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Resenha - Industria Americana

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Resenha do filme com análise e discussão dos aspectos observados.
Documentário: Indústria Americana
O documentário começa com o fechamento da fábrica General Motors, em 2008, o ano que ocorreu a crise financeira do capitalismo, deixando muitas pessoas da região desempregadas. O clima é melancólico e triste, com cenas de várias pessoas chorando e um discurso de despedida. Logo em seguida o documentário mostra a inauguração da fabrica Fuyao, mostrando o processo seletivo para contratação e em sequencia seu funcionamento.
A inauguração da fábrica ocorre com muito entusiasmo, vemos funcionários americanos muito agradecidos pela oportunidade após anos desempregados e as lideranças empolgadas com uma visão de futuro emancipada. É possível associar essas primeiras cenas com uma citação de Simone Weil do livro A condição operaria e outros estudos sobre a opressão, em que diz:
"É meu primeiro dia nesta fábrica. Na véspera me tinha parecido acolhedora: ao fim de um dia inteiro medindo ruas, apresentando certificados inúteis, enfim este escritório de empregos se interessou por mim. Como evitar, no primeiro momento, um sentimento de gratidão?" [footnoteRef:1] [1: WEIL, Simone, 1909 – 1943. A Condição operária e outros estudos sobre a opressão / Seleção e apresentação de Ecléa Bosi. – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970 (Coleção O Mundo, hoje; v. 32)] 
Gratidão esse é o sentimento de todos ali. E como no capitulo de “A vida e a greve dos metalúrgicos” esse foi o rumo da historia de Indústria Americana. 
Logo de inicio o embate de cultura e clima é muito forte, a comunicação entre as lideranças também foi um fator negativo, vendo que nenhum deles se entendiam, tendo que haver uma interprete para mediar a comunicação entre a chefia americana e o presidente chinês. O fator cultura se estendeu por toda a “pirâmide” da empresa, mostrando os conflitos entre os lideres e em sequencia a todos os colaboradores. Nota-se que o choque cultural foi previsto, visto que ocorreu uma integração por parte da empresa, como: palestras aos funcionários chineses para entender o modo de trabalho americano, treinamento para a pratica do serviço aos colaboradores americanos, as festas realizadas na fábrica que uniam todas as hierarquias e os vídeos nos monitores na copa que traziam elementos da cultura chinesa. Mas a diferença cultural se sobressaiu em qualquer tentativa implementada.
A promoção de mudança da cultura organizacional é algo que leva bastante tempo e esforço, e analisando o caso da Fuyao de maneira mais radical é possível compreender a “falha” de colaboração entre as partes. A cultura de um país atinge toda sua nação, pensando China e EUA há uma grande diferença entre seus povos iniciando pelo sistema autocrático chinês e democrático americano, ambos implicam na forma de atuar e enxergar o trabalho das pessoas que estão inseridas nesse sistema.
No documentário foi mostrado a diferença de valores entre os funcionários, onde os chineses são muito disciplinados e tem uma relação quase religiosa com o trabalho, enquanto os americanos trabalhavam em seu próprio ritmo e encarava o trabalho como mais uma das tantas outras tarefas que tem em sua rotina. Essas diferenças causaram separação entre os funcionários, tornando literalmente uma bolha cultural entre americanos e chineses, além do mais, essa relação acabou por atingir a produção da fábrica, vendo que os chineses priorizavam a velocidade e os americanos a qualidade. A convivência ficou problemática, deixando o clima cada vez mais tenso e hostil na fábrica.
A forma de atuação dos chineses foi muita falada no documentário, mostrando sua voracidade ao trabalhar. É “compreensível” este modo de trabalho chinês, vendo que na história da China ocorreu períodos de péssimas políticas econômicas que causaram fome e miséria em massa, que só foi “reerguido” a pouco mais de 70 anos. Deste modo a valorização do trabalho é muito forte, sendo o item essencial para vida, essa ideologia é mostrada no documentário diversas vezes nas falas dos funcionários chineses e até mesmo pelo presidente da empresa. Outro ponto importante a ser observado é que a China possui ideologia comunista visando no coletivo, também é visto este valor coletivo funcionando dentro da Fuyao, quando por vezes as chefias os denominam como uma família.
Apesar do documentário mostrar os dois lados da situação, vejo que houve uma preocupação maior em humanizar os americanos, mostrando suas histórias fora do ambiente de trabalho e suas angustias. Enquanto os chineses foram colocados como robotizados e frios. Por mais que tenha ocorrido essa sobreposição, Industria Americana mostrou também o mal-estar diante do capitalismo e a melancolia que exerce na vida dos americanos e chinêses da Fuyao. Pois não podemos desconsiderar que o modelo trabalhista Chinês é um dos piores do mundo para o proletário. Mas o EUA, também, possui péssimas condições de trabalho, não sendo o país “exemplo” de regulação de trabalho, fazendo com que os americanos possuam vário empregos para se manter, pois não tem acesso a saúde pública e nem mesmo educação, sem contar as restrições ao direito livre da organização sindical, que foi mostrado no documentário onde os americanos precisariam votar para ter o serviço do sindicato.
Por fim o que prevalece é a tristeza pelo atual capitalismo, onde os trabalhadores ganham pouco atuando em condições problemáticas e por vezes são vistos apenas como uma engrenagem, enquanto quem lucra são as empresas.

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