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Ação Civil Públia (ACC)

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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DO 
MUNICÍPIO DE LAGUNA –SC 
 
 
 
 
 
 O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA 
vem à presença de Vossa Excelência, por meio de seu agente ministerial, pelas atribuições 
que lhe são conferidas em lei, com fulcro no art. 129 e 225 da Constituição Federal e com 
fundamento nas Leis Federais nº 6.938/81 e nº 7.347/85, e Decreto Municipal de Laguna 
nº 6.087/2019, propor a presente 
 AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA DESOCUPAÇÃO DE ÁREA DE 
PRESERVAÇÃO PERMANENTE/ com pedido de liminar em face do 
 MUNICÍPIO LAGUNA-SC, pessoa jurídica de direito público, inscrita 
no CNPJ sob nº xxx com sede administrativa xxx, nº xxx, bairro xxx CEP xxx, Município 
de Laguna- SC pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir: 
 
 I - DOS FATOS 
 Trata-se de construção irregular de imóvel na beira da Praia da 
Ilhota/Ypuã dentro da área de preservação permanente (APA) Baleia Franca e em 
acrescidos de Marinha, ocupando terreno de dunas e vegetação de restinga. A 
permanência do imóvel causará danos irreparáveis ao meio ambiente, além de abrir 
precedentes para novas construções, provocando dessa forma uma devastação de todo 
ecossistema e bioma protegido por lei. Torna-se dessa forma necessária, imprescindível 
a intervenção quanto a construção irregular, como fim de minimizar os danos ambientais 
e garantir dessa forma o equilíbrio do ecossistema local, assim como impedir novas 
construções em áreas de proteção permanente (APA). 
 
 
II - DO DIREITO 
 A proteção das áreas de preservação permanente está disposta no 
artigo 3º, inciso I, da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a política 
nacional do meio ambiente, como “o conjunto de condições, leis, influências e interações 
de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas 
formas”. 
Decreto Municipal de Laguna nº 6.087/2019 
Art. 1º Este Regimento estabelece normas de organização e funcionamento do Conselho 
Municipal do Meio Ambiente - COMDEMA, órgão normativo, consultivo, deliberativo, 
regulamentador e de assessoramento do Município de Laguna, de caráter colegiado, com 
participação social paritária, nos assuntos referentes à proteção e à preservação ambiental 
no âmbito do Município, criado pela Lei Municipal nº 894 de 16 de outubro de 2002 e 
instalado em 07 de julho de 2003. 
 A Constituição Federal, em seu artigo 225, dispõe que o meio ambiente 
é um bem de uso comum do povo e um direito de todos os cidadãos, das gerações 
presentes e futuras, estando o Poder Público e a coletividade obrigados a preservá-lo e a 
defendê-lo. 
 O conceito de meio ambiente supera a denominação de que é um bem 
público, tendo em vista que não é só do Estado, mas também da coletividade, o dever de 
defendê-lo e preservá-lo. 
 O meio ambiente ecologicamente equilibrado foi consagrado 
constitucionalmente como direito fundamental de tríplice dimensão: individual, social e 
intergeracional. 
Individual porque, enquanto pressuposto da sadia qualidade de vida, interessa a cada 
pessoa, considerada na sua individualidade como detentora do direito fundamental à vida 
sadia. 
Social porque, como bem de uso comum do povo (portanto, difuso), o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado integra o patrimônio coletivo. Não é possível, em nome deste 
direito, apropriar-se individualmente de parcelas do meio ambiente para consumo 
privado, pois a realização individual deste direito fundamental está intrinsecamente ligada 
à sua realização social. 
Intergeracional porque a geração presente, historicamente situada no mundo 
contemporâneo, deve defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado 
para as futuras gerações. 
 O direito ao meio ambiente e o seu reconhecimento como um direito 
fundamental do ser humano surgiu com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio 
Ambiente Humano, realizada pela ONU em 1972, na cidade de Estocolmo, a qual deu 
origem ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. A Conferência encarece 
aos governos e aos povos que unam esforços para preservar e melhorar o meio ambiente 
humano em benefício do homem e de sua posteridade 
 Como resultado das discussões dessa conferência, foi elaborada a 
“Declaração de Estocolmo”, conjunto de 26 proposições denominadas Princípios. Entre 
os princípios da Declaração sobre o Meio Ambiente Humano está o reconhecimento de 
que os recursos naturais necessitam de gestão adequada para não serem esgotadas. O 
entendimento é de que qualquer tipo de recurso natural esteja presente e disponível para 
as gerações futuras. 
III- DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO: 
 A legitimidade do Ministério Público para ingressar com ação civil 
pública é patente e tem como fundamento o art. 129, III, da Constituição Federal, com o 
seguinte teor: 
“Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: III – promover 
o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público 
e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. ” 
Portanto, está o Ministério Público legitimado para ingressar com ação civil pública 
visando evitar danos ao meio ambiente, bem como requerer reparação daqueles ocorridos. 
 Em se tratando de dano ambiental e do resguardo à saúde humana, a 
repercussão dos danos se reflete no cível, no crime e administrativamente, tendo o 
Ministério Público respaldo para propor Ação Civil Pública conforme disposto no art.5º 
da Lei nº 7347/85 que disciplina a Ação Civil Pública de responsabilidade por danos 
causados ao patrimônio público e quaisquer outros interesses difusos e coletivo. 
 Já os danos compensáveis são aqueles em que a vítima não tem como 
ser restituída ao estado em que se encontrava antes, porém, lhe é entregue certa quantia 
em dinheiro ou coisa como forma de amenizar o ocorrido. 
 Diante do exposto, torna-se possível impor aos requeridos o pagamento 
pelos danos morais causados ao meio ambiente, o qual reflete diretamente na 
coletividade, sendo sua condenação, a demolição do referido imóvel assim como 
indenização por danos morais, a ser arbitrada por este D. Juízo, medida que se impõe, é 
necessária, inclusive para a restauração dos danos causados ao meio ambiente, 
assegurando a preservação da área a fim de se garantir os recursos naturais e assegurar a 
manutenção da biodiversidade e a conservação do ecossistema da região. 
 
IV – DO DANO MORAL AMBIENTAL 
 O dano moral coletivo, hoje perfeitamente aceito pela doutrina e 
jurisprudência, tem como principal aplicação os casos de danos a bens de interesse difuso 
ou coletivo. 
 Carlo Castronovo preleciona: 
Um dos mais importantes e significativos exemplos de dano moral coletivo é 
o dano ambiental, pois o 'ambiente', como 'paisagem', como 'habitat', como 
belezas naturais', é categoria relacional que exprime a mútua colocação de uma 
série de elementos que, em seu conjunto, constituem um valor que transcende 
a sua mera soma, valor esse que não pode ser traduzido mediante parâmetros 
econômicos. O dano ambiental não consiste apenas na lesão ao equilíbrio 
ecológico, prejudicando também outros valores fundamentais da coletividade 
a ele vinculados: a qualidade de vida e a saúde. É que esses valores estão 
profundamente unidos, de maneira que a agressão ao ambiente atinge 
diretamente a saúde e a qualidade de vida da comunidade”. A jurisprudência, 
por reiteradas vezes, tem aceitado e concedido a compensação por danos 
morais em matéria ambiental. Ainda, é o teor dos artigos da Lei 7347/85 - Lei 
de Ação Civil Pública: “Art. 3º. 
 
Segundo Paulo Affonso Leme Machado (2002, p. 46): “Os bens que integram 
o meio ambiente planetário, como a água, o ar e o solo, devem satisfazer as 
necessidades comuns de todos os habitantes da Terra”. 
V – DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE LIMINAR 
 Nas ações propostas sob o regime da Lei nº 7.347/85, é previstade 
forma expressa a concessão de liminares, nos termos do art. 12, do referido diploma legal: 
“Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, 
em decisão sujeita a agravo. ” 
 Na hipótese dos autos é imperiosa a concessão da liminar, pois o 
aguardo pelo deslinde do processo poderá ocasionar danos ambientais irreparáveis. 
Quanto aos requisitos para a concessão da liminar – fumus boni juris e periculum in mora 
não há dúvida estarem os mesmos presentes, pois o primeiro decorre diretamente da 
construção irregular em área de preservação permanente, sendo necessária a d aplicação 
do princípio da precaução. 
 Desta forma a demolição do imóvel além de cessar os danos terá surtirá 
efeito didático, quanto a possibilidade de novas construções. 
 
V. DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, o Ministério Público requer: 
 a) concessão de liminar para demolição imediata do imóvel; 
 b) citação dos requeridos, para querendo, responder e acompanhar os termos do presente, 
sob pena de serem considerados como verdadeiros os fatos alegados nesta peça; 
c) realização de perícia técnica a fim de confirmar a construção irregular e os danos por 
esta, causado ao meio ambiente; 
 d) condenação do requerido MUNICÍPIO DE LAGUNA – SC; 
 e) obrigação de fazer consistente em recuperar a área de preservação permanente 
degradada, nos limites das áreas de preservação permanente dos locais em questão, a fim 
de restaurar as condições ecológicas das áreas, nos termos do art.14, §1º da Lei 6938/81. 
f) condenação do MUNICÍPIO DE LAGUNA – SC em obrigação de fazer consistente 
em delimitar mediante cercamento das áreas de APPs afixando placas com o seguinte 
enunciado “ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE – ACESSO PROIBIDO”, a 
fim de esclarecer publicamente os limites da Zona de Restrição à Ocupação (Lei nº 
12248/98, Decreto-Lei nº 6314/06 e Lei Federal nº 4771/65), considerando os limites 
determinados na perícia técnica realizada na instrução processual; 
g) protesta-se, ainda, por todos os meios de provas que se fizerem necessários, inclusive 
depoimento pessoal dos representantes legais do requerido, prova pericial, documental e 
testemunhal. 
h) Seja julgada procedente a presente ação em todos os termos do pedido retro, 
condenando-se os requeridos ao ônus de sucumbência e demais cominações legais, 
inclusive honorários advocatícios, tudo a ser recolhido a PROMOTORIA DE JUSTIÇA 
DA COMARCA DO FORO DE LAGUNA – SC Fundo Estadual de Defesa aos Interesses 
Difusos (FEID), criado em atendimento a Lei Federal nº 7347/85 e Lei Estadual nº 
11.987/98, regulamentada pelo decreto nº 4620/98. 
Atribui-se à causa o valor de R$100.000,00 (cem mil reais), para os efeitos legais, por se 
tratar de direito difuso, de valor inestimável. 
Termos em que, 
pede deferimento. 
Laguna xxx, de xxx de xxx 
 
xxx 
Promotor de Justiça

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