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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 1. HISTOLOGIA NORMAL DO ESÔFAGO É um tubo muscular oco, altamente distensível, que se estende da epiglote, na faringe, até a junção gastroesofágica. Em condições normais, o esôfago é constituído por mucosa, submucosa, camada muscular própria e camada adventícia. Mucosa: epitélio escamoso estratificado não corneificado, lâmina própria e camada muscular da mucosa (descontínua). Submucosa: glândulas na lâmina própria e na submucosa. Camada muscular própria: camada muscular interna circular e longitudinal externa. São formadas principalmente por musculatura lisa, exceto nas regiões proximais do esôfago (um pouco de musculo esquelético). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Junção escamo-colunar (JEC) ou Transição Esofago-gastrica (TEG) ou linha Z: a transição entre o esôfago e a cárdia do estomago é abrupta, delineada por uma linha irregular. No esôfago de barrett, a linha Z sobe e entre a mucosa gástrica e essa linha há uma área de mucosa avermelhada (coloração salmon) e aspecto aveludado. Esse epitélio é metaplásico: o epitélio escamoso estratificado se transformou em epitélio glandular do tipo intestinal (com células caliciformes). 2. ESOFAGITES Doenças Não Neoplásicas – Esofagites agudas e crônicas: As doenças não neoplásicas do esôfago mais frequentes são processos inflamatórios, ou seja, as esofagites. Elas podem ser agudas ou crônicas. ESOFAGITES AGUDAS Há neutrófilos na lâmina própria e ao redor do epitélio escamoso. Podem estar associados a debris celulares, exsudato fibrino-leucocitário e necrose. O processo inflamatório causa destruição parcial ou total da mucosa (erosão) ou destruição mais profunda (camada submucosa – ulcera). Pode haver espessamento do epitélio esofágico com alargamento da camada basal – Acantose. Aqui o processo agudo está se transformando num processo crônico. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp As esofagites agudas são causadas principalmente por agentes infecciosos (fungos, vírus e bactérias) e ocorrem mais em imunodeprimidos. Existem outras causas possíveis, como: medicamentosa, corrosivas (ácidos fortes), intubação gástrica prolongada, Qx e Rx. • Esofagites Agudas Infecciosas Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Nas infecções pela Candida sp (Monilíase Esofágica) as lesões ocorrem nos terços médio e distal do esôfago. São placas esbranquiçadas que podem ter pequenas ulcerações com halos hiperemicos. A cândida pode estar na forma de esporos ou pseudo-hifas. Ambas as formas são visíveis em coloração HE. Quando há dificuldade podemos fazer coloração PAS+ ou Grocott (prata). Outro agente causador de esofagite aguda é o HSV (herpes vírus simples). Comportamento latente e recorrente. Na endoscopia visualizamos ulceras em vulcão. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Um achado típico do HSV são as células multinucleadas e empacotados (amoldados). Outro vírus causador de esofagite aguda é o citomegalovírus (CMV). Na endoscopia podemos ver ulcera única ou múltiplas. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp O diagnóstico é realizado por biópsia profunda que contenha fibroblastos e células estromais (endoteliais), pois essas células são as infectadas pelo vírus. Podemos precisar de imunoistoquimica para confirmar CMV. Em casos complicados o diagnóstico pode ser feito por cultura viral e PCR. Núcleo aumentado, inclusão intranuclear. Na microscopia eletrônica vemos as partículas virais (aspecto em alvo). Inclusões intranucleares e núcleos aumentados. Co-infecção por leishmania. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp • Esofagites Agudas Actínicas (pós Rx) Possuem muitos vasos dilatados e que podem ter necrose fibrinoide da parede. • Esofagites Agudas Corrosivas O grau e extensão da lesão depende da natureza do agente, estado físico (fluido, viscoso ou sólido), concentração, quantidade ingerida e duração do contato com a mucosa. As substancias ácidas causar dor imediata, estimulando reflexos protetores (vomito e tosse). Assim, as esofagites causadas por ácido têm lesão mais limitada, pois o diagnóstico é rápido. As substancias básicas (álcalis) sem odor/sabor são ingeridos em grande quantidade antes de desencadear reflexos protetores. Assim, as lesões são extensas. → Necrose liquefativa: álcalis fortes (pH > 12) tem ação solvente na camada de lipoproteína que causa necrose liquefativa. Há intensa inflamação e saponificação (hidrólise alcalina) da mucosa, da submucosa, da muscular própria e trombose dos vasos adjacentes, aumentando a necrose. Tudo isso facilita a colonização bacteriana. Um exemplo de esofagite corrosiva por álcalis é a causada por ingesta de soda cáustica. Compromete principalmente o terço médio do esôfago, mas pode acometer a faringe e o estomago. As complicações mais comuns são a estenose caústica e o carcinoma espinocelular (CEC). Essa ingestão aumenta em até 3000x o risco de desenvolver câncer de esôfago – sempre acompanhar paciente com histórico de ingesta de soda cáustica. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp → Esofagite corrosiva por ácidos fortes: causa necrose coagulativa, promove a coagulação das proteínas e forma escara protetora firme que retarda a lesão e limita a penetração do agente. Assim, os acidentes com substancias acidas são mais leves que com álcalis. → Esofagite Medicamentosa: Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp ESOFAGITES CRÔNICAS Esofagites crônicas são causadas pelo refluxo gástrico (esofagite de refluxo – a principal), esofagite eosinofílica, estase alimentar (estenose, compressão extrínseca do esôfago, megaesôfago), infecções (Tb, sífilis), secundárias a doenças sistêmicas (GVHD, liquen plano, amiloidose, doença de Crohn). Processo inflamatório crônico, hiperplasia do epitélio escamoso (acantose) as custas de camada basal (mitoticamente ativa). A hiperplasia pode ser irregular (papilomatose – tipo verrucosa). Há congestão dos vasos da lâmina própria e graus variados de fibrose da parede. Quando há persistência da lesão encontramos ‘sinais de atividade’ (doença ainda ativa destruindo tecido): polimorfonucleares (neutrófilos/eosinófilos) + erosões/úlceras + necrose. → Esofagite de Refluxo O principal exemplo de esofagite crônica é a esofagite de refluxo. É o correspondente anatomopatológico da doença do refluxo gastresofágico (DRGE). Os sintomas típicos são pirose e regurgitação. A causa mais comum de refluxo gastroesofágico é o relaxamento transitório do esfíncter esofágico inferior. Assume-se de que ele é mediado por vias vagais e que pode ser desencadeado pela distensão gástrica, por gás ou alimentos, estimulação faríngea moderada que não induz a deglutição, e estresse. O refluxo gastroesofágico também pode ocorrer após relaxamento do esfíncter esofágico inferior induzido pela deglutição ou devido à abertura forçada do esfíncter esofágico inferior relativamente hipotensivo, a partir de um aumento repentino na pressão intra-abdominal, como quando o paciente tosse, faz esforços ou o movimento de curvar-se. Outras condições que diminuem o tônus do esfíncter esofágico inferior ou aumentam a pressão abdominal e contribuem para a DRGE incluem o uso de álcool e tabaco, obesidade, depressivos do sistema nervoso central, gravidez, hérnia do hiato (ver adiante), atraso no esvaziamento gástrico e volume gástrico aumentado. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Há pouca relação entre os sintomas e os achados endoscópicos na DRGE. 2/3 dos pacientes com refluxo não tem evidências de esofagite no exame endoscópico. A maioria com lesões visíveis são assintomáticos. Mecanismos fisiológicos de proteçãocontra o refluxo: produção de saliva, deglutição do material refluido, motilidade normal, junções epiteliais intactas, transição esofagogástrica, esvaziamento gástrico normal. Mecanismos que provocam refluxo: xerostomia, hipomotilidade do esofago médio, relaxamento do esfincter esofagico inferior (EEI), retardo do esvazimento gastrico. O fator principal são os relaxamentos do EEI. Os inibidores de bombas de prótons (IBP) são os principais medicamentos. Eles atuam no bloqueio da bomba de HCL. Os motivos para essa falta de resultado é devido: os sintomas podem ser induzidos por refluxo não ácido e nem todos os pacientes com sintomas de refluxo tem DRGE. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp As complicações da esofagite de refluxo incluem ulceração, hematêmese, melena, desenvolvimento de estreitamento e esôfago de Barrett. Endoscopia digestiva alta divide em 3 grupos os pacientes com refluxo gastroesofagico: Os eosinófilos não são muito numerosos, são esparsos. Na esofagite eosinofílica estão em maior quantidade. As principais complicações da Doença do Refluxo GastroEsofágico (DRGE) são as úlceras, estenoses e esôfago de Barrett. Esta última é uma lesão precursora de adenoca capaz de aumentar o risco em 30x. Na DRGE a biópsia deve ser realizada para o diagnóstico de Barrett, detecção precoce de alterações displásicas e neoplasias, diagnóstico diferencial com lesões específicas (herpes, CMV, monília). As lesões tem distribuição irregular, podendo não se encontrar inflamação em biópsias de pacientes sintomáticos. → Esofagite Eosinofílica (EoE): É uma doença esofágica crônica, inflamatória e imunomediada. Acomete homens jovens e em crianças, clínica pobre com disfagia e quadros alérgicos prévios. Dentre as causas, pode ser atópica (sensibilização a alérgenos aéreos ou antígenos alimentares) ou familiar (10% - herança autossômica dominante). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp É a segunda causa de esofagite crônica depois da DRGE. É a principal causa de impactação de bolo alimentar no adulto. Evidencias sugerem que a esofagite eosinofílica é um distúrbio alérgico induzido pela sensibilização a antígenos por meio de alimentos e/ou aeroalérgenos. O refluxo ácido pode ser um contribuinte. A maioria dos indivíduos com esofagite eosinofílica é atópica e muitos têm dermatite atópica, rinite alérgica, asma ou eosinofilia periférica moderada. Os tratamentos incluem restrições na dieta para evitar a exposição a alérgenos dos alimentos, tais como produtos do leite de vaca e da soja, e corticosteroides tópicos ou sistêmicos. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Na endoscopia digestiva alta vemos anéis concêntricos – indícios de discinesia esofágica. Importante o diagnóstico diferencial entre a esofagite eosinofílica e o refluxo gastroesofagico. Isso só é definido bem pela biópsia. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp → Esofagopatia Chagásica: A morfologia principal é o megaesôfago. É uma manifestação da fase crônica da doença de Chagas. Acometem mais homens. A esofagopatia aparece antes da miocardiopatia e do megacólon. O quadro clínico tem odinofagia, disfagia, dor retroestenal, regurgitação, pirose, soluções, tosse e sialose. O exame radiográfico é muito importante para o diagnóstico. Pode haver hiperplasia e displasia, aumentando o risco para câncer esofágico. A fisiopatologia é complexa. A presença do parasita estimula um processo inflamatório crônico que destrói plexo mioentérico e causa desnervação do esôfago. Pode ter falha de peristaltismo (dismotilidade) e de abertura da cárdia (acalasia). Isso causa estase alimentar. Há dilatação esofágica, esofagite, displasia e câncer. Esofago muito dilatado macroscopicamente. Na microscopia vemos perda do plexo mioentérico acompanhado ou não de infiltrado inflamatório de intensidade variável. Em estágios mais precoces há mais inflamação ativa. Frequente encontro de mastócitos e eosinófilos. A acalasia pode ser primária ou secundária (doença de chagas). Há perda de células ganglionares do plexo mioentérico com processo inflamatório crônico. É caracterizada pela tríade de relaxamento incompleto do EEI, tônus aumentado do EEI e aperistalse do esôfago. Os sintomas incluem disfagia para sólidos e líquidos, dificuldade para eructar (arrotar) e dor torácica. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 3. NEOPLASIAS E LESÕES PRECURSORAS DO ESÔFAGO Dentre elas há as lesões pré-malignas (precursoras) e as neoplasias malignas (adenoca e carcinoma epidermoide). LESÕES PRÉ-MALIGNAS (PRECURSORAS) – Esôfago de Barrett e displasias • Esôfago de Barrett Substituição do epitélio estratificado escamoso que reveste o esôfago por epitélio colunar metaplásico do tipo intestinal (com células caliciformes) na vigência de refluxo gastroesofagico prolongado. O normal é a TGE abrupta. No esôfago de Barrett há uma zona com epitélio colunar e células caliciformes. As células caliciformes produzem muco ácido e coram em azul pelo Alcian Blue. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp O esôfago de barret ocorre em 10-12% dos pacientes com DRGE, mais em homens > 50 anos, associado a obesidade e hérnia de hiato. É precursor da maioria dos adenocarcinomas esofágicos (lesão pré-neoplásica). O risco de adenoca é 30 a 146 vezes maior do que na população geral. Para o diagnóstico do Esofago de Barrett temos critérios obrigatórios, como: Tem que ter biópsia + endoscopia. Mucosa de coloração avermelhada (salmão) e aveludada que forma línguas ou faixas no terço distal do esôfago. De acordo com a extensão, o esôfago de Barrett pode ser classificado em ultra-curto, curto ou longo. Tem relação com o risco de adenoca (quanto mais longo maior o risco). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Carcinogênese: o esôfago de barrett é a primeira lesão precusora. 5 a 20% dos pacientes com esôfago de barrett já tem displasia (neoplasia intraepitelial) ao diagnóstico e até 15% tem adenoca invasivo. Aneuploidia: relação significante com a evolução da metaplasia para NIE e adenoca. Mais de 90% dos adenocarcinomas em Barrett são aneuploides. Ordem das alterações genéticas do Barrett até adenoca: Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Se o esôfago de Barrett não tem displasia recomenda-se endoscopia a cada 2-3 anos, se displasia de baixo grau faz-se a cada 6 -12 meses, se displasia de alto grau faz-se revisão individual. A presença de displasia, uma alteração pré-invasiva, está associada a sintomas prolongados, comprimento alongado do segmento, idade avançada do paciente e pessoas caucasianas. Embora a vasta maioria dos adenocarcinomas esofágicos esteja associada ao esôfago de Barrett, é importante lembrar que a maioria dos indivíduos com esôfago de Barrett não desenvolve tumores esofágicos. • Neoplasia Intraepitelial (displasias) Lesão neoplásica pré-carcinomatosa limitada ao epitélio glandular sem invasão da lâmina própria. Envolve distúrbios da proliferação e diferenciação celular. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Os principais fatores de risco para adenoca em esôfago de barrett são: - Duração e gravidade do refluxo gastroesofágico (+ seus fatores de risco); - Ulceração; - Extensão do esôfago de barrett; - Tabagismo; - Etilismo crônico. O padrão macroscópico desses adenoca são ulcero-infiltrativos ou vegetantes. Na microscopia eles são tubulares (formam discretas glândulas) ou papilíferos. Bem ou moderadamente diferenciados. Raramente teremos adenoca difusos com células “em anel de sinete”. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Célulasem anel de sinete: Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp O risco de transformação maligna é maior na NIE de alto grau. A coexistência de NIE de alto grau e adenoca chega em 65% dos casos mesmo quando não há lesão macroscópica visível. NEOPLASIAS MALIGNAS DO ESÔFAGO Os carcinomas são as mais frequentes. Dentre elas, o carcinoma espinocelular (epidermoide – 95% dos casos) e adenocarcinoma (5%). • Adenocarcinoma de Esôfago A maioria dos adenocarcinomas esofágicos surge do esôfago de Barrett. Dessa forma, o aumento das taxas de adenocarcinoma esofágico pode ter como motivo parcial o aumento da incidência do refluxo gastroesofágico relacionado à obesidade e o esôfago de Barrett. Fatores de risco adicionais incluem tabagismo e exposição à radiação. São muito mais comuns em homens brancos. A progressão do esôfago de Barrett para o adenocarcinoma ocorre durante um longo período, com aquisição gradual de alterações genéticas e epigenéticas. Esse modelo é justificado pela observação de que clones epiteliais identificados na metaplasia de Barrett não displásica persistem e acumulam mutações durante a progressão para a displasia e para carcinoma invasivo. O adenocarcinoma esofágico geralmente ocorre no terço distal do esôfago e pode invadir a cárdia adjacente Alternativamente, os tumores podem se infiltrar difusamente ou ulcerar e invadir profundamente. Microscopicamente, o esôfago de Barrett frequentemente aparece adjacente ao tumor. Os tumores produzem mais comumente mucina e formam glândulas geralmente com morfologia semelhante ao tipo intestinal; menos frequentemente, os tumores são compostos de células em anel de sinete, infiltrantes, difusas (similares àquelas vistas nos cânceres gástricos difusos) ou, em casos raros, células pequenas, pouco diferenciadas (similares ao carcinoma de pequenas células do pulmão). Embora os adenocarcinomas esofágicos sejam ocasionalmente descobertos na avaliação da DRGE, ou na vigilância do esôfago de Barrett, eles se apresentam mais comumente com dor ou dificuldade de deglutição, perda de peso progressiva, hematêmese, dor torácica ou vômitos. Quando os sintomas aparecem, o tumor geralmente já se disseminou para os vasos linfáticos submucosos. • Carcinoma Espinocelular do Esôfago (CEC) Está entre os 10 tumores mais incidentes no Brasil. A mortalidade é alta pelo diagnóstico tardio. Também mais frequente em homens. Fatores de risco incluem uso de álcool e tabaco, pobreza, lesões esofágicas cáusticas, acalásia, tilose, síndrome de Plummer-Vinson, dietas deficientes em frutas e vegetais e o consumo frequente de bebidas muito quentes. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp O início do carcinoma de células escamosas esofágicas é insidioso e apresenta-se mais comumente com disfagia, odinofagia (dor à deglutição) ou obstrução. Os pacientes se adaptam subconscientemente à obstrução, que aumenta progressivamente, alterando suas dietas de alimentos sólidos para líquidos. Em contraste ao adenocarcinoma, metade dos carcinomas de células escamosas ocorre no terço médio do esôfago. O carcinoma de células escamosas se inicia como uma lesão in situ chamada de displasia escamosa (esta lesão é conhecida como uma neoplasia intraepitelial ou carcinoma in situ em outras regiões). Tem origem no epitélio de revestimento plano estratificado não-cornificado. A maioria são polipoides (exofíticos). Quando endofíticos podem causar estenose (reação desmoplásica) e infiltrar a camada muscular própria com atonia e dilatação da luz. Invasão precoce de estruturas mediastinais nobres – a ressecção cirúrgica completa difícil ou impossível – letalidade alta. A invasão do brônquio direito causa fístula esôfago-brônquica. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Fatores predisponentes ao carcinoma espinocelular do esôfago: tabagismo, etilismo, dieta pobre em vegetais e frutas (com deficiência de vitamina A C e riboflavina (B2) parecem predispor a mucosa esofágica à ação dos carcinógenos. Além disso a estenose cáustica do esôfago também aumenta muito o risco de desenvolver CEC (até 3000x mais que a população em geral). Intervalo de tempo acima de 10 anos da ingesta. O CEC ocorre no local da estenose. Na de alto grau temos mais de 1/3 do epitélio afetado. São lesões silenciosas, o paciente que faz endoscopia já está com sintomas (então já é invasiva). Lesões que invadem a mucosa e submucosa tem melhor prognóstico que as profundas (CEC superficial). No câncer superficial eu não sei se tem metástase linfonodal ou não. No precoce eu sei que NÃO TEM metástases nos linfonodos regionais – melhor prognóstico. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp O carcinoma superficial pode dar metástases linfonodais (cervicais, mediastinais e abdominais). Os carcinomas avançados tem forte tendencia a crescer pela submucosa do esofago e dar metastases ganglionares. Invasão de bronquios, traqueia, aorta. Físturas taqueo-esofágicas de natureza neoplásica são quase sempre devidas a carcinoma do esôfago, porque os carcinomas broncogenicos habitualmente não invadem o esôfago. Os CEC predominam no terço proximal e médio do esofago, enquanto os adenoca são mais distais. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Estadiamento TNM: Pacientes com cancer avançado e superficial com maior risco de metastase são tratados com esofagectomia. Os demais casos fazem ressecção endoscópica. Metástase regional diminui a sobrevida em 5 anos para 43% e metástases distantes reduzem para 5%.
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