Documentos de Araxá, Teresópolis, Alto Da Boa Vista e Sumaré; Método de BH

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL – FACES-UFU 
4° PERIODO 
 
 
 
 
 CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
Documentos de Araxá, Teresópolis, 
Alto Da Boa Vista e Sumaré; Método de 
BH 
 
Larissa De Matos Pedro 
 
 
 
 
 
Fundamentos Teóricos e Éticos do Serviço Social 
Prof. Dr. Edileusa 
 
 
 
 
Ituiutaba 
2020 
 
 
 
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Antes de darmos inicio a analise dos documentos criados nos congressos é 
necessário fazer uma breve apresentação do contexto histórico da época e o que 
acontecia na profissão de serviço social. O serviço social passava pelo movimento de 
reconceitualização que se deu na América Latina incluindo o Brasil, e teve inicio na 
década de 60. Em meados dos anos 64 no Brasil estava nascendo a autocracia 
burguesa, a chamada ditadura militar. A população lutava pela volta do regime 
democrático com o auxilio de movimentos sociais e muitas profissões, o serviço social 
era uma dessas, o ambiente ditatorial fez com que o serviço social repensasse suas 
praticas profissionais, metodologias e posturas éticos politicas. Dentro do ambiente 
ditatorial no Brasil o serviço social buscava a sua reconceitualização que essa contou 
com a presença de três grandes momentos históricos: a modernização conservadora, 
reatualização do conservadorismo e o movimento de intenção de ruptura. A 
modernização conservadora foi o primeiro momento em que o serviço social se 
afastou da perspectiva religiosa, tentando se tornar laico. O serviço social buscava 
por uma “modernização” técnica com modos de intervenção mais sofisticados, 
pautado nas perspectivas norte americanas. A profissão de serviço social foi usada 
como aporte para o desenvolvimento social na atuação junto as comunidades para 
qualificação de mão de obra da classe trabalhadora. Esse desenvolvimento era 
baseado na diminuição de desemprego e modernização centrada na busca de mão 
de obra, visando somente o capital. Isso trouxe a negação da busca pela 
modernização onde o individuo evoluía sua forma de pensar, essa ainda continua 
tradicional, positivista e culpabilista do individual. Outro momento foi o da 
reatualização do conservadorismo onde houve um momento de retrocesso, com 
influxo, onde os profissionais voltam as perspectivas conservadoras, se atrelando com 
a igreja novamente. Nesse momento também há uma junção das praticas 
profissionais com praticas psicologizantes onde através de conversas se tinha a ideia 
de que esse método poderia resolver os problemas pessoais e sociais dessas 
pessoas. Por ultimo houve o movimento de intenção de ruptura, esse foi o momento 
 
 
 
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em que o serviço social de fato se rompe com o conservadorismo, movimento que se 
dividiu em dois, onde o primeiro se aproxima do marxismo porem com interpretações 
equivocadas do pensamento de Marx, o chamado “Marx sem Marx”, que não 
representava a verdadeira essência e forma de pensar de Marx. O segundo ocorreu 
no final dos anos 60 e inicio dos anos 70 quando o serviço social começa estudar 
Marx por Marx, o marxismo clássico, e não aquele pensamento marxista baseado em 
outras palavras, corrigindo assim os equívocos dos movimentos de ruptura. Esse 
momento também deu uma visão mais real do lugar que o serviço social ocupava 
dentro da sociedade, fazendo com que a profissão passe a se reconhecer como classe 
trabalhadora e lute pela defesa dessa classe. A construção do projeto ético politico 
passa a se dar em um momento emblemático para a profissão, o congresso da virada 
em 1979, este que marca a virada histórica da profissão que se rompe com o 
conservadorismo adotando assim uma visão critica com referenciais marxistas. No 
congresso da virada se cria três importantes feitos do serviço social: O código de ética 
1993, profissão não mais neutra mas defensora da classe trabalhadora e a lei de 
regulamentação da profissão e diretrizes curriculares. 
Dando inicio ao estudo dos documentos o primeiro criado recebeu o nome de 
“documento de Araxá”, e ocorreu em Araxá no estado de Minas Gerais dos dias 19 
a 26 de março de 1967. Esse primeiro documento estava dentro do ciclo histórico da 
modernização conservadora do serviço social e contou com a participação de 38 
assistentes sociais promovido pela CBCISS (Conselho Brasileiro de Cooperação e 
Intercambio de Serviços Sociais), tendo como tema a metodologia do serviço social. 
Os assistentes sociais passaram uma semana estudando e analisando a teorização 
do serviço social com 5 roteiros de discussão para os seminários que teve como 
pautas: o conceito de serviço social e qual a sua natureza, serviço social de caso, 
serviço social de grupo, serviço social em comunidade e discussão sobre 
administração de programa. Houve extrema tensão entre as formas tradicionais de 
ação e as modernas pois o serviço social tentava negar as bases tradicionais trazendo 
 
 
 
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modernização técnicas mas com as tradicionais não totalmente abandonadas, eles 
dialogam em busca de planejamento para que ocorra desenvolvimento do capital e 
consequentemente o desenvolvimento humano (macrossocietário, nível politico). Os 
assistentes sociais através de reflexões criaram o documento de Araxá e esse 
denominou o serviço social como pratica institucionalizada com ações sociais dadas 
a logica do ajustamento e adequação do individuo e da família, com relações entre 
estado e instituições sociais, e também voltados a programas assistenciais 
imediatistas (microssocial como modo de operação). Como conclusão houve um 
processo de integração do serviço social no desenvolvimento e em sua natureza como 
arte ou ciência, a profissão foi inserida no plano da pratica especulativa na aplicação 
de conhecimentos próprios e tomados de outras ciências como técnica social porem 
ainda uma profissão conservadora. As praticas de caso, grupo e comunidade agora 
não vão ser feitas sozinhas mas associados a outros métodos e processos. O 
documento foi publicado pela revista debates sociais e teve enorme expansão já que 
foi ate mesmo traduzido pra outras línguas como inglês e espanhol, assim como o de 
teresopolis foi traduzido para o espanhol. O documento serviu como uma analise e 
discussão da metodologia usada e como essa profissão agia socialmente para que se 
adequassem a sociedade naquele momento, com o documento de Araxá a profissão 
cria novos ramos de atuações técnicas. 
O Documento de teresopolis foi uma continuidade do documento de Araxá e 
aconteceu no ano de 1970 onde 103 assistentes sociais foram convidados e desses 
33 participaram, o evento ocorreu entre os dias 10 e 17 de janeiro na cidade de 
Teresopolis no Rio de Janeiro. A temática do encontro foi a necessidade de um estudo 
sobre a metodologia do serviço social face a realidade brasileira. Esse seminário 
ocorreu com o intuito de continuar as discussões sobre a metodologia do serviço social 
com idealizações modernizadoras. Era necessário uma perspectiva transformista 
onde o tradicional dava lugar ao moderno fazendo com que nascesse uma forma 
inovadora, porem se deu continuidade as mesmas estruturas de antes, esse 
 
 
 
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movimento foi considerado uma “modernização conservadora” pois continuava com a 
mesma essência e positivismo, somente as técnicas se inovaram. É então que se 
busca uma solução para os problemas metodológicos do serviçosocial, e segundo 
Dantas o principal meio de solução seria a introdução a uma metodologia para pratica 
profissional, se via a necessidade de um nível mínimo de cientificidade. Ainda se tinha 
uma preocupação de se criar uma metodologia para a pratica do assistente social 
dentro da perspectiva imediatista articulada com a cientificidade, continuando um 
serviço social conversador. O roteiro do seminário foi dividido em 4 temáticas: teoria 
do Diagnóstico e da intervenção Social, diagnóstico e intervenção em nível de 
planejamento, incluindo situações globais e problemas específicos, diagnóstico e 
intervenção em nível de administração e diagnóstico em nível de prestação de 
serviços diretos a individuais, grupos, comunidades e populações. Para a discussão 
dessas temáticas os assistentes sociais se dividiram em dois grupos que discutiram 
concepções cientificas da prática do serviço social e aplicação da metodologia do 
serviço social. O documento de teresopolis deixa claro como o serviço social deve agir 
como um agente social do desenvolvimento, vê-se a necessidade de uma nova 
qualificação profissional para a profissão. O papel do serviço social foi reduzido a uma 
perspectiva técnico burocrática e esse pensamento avança e se moderniza em 
técnicas e métodos mas as raízes continuam conservadoras e somente se preocupam 
com as praticas instrumentais, desarticulas de éticas politicas, sendo neutros já que a 
todo momento se conectam com a cientificidade. 
Sumaré e Alto da boa vista marcam o afastamento da perspectiva modernizadora, 
esses foram dois são marcos do segundo ciclo histórico do movimento de 
reconceitualização do serviço social, o ciclo histórico de reatualização do 
conservadorismo. Trazem tendências profissionais antigas sobre nova percepção, a 
fenomenologia. Esses seminários marcaram a perspectiva de atualização do 
conservadorismo com um tônus de anacronismo (perspectiva que faz a leitura do 
presente com os olhos do passado). Esse tônus faz o empobrecimento teórico do 
 
 
 
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serviço social. Documento de Sumaré foi feito entre os dias 20 e 24 de novembro de 
1978 com mais de 200 assistentes sociais dando continuidade ao estudo de 
teorização do serviço social, esse documento foi feito dez anos após o documento de 
Araxá já que era necessário uma volta a tal documento para possíveis novos 
apontamentos e questionamentos com três temas básicos para os possíveis 
questionamentos levantados, o serviço social e a cientificidade (busca pela 
cientificidade do serviço social), o serviço social e a fenomenologia (ela nos aproxima 
da essência pela descrição) e o serviço social e a dialética (movimento que conforme 
um progresso alcança a verdade). Neste evento foi decidido que o documento de 
Araxá não sofreria ajustes ou mudanças, esse documento foi de extrema importância 
para o desenvolvimento critico profissional do serviço social. O serviço social passa a 
buscar por novos perfis profissionais e de identidade com as classes trabalhadoras 
marcadas pelo autoritarismo e intransigência. Houve ruptura do serviço social 
tradicional e neutro buscando agora transformação social com posições criticas, 
mesmo que não ocorreu conclusões maiores os debates auxiliaram os assistentes 
sociais sobre a profissão no território Brasileiro. 
Documento de Alto da Boa Vista ocorreu em novembro de 1984 e contou com a 
participação de 24 profissionais da área de serviço social. As conferencias tiveram 
diversas temáticas com problemáticas ao autoritarismo, historia do marxismo no 
Brasil, positivismo, fenomenologia, questões social no Brasil, as ciências e tecnologia 
social. Quando o documento foi desenvolvido já ocorria no brasil o congresso 
brasileiro de assistentes sociais, considerado um lugar de debate teórico metodológico 
e profissional. Nesse seminário havia preocupação em dialogar as práticas atuais aos 
conceitos desenvolvidos nos outros encontros para melhor compreensão do serviço 
social e sua identidade histórica e política, procurando conteúdo novos para a 
metodológica do Serviço Social. O seminário também visava as questões do ensino 
de serviço social nas universidades considerado muito vago, sem incentivos a 
pesquisa e sem pensamentos críticos. O documento do alto da boa vista visava criar 
 
 
 
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um quarto documento com o conteúdo discutidos e coletos nos documentos 
anteriores. 
O Método de BH construído pela universidade de serviço social católica de Minas 
Gerais entre os anos 1972 e 1975 como uma alternativa ao tradicionalismo 
profissional, estava dentro do movimento de intenção de ruptura, rompendo com o 
tradicionalismo e agora construindo um outro projeto profissional vivendo uma 
perspectiva critica marxista. O objetivo era elaborar uma sumula critica e denunciante 
ao tradicionalismo da profissão, contendo três pontos centrais: o primeiro criticava a 
ideia politica a aparente neutralidade do serviço social tradicional, com criticas 
também a posturas que pretendem estar além das classes sociais, buscando se tornar 
transclassista, segundo, uma critica a teoria metodológica com uma visão distinta da 
realidade social entre diferentes grupos sociais, fragmentando os homens e a 
sociedade, terceiro, critica ao operativo funcional, sem preocupações de delimitar uma 
área prioritária de ação. A meta dos assistentes sociais que traz um problema é 
considerar a transformação da sociedade e do homem como objetivo do projeto 
profissional, o chamado marxismo leninista. A profissão cai em outro equivoco, 
tentando neutralizar teoria e ciência como se fossem a mesma coisa. Assim se 
identifica o método cientifico e método profissional testado em Itabira como 
experiência em uma extensão profissional e tem forte presença do espirito critico. Com 
o empirismo e junção de teoria e ciência no mesmo campo há limitações no viés 
marxista. A dimensão técnico operativa deu mais liberdade ao individuo para que esse 
tenha os meios necessários para mudar sua realidade. Esse método foi a primeira 
tentativa de criação de uma perspectiva critica profissional.