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Exame parasitológico de fezes Prof.ª Msc. Camila Amato Montalbano Doutoranda do PPGDIP-UFMS Parasitoses intestinais – Relevância 10% população mundial Giardíase Ascaridíase 3,5 milhões pessoas 200 milhões pessoas 1,2 bilhão pessoas Estrongiloidíase Amebíase Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 2 Exame parasitológico de fezes Detecção de trofozoítos e cistos de protozoários, ovos, larvas e vermes adultos de helmintos Helmintos intestinais (principais) Nematelmintos Ascaris lumbricoides Ancilóstomos Strongyloides stercoralis Tricocephalus trichiura Enterobius vermiculares Platelmintos cestoda Taenia Hymenolepis trematoda Schistosoma 3 Exame parasitológico de fezes Detecção de trofozoítos e cistos de protozoários, ovos, larvas e vermes adultos de helmintos Protozoários intestinais (principais) Sarcomastigophora Giardia lamblia Amebas Apicomplexa Cryptosporidium parvum Cyclospora cayetanensis Isospora belli Ciliophora Balantidium coli Microscopora Microsporídeos Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 4 Exame parasitológico de fezes Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Fase pré-analítica 1- Receber as fezes em recipiente adequado. 2- As amostras devem ser correta e completamente identificadas com: o nome do paciente; idade, número de identificação do laboratório; hora da colheita e hora da chegada da amostra ao laboratório. As instruções, sobre a coleta de fezes devem ser claras e passadas ao paciente. É importante verificar se o paciente as entendeu, pois é na coleta adequada que se inicia a qualidade do exame parasitológico. 3- Para um trabalho rotineiro em Parasitologia é recomendável que se realize três exames parasitológicos em dias alternados. 4- Todos os parasitas observados devem ser relatados pelo nome científico, incluindo gênero e espécie, quando possível, e o estágio que estão. Determinados elementos celulares (GV, GB ou outras células), fungos ou cristais de Charcot-Leyden devem ser assinalados de modo semiquantitativo como: poucos cristais, moderados ou muitos. Também, deverão constar os métodos executados e a consistência das fezes. 5 Exame parasitológico DE FEZES Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 5- Fezes líquidas devem ser examinadas dentro de 30 minutos; semi-sólidas dentro de 1 hora e formadas dentro de 24 horas. Se o exame for realizado depois de 24 horas a amostra deve ser mantida em conservadores tais como: formol a 10%, álcool polivinílico (PVA); o MIF conservador muito difundido composto de mertiolato ou mercurocromo, iodo e formol e o SAF que é um fixador usado para conservar cistos e trofozoítos. A proporção utilizada é de três partes de qualquer um dos conservadores para uma parte de fezes. Essa mistura deve ser bem homogeneizada. * O formol e o MIF preservam ovos, cistos e trofozoitos para exames a fresco; PVA e o SAF preservam trofozoitos para coloração permanente. Coleta da amostra Cuidados com a coleta da amostra Antibióticos, antidiarréicos, antiácidos, derivados de bismuto e do bário, laxantes e óleos minerais podem interferir no exame, levando a resultados falso- negativos Uso de antibióticos ou contraste - diminuição do número de protozoários (por semanas) Rejeitar fezes contendo meio de contraste para Raios X (sais de bário), somente colher as fezes 5 a 10 dias após a ingestão de sais de bário. Não administrar purgativos tais como: óleo mineral, óleo de castor ou supositórios, porque é impossível pesquisar protozoários. Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 7 Material contaminado com urina - destruição de trofozoítos Material contaminado com solo ou água - presença de organismos de vida livre O pote deve estar livre de anti-sépticos, agentes germicidas, gotas de óleo e de urina para evitar a destruição de formas vegetativas Calor - destruição dos parasitas Liberação intermitente de formas infectantes - E. histolytica - picos de liberação de cistos entre 7 e 10 dias - Giardia lamblia - picos de 2 a 8 dias Coleta da amostra Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Frascos – boca larga, capacidade 50 mL, limpos e vedados; acondicionar em plástico transparente Coleta da amostra Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Tipos de amostras Amostra recentemente colhida Enviar rapidamente ao laboratório (2h) ou Manter amostra entre 2–8 °C (12h) Amostra de fezes diarréicas Não refrigerar Exame em 30 minutos (pesquisa de trofozoítos) Ovos e larvas - diluídos pelo volume maior de água Amostra em conservantes (MIF) Exame pode ser realizado até 30 dias após a coleta Coleta da amostra 10 SAF Acetato de sódio 1,5g Ácido acético 2,9ml. Formol 40% 4,0ml. Água destilada 92,5ml. Uso de solução conservante Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Solução de Lugol (corante) Iodo 2g Iodeto de potássio 4g Água destilada 100ml MIF Água destilada 250ml. Sol. mercuriocromo a 1:500 250ml. Formol 25ml. Glicerina 5ml. Formol a 10% Formol comercial 10ml. Solução salina a 0,85% 90ml. 11 Fezes colhidas em conservantes não são adequadas para a realização do método Baermann-Moraes Coleta da amostra Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Exame macroscópico - verificar a consistência, odor, presença de elementos anormais ( muco ou sangue) e de vermes adultos ou parte deles. Exame microscópico - pesquisar e visualizar as formas parasitárias Exame Parasitológico de Fezes - Processos de Enriquecimento Tipos de exames Exame Aspectos macroscópicos 1- Observar a consistência da amostra. Fezes moles ou líquidas sugerem a possível presença de trofozoítos de protozoários intestinais. Cistos de protozoários são encontrados com mais freqüência em fezes formadas. Ovos e larvas de helmintos podem ser encontrados tanto em fezes líquidas quanto em fezes formadas. 2- Examinar a superfície da amostra para observar a presença de proglotes de tênias, ancilostomídeos ou oxiúros adultos, por exemplo. 3- Examinar a amostra fecal com auxílio de um palito (sorvete) para verificar a presença de outros helmintos adultos. 4- Examinar as fezes quanto à presença de sangue e/ou muco. a) sangue fresco (vermelho vivo) indica hemorragia aguda no trato intestinal. b) muco sanguinolento sugere ulcerações e uma porção desse material deve, de preferência, ser examinada, ao microscópio, para a procura de trofozoitos. Os vermes adultos, quando encontrados, devem ser imediatamente examinados e identificados. As tênias são identificadas especificamente pelo exame das proglotes grávidas. As proglotes devem ser fixadas em formol a 10% e depois clarificadas por imersão em glicerina ou solução de lactofenol (1:1). Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 14 O exame pode ser quantitativo ou qualitativo. Os métodos quantitativos são aqueles nos quais se faz contagem de ovos para avaliação da carga parasitária. O mais conhecido é o de Stoll, mas, o mais empregado atualmente é o de Kato-Katz. Os métodos qualitativos são os mais utilizados para a demonstração da presença das formas parasitárias. Freqüentemente o número das formas parasitárias é pequeno, assim é necessário recorrer a processos de enriquecimento dessas formas para concentrá-las Exame parasitológico de fezes Microscopia Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 15 Exame parasitológico de fezes Microscopia Métodos Qualitativos Exame direto sem coloração Exame direto com coloração (lugol e colorações específicas) Concentração por sedimentação espontânea Concentração por centrifugação Concentração por centrífugo-flutuação Exames baseados em concentração das larvas Métodos Quantitativos Kato-Katz Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes ParasitologiaBásica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Atenção!!!!!! As fezes enviadas ao laboratório clínico devem ser submetidas a um desses métodos citados. Como não existe um método capaz de diagnosticar, ao mesmo tempo, todas as formas parasitárias o que se faz de rotina é o emprego de um método geral como o de Lutz ou de Hoffmann, Pons e Janer (de fácil execução e pouco dispendioso), um específico para cistos de protozoários e um para a pesquisa de larvas de helmintos. Exame direto sem coloração e com lugol Amostra recentemente colhida, fezes líquidas, amostra de aspirado duodenal – exame até 30 min após coleta Pesquisa de trofozoítos, cistos de protozoários, ovos e larvas de helmintos Desvantagem: Presença de detritos fecais, revela poucos detalhes estruturais Procedimento: 1- Colocar duas a três gotas de salina a 0,85% em uma lâmina de vidro. 2- Tocar com a ponta de um palito em vários pontos das fezes, transferindo uma pequena porção para a lâmina de microscopia. 3- Espalhar as fezes, fazendo um esfregaço e examinar ao microscópio. A espessura do esfregaço não deve impedir a passagem de luz. 4- Este método é indicado principalmente para a pesquisa de trofozoitos de protozoários em fezes diarréicas recém emitidas; para a identificação de cistos de protozoários e larvas de helmintos cora-se a preparação com Lugol. O uso de lamínula é facultativo. Cisto E. hystolitica/ E. dispar Trofozoíto E. hystolitica/E. dispar Exame com colorações específicas Hematoxilina férrica ou tricrômico - cistos e trofozoítos de amebas e Giardia lamblia (*exame direto com coloração ou coloração após método de concentração das fezes) Trofozoíto Entamoeba hystolitica Cisto e trofozoíto Entamoeba coli Cisto e trofozoíto Giardia lamblia Reagentes 1- Líquido de Schaudinn (fixador) Solução saturada de bicloreto de mercúrio 200 ml Álcool a 95% 100 ml No momento de uso adicionar 2,5 ml de ácido acético para cada 50 ml. 2- Alúmen de ferro a 2,5% Triturar os cristais de alúmen de ferro em Graal e diluir aos poucos com água destilada. Completar o volume. Coloração de trofozoítos intestinais pela hematoxilina férrica (Técnica modificada por Corrêa e cols. 1994) Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 3- Hematoxilina a 0,5% Hematoxilina 0,5 g Álcool a 95% 10 ml Água destilada 90 ml Diluir a hematoxilina no álcool e acrescentar a água destilada. Após 72 horas de maturação, o tempo de exposição do material a ser corado, deverá ser de três minutos. 4- Álcool-salicilato Álcool absoluto p.a. 100 ml Salicilato de metila 100 ml Coloração de trofozoítos intestinais pela hematoxilina férrica (Técnica modificada por Corrêa e cols. 1994) Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 1) Filtrar as fezes, conservadas em Schaudinn ou SAF, em gaze dobrada quatro vezes. 2) Transferir cerca de 2 ml para um tubo e centrifugar por um minuto a 1.500 rpm. 3) Desprezar o sobrenadante, acrescentar solução salina a 0,85%, homogeneizar e centrifugar novamente. 4) Repetir a operação até obter um sobrenadante límpido 5) Desprezar o sobrenadante e acrescentar, ao sedimento, duas gotas de soro humano inativado. 6) Misturar bem e fazer esfregaços finos sobre lamínulas. A lamínula deve ser presa a um suporte de borracha pequeno (pode ser utilizada a borracha que serve de rolha em vidro de penicilina) por meio de um entalhe, para facilitar o manuseio e a identificação do material. Desta forma, é possível a coloração de várias amostras ao mesmo tempo. 7) Sem deixar secar o esfregaço, colocar a lamínula com o esfregaço voltado para baixo, em uma placa de Petri contendo o fixador de Schaudinn com 5% de ácido acético por 10 minutos. 8) Passar a lamínula com o esfregaço voltado para cima para as placas de Petri subseqüentes, contendo os seguintes reagentes: Técnica Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes a) álcool 70% (para retirar o excesso de fixador) 2 minutos b) álcool 70% iodado, isto é, contento alguma gotas de tintura de iodo até atingir a cor de vinho do porto (para reagir com o mercúrio) 5 minutos c) álcool 70% (para precipitar o mercúrio) 2 minutos d) lavar em água destilada (para retirar o excesso de mercúrio) 1 minuto e) alúmen de ferro 2,5% (mordente que fixa o corante) 10 minutos f) lavar em água destilada (para retirar o excesso de ferro) 1 minuto g) hematoxilina 0,5% (corante) 5 minutos h) lavar em água destilada (para retirar o excesso do corante) 5 minutos i) alúmen de ferro 2,5% (diferenciador). Obs: O esfregaço deve permanecer nessa solução até atingir uma coloração lilás clara azulada. TÉCNICA Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes j) lavar em água destilada 1 minuto k) álcool 70% (desidratar) 2 minutos l) álcool 80% (desidratar) 2 minutos m) álcool 95% (desidratar) 2 minutos n) álcool absoluto (desidratar) 2 minutos o) álcool-salicilato (para preparar o material para diafanizar) 2 minutos p) salicilato de metila 2 minutos 9) Montar em lâmina de vidro com bálsamo-do-canadá ou em resina sintética com o esfregaço voltado para baixo. 10) Deixar secar e examinar com objetiva de imersão. TÉCNICA Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Exame com colorações específicas Ziehl Neelsen - oocisto de Cyclospora cayetanensis, Cryptosporidium e Isospora belli Benavides et al. Rev Costarricencis Ciências Médicas 2007;28 (*Coloração após concentração das fezes por centrifugação - 10 min) Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Método da sedimentação Espontânea MATERIAL NECESSÁRIO Cálice de decantação Peneira Gaze dobrada em 4 Água corrente ou destilada Espátula de madeira (tipo abaixador de língua) Lâmina e lamínula Método de Hoffman, Pons e Janer (HPJ) ou Lutz Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Método de Hoffman, Pons e Janer (HPJ) ou Lutz Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Tomar cerca de 4 g de fezes recém emitidas; Dissolvê-las no próprio recipiente de coleta (frasco padrão para coleta de amostra) utilizando um pouco de água; Transferir o material dissolvido para um cálice de decantação fazendo filtrar em peneira contendo gaze em 4. Completar até ¾ do volume de água; Deixar repousar em superfície firme e livre de vibrações por no mínimo 2 h; Retirar o sedimento com pipeta; Transferir para lâmina de vidro adicionando 2 gotas de solução de Lugol e cobrindo com lamínula. Observar ao microscópio em objetiva de 10x. Método de Hoffman, Pons e Janer (HPJ) ou Lutz Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Métodos com concentração por centrifugação 1- Coletar as fezes recém emitidas em líquido conservador de MIF. 2- Homogeneizar bem. 3- Coar a suspensão em gaze cirúrgica dobrada em quatro num copo descartável. 4- Transferir 1 a 2 ml do filtrado para um tubo cônico com capacidade para 15ml. 5- Acrescentar 4 a 5 ml de éter sulfúrico e agitar vigorosamente (desengordura a amostra fecal). Utilizado na rotina do EPF Método de Blagg e cols. ou MIFc Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 6- Centrifugar por um minuto a 1.500 rpm. 7- Com auxílio de um bastão, descolar a camada de detritos gordurosos da parede do tubo. 8- Inverter o tubo para desprezar o líquido e limpar as paredes com um bastão contendo algodão na extremidade. 9- Acrescentar ao sedimento gotas de Lugol. 10- Coletar 2 a 3 gotas do sedimento, cobrir com lamínula e examinar com as objetivas 10x e/ou 40x. Métodos com concentração por centrifugação Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Método de Blagg e cols. ou MIFc Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Método de Faust e cols. Exame microscópico da película flutuante permite a observação dos cistos. Vantagens: maior sensibilidade para a detecção de cistos Desvantagens: procedimento mais complexo, requer reagentes específicos Procedimento1- Diluir 10g de fezes em 20 ml de água 2- Homogeneizar bem. 3- Filtrar em gaze dobrada em quatro, num copo plástico, e transferir para um tubo de Wasserman. 4- Centrifugar por um minuto a 2.500 rpm. 5- Desprezar o líquido sobrenadante e ressuspender o sedimento em água . Concentração por centrífugo-flutuação no sulfato de zinco Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 6- Repetir as operações 4 e 5 até que o sobrenadante fique claro. 7- Desprezar o sobrenadante claro e ressuspender o sedimento com uma solução de sulfato de zinco a 33%, densidade de 1,18 g/ml. 8- Centrifugar novamente por um minuto a 2.500 rpm. 9- Os cistos e os ovos leves presentes estarão na película superficial; a mesma é recolhida com alça de platina, colocada numa lâmina junto com uma gota de Lugol e coberta com lamínula. O material deve ser examinado imediatamente. O sulfato de zinco pode deformar os cistos e os ovos Concentração por centrífugo-flutuação no sulfato de zinco http://slideplayer.com.br/slide/49554/ 34 Método Kato-Katz Pesquisa quantitativa de ovos de helmintos (especialmente S. mansoni) Amostra de fezes de consistência normal, sem conservantes Quantidade determinada de fezes (40 – 60 mg), corada com verde malaquita, é observada ao microscópio, permitindo a determinação do número de ovos por grama de fezes Vantagens: método quantitativo; maior sensibilidade para a detecção de ovos de S. mansoni Desvantagens: tempo do procedimento (1 – 2 horas), requer materiais especiais Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Método Kato-Katz http://slideplayer.com.br/slide/49554/ Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 36 1- Preparar uma solução de verde de malaquita de acordo com a seguinte fórmula: Glicerina 100 ml Água destilada 100 ml Verde malaquita a 3% 1 ml Essa solução conserva as fezes e clarifica as formas parasitárias. 2- Cortar papel celofane semipermeável em pedaços de 24 mm por 30 mm e deixá-los mergulhados na solução de verde-malaquita por pelo menos 24 horas. 3- Colocar, sobre um papel, uma pequena quantidade da amostra fecal. 4- Comprimir as fezes com um pedaço de tela metálica (marca Ibras, nº 120, fios e trama: 0,09mm) ou similar de náilon. Procedimento Kato- Katz Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 5- Retirar as fezes que passaram para a parte superior da tela e transferi-la, com o auxílio de um palito, para o orifício (6 mm de diâmetro) de um cartão retangular de plástico, colocado sobre uma lâmina de vidro. 6-Após encher completamente o orifício, retirar o cartão cuidadosamente, deixando as fezes (42 mg) sobre a lâmina. 7- Cobrir as fezes com o papel celofane. Inverter a lâmina sobre uma folha de papel e comprimi-la. 8- Após uma hora, examinar ao microscópio contando os ovos presentes na preparação. 9- O número de ovos encontrados, na preparação fecal, multiplicado por 23, corresponderá ao nº de ovos por grama de fezes. Na rotina laboratorial usa-se, com maior freqüência, o método qualitativo. Assim, não há necessidade de se utilizar o cartão retangular. Este método é indicado para pesquisa de ovos de S. mansoni, A. lumbricoides, T. trichiura e Ancylostomidae. Cistos de protozoários não são visualizados nessa preparação. Não é possível a execução deste método em fezes diarréicas. Procedimento Kato- Katz Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes http://pt-br.aia1317.wikia.com/wiki/Arquivo:Kato-katz.png Ovos de nematelmintos e cestodas em fezes humanas Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Método de Baermann e Moraes 1- Colocar 8 a 10g de fezes numa gaze dobrada em quatro sobre um funil de vidro, contendo um tubo de borracha conectado à extremidade inferior de sua haste. 2- Obliterar o tubo de borracha com um pinça de Hoffman e adicionar, ao funil, água aquecida (45ºC) em quantidade suficiente para entrar em contato com as fezes. 3- Deixar uma hora em repouso. 4-Colher 5 a 7 ml da água em um tubo de centrífuga, abrindo-se a pinça. 5- Centrifugar um minuto a 1.000 rpm. 6- Coletar o sedimento, corar com Lugol e examinar ao microscópio com objetiva 40x. Maior sensibilidade para a detecção de larvas, simplicidade de execução Métodos baseados em hidrotropismo das larvas 41 1- Retirar a tampa do recipiente que acondiciona as fezes e envolvê-lo em ter gazes, fazendo uma pequena “trouxa”. 2- Colocar o material assim preparado, com a abertura voltada para baixo, num cálice de sedimentação, contendo água aquecida (45ºC), em quantidade suficiente para entrar em contato com as fezes. 3- Deixar em repouso por uma hora 4- Coletar o sedimento no fundo do cálice, com ajuda de uma pipeta. 5-Corar as larvas com Lugol e observá-las com o maior aumento para identificá-las. Fezes diarréicas (as larvas morrem muito rapidamente) ou coletadas em conservador não se prestam para esses métodos. MÉTODO DE RUGAI Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Método de Baermann e Moraes e Método de Rugai Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Método de Baermann e Moraes Método de Rugai Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Fezes recentemente colhidas - larvas Strongyloides stercoralis mais frequentes Larva rabditoide de S. stercoralis - 180-380µm x 14-20µm, vestíbulo bucal curto (2-3µm), primórdio genital ovóide, grande e nítido. Cauda afilada. Larvas de nematelmintos Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Em fezes com mais tempo de coleta, ou de constipação intestinal, as larvas podem ser de Strongyloides stercoralis ou de Ancilostomídeos que eclodiram dos ovos eliminados nas fezes Strongyloides Ancilostomídeos Filarióide Maior, cauda bifurcada, esôgado cilíndrico e reto Filarióide Vestíbulo bucal longo, cauda pontiaguda, bainha, esôfago 1/3 comprimento Rabditóide Vestíbulo bucal longo, genital pequeno Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 46 Método da fita gomada (fita adesiva, Graham) Pesquisa de ovos de Enterobius vermicularis e Taenia sp que, se presentes na região perianal, aderem à fita gomada e podem ser observados ao microscópio Realizado pela manhã, ao acordar, antes de higienização da região perianal Rápido e de fácil execução Enterobius vermiculares Taenia sp (positividade 85%) 47 Método da fita gomada Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Outros métodos - tamização Todo o conteúdo de uma evacuação é passado em uma tela de metal fina sob água corrente (peneirado). As proglotes de Taenia ficam retidas e são examinadas após clarificação com ácido acétido. T. solium – ramificações largas, irregulares e dendríticas T. saginata – ramificações estreitas 49 Esquistossomose - diagnóstico Exame parasitológico de fezes Positivo após 45º dia de infecção Sensibilidade depende da carga parasitária e do tempo de infecção Métodos: Kato-Katz (quantitativo) Métodos de concentração (identificação dos ovos e avaliação de viabilidade) Avaliar amostras múltiplas Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 50 Esquistossomose - diagnóstico Biópsia retal – pesquisa de ovos.Maior sensibilidade E Controle de cura Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 51 Pesquisa de anticorpos séricos (IgM, IgG, IgA) Positividade a partir do 25º dia de infecção Métodos: ELISA – antígenos de vermes adultos ou de ovos IFI (imunofluorescência indireta) – substrato de cercária ou vermes adultos Não diferenciam infecção ativa, prévia ou reinfecção Não são úteis para monitorização do tratamento Aplicabilidade: Estudos epidemiológios Diagnóstico em indivíduos com baixa carga parasitária Esquistossomose - diagnóstico Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 52 Pesquisa de antígenos séricos Nãodisponíveis comercialmente Intradermo reação (Shistotest) Inoculação intradérmica de antígeno de vermes adultos e cercárias. O resultado é considerado positivo quando se observa pápula >10mm após 15’. Pode ser positivo após 48 h. Sensibilidade: 85% Indica contato prévio com S. mansoni, não negativa após tratamento (utilizada para inquéritos epidemiológicos). Não autoriza o tto (MS) Esquistossomose - diagnóstico Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 53 Ovos fertilizados(exame direto) - Fêmea adulta Ascaris lumbricoides Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Larvas filarióide e rabditóide (exame direto) Ancilostomídeos http://www.cdc.gov/parasites Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 55 Fêmea adulta - Larva filarióide (exame direto) Strongyloides stercoralis http://www.cdc.gov/parasites Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Fêmea adulta (4 cm) micrografia Ovo (exame direto sem lugol) Ovo (exame direto com lugol) Tricocephalus trichiuris http://www.cdc.gov/parasites Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 57 Enterobius vermiculares http://www.cdc.gov/parasites Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 58 Taenia sp Taenia solium Taenia saginata Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 59 Trofozoítos e cisto corados - cultura Giardia lamblia http://www.cdc.gov/parasites Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Giardia lamblia Cistos 8-20 µm x 7-10 µm, ovais ou elipsóides. Dois ou quatro núcleos próximos aos pólos, axonemas, número variável de fibrilas. Nítida retração do citoplasma qdo corados. Coloração esverdeada ou castanho–amarelado (lugol) Trofozoítos 10-20µm x 5-15µm. Forma de pêra, dois núcleos redondos ou ovóides, cariossoma grande, redondo e central. Na superfície ventral encontra-se de cada lado o disco suctorial. Axonemas dividem o parasito ao meio; corpos parabasais cruzam axonema. Oito flagelos, não visíveis nas preparações coradas. http://www.cdc.gov/dpdx/diagnosticProcedures/stool/morphcomp.html Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Entamoeba histolytica/E. dispar x E. coli http://www.cdc.gov/parasites Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 62 Pesquisa de sangue oculto nas fezes Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes Sangramento gastrointestinal crônico, não observado pelo paciente (não visível a olho nu) Neoplasias Pólipos Úlceras Hemorróidas Doença diverticular Doença inflamatória intestinal Esofagite, gastrite, sangramento gengival ... Pesquisa de sangue oculto nas fezes Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 64 Indicações: Rastreamento do câncer colo-retal Em associação a exames endoscópicos – retossigmoidoscopia e/ou colonoscopia (1ª escolha) A partir de 50 anos de idade ou mais precocemente, se paciente com risco elevado (história familiar positiva, polipose adenomatosa familiar, doença inflamatória intestinal...) Avaliação etiológica da anemia ferropriva Pesquisa de sangue oculto nas fezes Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 65 Vantagens: Fácil realização Não-invasivo Baixo custo Desvantagens: Possibilidade de resultados falso-positivos ou falso-negativos Não define a origem do sangramento Resultados positivos habitualmente demandam realização de colonoscopia Pesquisa de sangue oculto nas fezes Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 66 Métodos Químicos (Reagentes: guaiaco, orthotoluidina) Baseiam-se na atividade de pseudoperoxidase do grupo heme da hemoglobina Resina de guaiaco + H2O2 (incolor) Pesquisa de sangue oculto nas fezes Atividade peroxidase da Hb Guaiaco oxidado + H2O (azul) Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 67 Métodos químicos Interferentes Alimentos - carne, brócolis, nabo, banana, uva, ameixa Medicamentos (aspirina, AINES) Vitamina C em excesso Requer preparo com dieta específica (3 dias antes do coleta) Pesquisa de sangue oculto nas fezes * Indicado análise em 3 amostras de fezes Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 68 Métodos Imunoquímicos Anticorpo reagente liga-se à hemoglobina humana (cadeias globina) Melhor performance (sensibilidade e especificidade) Menor probabilidade de detecção de sangramento alto (cadeias globina são destruídas no intestino delgado) Sem necessidade de restrição dietética como preparo para coleta Pesquisa de sangue oculto nas fezes * Indicado análise em 3 amostras de fezes Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes 69 montalbano.c@hotmail.com Obrigada!!!!!!!!! Parasitologia Básica Aula 03: Exames Parasitológicos de Fezes
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