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Mirian Cardinot Med.Veterinária – 201606542-5 Cryptococcus Introdução: Trata-se de um fungo leveduriforme encapsulado, pertencente á classe Basiomycetes, família Filobasidiacea. Histórico: Descoberto por Francesco Sanfelice; *O gênero Cryptococcus foi descrito pela primeira vez em 1894 por Francesco Sanfelice, quando isolada de suco de pêssego. Na época ele fez inoculação em cães, em galinhas, porquinhos da India e verificou tumores semelhantes a sarcoma, chamando Saccharomyces neoformans. Nesse mesmo ano, tiveram dois outros pesquisadores, Otto Busse e Abraham Buschke, onde o primeiro isolou da tíbia de humanos leveduras que apresentavam cápsulas, e o denominou Saccharomycosis hominis, e o estudou esses mesmo caso, e verificou formas semelhantes a coccídios Importância: encontrada em fezes (pombo) as leveduras em suspensão podem ser inaladas pelo homem, fazendo foco primário no pulmão caem na corrente sanguínea podendo levar a inflamação das meninges; Quando encontradas no solo se apresenta de forma sexuada pois este é um meio pobre em nutrientes, no organismo (meio rico) se encontra na sua forma assexuada (levedura). Não se trata de um dimórfico, ele muda a forma por conta do seu meio, se pobre fica na sua forma sexuada se rico na sua forma assexuada. Fontes saprófitas: Excretas de pombos, espécies de eucalipto como Cassia fistula, Cassia grandis etc. Mirian Cardinot Med.Veterinária – 201606542-5 Ecologia e Epidemiologia: Do ponto de vista epidemiológico, é interessante saber que C. neoformans tem sido isolado com relativa frequência do solo. Ainda mais significativa é sua associação com aves, principalmente pombos. Trabalhos mostram aves como: frangos, faisões, periquitos, araras, pardais, águias e patos como disseminadores dos fungos. Ele não é patogênico para aves provavelmente por conta da sua alta temperatura corpórea (42Cº) Crescimento nas fezes de pombos: Explica-se esse crescimento pela sua capacidade de assimilar creatinina, ao contrário de outras espécies do gênero e de outras leveduras. Juntamente com a creatinina outras componentes presentes na urina. Como purinas, xantinas e ácido úrico, também possibilitam seu desenvolvimento nas fezes, permitindo dessa maneira a perpetuação do fungo nessas aves, além do que o ambiente por elas habitados constitui um foco de contaminação para o homem e outros animais. Mesmo após a dessecação das excretas, o fungo pode-se manter viável por cerca de 2 anos. Ao ingerir alimentos contaminados com as próprias excretas os pombos terão o Cryptococcus neoformans colonizando seu englúvio, podendo ali permanecer por mais de 80 dias, com eliminação constante atráves do intestino. A disseminação desse fungo também tem sido relatada por baratas, besouros e pupas de mosca. Cryptococcus gatti: Vive em associação com plantas, tendo sido isolado de madeira em decomposição, cavidade de árvores e, com relativa frequência de eucaliptos. Mirian Cardinot Med.Veterinária – 201606542-5 Epidemiologia: Mostra que a primeira via de infecção é a respiratória -Evidências do pulmão como primeira via de infecção; - Já se fez o isolamento do agente a partir do ar; - Tamanho apropriado das partículas; - Alguns pacientes apresentam lesões pulmonares; - Se faz o isolamento do escarro; ‘’Nariz de Palhaço’’: Animal pode apresentar fístulas e nariz inchado, dando a impressão de nariz de palhaço, oriundo da resposta inflamatória do organismo a presença da levedura. Reprodução: Assexuada - leveduras capsuladas. É a única levedura que possui uma capsula de polissacarídeo, essa característica a diferencia das outras. Essa capsula é um reservatório de nutriente, além de funcionar como mecanismo de proteção ao sistema imune no organismo. Espécies importantes em Med. Vet.: Cryptococcus neoformans e C. gatti; Sexuada: basídio com basidiósporos. Como as fezes e o solo não possuem nutrientes suficientes para o desenvolvimento do fungo, Mirian Cardinot Med.Veterinária – 201606542-5 ela se encontra na sua forma sexuada, possuindo o nome de Filobasidiela neoformans; Sorotipos: Existem os sorotipos A, D e AD (híbrido) do Cryptococcus neoformans ou Filobasidiela neoformans ; e o sorotipo B e C que é referente ao Crytoccoccus gatti; Fatores de virulência: Cápsula; Proteases; Fosfolipase C; Uréase; Melanogênese: É um fenômeno observado em cultivos de C. neoformans quando se vê a formação de colônias de cor castanha a marrom-escura, na superfície de meios de cultura com dopamina (DOPA). A difenoloxidase, que é responsável pela melanogênese, catalisa a conversão de 3,4-diidroxifenilanina (dopa) a dopaquinona. Esta sofre um rearranjo a dopacromo e este, inicialmente, é polimerizado a melacromo e depois melanina. *É um importante fator de virulência, pois o fungo em questão quando envolvido por melanina pode neutralizar grandes quantidades de substâncias oxidantes liberadas pelas células inflamatórias, deve-se levar em conta que o cérebro órgão considerado alvo das infecções de C.neoformans é rico em catecolaminas, substância que pode ser utilizada na melanogênese, dessa forma o órgão fica mais protegido nesses locais. Características coloniais e isolamento: Meio de cultura rico em nutriente: colônia com aspecto mucóide, com aspecto líquido (chega escorrer no meio de cultura e fica depositado no fundo do tudo), coloração inicial creme e vai ficando amarronzada. Mirian Cardinot Med.Veterinária – 201606542-5 Quando se coleta o material e se suspeita que é o C. neoformis, pode-se preparar o meio de colônia com uma substância que dê a certeza do fungo em questão. Usa-se o meio DOPA, contendo dopamina, se a colônia ficar de cor escura é o C. neoformis, pois ele é o único que transforma a dopamina em melanina, deixando o meio escuro. Soroagrupagem: Pode-se ter alguns meios de cultura pra diferenciar as espécies de Cryptococcus, como o Agar CGB, que diferencia o C. gatti do C. neoformans. Se o meio se mantiver na cor azul, significa que o fungo não sobreviveu a canavanina. Somente o C. gatti cresce neste meio pois é a única espécie capaz de resistir a cavananina, deixando o meio transparente; Mirian Cardinot Med.Veterinária – 201606542-5 Isolamento: Coleta de Material – pode-se colher o líquor, swabs nasais (se faz a limpeza do nariz e se coleta lá de dentro), lavados traqueais e biópsia de tecidos. Material deve ser encaminhado sobre refrigeração e na biopsia pode colocar uma parte a formal a 10 para histopatologia; Uso de meio Sabouraud dextrose acrescido de cloranfenicol (para inibir o crescimento de bactérias) e meio do ágar Dopa, para verificar o tipo de fungo ( transformação da dopamina em melanina); Histopatologia: Auxilia na visualização da levedura, leveduras com capsulas de polissacarídeo. Identificação: Se realiza alguns testes bioquímicos, inoculação em meio Sabouraud com cloranfenicol sem cicloheximida (a levedura é sensível a cicloheximida -não cresce) e o teste com caldo de ureia (meio de cultura com indicar do ph, a ureia inteira é ácida o meio fica amarelo , quando quebra a ureia e o meio fica vermelho (rosa)) , o Cryptococcus é uréase positivo, deixando o meio rosa. Mirian Cardinot Med.Veterinária – 201606542-5 Provas de auxanograma: Teste de assimilação de carbono. Levedura em contato com vários tipos de açúcar para ver de qual ela tira o carbono. O fungo possui como principal fonte de carbono o açúcar mas ele usa de um açúcar específico. Prepara-se o Ágar YNB (que só tem nitrogênio de levedura, não tem fonte de carbono). Coloca-se o meio em uma placa de petri e o deixa solidificar; Semea-se a levedura no meio de cultura, divide o meio em 3 e em cada parte coloca-se um açúcar diferente (esses açúcares são comprados estéreis); Ao crescer a levedura só vai conseguir gerar colônia, naquele local ontem o açúcar em questão é aquele que ela consegue usar como meio de carbono. Prova do zimograma: Aqui observa-se qual açúcar a levedura fermenta e há a produção de gás. (A prova deve ser negativa) Mirian Cardinot Med.Veterinária – 201606542-5 O caldo não tem fonte de carbono; Com a água em um tubo se coloca 1 ml se suspensão de açúcar; Inocula-se o Cryptococcus que se quer identificar em cada tubo e o deixa desenvolver. Se ele fermentar o açúcar, haverá produção de ácido mudando o ph, mudando a cor do meio (de cor roxa passa para o amarelo), *mas o que mais importa é a produção de gás, deve-se observar se houve ou não produção de gás Verificar produção de gás, se ocorrer, ele fica preso no tubo invertido, apresentando uma ‘’bolha’’. *A marcação do positivo são os tubos com essa bolha. O resultado de ambas as provas (zimograma+ auxanograma) leva ao diagnóstico da levedura *Junta então os testes e se olha na tabela para chegar ao diagnóstico do tipo de Cryptococcus. . Exercícios: Quais as principais espécies de Cryptococcus de importância em Medicina Veterinária? * Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gatti Quais as características coloniais de fungo do gênero Cryptococcus? * Colônia com aspecto mucoide, com forma um pouco líquida (chega escorrer no meio de cultura e fica depositado no fundo do tudo), coloração inicial creme e vai ficando amarronzada. Onde pode ser encontrada a levedura Cryptococcus? * Pode ser encontrada no solo em excretas de pombos e em espécies de eucalipto como Cassia fistula, Cassia grandis etc. Que patologias o Cryptococcus pode causar nos animais? Infecção com localização nasal (nariz de palhaço), infecção pulmonar, meningite, meningoencefalite. Mirian Cardinot Med.Veterinária – 201606542-5 Explique o que vem a ser o Auxanograma. Trata-se de um teste de assimilação de carbono, a levedura usa como fonte de carbono açucares, esse teste mostra qual tipo de açúcar foi utilizado pela levedura e dessa forma se tem o diagnóstico a nível de espécie (em junção com outros testes como o zimograma). Prepara-se o Ágar YNB (que só possui nitrogênio de levedura, não tem fonte de carbono). Coloca-se o meio em uma placa de petri e o deixa solidificar. Semea-se a levedura no meio de cultura, divide o meio em 3 e em cada parte coloca-se um açúcar diferente (esses açúcares são comprados estéreis). Ao crescer a levedura só vai conseguir gerar colônia naquele local onde o açúcar em questão é aquele que ela consegue usar como meio de obtenção de carbono.
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