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Pré Camara em MCI - 3 - Ciclo Otto

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Proceedings of the 1
st
 Iberic Conference on Theoretical and Experimental Mechanics and Materials / 
11
th
 National Congress on Experimental Mechanics. Porto/Portugal 4-7 November 2018. 
Ed. J.F. Silva Gomes. INEGI/FEUP (2018); ISBN: 978-989-20-8771-9; pp. 33-44. 
 
 
-33- 
PAPER REF: 7333 
 
 
ANÁLISE DA COMBUSTÃO EM UM MOTOR SI COM UM SISTEMA 
DE IGNIÇÃO COM PRÉ-CÂMARAS DE MISTURA HOMOGÊNEA 
 
Vinícius Rückert Roso, Carlos Edurado Castilla Alvarez(*), Jose Guilerme Coelho Baeta, 
Ramon Molina Valle 
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil 
(*)
Email: ing.carlos.ufps@gmail.com 
 
 
RESUMO 
Políticas ambientais e o custo do combustível tem direcionado o desenvolvimento de novas 
tecnologias de motores de combustão interna. Pesquisas afirmam que os sistemas de ignição 
com pré-câmara apresentam uma alternativa efetiva para garantir a queima de misturas ar-
combustível e dessa forma, obter redução do consumo especifico de combustível e controle de 
emissões. Por este motivo, o objetivo deste trabalho é comparar a combustão de um motor SI 
com sistema convencional de ignição e o mesmo motor utilizando um sistema de ignição com 
pré-câmaras de mistura homogênea. Os ensaios experimentais foram realizados um motor de 
combustão interna multi-cilindros de ignição por centelha Ford Sigma 1.6 L, instalado e 
instrumentado em uma sala dinamométrica. Os testes realizados consistiram em impor uma 
rotação e um fator lambda constante para diferentes valores de IMEP, utilizando o etanol 
como combustível. Com isto foi possível identificar que o uso do sistema de ignição com pré-
câmara resulta em uma maior energia disponível para iniciar a combustão da mistura, além de 
reduzir a duração da combustão. Estes fatores podem ser atribuídos ao incremento da 
turbulência na câmara de combustão principal, gerada pelos jatos de gases com alta energia 
química e cinética que são expelidos da pré-câmara. 
Palavras-chave: Ignição com pré-câmara, motor de combustão interna, combustão, etanol. 
 
INTRODUÇÃO 
A frota nacional de veículos terrestres atualmente é superior a oitenta milhões de veículos, 
tendo crescido nos últimos dez anos mais do que o dobro da média de crescimento mundial 
[1]. Embora a utilização dos MCI (motores de combustão interna) seja primordial para o 
desenvolvimento socioeconômico de um país, o crescimento da frota de veículos traz como 
consequências o agravamento das mudanças climáticas, os efeitos adversos à saúde humana e 
o aumento da preocupação com a segurança energética dos países. 
Os principais componentes tóxicos presentes nos gases de exaustão são o monóxido de 
carbono (CO), os hidrocarbonetos (HC) e os óxidos de nitrogênio (NOx). Nos países 
ocidentais, os veículos automotivos contribuem com aproximadamente 69% das emissões de 
CO, 47% das emissões de HC e 63% das emissões de NOx para a poluição atmosférica total 
[2]. Estes componentes, quando em grande quantidade, ocasionam problemas à saúde 
humana, desde irritações oculares e do sistema respiratório, até problemas mais graves como 
o desenvolvimento de câncer, além de influenciarem no clima [3]. O clima é também 
Track-A: Experimental Techniques and Instrumentation 
 
 
 
-34- 
fortemente influenciado pela emissão de CO2, produto da combustão completa de 
hidrocarbonetos presentes nos combustíveis fósseis. Fica claro que a única forma de reduzir 
este gás é a redução da quantidade de combustível queimado, o que implica necessariamente 
em um aumento da eficiência de combustão e da eficiência térmica do motor. 
Considerando a escassez futura da oferta de combustíveis fósseis e o alto índice de 
componentes tóxicos provenientes da combustão desses combustíveis em motores, a 
utilização de biocombustíveis, tais como etanol, e a queima de misturas pobres surgem como 
estratégias promissoras, aliando uma menor quantidade de combustível e a redução nas 
emissões de poluentes. Contudo, a baixa estabilidade de combustão em motores que utilizam 
essa estratégia é uma preocupação recorrente, e o empobrecimento da mistura é limitado pela 
capacidade de ignição do sistema utilizado em realizar a queima de maneira controlada [4]. 
Para superar essa limitação, estratégias alternativas de ignição como a ignição por jato de 
plasma[5, 6], a assistida por micro-ondas [6-8], a induzida por laser [9] e sistemas de ignição 
com pré-câmara de combustão [4, 10-13], têm sido propostas e avaliadas por diversos 
pesquisadores. 
Comparada às demais alternativas, o sistema de ignição com pré-câmara oferece uma solução 
mais simples, uma vez que requer mínimas modificações no motor e menos complexidade de 
funcionamento. Além disso, ao contrário das demais alternativas citadas, sua aplicação 
propicia temperaturas de combustão mais baixas, possibilitando a redução das emissões de 
NOx a níveis próximos de zero [14]. 
O princípio de funcionamento dos sistemas de ignição com pré-câmara consiste de uma 
câmara de combustão auxiliar de pequeno volume com a vela de ignição, que é conectada à 
câmara de combustão principal por meio de orifícios de interconexão, podendo trabalhar com 
mistura estratificada ou homogênea. [16]. Quando trabalhando com estratificação da mistura, 
uma pequena quantidade de combustível é injetado na pré-câmara para formar uma mistura 
levemente rica utilizando um sistema auxiliar de alimentação de combustível. Quando 
trabalhando com mistura homogênea, parte da mistura que alimenta a câmara de combustão 
principal é empurrada para dentro da pré-câmara durante o curso de compressão, operando 
com a mesma razão de equivalência de ar-combustível, tanto na pré-câmara quanto na câmara 
de combustão principal. A pequena quantidade de mistura ar-combustível contida na pré-
câmara é ignitada e, devido ao aumento de pressão proveniente da combustão ocorrida na pré-
câmara, os produtos da combustão escoam pelo orifício de interconexão na forma de jatos de 
chama ou gases com alta energia, promovendo a ignição da mistura contida na câmara 
principal [15]. 
Trabalhos de pesquisa já realizados mostram que os ganhos em emissões de poluentes, a 
redução do consumo especifico de combustível e o aumento do limite de empobrecimento da 
mistura são superiores com a utilização do sistema de pré-câmara estratificado. Isto fez com 
que as características do sistema estratificado tenham sido pesquisadas com maior intensidade 
pela comunidade cientifica [6, 13, 16-18]. Entretanto, a necessidade de um sistema adicional 
de injeção de combustível para a estratificação da mistura, geralmente de alta pressão, 
aumenta os custos de produção e o número de modificações necessárias para o funcionamento 
do sistema. A partir disso, este trabalho pretende explorar as características de um sistema de 
ignição com pré-câmara de mistura homogênea (IPCH) mais simples, com menores custos de 
produção e operação, em um motor de combustão interna utilizando misturas 
estequiométricas ar-etanol em diferentes condições de pressão média efetiva indicada (IMEP). 
 
Proceedings TEMM2018 / CNME2018 
 
 
 
-35- 
METODOLOGIA 
Os testes experimentais realizados neste trabalho foram realizados em um motor de 
combustão interna comercial flex Ford Sigma de quatro cilindros, com 1.6 L de deslocamento 
volumétrico e injeção de combustível no pórtico de admissão (PFI). O combustível utilizado 
nos testes foi o etanol hidratado comercial vendido no Brasil, composto de 95% de etanol 
anidro e 5% de água. 
O motor de combustão interna foi instrumentado e instalado em uma bancada dinamométrica 
com os sensores e sistemas mostrados na Figura 1. 
 
Fig. 1 - Diagrama esquemático da estrutura utilizada nos testes. 
Os testes do motor foram realizados em dinamômetro de bancada da marca Horiba, modelo 
TITAN S 470, classificado como um dinamômetro tipo passivo, elétrico por corrente parasita 
(Foucault). O dinamômetro é controlado através da plataforma Stars, da Horiba, que também 
registra osdados de vazão mássica de ar e de combustível que entram no motor. O sistema de 
ignição e injeção do combustível são controlados através de uma central eletrônica aberta 
MoTeC M800. 
As medições dos parâmetros de combustão foram realizadas através da aquisição da curva de 
pressão no cilindro, utilizando um sensor piezoeléctrico modelo GH14P da AVL, alocado em 
uma das câmaras de combustão do motor. Por ser um transdutor que mede variações de 
pressão, instalaram-se sensor de pressão absoluta nos coletores de admissão e exaustão, 
modelos LP11DA e LP21DA, respectivamente. O sinal elétrico proveniente do transdutor de 
pressão do cilindro passa por um amplificador para condicionamento e amplificação do sinal, 
antes do processamento e da digitalização em um conversor analógico-digital. O amplificador 
utilizado é da marca AVL, modelo Micro IFEM. 
Um encoder óptico fornece sinal digital na forma de pulso para a indicação do ângulo do eixo 
de manivelas. Os dados de combustão foram obtidos por um sistema da AVL, modelo 
IndiModul XTension, que possibilita o tratamento e a gravação dos dados de pressão em 
intervalos de 0,1° de ângulo do virabrequim. Assim, os valores utilizados nos resultados 
foram processados da média de 200 ciclos obtidos para cada condição de testes com estes 
sensores. 
Track-A: Experimental Techniques and Instrumentation 
 
 
 
-36- 
A medição da concentração dos gases de exaustão foi feita antes do catalizador, analisando os 
níveis brutos emitidos pelo motor. Na análise de emissões utilizou-se o PC Multigás, da 
NAPRO, que realiza medição de CO, HC, NOx, CO2, O2 e lambda. 
Os ensaios para comparar e analisar a combustão do sistema original e do sistema IPCH, 
foram realizados mantendo a rotação constante em 2250 rpm e para a razão ar-combustível 
estequiométrica. Nesta condição foram testados os pontos de 4, 5 e 7 bar de pressão média 
efetiva indicada (IMEP). Para cada IMEP testada, os parâmetros de ignição e momento de 
injeção foram otimizados, visando obter a condição de máximo torque (MBT) e a menor 
variação cíclica da combustão, respetivamente. 
A pré-câmara utilizada nos testes do sistema IPCH possui um volume interno de 0,88 cm3, o 
que representa 2,2% do volume da câmara de combustão principal. Outra característica 
importante é que a pré-câmara possui, na sua extremidade inferior, cinco orifícios de 
interconexão do volume da câmara de combustão da pré-câmara com o da principal, sendo 
quatro no perímetro da extremidade da pré-câmara com diâmetro de 1 mm, inclinados em 45°, 
e um no centro da extremidade da pré-câmara com diâmetro de 2 mm. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Os ensaios experimentais do motor com e sem o sistema IPCH identificaram importantes 
efeitos do sistema sobre a combustão e as emissões do motor. As informações apresentadas 
nos tópicos a seguir referem-se à pontos discretos para características de combustão e de 
emissões, observados nas condições de ensaio estabelecidas, unidos por linhas de tendência 
que auxiliam na representação dos fenômenos. 
Análise da combustão 
A Figura 2 apresenta a variação cíclica da pressão média efetiva (IMEP) em função das cargas 
testadas para os dois sistemas. Na Figura 2 é identificado que para baixas cargas o sistema de 
ignição com pré-câmaras apresenta uma pequena melhoria na estabilidade da combustão com 
relação ao sistema original. Conforme a pressão média efetiva aumenta, o CoV da IMEP é 
reduzido para os dois sistemas, apresentando uma melhoria menos expressiva para o sistema 
original. Este comportamento é devido ao aumento da turbulência na câmara de combustão, 
produto da maior quantidade de massa admitida. 
 
Fig. 2 - Coeficiente de variação cíclica do IMEP em função do IMEP para os dois sistemas testados. 
Proceedings TEMM2018 / CNME2018 
 
 
 
-37- 
Este fenômeno pode ser explicado pela limitação do sistema IPCH em realizar a lavagem da 
pré-câmara. Assim, na medida em que uma maior quantidade de massa de mistura entra na 
câmara de combustão principal, uma maior quantidade de gases queimados fica no volume da 
pré-câmara. É importante ressaltar que, ainda com este fenômeno ocorrendo, a variação 
cíclica da combustão não superou 2%, estando abaixo da margem de 3 a 5% recomendada na 
literatura [4, 19]. 
A Figura 3 apresenta o consumo específico de combustível para os dois sistemas em função 
do IMEP. Os resultados refletem diretamente o aumento do CoV do IMEP discutido nos 
parágrafos anteriores. Mudar a escala em X 
 
Fig. 3 - Consumo especifico de combustível em função do IMEP para os dois sistemas. 
Como observado na Figura 3, o aumento do CoV da IMEP implica em um aumento do 
consumo específico de combustível, o que salienta a importância da combustão apresentar 
baixos valores de CoV da IMEP. Este aumento do consumo especifico de combustível 
também está associado ao aumento do volume da câmara de combustão do motor, ocorrido 
em função da instalação da pré-câmara. Nos testes realizados, esta variação de volume não foi 
compensada e faz com que os resultados para o sistema com pré-câmara estejam 
inerentemente em desvantagem aos obtidos para o sistema original. Ainda assim, a maior 
diferença entre o consumo específico de combustível dos sistemas foi inferior à 4%, o que 
significa que o sistema com pré-câmaras apresenta potencial para igualar ou reduzir o 
consumo específico de combustível do motor original caso seja compensado o volume da pré-
câmara. 
O estudo detalhado sobre a combustão dentro da câmara principal pode ser desenvolvido 
através da análise da fração mássica queimada de combustível (MBF, do inglês Mass 
Fraction Burned) para diferentes ângulos de virabrequim [14, 20]. Assim, o valor em ângulo 
do momento da centelha até quando a MBF atinge 10% pode ser considerado com o atraso da 
combustão [21, 22]. A diferença, em ângulo do virabrequim, da MBF 10% até a MBF 50% 
permite identificar o equilíbrio da combustão, enquanto a diferença em ângulo da MBF 10% 
até a MBF 90% representa a duração da combustão e, consequentemente, a velocidade do 
Track-A: Experimental Techniques and Instrumentation 
 
 
 
-38- 
processo de combustão [21, 23]. Na Figura 4 são apresentados os valores em ângulo destas 
porcentagens e o avanço de ignição (AI) em função da IMEP para ambos os sistemas, A letra 
“O” indica a variável para o sistema original e “H” para o sistema IPCH, tendo como 
referência o ponto morto superior de compressão com valor de ângulo igual a zero. 
 
Fig. 4 - Parametrização da combustão em função do IMEP para os dois sistemas. 
A Figura 4 apresenta uma redução no avanço de ignição para o sistema IPCH em relação ao 
original, necessária para que a condição de máximo torque seja atingida. A redução do AI foi 
superior à 5 graus do ângulo do virabrequim para as três condições ensaiadas. Isto pode ser 
explicado pela aceleração da combustão, produto das diferentes regiões de ignição da mistura 
criadas pelos múltiplos jatos provenientes da pré-câmara. Esta redução do avanço de ignição 
traz como consequências uma redução na energia necessária para comprimir a mistura e uma 
redução na temperatura da combustão [24]. 
Em função da alta disponibilidade de energia para inicia a combustão da mistura contida na 
câmara principal, o atraso da combustão foi reduzido em 12,5%, 22,1% e 27,2% para as 
IMEP 4, 5 e 7, respectivamente. Sendo que a mistura foi mantida estequiométrica 
(Lambda=1), esta redução do atraso da ignição pode ser atribuída exclusivamente ao sistema 
de ignição com pré-câmara. 
Proceedings TEMM2018 / CNME2018 
 
 
 
-39- 
Com a diferença em ângulo da MBF 10% e a MBF 90%, se observa que o sistema IPCH não 
só acelera o processo de ignição da mistura, mas também aumenta a velocidade de queima de 
toda a mistura contida na câmara de combustão principal. Estas reduções são de 14,6%, 9,4% 
e 17,5% para as cargas de 4, 5 e 7 bar, respectivamente. Isto significa que o sistema IPCH 
proporciona uma maior velocidade de queima damistura na câmara de combustão principal, 
que contribui diretamente para a redução das perdas por transferência de calor com o sistema 
de arrefecimento. 
Os gráficos da Figura 5 apresentam as curvas da razão de liberação de energia dentro da 
câmara de combustão em função do ângulo de virabrequim, também identificando o aumento 
da velocidade de combustão. 
 
 
Fig. 5 -liberação de energia em função do ângulo do virabrequim para as diferentes condições de IMEP testadas. 
 
Nestas curvas é possível observar que a liberação de energia começa antes e termina depois 
no motor original, se comparado com o motor com o sistema IPCH, para todas as IMEP 
testadas. Isto é resultado, conforme já discutido, do menor tempo disponível para que os gases 
em expansão, produtos da combustão do combustível, percam calor com as paredes do 
cilindro. Além disso, quando a combustão se inicia no motor com sistema IPCH, o pistão está 
mais próximo do ponto morto superior (ângulo zero do virabrequim), com uma área de 
transferência de calor na câmara de combustão inferior. 
Track-A: Experimental Techniques and Instrumentation 
 
 
 
-40- 
Análise das emissões 
A apresentação e análise dos resultados obtidos para emissão de gases será realizada através 
dos gráficos da Figura 6. 
 
Fig. 6 - Comparação das emissões de gases dos sistemas em função da IMEP. 
 
Na Figura 6 se observam as emissões de NOx conforme esperado, ao aumentar o IMEP a 
tendência é de que aumentem as emissões de NOx para os dois sistemas. Este comportamento 
pode ser explicado pela elevação da temperatura na câmara de combustão, em função da 
maior quantidade de mistura ar-combustível queimada para que se produza um aumento na 
IMEP. Com o aumento da temperatura, é aumentada a quantidade de N2 dissociado e 
convertido em NOx. Entretanto, para as IMEPs de 4 e 5 bar, as emissões de NOx foram 
menores para o sistema IPCH em 1% e 5%, respetivamente, apresentando um aumento de 
13% com o sistema IPCH para o ponto de 7 bar. Este comportamento pode ser atribuído ao 
aumento da razão de liberação de energia, identificada na Figura 5 para esta mesma condição. 
O incremento na razão de libração de calor causaria um aumento da temperatura dentro do 
cilindro, aumentando com isto as emissões de NOx. 
O uso do etanol confirma que a utilização deste biocombustível favorece a redução das 
emissões de hidrocarbonetos em ambos os sistemas. As emissões de HC com a utilização de 
etanol como combustível pode ser atribuída a vaporização e queima do óleo lubrificante na 
câmara de combustão e também a existência de impurezas do ar atmosférico. 
Proceedings TEMM2018 / CNME2018 
 
 
 
-41- 
As emissões de CO2 apresentam valores maiores para o sistema IPCH do que para o motor 
original, sendo estes incrementos iguais a 2,7% para a IMEP de 4 bar, 5% para IMEP de 5 bar 
e 3,8% para a IMEP de 7 bar. Este aumento nas emissões de CO2 eram previstos, sendo 
atribuídos ao aumento do volume na câmara de combustão do motor com o sistema IPCH. 
Este aumento nas emissões de CO2 também já estava sendo anunciado pelo aumento do 
consumo específico de combustível, mostrado na Figura 2. Cabe ressaltar que este aumento 
para todos os pontos testados não superou 5% para ambos os sistemas. 
Como evidenciado na Figura 6, as emissões de CO para ambos os dispositivos de ignição 
apresentaram pequenas variações, sendo explicado em função das emissões de CO estarem 
relacionadas essencialmente pela razão de equivalência ar-combustível. Para misturas pobres 
a formação de CO é baixa enquanto que ao se enriquecer a mistura, os níveis de CO 
aumentam. Isto ocorre devido à indisponibilidade de O2 para reagir e formar CO2 [25]. Como 
a mistura manteve-se constante para todos os testes, era esperado que este poluente 
permanecesse constante. 
 
CONCLUSÕES 
As conclusões deste trabalho referem-se à análise dos resultados de combustão e emissões do 
motor como o sistema de ignição original comparado com um protótipo de sistema de ignição 
com pré-câmara de mistura homogênea (IPCH), para diferentes condições de IMEP no motor. 
O sistema de ignição com pré-câmaras IPCH se mostrou eficiente para queimar com 
estabilidade a mistura ar-combustível na câmara de combustão principal, apresentando 
variações cíclicas da IMEP inferiores a 2% para todas as condições testadas. 
A duração da combustão, considerada pelo intervalo entre 10% e 90% da fração de massa 
queimada, foi menor para o motor com pré-câmara para todos os pontos testados. Acredita-se 
que este aumento da velocidade de queima da mistura seja produto da alta energia cinética e 
química disponível para ignição da mistura. 
Com referência ao consumo específico de combustível, o sistema IPCH apresentou aumento 
inferior a 4% se comparado ao sistema original. Este aumento poderia ser explicado pelo 
aumento do volume da câmara principal, ocorrido em função da instalação da pré-câmara. 
Espera-se que com a compensação do volume da pré-câmara o sistema apresente benefícios 
no consumo específico de combustível. 
A análise de combustão realizada neste trabalho demonstrou que a instalação do sistema 
IPCH acelerou o processo de combustão da câmara principal, sendo explicada pelo aumento 
da energia disponível para a ignição da mistura e pelas diferentes regiões de ignição criadas 
pelos orifícios de interconexão da pré-câmara com a câmara principal. 
A análise das emissões realizada neste trabalho demonstrou que as emissões não apresentam 
variações significativas com a implementação do sistema IPCH, existindo a possibilidade de 
redução nas emissões com a compensação do volume da pré-câmara. Este estudo também 
confirmou que a utilização de biocombustíveis como o etanol contribui na diminuição dos 
níveis de gases como o HC, que apresentaram valores quase desprezíveis se comparado com 
os esperados na combustão de combustíveis fósseis. 
Track-A: Experimental Techniques and Instrumentation 
 
 
 
-42- 
O protótipo testado demostrou ser robusto e confiável na ignição de misturas 
estequiométricas. Entretanto, seu verdadeiro potencial poderá ser percebido ao queimar 
misturas pobres (lambda>1,1), onde a alta energia de ignição possibilitaria a ignição de 
menores frações de combustível, não possível através de sistemas tradicionais. 
Para a realização de estudos posteriores com o protótipo IPCH, objetiva-se compensar o 
volume adicionado pelas pré-câmaras, isto com a finalidade de manter a razão volumétrica de 
compressão constante no motor. Inclusive com a aceleração da combustão produzida pelo 
sistema IPCH, poderiam ser utilizadas razões volumétricas de compressão maiores, o que 
permitiria extrapolar os benefícios do sistema IPCH discutidos neste trabalho. 
 
AGRADECIMENTOS 
Os autores deste trabalho agradecem ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica 
da UFMG, ao Centro de Tecnologia da Mobilidade (CTM) da UFMG, à CAPES, à FAPEMIG. 
 
REFERÊNCIAS 
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Proceedings TEMM2018 / CNME2018 
 
 
 
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