natureza inquisitiva é evidenciada pela disposição do artigo 107 do CPP, que proíbe a arguição de suspeição das autoridades policiais, bem como pelo artigo 14 do CPP, que permite à autoridade policial indeferir qualquer diligência requerida pelo ofendido ou pelo indiciado (exceto o exame de corpo de delito, à vista do disposto no artigo 184 do CPP).
m) inexistência de nulidades - sendo o inquérito policial um procedimento administrativo informativo e não ato de jurisdição, os vícios nele acaso existentes não afetam jamais a ação penal a que deu origem. A desobediência às formalidades legais pode acarretar apenas a ineficácia do ato em si (prisão em flagrante, por exemplo, se ilegal, deve ser relaxada), mas não influi na ação penal já iniciada.
“NOTITIA CRIMINIS” - é o conhecimento espontâneo ou provocado, por parte da Autoridade policial, de um fato aparentemente criminoso. É com base neste conhecimento, que a referida autoridade dá início às investigações. São espécies:
a) “notitiacriminis” de cognição direta ou imediata (espontânea ou inqualificada) - ocorre quando a autoridade toma conhecimento direto do fato, por meio das suas atividades rotineiras, de jornais, por comunicação feita pela polícia preventiva ostensiva, ou ainda por meio de uma simples denúncia anônima;
b) “notitia criminis” de cognição indireta ou mediata (provocada ou qualificada) - ocorre quando a autoridade toma conhecimento do fato por meio de algum ato jurídico de comunicação formal (delação; requisição do magistrado; representação do ofendido); 
c) “notitia criminis” de cognição coercitiva – ocorre no caso de prisão em flagrante, em que a notícia do crime se dá com a respectiva apresentação do autor dos fatos à autoridade policial.
Início do inquérito policial :
O inquérito policial poderá ser instaurado de diversas formas, de acordo com o disposto no artigo 5º do CPP, a saber:
a) de ofício pela autoridade policial (materializada mediante portaria do Delegado de Polícia); 
b) por requisição do Juiz de Direito ou do Promotor de Justiça (pelo termo requisição, segundo a melhor doutrina, não se deve entender como sendo sinônimo de ordem, pois nem o representante do Ministério Público, nem o Juiz de Direito são superiores hierárquicos do Delegado de Polícia, motivo pelo qual não lhes podem proferir ordens. Assim, “requisição” de instauração de IP é segundo a lição do professor e desembargador Guilherme de Souza Nucci, nada mais que um “REQUERIMENTO LASTREADO EM LEI”, fazendo com que a autoridade policial cumpra a norma e não a vontade particular da pessoa do Promotor de Justiça ou do Magistrado. Assim, caso tal requisição não possua justa causa, deverá a autoridade policial deixar de instaurar o respectivo inquérito policial. Todavia, existem autores, que ainda defendem que a requisição tem o sinônimo de ordem.
c) por requerimento do ofendido ou de seu representante legal (caso em que o pedido poderá ser indeferido, através da discricionariedade do Delegado de Polícia, cabendo eventualmente recurso administrativo inominado, nos termos do art. 5. p. 2. do CPP, ao Chefe de Polícia, onde há entendimento prevalente, ao menos do estado de São Paulo, que este seria o Delegado Geral de Polícia);
d) notícia por qualquer do povo – artigo 5. p. 3. do CPP. Ela se materializa por uma “delatio criminis simples”, ou seja, por uma comunicação verbal ou por escrito à autoridade policial feita por qualquer do povo.
e) pela lavratura do auto de prisão em flagrante delito.
Instauração de inquérito policial com base em denúncia anônima (apócrifa/“notitia criminis inqualificada”):
								A princípio, como a CF no seu artigo 5º inciso IV veda o anonimato, não seria possível admitir a instauração de um inquérito policial com base unicamente em uma denúncia anônima, até porque a instauração de inquérito policial com base em algo inexistente pode ensejar o crime de denunciação caluniosa e se o agente é anônimo não há como sequer processá-lo por esse crime, além do que não justificaria métodos invasivos de investigação como uma busca e apreensão ou mesmo uma eventual interceptação telefônica. Essa é a posição firmada pelo STF (HC 95244). Todavia, deverá o Delegado de Polícia a partir de tal denúncia anônima, realizar diligências preliminares para apurar a real procedência das informações (VPI – verificação de procedência de informações) obtidas anonimamente e, aí então, a partir da confirmação de credibilidade de tais informações, instaurar o procedimento investigatório propriamente dito, nos termos do disposto no artigo 5º p. 3º do CPP.
Diligências – artigos 6. e 7. do CPP, bem como os artigos 13-A e 13-B do CPP. Esses dispositivos do CPP elencam um rol meramente exemplificativo de diligências a serem encetadas pela autoridade policial no bojo de um inquérito policial.
 Artigos 13-A e 13-B do CPP (redações dadas pela Lei 13.444/16) – Dispõe inicialmente o artigo 13-A do CPP que nos crimes de sequestro, redução à condição análoga à de escravo, tráfico de pessoas e art. 239 do ECA (promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância de formalidades legais ou com objetivo de obter lucro), o MP ou o Delegado de Polícia poderão requisitar a quaisquer órgãos do poder público ou de empresas privadas, dados e informações cadastrais da vítimas ou suspeitos, devendo a requisição ser atendida no prazo de 24 horas. (lembrar que a Lei 12.830/13 em seu artigo 2. p. 2. já dispunha que durante a investigação criminal, cabe ao Delegado de Polícia, independentemente de autorização judicial, a requisição de informações e documentos que interessem à apuração dos fatos. Na mesma esteira, o art. 15 da Lei 12.850/13 que trata da organização criminosa). 
No tocante ao artigo 13-B do CPP, o legislador dispõe que se necessário à prevenção e repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o MP ou o Delegado de Polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviços de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente as ERBs (estações rádio-bases) para localização das vítimas ou dos suspeitos do crime. Esclarece ainda o p. 4. do referido artigo que não havendo manifestação judicial no prazo de 12 horas, a autoridade competente (MP ou Delegado de Polícia) requisitará diretamente às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados para localização da vítima ou dos suspeitos do delito, com imediata comunicação ao juiz. 
Quanto à reprodução simulada dos fatos (art. 7. do CPP) vale salientar que não se admite medidas coercitivas contra o investigado no sentido de obrigá-lo a produzir provas contra si mesmo (princípio que veda a autoincriminação), bem como também não poderá ser realizada a referida diligência nos casos em que afronte a moralidade ou a ordem pública.
Escuta especializada e depoimento especial: A lei 13.431/17 que alterou o ECA estabeleceu o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência, buscando evitar a revitimização dos mesmos. Assim, devemos entender por escuta especializada o procedimento de entrevista sobre situação de violência com criança ou adolescente perante o órgão de proteção, limitado o relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua respectiva finalidade, enquanto depoimento especial é o procedimento de oitiva de criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária para fins de persecução penal.
Indiciamento: é o ato pelo qual o Delegado de Polícia atribui ao investigado, até então, mero suspeito, a prática do delito, sendo tal ato administrativo, privativo do Delegado de Polícia e fruto do resultado concreto da convergência de indícios que apontam determinada pessoa como provável autor de um fato tipificado no ordenamento jurídico como infração penal.
 Decisão de indiciamento: despacho fundamentador do Delegado de Polícia: conforme preceitua o § 6º do art. 2º da Lei n. 12.830/13 (Estatuto do Delegado de Polícia), deverá o Delegado de Polícia fundamentar o ato do indiciamento, mediante análise técnico-jurídica do fato, indicando a autoria, a materialidade e suas respectivas circunstâncias.
O ato do indiciamento desguarnecido de qualquer lastro em elemento de informação de materialidade e autoria delitiva pelo Delegado de Polícia, configura, ao menos em tese, segundo entendimento firmado pela 6. Turma do STJ como constrangimento ilegal, sanável por via de habeas corpus. 
Vícios/irregularidades no inquérito policial – são defeitos decorrentes do descumprimento da lei ou da própria Constituição Federal. Todavia, estes vícios ocorridos em sede de instrução do inquérito policial não tem o condão de macular a futura ação penal eventualmente interposta. Logo, a doutrinaaponta que os vícios do inquérito policial são endoprocedimentais, ou seja, apenas e tão somente repercutem dentro do próprio inquérito policial. Podemos citar como exemplo de vício um inquérito policial encerrado e encaminhado ao juízo sem o respectivo relatório, em desobediência ao disposto no artigo 10 p. 1. do CPP.
Avocação ou redistribuição do inquérito policial: está regulamentado no artigo 2. p. 4. da Lei 12.830/13, sendo admitido apenas e tão somente quando o superior hierárquico, por meio de despacho fundamentado, invocar motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação.
Prazo para conclusão do inquérito policial: regra: a) em 30 dias no caso de indiciado solto (art. 10 caput CPP), caso em que é possível a prorrogação do prazo pelo Juiz de Direito sempre que o inquérito não estiver concluído dentro do respectivo prazo e ainda houver diligências a serem realizadas; b) 10 dias no caso de indiciado preso, contados da data da efetivação da prisão, oportunidade em que tal prazo será improrrogável (art. 10 “caput” do CPP), sob pena de configurar constrangimento ilegal à liberdade de locomoção do indiciado, sanável pela via do “habeas corpus”. Todavia, o art. 3º-B p. 2º do CPP, com redação dada recentemente pelo Pacote Anticrime, passou a estabelecer que se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o MP, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito policial por até 15 dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada. Logo, para superar este conflito aparente de normas, é preciso invocar o princípio da posteridade (norma posterior revoga norma anterior), daí porque deve prevalecer o teor do artigo 3º-B par. 2º CPP (todavia, atualmente com eficácia liminarmente suspensa pelo STF), sendo portanto, possível, nos termos da lei, a prorrogação do inquérito policial de investigado preso por até 15 dias (10 dias+15 dias), ou (15 dias+15 dias), segundo entendimento de parte dos doutrinadores.
 Tais prazos admitem exceções (leis especiais), tais como nos casos de crimes praticados contra a economia popular (10 dias, esteja o indiciado preso ou solto); nova Lei de Drogas (lei 11.343/06 em seu artigo 51, onde o prazo será de 30 dias para indiciado preso e 90 dias para indiciado solto, podendo tal prazo ser duplicado pelo magistrado mediante requerimento justificado da autoridade policial).
 OBS: O prazo para a conclusão do inquérito policial deverá ser contado de acordo com a regra esculpida no artigo 798 par. 1º do CPP, ou seja, desprezando-se o dia inicial e incluindo-se o dia final do prazo. Também não se aplica a regra de que se o dia inicial cair numa sexta-feira, a contagem se inicia no primeiro dia útil, uma vez que na Polícia Judiciária há expediente aos sábados, domingos e feriados, devido a existência dos plantões policiais.
Valor probante do inquérito policial: tem valor relativo, eis que os elementos informativos não são colhidos sob a égide do contraditório e da ampla defesa, nem tão pouco na presença do juiz de direito, por ocasião do devido processo legal. Adquirem força probatória quando renovadas as provas em juízo, salvo no tocante aos exames de corpo de delito, que até mesmo ensejam a nulidade da ação penal quando não realizados na ocasião oportuna, nos casos das infrações penais que deixam vestígios. 
Tal valor probante passou, com a vigência da Lei 11.690-08 a estar devidamente positivado no artigo 155 caput do CPP, onde ficou expresso a impossibilidade do juiz fundamentar sua decisão exclusivamente com base nos elementos colhidos na fase de investigação.
Identificação criminal – Inicialmente, cumpre esclarecer que a identificação criminal é gênero, do qual são espécies a identificação datiloscópica e a identificação fotográfica. O artigo 5º, inciso LVIII da CF preceitua que o indivíduo civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. Assim, a mencionada lei referida pelo dispositivo constitucional é atualmente a Lei 12.039/09, sendo que no seu artigo 2º especifica os tipos de documentos que podem ser utilizados para a identificação civil (carteira de identidade, carteira de trabalho, carteira profissional, passaporte, careira funcional ou qualquer outro documento público que permita a identificação do indiciado) e no seu artigo 3º elenca as hipóteses em que é possível a identificação criminal (documento apresentando rasura ou indício de falsificação, documento incapaz de identificar o indiciado, indiciado portar documentos de identidade distintos com informações conflitantes, a identificação criminal for essencial às investigações policiais, constar de registros policiais o uso de outros nomes e quando o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais).
							 De acordo com a lei 12.654/12 (Lei do Perfil Genético), na hipótese da identificação criminal ser essencial para as investigações policiais, aquela poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético. Essa permissão, no entanto, merece ser lida à luz do princípio constitucional da não autoincriminação, daí porque a coleta de material genético, em tese, somente ocorreria se o agente autorizasse, embora o STJ já tenha decidido que a identificação criminal por meio da coleta de material genético prevista no artigo 9º-A da Lei 12.654/12, possível tanto na fase de investigação quanto após a condenações por crimes dolosos com grave violência ou hediondo, não ofende a garantia constitucional da não autoincriminação (STJ, HC 407.627). 
Direito de defesa dos agentes de segurança pública e das forças armadas em investigação criminal: (artigo 14-A CPP com redação dada pelo Pacote Anticrime) - este dispositivo inserido no CPP pretende conferir aos agentes de segurança listados no artigo 144 da CF, bem como aos servidores militares do artigo 142 da CF (Forças Armadas), desde que nesta última hipótese os fatos digam respeito à missões para a garantia da lei e da ordem, quando figurarem como investigados em qualquer investigação criminal cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício da atividade profissional, de forma consumada ou tentada o direito de defesa, nos termos da Súmula Vinculante 14 do STF. Assim de maneira bastante atabalhoada, a novel legislação prevê uma defesa técnica inócua, sem repercussões práticas, retardando ainda mais o andamento de tais investigações, já que o investigado deverá ser “notificado” (“citado”, nos termos do disposto no p. 1. do artigo 14-A do CPP) da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor em 48 horas, sem o qual deverá o Delegado de Polícia intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à data do fato, para que esta indique o respectivo defensor em até 48 horas para a representação do aludido investigado.
Relatório final do inquérito policial- a autoridade policial, ao final do inquérito policial, deverá relatar minuciosamente tudo quanto apurado nas investigações (art. 10 p. 1º do CPP), como forma de prestação de contas do Estado-investigação à sociedade. Entendemos ainda que deverá o Delegado de Polícia apresentar os fundamentos para sua convicção jurídica (todos os elementos do delito, tipicidade, ilicitude e culpabilidade). Interessante consignar que o artigo 52, I da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas), exige expressamente que o Delegado de Polícia no momento do relatório final apresente a classificação jurídica motivada, relatando sumariamente as circunstâncias do fato, indicando a quantidade e natureza da substânciaapreendida, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente. Concluído o relatório final, este deverá juntamente com os instrumentos do crime e demais objetos apreendidos em sede do inquérito policial serem devidamente encaminhados ao juízo competente nos termos do disposto no artigo 11 do CPP.
Arquivamento e desarquivamento do inquérito policial:
O controle de arquivamento do inquérito policial foi matéria radicalmente alterada pelo Pacote Anticrime, de modo que nos termos do disciplinado no novel artigo 28 do CPP, continua sendo promovido pelo Ministério Público, mas ele deixou de ser dirigido ao juiz de direito para fins de homologação, passando a ser dirigido no âmbito interno da própria instituição (na esfera estadual: por analogia, ao Conselho Superior do Ministério Público, que já é o órgão de revisão do MP em sede de inquérito civil).
							 Com a alteração legislativa ora mencionada, o ato de arquivamento do inquérito policial passou a ser de atribuição do Ministério Público e não mais do juiz de direito, devendo ainda o MP comunicar a vítima, o investigado e a autoridade policial e também o juiz de garantias, embora a lei não trate da comunicação do magistrado. Com isso, deixou de existir uma decisão judicial de arquivamento, daí porque não há que se falar em formação de coisa julgada material, nem formal, passando a figurar como ato meramente administrativo, permitindo, porém o desarquivamento do inquérito policial agora como ato privativo do Ministério Público, não necessitando, portanto, qualquer autorização judicial para tanto, desde que surjam novas provas. (dispositivo do CPP com eficácia suspensa liminarmente pelo STF). Todavia, como o referido dispositivo processual penal ainda se encontra em eficácia suspensa, vigora a redação anterior, no sentido de que o arquivamento do inquérito policial pelo juiz de direito faz coisa julgada formal, ou seja, as investigações podem ser reabertas caso surjam novas provas, com exceção de casos como de arquivamento por exclusão de ilicitude e dirimente de culpabilidade em que predomina o entendimento de que fariam coisa julgada material, não permitindo a reabertura de tais investigações policiais.
Princípio da devolução no inquérito policial – refere-se à aplicação do revogado, mas ainda em vigência, artigo 28 do CPP (anterior à edição da Lei 13.964/19), quando o juiz devolvia o inquérito policial ao Ministério Público, através do Procurador Geral de Justiça no caso de não concordar com o pedido de seu arquivamento formulado pelo membro do Ministério Público. Neste caso, caberia ao próprio Procurador Geral de Justiça, não concordando com o pedido do Promotor, oferecer a denúncia, requisitar novas diligências ou ainda indicar outro Promotor de Justiça, como “longa manus” para oferecê-la. No entanto, concordando com o pedido de arquivamento, insistiria em tal pedido, nada mais podendo fazer o magistrado, uma vez que a formação da “opinio delicti” seria atribuição exclusiva do Ministério Público.
						
		 Prof. Alexandre Cassola

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