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fichamento vigiar e punir

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FACULDADE METROPOLITANA
DISCIPLINA: DIREITO PENAL 
ALUNA: YARA FRANKALIN SANTOS SOARES
TURMA: DIR31
FICHAMENTO DO LIVRO VIGIAR E PUNIR – MICHEL FOUCAULT
Michel Foucault em sua obra “Vigiar e punir” descreve inicialmente a punição tortuosa de um criminoso no ano de 1757, na França. Na época esse tipo de execução era denominado de suplico, muito utilizado na Idade Média. Essa forma de punição era usada com o propósito de fazer com que a população sentisse temor ao Estado, e dava oportunidade ao soberano de mostrar a sua força e o rigor para aqueles que infringiam suas normas ou ousassem desafia-lo.
O detalhamento de cada etapa do rito é descrito com riqueza, oferecendo ao leitor uma ideia clara de todo o castigo imposto ao condenado. Sendo esses verdadeiros suplícios, onde os acusados tinham os seus corpos expostos a aversão pública, causando não só uma violência física, mas também psicológica em todos os participantes do ato de penalização, um verdadeiro show de horror. As condenações poderiam ser de multa, banimento, açoite, a roda, a fogueira, esquartejamento, a exposição, a marcação com ferrete.
A determinação do grau de punição variava conforme o crime e de acordo com a natureza das provas. Por mais grave que um crime fosse, se não houvesse provas contundentes, o suplício era mais brando do que aquele em que o crime era menos grave, mas que por outro lado tinha ao dispor provas integrais a respeito do delito. O processo era feito sem o processado saber. Esse sigilo garantia sobretudo que a população não fizesse alvoroço. Desta forma o rei demonstrava que a força soberana não pertencia a multidão.
Houveram revoltas em execuções e certo magistrado francês ressaltou que a manifestação corpo a corpo era a única maneira eficiente de manifestação das minorias, dada a rigidez do sistema absolutista.
Os protestos contra os suplícios tronaram-se cada vez mais frequentes e começaram a ser encontrados em todas as partes na segunda metade do século XVII, a pratica tornou-se intolerável na visão da população, gerando um grande revolta contra o soberano, pois revelava a sua tirania, excesso, sede de vingança e o prazer de punir.
Com toda a onda de protestos surgiu a necessidade de realizar a criação de novas leis criminais. Essas deveriam ser caracterizadas pela suavização das penas, com um código mais nítido, com leis menos arbitrarias e um consenso mais fixado sobre o poder de punição.
Em suma, Michel destaca que nessa mudança do sistema penal o que pesava para os ricos era a ilegalidade dos bens, ou seja, a necessidade de impedir que suas posses fossem levadas, e para os pobres a ilegalidade dos direitos. A reforma tinha dois objetivos, o crime e o criminoso, assim podendo conhecer os objetivos do crime, o porquê, conhecer o indivíduo e as motivações que o levaram a cometer os delitos. Assim, podendo tomar medidas mais rápidas e eficazes.
A modificação nas penalidades aplicadas trouxeram consequências: a mudança e a diminuição dos crimes. Aparecem em maiores quantidades os crimes de propriedade, o delinquente também apresenta outro perfil, são os mal feitores, mal alimentados, levados pelo desespero da pobreza, mais conhecidos como marginais. Surgem então os delitos em massa. Aconteceu nesse período a ilegalidade de castas sociais comuns a cada grupo, qualificados por rivalidade e conflito de interesses, partindo desde então, para uma crise genérica de ilegalidade popular.
Com essa nova reforma surgiu um fato contraditório: O cidadão passa a aceitar as leis que deverão puni-lo. Contudo ao cometer um crime o delinquente rompe com o pacto, sociedade e participa da punição que recai sobre ele. Com isso, a vingança do soberano, que antes era estampada nos suplícios foi deslocada para a defesa da sociedade como um todo. 
Essa defesa da sociedade foi firmada na lei, e para atingir o seu propósito foi necessário armar o poder em cima de regras: a da especificação, que tem como objetivo a descrição de todas as infrações possíveis reunidas no código, de forma que ninguém pudesse alegar o desconhecimento em torno de algum crime. 
A nova reforma do sistema punitivo entra na percepção da noção em que a vantagem do crime possa ser anulada em razão da aplicação da pena, fazendo com que desestimule futuros contraventores e eliminando a reincidência. Assim a punição não apareceria mais como um efeito da soberania mas sim como consequência dos atos criminosos.
Com o conhecimento das penas aplicadas aos delitos, o ato ilícito deveria deixar de ser desejado, ou seja, quando o criminoso lembrasse dos momentos em que esteve preso o mesmo não desejaria ter a sua liberdade privada novamente. O principal objetivo da pena era chegar no corpo e na alma da pessoa.
É a partir daí que o corpo torna-se o local de investimento de diversas técnicas e mecanismos que pretendem fazer uma função de docilidade e utilidade, é uma forma de dominação, que tende a tornar a pessoa útil e obediente, mas não como a escravidão, é mais como uma política de controle sobre o corpo. 
Para alguns juristas a detenção não é uma pena, mas sim uma garantia sobre o corpo da pessoa, que simplesmente o prende mas não pune. Então seria valido retribuir o seu erro com a mão-de-obra em construções, oferecendo melhorias coletivas. 
A prisão apareceu cercada por críticas e desconfianças, ela não estava diminuindo a taxa de criminalidade, estava aumentando mais ainda a reincidência e fazia com que cada vez mais tivesse delinquentes, tanto por não trata-los de forma adequada como seres humanos, como por abusarem do poder, cirando uma exploração do trabalho penal, com a venda de prisioneiros como escravos. Assim como os crimes começaram a serem organizados, a solidariedade e hierarquia entre os criminosos também se fortaleceram, fora que havia ainda a corrupção e incapacidade dos guardas manterem a segurança.
A prisão atual segundo o autor, representa o progresso das ideias, da educação e dos costumes. Ele citou algumas características importantes inerentes esses sistema tal como a Forma, salário, objetivação econômica: que consiste na redução da pena através de um trabalho que trará benefícios para a sociedade; Econômica-moral: casos de penas muito extensas forem reduzidas, pois além de serem onerosas para o Estado, a nova moral social acredita na reparação dos indivíduos encarcerados, através do suplemento corretivo e das medidas disciplinares.
Dessa forma, as prisões são ao mesmo tempo entes transformadores e castigadores no que diz respeito a restrição da liberdade. A pena segundo Foucault, deve ser individual e individualizante, tendo o isolamento como um de seus principais princípios para que dificulte revoltas e a formação de organizações criminosas, ademais o isolamento traz a solidão que tende a gerar remorso, arrependimento e a reflexão.
Outro aspecto interessante tratado no livro é que a pena e a sua condenação não deveriam ser absolutas, pois deveriam levar em consideração a conduta do apenado e sua intenção pessoal de mudar. O efeito que a prisão excede sobre o preso é que deveria determinar suas etapas, agravações temporárias e atenuações sucessivas. Para o autor a delinquência é notória após a prisão porque os meios de ressocializar o indivíduo ainda são falhos. A prisão acaba se tornando regra na maioria dos países, apesar de sua eficácia duvidosa e diversos problemas de modelo e correção a partir do aprisionamento que foi feito para reprimir e reduzir a criminalidade, selecionar e organizar a delinquência. 
Em suma, o livro traz de forma clara a progressão do sistema penal como um todo e no que tange as prisões e a sua evolução, é valido ressaltar que toda essa evolução do sistema penal, dos suplícios ao sistema moderno é extremamente importante para a manutenção dos direitos humanos já consolidados como fundamentais a vida em sociedade, uma vez que garante ao apenado meio de se reabilitar e de não repetir os delitos.
Foucault finaliza com uma interrogação que se no âmbito político atual haveria possibilidades para uma alternativa – prisão ou algummodelo diferente, e deixa claro seu posicionamento de que por estar em uma sociedade como a nossa a prisão, a qual é regida por um sistema panótico, não é modificável e sim dispensável.

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