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Contribuição de Foucault para a reflexão Pós-estruturalista A guinada de olhar promovida por Foucault nos convida a enxergar o poder em todos os lugares, em todas as relações, nos leva a descobrir que o poder não é algo tão palpável, mas fluido, subliminar, incerto, “onipresente”. Também se opondo ao pensamento marxista, que instaura a cisão entre ciência-ideologia e concebe o saber como externo ao poder, afirma que o poder e saber são mutuamente dependentes. Assim como para o estruturalismo, a linguagem e o processo de significação também são centrais para o pós-estruturalismo. Neste sentido, ele dá continuidade ao estruturalismo. A ênfase no discurso (Foucault) ou no texto (Derrida) revela a importância dada à linguagem por eles. Contudo, ao invés de buscarem a essência estrutural e universal do significante, os pensadores pós-estruturalistas defendem a ideia de que o significado é construído social, cultural e historicamente. O foco deles não está na semelhança, no que é comum, mas sim na diferença, nos distintos significados que são atribuídos a um mesmo significante, às diferentes representações que se configuram, nos diversos contextos sociais, culturais e históricos. Através da linguagem nos expressamos, mas nossa subjetividade é perpassada pelos significantes que transitam na sociedade, que se impõem em nossos discursos, sem que muitas vezes tenhamos consciência. “Somos falados” na medida em que incorporamos os discursos produzidos social e culturalmente como se fossem nossos, na medida em que nossas representações da realidade, dos outros e de nós mesmos são representações construídas a partir das relações entre poder e saber. Silva analisa a centralidade do poder nos processos de constituição das identidades dos sujeitos, explicitada no pensamento foulcaultiano, ressaltando que É ainda o poder que, para Foucault, está na origem do processo pelo qual nos tornamos sujeitos de um determinado tipo. O louco, o prisioneiro, o homossexual não são expressões de um estado prévio, original; eles recebem suas identidades a partir dos aparatos discursivos e institucionais que os definem como tais. O sujeito é o resultado dos dispositivos que o constroem como tal. (SILVA, 2004, p.120-121) A principal contribuição de Derrida é a valorização dada por ele tanto à linguagem oral como escrita como formas de registros, incluindo ambas no que chama de “escrita”, ressaltando que tanto uma como a outra são inscrição e linguagem, são constituídas social e historicamente e, portanto, externas ao sujeito. Nesta perspectiva, Derrida se opõe à ideia de autoria subjetiva, individual. Sua visão de linguagem, também se opõe à ideia humanista de que os sujeitos têm voz. Para ele, os sujeitos não têm “voz”, são ditos, dizem o que já está dito. A subjetividade pode ser entendida, nesta perspectiva, como “atravessada” pelos significados impressos no contexto sócio-histórico e cultural. Assim, a subjetividade é sempre social. Indiretamente, sua abordagem também abre caminho para a importância das narrativas orais e escritas como discursos sociais, ideia que mais tarde será revisitada por outros autores.
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