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Direito Civil – Contratos – Profª. Andréia F. Almeida Rangel 1 Teoria Geral dos Contratos (FGV/OAB 2010.2/Adaptada) Durante dez anos, empregados de uma fabricante de extrato de tomate distribuíram, gratuitamente, sementes de tomate entre agricultores de uma certa região. A cada ano, os empregados da fabricante procuravam os agricultores, na época da colheita, para adquirir a safra produzida. No ano de 2009, a fabricante distribuiu as sementes, como sempre fazia, mas não retornou para adquirir a safra. Procurada pelos agricultores, a fabricante recusou-se a efetuar a compra. O tribunal competente entendeu que havia responsabilidade pré-contratual da fabricante. Explique o que significa a responsabilidade pré- contratual, fundamentando se a decisão do tribunal foi acertada. Questão Subjetiva: O aluno deve discorrer sobre a fase de negociações preliminares à formação do contrato, esclarecendo que a responsabilidade pré-contratual deriva da violação à boa-fé objetiva na referida fase. (Livro Contratos – Gustavo Tepedino et al) Sociedade organizadora de eventos e sociedade varejista reúnem-se com vistas à realização de grande evento de informática. Após o agendamento do evento, inteiramente orçado, a realização de diversas reuniões e trocas de e- mails, visitas técnicas e elaboração de memoriais descritivos, a sociedade varejista subitamente desiste de prosseguir na relação, antes da celebração do contrato. Cabe à organizadora do evento indenização pelos gastos que efetuou, como por exemplo, a contratação de terceiros? R: Sim, boa-fé objetiva pré-contratual Vide STJ - RECURSO ESPECIAL No 1.367.955 (FGV/OAB/2010/adaptada) Marlon, famoso jogador de futebol, é contratado para ser o garoto propaganda da Guaraluz, fabricante de guaraná natural. O contrato de prestação de serviços tem prazo de três anos, fixando-se uma remuneração anual de R$ 50.000,00. Contém, além disso, cláusula de exclusividade, que impede Marlon de atuar como garoto-propaganda de qualquer concorrente da Guaraluz, e cláusula que estipula o valor de R$ 10.000,00 para o descumprimento contratual, não prevendo direito a indenização suplementar. Durante o primeiro ano de vigência do contrato, Marlon recebe proposta para se tornar garoto- propaganda da Guaratudo, sociedade do mesmo ramo da Guaraluz, que oferece expressamente o dobro do valor anual pago pela ‘concorrente’. Marlon aceita a proposta da Guaratudo, descumprindo a cláusula de exclusividade contida no seu contrato anterior. Pelo Direito Civil – Contratos – Profª. Andréia F. Almeida Rangel 2 descumprimento, Marlon paga à Guaraluz o montante de R$ 10.000,00, estipulado. Como advogado consultado pela Guaraluz, responda: I. Além do valor pago por Marlon, a Guaraluz tem direito a receber alguma indenização por parte da Guaratudo? R: A Guaratudo deve indenização à Guaraluz no valor que seria devido por dois anos de contato, tendo em vista a prática de aliciamento descrita no código Civil (Art. 608), observados os princípios da boa fé objetiva, da função social do contrato e ainda da responsabilidade contratual de terceiro. Juvenal, prestador de serviços em Salvador, após troca de e-mails com informações sobre o serviço (via e-mail) com Maroca (residente em Feira de Santana) apresenta-lhe online (via Google Meet) proposta para realizar os reparos na residência daquela indicando o preço que cobraria pela empreitada e o material necessário. De acordo com o estudo da formação dos contratos: a) A proposta feita por Juvenal é vinculante? Explique sua resposta. b) Aceita a proposta por Maroca a partir de que momento se considera formado este contrato? c) Qual é o local de formação do contrato entre Maroca e Juvenal? Explique sua resposta. a) A proposta feita por Juvenal vincula, e passará a ser obrigatória se após o aceite de Maroca que deve ser imediato, puro e simples. b) Considera-se obrigatória a proposta após aceita, devendo ser cumprida em toda sua integralidade (preço, forma de realização do serviço, prazo etc.). c) Como a proposta foi realizada entre presentes (online), O contrato reputa-se concluído em Feira de Santana, local onde foi proposto (art. 435, CC). (Livro Contratos – Gustavo Tepedino et al – adaptada) A CBF promete a certa emissora de televisão o direito de transmissão de jogos de futebol, sendo este direito reservado exclusivamente às entidades de prática desportiva. O que deve ocorrer se, posteriormente à assinatura de tal contrato, os clubes de futebol não aceitarem ceder tais direitos à emissora? R: promessa de fato de terceiro Vide STJ - RECURSO ESPECIAL No 249.008 (XXX Exame da Ordem – adaptada) Joana doou a Renata um livro raro de Direito Civil, que constava da coleção de sua falecida avó, Marta. Esta, na condição de testadora, havia Direito Civil – Contratos – Profª. Andréia F. Almeida Rangel 3 destinado a biblioteca como legado, em testamento, para sua neta, Joana (legatária). Renata se ofereceu para visitar a biblioteca, circunstância na qual se encantou com a coleção de clássicos franceses. Renata, então, ofereceu-se para adquirir, ao preço de R$ 1.000,00 (mil reais), todos os livros da coleção, oportunidade em que foi informada, por Joana, acerca da existência de ação que corria na Vara de Sucessões, movida pelos herdeiros legítimos de Marta. A ação visava impugnar a validade do testamento e, por conseguinte, reconhecer a ineficácia do legado (da biblioteca) recebido por Joana. Mesmo assim, Renata decidiu adquirir a coleção, pagando o respectivo preço. Caso a ação reconheça pela ineficácia do legado do Joana e a devolução do mesmo (biblioteca) aos herdeiros, poderá Renata demandar em juízo pela evicção? R: Quanto aos livros adquiridos pelo contrato de compra e venda, Renata não pode demandar Joana pela evicção, pois sabia que a coisa era litigiosa. Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves – “O adquirente que tem conhecimento da situação duvidosa e litigiosa do direito do alimente e, mesmo assim, ciente e expressamente dispensa a garantia celebrada um contrato aleatório (emptio spei), em que assume o risco no tocante à existência do direito, alforriando o alienante, sendo que nada receberá caso a evicção se pronuncie.” (XII – Exame de Ordem) José celebrou com Maria um contrato de compra e venda de imóvel, no valor de R$100.000,00, quantia paga à vista, ficando ajustada entre as partes a exclusão da responsabilidade do alienante pela evicção. A respeito desse caso, vindo a adquirente a perder o bem em decorrência de decisão judicial favorável a terceiro, assinale a afirmativa correta. A) Tal cláusula, que exonera o alienante da responsabilidade pela evicção, é vedada pelo ordenamento jurídico brasileiro. B) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção, se Maria não sabia do risco, ou, dele informada, não o assumiu, deve José restituir o valor que recebeu pelo bem imóvel. C) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção, Maria, desconhecendo o risco, terá direito à dobra do valor pago, a título de indenização pelos prejuízos dela resultantes. D) O valor a ser restituído para Maria será aquele ajustado quando da celebração do negócio jurídico, atualizado monetariamente, sendo irrelevante se tratar de evicção total ou parcial. Direito Civil – Contratos – Profª. Andréia F. Almeida Rangel 4 R: Letra “B” (XXVIII – Exame de Ordem - adaptada) Maria decide vender sua mobília para Viviane, sua colega de trabalho. A alienante decidiu desfazer-se de seus móveis porque, após um serviço de dedetização, tomou conhecimento que vários já estavam consumidos internamente por cupins, mas preferiu omitir tal informação de Viviane. Firmado o acordo, 120 dias após a tradição, Viviane descobre o primeiro foco de cupim, pela erupção que se formou em um dos móveis adquiridos. Poucosdias depois, Viviane, após investigar a fundo a condição de toda a mobília adquirida, descobriu que estava toda infectada. Assim, 25 dias após a descoberta, moveu ação com o objetivo de redibir o negócio, devolvendo os móveis adquiridos, reavendo o preço pago, mais perdas e danos. O pleito de Viviane deve prosperar? Justifique sua resposta. R: Art. 445 CC/02 A demanda redibitória é tempestiva, porque o vício era oculto e, por sua natureza, só podia ser conhecido mais tarde, iniciando o prazo de 30 (trinta) dias da ciência do vício.
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