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DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 3 Noções de Medicina Legal CONCEITO: É o estudo e a aplicação dos conhecimentos científicos da Medicina para o esclarecimento de inúmeros fatos de interesse jurídico; é a ciência de aplicação dos conhecimentos médico-biológicos aos interesses do Direito constituído, do Direito constituendo e à fiscalização do exercício médico-profissional. ALCANCE: - Medicina Legal Judiciária – trata dos assuntos gerais relacionados ao Direito Penal, Direito Civil, Direito Processual; inclui vários capítulos: Introdução e Criminalísticas Médico-Legal, Medicina Legal Sexológica, Medicina Legal Traumatológica e Tanatológica, Medicina Legal Psiquiátrica (incluindo a Psicologia Forense). - Medicina Legal Profissional – é a parte que trata dos direitos e deveres dos médicos. - Medicina Legal Social – aqui se inclui a Medicina Legal Trabalhista, a Medicina Legal Securitária e a Medicina Legal Preventiva. CLASSIFICAÇÃO: - antropologia forense – cuida dos estudos sobre identidade das pessoas e sua identificação, com seus métodos, processos e técnicas. - sexologia forense – cuida dos problemas e questões relativos à sexualidade humana normal, patológica e criminosa. - tanatologia – cuida do estudo da morte, como das condições do morto, envolvendo fenômenos cadavéricos e a causa da morte. - traumatologia – cuida dos estudos das lesões corporais e ofensas à saúde e os agentes causadores do dano. - asfixiologia – cuida das asfixias em geral, de interesse médico-jurídico, como enforcamento, esganadura, afogamento, soterramento, imersão em gases não respiráveis etc. - toxicologia – cuida do estudo da ação de elementos tóxicos, cáusticos que levam ao envenenamento, intoxicação alcoólica ou outras drogas laboratoriais. - psiquiatria forense – cuida do estudo de doenças mentais relacionadas com interesse jurídico e causas de periculosidade, incluindo a Psicologia Forense, que envolve fenômenos afetivos, volitivos e mentais inconscientes que possam influenciar a busca da verdade em relação a testemunhos e confissões. - criminologia – cuida do estudo das atividades humanas que levam ao cometimento de crimes. - vitimologia – cuida dos estudos sobre a participação da vítima diante dos crimes e infrações penais. - infortunística - cuida do estudo nos acidentes de trabalho, sobre as doenças profissionais e a higiene e insalubridade nos locais de trabalho. A medicina legal é uma especialidade que abrange conhecimentos que envolvem o direito e a medicina. Simas Alves (1965) relata que “não é fácil formular uma definição para a Medicina Legal” e também descreve que é difícil “determinar os objetivos e os limites de uma disciplina que se apóia em bases doutrinárias, médicas, legislativas e sociológicas contingentes e mutáveis. França (2001) acrescenta que “não chega a ser propriadamente uma especialidade médica, pois aplica o conhecimento dos diversos ramos da Medicina às solicitações do Direito”. DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 4 Inúmeras definições são encontradas na literatura tanto internacional quanto brasileira. França (2001) disponibilizou brilhantemente diversas definições em seu livro, entre elas: “O conjunto de conhecimentos físicos e médicos próprios a esclarecer aos magistrados na solução de muitas questões concernentes à administração da Justiça e dirigir os magistrados na elaboração de um certo número de leis” (Mathieu Joseph Bonaventure Orfila, 1787-1853); “é a parte da jurisprudência médica que tem por objetivo o estabelecimento das regras que dirigem a conduta do médico, como perito, e na forma que lhe cumpre dar às suas declarações verbais ou escritas” (Agostinho José de Sousa Lima, 1842-1921); “a aplicação dos conhecimentos médicos-biológicos na elaboração e execução das leis que deles carecem” (Flamínio Fávero, 1885-1982). Atualmente, França (2001) define a medicina legal como “a medicina a serviço das ciências jurídicas e sociais”. Aqui no Brasil, Simas Alves, em 1965, já relatava que o médico legista “se transforma em árbitro; seus laudos, seus relatórios, seus atestados e seus diagnósticos são veredictos que esclarecem, além dos tribunais, as instituições de seguro, permitindo a aplicação equitativa da justiça, a retribuição justa de indenizações por infortúnios do trabalho, e garantem à comunidade as vantagens sociais que as leis lhe asseguram”. A especialização ou residência em medicina legal é regulamentada pela Associação Brasileira de Medicina Legal, em parceria com o Conselho Federal de Medicina. Medicina Legal é a reunião de conhecimentos e práticas médicas e paramédicas direcionadas a questões relacionadas às ciências jurídicas, destinadas a auxiliar a elaboração, bem como a interpretação e execução dos mais diversos dispositivos legais relacionados ao campo da Medicina aplicada. Assim, a medicina legal coloca os conhecimentos científicos à disposição do estudo e do esclarecimento de inúmeros fatos de interesse jurídico, especialmente àqueles ligados ao âmbito criminal. Sua ciência se aplica nos conhecimentos médico-biológicos, ligando-os aos interesses do Direito constituído, do Direito constituendo e à fiscalização do exercício médico profissional. A medicina legal também fornece diretrizes para a elaboração de leis relacionadas ao seu estudo, coopera na execução de leis existentes e interpreta dispositivos legais de significação médica. Há três subgrupos onde a área da Medicina legal exerce sua influência: Medicina Legal Judiciária: tal vertente concentra-se nos assuntos gerais relacionados a Direito Penal, Direito Civil e Direito Processual; merece destaque Medicina Legal Profissional: vertente relacionada com os direitos e deveres dos médicos Medicina Legal Social: nesta vertente temos a Medicina Legal Trabalhista, a Medicina Legal Securitária, bem como a Medicina Legal Preventiva Dentro da Medicina Legal, o operador da ciência é geralmente denominado "perito", e o seu relatório abordando o fato objetivo de sua investigação é denominada "perícia". O perito é uma pessoa técnica, profissional e especialista que, a serviço do Poder Judiciário, mediante compromisso, fornece esclarecimentos necessários a respeito de conhecimentos inerentes à sua profissão, emprestando o caráter técnico e científico. Os peritos podem apresentar-se, de acordo com a ocasião, sob três condições: oficiais: profissionais que realizam as perícias "em função de ofício", devido à sua posição de funcionário de repartição oficial que se ocupa exatamente da prática pericial, como por exemplo os médicos do IML, Manicômio Judiciário, entre outros. nomeados ou louvados: são peritos não oficiais, requisitados pela autoridade judiciária, quando se necessita de um determinado exame o qual não está disponível via Poder Público, ou então este não disponha de repartição adequada. DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 5 assistentes técnicos: designados para questões de cunho cível, sendo profissionais de confiança das partes, que acompanham os exames realizados pelo perito principal. Já a perícia, produto final do trabalho do profissional perito, possui três subespécies: perícia direta: realizada pelo perito em contato direto com o indivíduo ou material submetido a exame. perícia indireta: realizada por perito, levando-se em consideração dados fornecidos de antemão sobre aquele caso em específico contraditória: perícia que diverge do conteúdo de outra com a mesma matéria em exame. Em matéria civil, o juiz pode designar nova perícia ou prolatar a decisão. Já em matéria penal, o juiz solicita que ambos apresentem suas conclusões (ao mesmo tempo ou em separado) e submetam suas conclusões à análise de um terceiro perito, que, em caso que gere nova divergência, acarretará no início do mesmo ciclo processual de análise pericial do zero. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 6 Direito - Medicina Legal A Medicina Legal é uma especialidade médica e jurídica que se utiliza de conhecimentos técnico-científicos da Medicina para o esclarecimento de fatos de interesse da Justiça. Conceituação Variam as definições, conforme os autores. Algumas delas: "È a aplicação dos conhecimentos médicos aos problemas judiciais" (Ambroise Paré); "Arte de pôr os conceitos médicos a serviço da administração da Justiça" (Lacassagne) "A aplicação dos conhecimentos médico-biológicos na elaboração e execução das leis que deles carecem" (Flamínio Fávero). Para muitos, é uma especialidade médica, embora seja um corpo próprio de conhecimentos, que reúne o estudo não somente da medicina, como também do Direito, paramédicos, da Biologia - uma disciplina própria, com especializações, que serve mais ao Direito que propriamente à Medicina. Relação com outras ciências Para a consecução dos seus misteres, a Medicina Legal relaciona-se com vários dos ramos do Direito, tais como o Civil, Penal e ainda Constitucional, do Trabalho, Desportivo, etc. Está, ainda, ligada a outras ciências, como a Química, Física, Balística, Sociologia, etc. Histórico Na Antiguidade já se fazia presente a presença da Medicina Legal, então uma arte como a própria Medicina. No Egito, por exemplo, mulheres grávidas não podiam ser supliciadas - o que implicava em o seu prévio exame. Na Roma Antiga, antes da reforma de Justiniano a Lex Regia de Numa Pompílio prescrevia a histerectomia quando a gestante morresse - e da aplicação desta lei, segundo a crença de muitos - refutada por estudiosos, como Afrânio Peixoto - teria advindo o nascimento de Júlio César (quando o nome César, assim como Cesariana, advêm ambos de cœdo → cortar). O próprio César, após seu assassinato, foi submetido a exame tanatológico pelo médico Antístio, que declarou que apenas um dos ferimentos fôra efetivamente o causador da morte. Este exame, entretanto, ainda era superficial, posto que a necropsia constituía-se em violação ao cadáver. Também foram casos históricos de exame post-morten Tarquínio e Germânico, ambos assassinados. No Digesto justiniano tanto a Medicina como o Direito foram dissociadas, e vê-se no primeiro caso intrínseca a Medicina Legal, na disposição que preconizava que "Medici non sunt proprie testes, sed magis est judicium quam testimonium". Outras leis romanas dispunham sobre assuntos afeitos à perícia médico- legal. Durante a Idade Média ressalta-se o período carolíngio, onde diversos exames eram referidos na legislação, desde aqueles que determinavam os ferimentos em batalha, até que os julgamentos submetiam-se ao crivo médico - prática que foi suprimida com a adoção do direito germânico. Na Baixa Idade Média e Renascença ocorre a intervenção do Direito Canônico, e a prova médica retoma paulatinamente sua importância. É na Alemanha que encontra seu verdadeiro berço, com a Constituição do Império Germânico, que tornava obrigatória a perícia em casos como ferimentos, homicídios, aborto, etc. Caso exemplar foi a necropsia feita no Papa Leão X, suspeito de haver sido envenenado, em 1521. Período científico DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 7 Considera-se que o período moderno, propriamente científico da Medicina Legal, dá-se a partir de 1602, com a publicação na Itália da obra de Fortunato Fidelis, ao qual se seguiram estudos sobre este ramo da Medicina. No século XIX a ciência ganha finalmente os foros de autonomia, e sua conceituação básica, evoluindo concomitantemente aos expressivos progressos do conhecimento humano, a invenção de novos aparelhos e descobertas de novas técnicas e padrões, cada vez mais precisos e fiéis. Divisões Na variada temática objeto da Medicina Legal, pode-se traduzir sua divisão, da seguinte forma: Antropologia forense - Procede ao estudo da identidade e identificação, como a datiloscopia, papiloscopia, irologia, exame de DNA, etc., estabelecendo critérios para a determinação indubitável e individualizada da identidade; Traumatologia forense - Estudo das lesões e suas causas; Asfixiologia forense - analisa as formas acidentais ou criminosas, homicídios e autocídios, das asfixias, sob o prisma médico e jurídico (esganadura, estrangulamento, afogamento, soterramento, etc.); Sexologia forense - Trata da Erotologia, Himenologia e Obstetrícia forense, analisando a sexualidade em seu tríplice aspecto quanto aos efeitos sociais: normalidade, patológico e criminológico; Tanatologia - Estudo da morte e do morto; Toxicologia - Estudo das substâncias cáusticas, venenosas e tóxicas, efeitos das mesmas nos organismos. Constitui especialidade própria da Medicina, dada sua evolução. Psicologia e Psiquiatria forenses - Estudo da vontade, das doenças mentais. Graças a elas determina-se a vontade, as capacidades civil e penal; Polícia científica - atua na investigação criminal. Criminologia - estudo da gênese e desenvolvimento do crime; Vitimologia - estudo da participação da vítima nos crimes; Infortunística - estudo das circunstâncias que afetam o trabalho, como seus acidentes, doenças profissionais, etc. ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 8 Classificação e Características dos Documentos Médicos-Legais Em medicina legal, reconhecemos três tipos de documentos: o atestado, os relatórios (auto e laudo) e os pareceres. Cada um deles possui características diferentes, tanto do ponto de vista médico como jurídico, e serve à finalidade também diversificada. Atestados Os atestados apresentam particularidades conforme o caso a que se destinam. O atestado é uma afirmação simples e por escrito de um fato médico e suas conseqüências. O auto é o relatório ditado ao escrivão e o laudo é o relatório redigido pelo próprio perito. Atestado Clínico Não há maior formalidade para sua obtenção, basta que o interessado o solicite a profissional competente e que tenha praticado o correspondente procedimento médico. Assim, os pré-requisitos são poucos: solicitação do interessado, profissional em exercício regular da profissão e prática do ato médico motivador do atestado. O documento porém, já apresenta maior complexidade em sua feitura, sendo composto de várias partes e contendo vários elementos: precisa ser feito em papel timbrado, com o nome do médico, seu endereço profissional e seu número de registro no Conselho; deve conter, além da qualificação do atestante, os elementos identificadores da pessoa, registrar de modo sucinto a matéria médica, excluindo o diagnóstico, por motivo de sigilo profissional; as conseqüências práticas e legais decorrentes da matéria médica; data e assinatura do profissional atestante. Atestado para Internação Compulsória Por vezes, o atestado se destina a fins tão específicos que hão de se revestir de outras particularidades. Assim é que, em se tratando de doenças infecto-contagiosas que põem em risco a saúde da população em geral, não se pratica o sigilo profissional em relação aos portadores de tais doenças. O médico deve denunciar a autoridade pública doença cuja notificação é compulsória. Atestado para fins Previdenciários e Similares Em infortunística ocorre uma situação curiosa: o paciente solicita um atestado médico para obtenção de benefício securitário e o vê rejeitado pelo INSS por não conter o diagnóstico. Retorna ele ao profissional que, por sua vez, invoca o sigilo profissional. Como resolver a situação? Fácil. O profissional utilizará a Classificação Internacional de Doenças (CID) publicada pela OMS. Atestado de Óbito O atestado de óbito é passado por médico e em impresso especial onde fica registrado o nome do falecido, o dia, a hora e o local do óbito, o domicílio do morto, sua filiação, idade, sexo, estado civil, nacionalidade, naturalidade, profissão, bem como registrará a doença ou doenças de que era portador e a causa da morte. Depois de datar e assinar, registrará seu endereço profissional e encaminhará, pelos parentes do falecido, ao cartório civil, para registro. Deve-se ressaltar que se o médico não teve oportunidade de examinar ou assistir previamente ao morto não poderá atestar seu óbito. A declaração de óbito comprova o óbito, os fatos relacionados e subsidia dados para a saúde pública. Auto e Laudo Conceitualmente há diferenças entre auto e laudo, na prática porém, estas diferenças tendem a desaparecer. Exemplo típico de auto é o chamado “auto de corpo de delito”. A vítima dirige-se ao plantão do Pronto Socorro Oficial e, ao ser atendida, já se abre o inquérito. Além do médico clínico, ali se encontra o legista, que dita ao escrivão suas observações médico-legais. Faz-se, assim, simples relatório imediato, ditado e sem responder a quesitos. Entretanto, os “autos de exame necroscópico” do Instituto Médico Legal são fornecidos a posteriori, por escrito e respondendo a quesitos, o que seria próprio de laudo. Verifica-se que as diferenças estão desaparecendo e os dois termos chegam a se confundir no uso diário. O auto é ditado ao escrivão e o laudo redigido de próprio punho pelo perito. DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 9 Laudos em Geral Os laudos são relatórios escritos e pormenorizados de tudo o quanto os peritos julgarem útil informar à autoridade judiciária. O relatório é a descrição minuciosa de um fato médico e suas conseqüências, composto das seguintes partes :preâmbulo, histórico, descrição, discussão, conclusão e resposta aos quesitos. Para sua elaboração bem cuidada deve-se observar o seguinte roteiro: - preâmbulo: no âmbito do qual, inicialmente, o perito se qualifica (se se tratar de repartição oficial, esta medida é dispensável). Indicará qual a autoridade que lhe atribuiu o encargo pericial e, sempre que possível, o processo a que está vinculado. -histórico e antecedentes -descrição que se consubstancia na parte mais importante do laudo pelas seguintes razões: pode ser que o perito esteja lidando com matéria perecível e, por isso, se não fizer um convincente registro, depois lhe faltará outra oportunidade; -a descrição lida com “matéria de fato”, isto é, resulta do que pode ser efetivamente observado e deve ser tão cuidadosa a ponto de não ensejar jamais divergências com outros examinadores; este registro servirá de base às mais importantes conclusões, que certamente implicarão conseqüências jurídicas. A descrição é o fundamento de tudo que se analisa no laudo. -a discussão e a conclusão são feitas com base no observado e registrado, passa-se a uma análise cuidadosa e pormenorizada da matéria. É evidente que quanto mais capaz e experimentado for o perito, tanto mais aprofundada e pertinente a sua “discussão“. Esta parte do laudo, que pode conter citações e transcrições, serve mesmo para se avaliar o nível cultural e científico do relator. É também neste capítulo do laudo que mais provavelmente ocorrerão as divergências, a gerar a “perícia contraditória”. A “conclusão” deve ser decorrência lógica e inevitável do raciocínio desenvolvida na “discussão”. A ela o leitor deve ser levado de modo imperceptível, mas inexorável. -quesitos e respostas: os quesitos serão transcritos e receberão pronta e sucinta resposta. Devemos encontrar nesta parte do laudo uma verdadeira síntese de tudo que ficou registrado, analisado e concluído no texto precedente. Corpo de Delito O exame de corpo de delito direto é aquele realizado por perito para provar a materialidade do crime. O exame de corpo de delito indireto é aquele instrumento utilizado para provar a materialidade do crime por meio de prova testemunhal e ficha de registro médico . No Direito Processual Penal, os exames periciais são de natureza variada , quais sejam, de sanidade mental, dos instrumentos do crime, dentre outros. Mas de todas as perícias, o mais importante é o corpo de delito, que é o conjunto de elementos sensíveis do fato criminoso, ou seja, o conjunto de vestígios materiais deixados pelo crime. Nas infrações criminais que deixam vestígios, é necessário o exame de corpo de delito, isto é, a comprovação dos vestígios materiais por ela deixados torna-se indispensável, sob pena de não se receberem a queixa ou a denúncia (art. 158 e art. 525, CPP). O legislador quis ser bastante prudente, pois mesmo com a obrigatoriedade deste exame, ainda assim muitos erros judiciários têm sido cometidos. O Juiz poderá proferir sentença sem o auto de corpo de delito direto, desde que haja prova testemunhal a respeito da materialidade delitiva, que se trata de prova meramente supletiva, uma vez que foi verificada a impossibilidade do exame direto por terem desaparecidos os vestígios. Verifica-se que os exames de corpo de delito e as outras perícias são, em regra, feitos por peritos oficiais, e na sua ausência o exame poderá ser feito por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior, escolhidas de preferência as que tiverem habilitação técnica, relacionada à natureza do exame. Os peritos não oficiais devem prestar o compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo (art. 159 CPP). Observe-se as partes não podem indicar perito,sendo procedimento privativo da autoridade policial ou judicial (art. 278 CPP). A iniciativa da perícia cabe tanto às partes quanto às autoridades (inciso VII do art. 6º CPP). No nosso direito prevalece o princípio liberatório, por meio do qual o Juiz tem inteira liberdade DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 10 de aceitar ou rejeitar o laudo pericial, no todo ou em parte, tendo em vista o sistema do livre convencimento (art. 182 CPP). Determinada a realização da perícia, seja a requerimento da parte, seja de ofício, quesitos deverão ser formulados com clareza e nunca articulados de forma genérica, nos termos do art. 176 CPP. Os peritos nomeados estão obrigados a aceitar o encargo e descreverão minuciosamente o que examinaram e responderão aos quesitos, por ocasião da lavratura do laudo pertinente. Necropsia A necropsia é um exame interno feito no cadáver a fim de constatar a causa mortis feita, pelo menos, seis horas após o óbito, exceto nos casos de morte violenta, quando será suficiente um simples exame externo do cadáver, não havendo infração penal a ser apurada, ou mesmo havendo infração penal a ser apurada, se as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para verificação de alguma circunstância relevante (art. 162 CPP). Exumação A exumação é o procedimento de desenterramento do cadáver para exame cadavérico interno e externo para constatação da causa mortis. Para tanto, deverá a autoridade tomar as providências afim de que, em dia e hora prefixados, se realiza a diligência , lavrando-se, a respeito, o auto consubstanciado (arts. 163/165 CPP). O administrador do cemitério deverá indicar a sepultura, sob pena de incorrer em crime de desobediência (art. 330 CP). Exame Complementar Os peritos não podendo, logo no primeiro exame, classificar a lesão, torna-se indispensável o exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária ou a requerimento do Ministério Público ou das partes, depois de trinta dias contados da data do crime. A falta deste exame poderá ser suprida por prova testemunhal (art. 168 CPP). Exames dos Escritos Os exames grafológicos ou grafotécnicos são realizados por comparação, oportunidade em que a autoridade encaminha aos peritos o documento tido como falsificado e a lauda contendo os escritos do punho dos suspeitos (art. 174 CPP). Exames por Precatória Os exames periciais devem realizar-se dentro da jurisdição da autoridade perante a qual tramita o processo, e á autoridade processante caberá determiná-los e nomear os peritos. No casos em que os exames devam ser feitos em outras comarcas a autoridade que estiver presidindo o processo, seja policial ou judiciária, deverá solicitar à autoridade competente do local onde o exame deva ser realizado, que o determine, devendo os quesitos da autoridade e das partes serem transcritos na precatória, cabendo por outro lado, a autoridade deprecada, a nomeação dos peritos. Parecer Médico-Legal O parecer é a resposta, por escrito ,à consulta e é composto pelas seguintes partes : preâmbulo, histórico, discussão, conclusão e resposta aos quesitos. Os pareceres constituem realmente o que se pode considerar “a consulta médico-legal”. Não se irá por certo, pedi-los a inexperientes, principiantes, ou desconhecidos. É claro que valem pelo seu conteúdo científico, pelos argumentos bem postos e fundamentados, pela clareza de raciocínio e pelo seu espírito jurídico. Mas pesam, e muito, pela assinatura que apresentam. São lidos, analisados e respeitados porque seus autores já provaram previamente sua capacidade e tirocínio. Por estas razões, somente os amadurecidos, cultos e reconhecidos são procurados para prolatá-los. Como documento médico-legal, em sua estrutura, o parecer pode seguir mutatis mutandis o roteiro indicado para os laudos. Em certos casos, porém, será fruto de análise indireta de fatos já registrados em outros documentos, cuja autenticidade possa ou deva ser aceita. Consulta DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 11 A consulta é o pedido de esclarecimento que a autoridade faz sobre um fato sobre o qual paira dúvida. Depoimento Oral O depoimento oral é o esclarecimentos oral prestado pelo perito. Como todo método, a fotografia apresenta vantagens e desvantagens: -Vantagens: identificação rápida, cópia fiel do ambiente e grande aplicação no campo técnico. -Desvantagens: perda de fisionomia e nitidez, difícil arquivamento, maquiagem, ou seja, pode ser manipulada com alguns efeitos. Fotografia A fotografia é extremamente importante na investigação de um crime. É o modo de identificação de ambiente e das vítimas, além de servir como prova e oferecer pistas que podem levar ao criminoso e à descoberta de como foi cometido o crime. É um registro minucioso de todos os detalhes da cena: poros, indícios, vestígios que possam ser utilizados no esclarecimento do crime. Como todo método, a fotografia apresenta vantagens e desvantagens: -Vantagens: identificação rápida, cópia fiel do ambiente e grande aplicação no campo técnico. -Desvantagens: perda de fisionomia e nitidez, difícil arquivamento, maquiagem, ou seja, pode ser manipulada com alguns efeitos. Tipos de fotografia usadas em criminalística: Para a fotografia criminal, pode ser usado qualquer tipo de filme. Devido a variação de local, pode ser necessário fotografar apenas com tipos de flashes, lanternas, sob a luz noturna. Portanto, o tipo de filme utilizado é adaptado ao equipamento fotográfico e às condições adversas do local a ser registrado. Fotografia Bioquímica: fotografias de pêlo e esperma no microscópio e fotografias de projéteis que serão usadas no estudo de balística. Fotografia de Aspecto Geral: reproduz todo o local do crime, com o maior número possível de elementos materiais. Todos os aspectos da cena que couberem numa chapa de fotografia devem ser registrados. Fotografia de Detalhe: é a minúcia de algo que se pretende evidenciar Fotografia Métrica: é quando se utiliza de um segmento da fita métrica para se determinar as dimensões das evidências Repartimento Fotográfico: é a fotografia do ambiente em perspectiva. Tira-se uma em cada canto-lados opostos (paredes, solo e teto) Filmagem: é a fotografia dinâmica. Trata-se de processo caríssimo e frequentemente de resultados inesperados. Fotografia Micro: é a fotografia em que se usa o microscópio para aproximar a imagem. Uma máquina fotográfica é acoplada ao microscópio que permite a visualização do objeto a ser investigado. Um exemplo disso é na fotografia de projéteis, que através da microfotografia é possível enxergar detalhes que não são visíveis a olho nu, como as arranhaduras feitas pela arma do crime na bala. O fotógrafo policial Para ser fotógrafo policial é necessário ter, além de conhecimento geral em fotografia, ter conhecimento específico na área criminal. É preciso ser minucioso no local, estar atento a pequenos detalhes que podem DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 12 tornar-se importantes na investigação do crime. O fotógrafo tem de ter espírito de equipe, porque ele não trabalha sozinho, está sempre com policiais, peritos e outros profissionais do ramo. O trabalho é facilitado porque cada um faz uma parte e a equipe junta a informação coletada que conseqüentemente leva à rapidez necessária no esclarecimento dos crimes. Como é fotografado o local do crime Ao chegar no local do crime, o fotógrafo policial espera que o perito faça uma avaliação detalhada da cena e indique o que deve ser fotografado. Essas fotografias serão utilizadas na investigação do crime. O perito e o fotógrafo devem se manter afastados dos vestígios deixados pelos criminosos. Na fotografia criminalística deve-se tirar uma foto geral e outras dos detalhes. Fotografias de pegadas e rastros de pessoas, sendo nesse caso sempre uma fotografia de aspecto gerale de detalhe, sendo esta última com fita métrica no sentido longitudinal da marca. Para identificar o local é necessário uma foto de referência como, placas, algo que reforce mais uma característica do ambiente do crime. Dar toda a informação possível para que não seja derrubado o laudo da técnica. Fotos para reconstituição são feitas quando há dúvidas se a testemunha ou o criminoso falam a verdade. Não há limites de fotos para reconstituição, sendo o número imprevisível.Nas fotos de cadáver dever haver uma geral, uma do jeito que o corpo se encontra e uma que o identifique, por exemplo, algum detalhe do corpo ou dos objetos encontrados com o cadáver. A identificação do cadáver é feita pelas roupas e pela fotografia do cadáver. O corpo deve ser colocado deitado e fotografado de cima para baixo. Com a objetiva da câmera, o fotógrafo focaliza o mínimo possível e aproxima-se ou afasta-se para conseguir o máximo de preenchimento da chapa, ou seja, que o detalhe fique bem visível na fotografia. Em casos de enforcamento, é necessário fotografar a marca da corda do pescoço do enforcado, em seqüência a própria corda. Nesses casos de enforcamento, é necessário que primeiro seja feita uma foto geral, mostrando características do local, como uma árvore, etc. No caso de corpos putrefatos- a identificação do rosto é quase impossível, então é necessário que seja encontrada e fotografada marcas desse corpo, como cicatrizes, verrugas, sinais de roupa, etc. No caso de o cadáver estar dentro de um banheiro de 1m2, não é possível o uso de uma lente grande angular, porque não vai conseguir fotografar todo o corpo. Então, é tirada com a porta do banheiro aberta, usando o maior ângulo possível, mesmo que apareça paredes, em seguida retira o corpo e o fotografa novamente .Se o cadáver estiver esfaqueado em muitas partes, deve-se fotografar uma a uma, usando uma fita métrica para medir a facada. Nesse caso, há necessidade de pelo menos três fotos: uma geral, uma identificação e uma da corda. O fotógrafo deve possuir em sua mala etiquetas, setas para indicar tamanhos de cortes, perfurações, nas fotos. Se não tiver, deve usar caixas de fósforos, palitos, moedas, que são padrões de referências. Para fotos de impressão digitaldeve ser usada uma régua centimétrica, para também em números de armas ou chassi para avaliar se a numeração foi alterada. No caso de salas, em que não é possível enquadrar toda ela, deve ser tiradas duas fotos gerais. Quando um local de crime é fotografado, não se deve mexer em nada. O uso das fotografias criminalísticas As fotografias são primeiramente usadas na fase de investigação do crime. São fotos de: impressões digitais, objetos da cena do crime, pegadas, cápsulas deflagradas para futura comparação de balística, armas utilizadas pelo assassino, etc. Passando à fase do julgamento do crime, as fotografias são usadas diante do juiz. O promotor ou advogado de acusação utilizam essas fotos para mostrar a crueldade e a frieza do criminoso para com a vítima. Também é utilizada na defesa do réu, nos casos de legítima defesa. DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 13 Elaboração do Laudo Pericial A estrutura na elaboração do laudo deve seguir uma construção lógica que permita o bom entendimento da linha de raciocínio do perito, no sentido de conduzir à conclusão final. Um Laudo deve ser elaborado da seguinte forma: Cabeçalho - Identificação da Vara por onde está tramitando a ação. - Tipo de ação e número do processo. Introdução - Identificação do perito, folha dos autos onde consta sua nomeação. -Espécie de perícia a que se refere o laudo. - Data e local onde a diligência fora efetuada, mencionando o dia e a hora do seu início e do seu término. - Pessoas que assistiram à diligência. Visão do conjunto -Firma ou estabelecimento comercial, atividades, etc. Documentos e livros examinados Comentários periciais Resposta aos quesitos e encerramento. Para a fundamentação dos trabalhos periciais, os quais resultam o Laudo Pericial, faz-se necessária a aplicação de técnicas, que em sua maioria são comuns a todas as espécies de perícia, como: -Exame: É a análise de livros e documentos ou de qualquer outro elemento constitutivos da matéria. - Vistoria: É a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação, coisa ou fato, de forma circunstancial. - Indagação: É a obtenção de testemunho de conhecedores do objeto da perícia, ou seja, daqueles que têm ou deveriam ter conhecimento dos fatos ou atos concernentes à matéria periciada. -Investigação: É a pesquisa que busca trazer ao laudo o que está oculto por quaisquer circunstâncias. - Arbitramento: É a determinação de valores (procedimentos estatísticos – média, mediana, desvio padrão) ou solução de controvérsia por critério técnico. - Avaliação: É o ato de determinar valor de coisas, bens, direitos, obrigações, despesas e receitas. - Certificação: Em resumo, a preparação e a redação do laudo pericial são de exclusiva responsabilidade do perito, que adotará um padrão próprio, e deve conter no mínimo a identificação do processo e das partes (n° do processo, vara em que tramita, nome da parte autora e da parte ré, tipo de ação); a síntese do objeto da perícia (relato sucinto sobre as questões básicas que resultaram na nomeação ou na contratação do perito); a metodologia adotada para os trabalhos periciais (conjunto de técnicas e processo DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 14 utilizados); a identificação das diligências realizadas (todos os procedimentos e atitudes adotados pelo perito na busca de informações e subsídios necessários à elaboração do laudo pericial); a transcrição dos quesitos formulados, na forma explícita; respostas aos quesitos, de forma clara, objetiva, concisa e completa; a conclusão (qualificação, quando possível, do valor da demanda, lide, litígio, podendo reportar- se a demonstrativos apresentados, como anexos, no corpo do laudo pericial ou em documentos auxiliares) e apresentação de alternativas, condicionadas às teses apresentadas pelas partes, de forma a não representar a opinião pessoal do perito. O Laudo Pericial é o resultado do trabalho pericial, isto é, a peça final do trabalho em que o expert se pronuncia sobre questões submetidas à sua apreciação. O laudo pericial é o relato do técnico ou especialista designado para avaliar determinada situação que está dentro de seus conhecimentos. O laudo é a tradução das impressões captadas pelo técnico ou especialista, em torno do fato litigioso, por meio dos conhecimentos especiais de quem o examinou. É um dos meios de prova utilizados pelo juiz para proferir a sentença, embora no direito penal brasileiro o juiz não esteja adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo integral ou parcialmente.[1] Diante de matéria técnica que exige conhecimentos especializados, o juiz pedirá um laudo ao especialista respectivo. Difere do parecer, que é uma resposta à consulta de uma das partes sobre dados pré-existentes, em geral, culminando numa conclusão ou solução para o litígio. Em suma, é uma opinião especializada de um profissional habilitado sobre matéria fática para solucionar discórdias em discussões judiciais, e pode versar sobre variadas matérias: medicina, engenharia, informática, meio ambiente, acidentes de trânsito, psicanálise etc. O profissional perito judicial, ao produzir seu trabalho para justiça, deve ser meticuloso no desempenho de suas atividades. Não deve agir de forma parcial ou com senso comum, ele deve agir imparcialmente em sua análise e na elaboração de seu laudo. O profissional perito deve se policiar nos estudos do caso tratado para que finalize o laudo pericial com pleno êxito, pois mesmo sendo um trabalho bem feito, haverá sempre alguém que irá contestá-lo, querendo assim impugná-lo. Porém, sendo o trabalho pericial consubstanciado em prova robusta e estribadona legislação aplicada ao caso, certamente que será um laudo pericial conclusivo e enfático na lide tratada nos autos. ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 15 O que significa Laudo Pericial? O Laudo é o parecer técnico resultante do trabalho realizado pelo Perito, via de regra escrito. Deve ser redigido pelo próprio Perito, mesmo quando existem Assistentes Técnicos. Os colegas devem receber a oportunidade de examinar o texto e emitir suas opiniões. Esta tarefa deve ser realizada em conjunto, de preferência. O Perito ganha tempo e reduz os debates infrutíferos, desta forma. A maioria dos trabalhos resolve-se dentro do campo técnico, sem margem para opiniões pessoais. Um laudo pericial é uma forma de prova, cuja produção exije conhecimentos técnicos e científicos, e que se destina a estabelecer, na medida do possível, uma certeza a respeito de determinados fatos e de seus efeitos. O Perito fala somente sobre os efeitos técnicos e científicos. O Juiz declara os efeitos jurídicos desses fatos referidos pelo perito e das conclusões deste.O Perito esclarece os efeitos de fato. O Juiz fixa os efeitos de direito. O Perito deve ter o cuidado de descrever e documentar, da forma mais objetiva possível, os fatos com base nos quais pretende desenvolver sua argumentação e, afinal expor suas conclusões. A funçào do perito guarda muita semelhança coma própria função do Juiz. O Perito examina fatos e emite um julgamento baseado em seu livre convencimento, respeitado porém o princípio da racionalidade e da prevalência da argumentação técnica e científica. O objetivo do trabalho pericial e afastar as dúvidas existentes sobre determinados fatos e sobre as suas conseqüências práticas. O Perito não emite um julgamento ou parecer jurídico, mas seu trabalho deve levar em consideração os efeitos jurídicos que a prova pericial se destina produzir. O laudo pericial é uma peça do processo, que deverá ser interpretada e avaliada pelo Juiz ou Tribunal, como qualquer outro instrumento deprova e de convencimento. É preciso que todos possam compreendê- lo. Seu texto deve ser claro, preciso e inteligível. O bom profissional não escreve de forma que só outros experts o entendam. É importante distribuir adequadamente o trabalho. Inicia apresentando as partes e a Perícia realizada. Prossegue com o enunciado e o exame das questões principais. Responde aos quesitos formulados pelas partes. Conclui ressaltando aspectos importantes. Em anexo devem ser lançados os dados empregados, os documentos consultados, fotografias e outros elementos de interesse não relacionados no corpo do Laudo. Após a entrega do Laudo, o Juiz intima as partes para tomarem conhecimento do mesno. Há um prazo para que se manifestem. As partes podem concordar com o Laudo ou discordar, contestar, solicitar esclarecimentos, formular quesitos adicionais ou mesmo impugnar o Laudo e pedir a realização de nova perícia. A complementação de perícia busca responder ou resolver as dúvidas remanescentes. A resposta a quesitos adicionais ou suplementares geralmente exige a carga dos autos e novo exame da causa, pelo intervalo de tempo que decorre entre a entrega do Laudo e a intimação para a complementação. O Perito pode ser convocado para prestar esclarecimentos em audiência, verbalmente. As partes devem indicar com antecedência os quesitos a serem respondidos. Não o fazendo, na audiência, o Perito pode alegar a complexidade da questão e solicitar prazo para respondê-los. Além disto, quando o trabalho adicional é significativo, exigindo tempo, dedicação e despesas extras, o Perito pode solicitar os honorários correspondentes. O Laudo é o parecer técnico resultante do trabalho realizado pelo Perito, via de regra escrito. Deve ser redigido pelo próprio Perito, mesmo quando existem Assistentes Técnicos. Os colegas devem receber a oportunidade de examinar o texto e emitir suas opiniões. Esta tarefa deve ser realizada em conjunto, de preferência. O Perito ganha tempo e reduz os debates infrutíferos, desta forma. A maioria dos trabalhos resolve-se dentro do campo técnico, sem margem para opiniões pessoais. Um laudo pericial é uma forma de prova, cuja produção exije conhecimentos técnicos e científicos, e que se destina a estabelecer, na medida do possível, uma certeza a respeito de determinados fatos e de seus efeitos. O Perito fala somente sobre os efeitos técnicos e científicos. O Juiz declara os efeitos jurídicos desses fatos referidos pelo perito e das conclusões deste.O Perito esclarece os efeitos de fato. O Juiz fixa os efeitos de direito. DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 16 O Perito deve ter o cuidado de descrever e documentar, da forma mais objetiva possível, os fatos com base nos quais pretende desenvolver sua argumentação e, afinal expor suas conclusões. A funçào do perito guarda muita semelhança coma própria função do Juiz. O Perito examina fatos e emite um julgamento baseado em seu livre convencimento, respeitado porém o princípio da racionalidade e da prevalência da argumentação técnica e científica. O objetivo do trabalho pericial e afastar as dúvidas existentes sobre determinados fatos e sobre as suas conseqüências práticas. O Perito não emite um julgamento ou parecer jurídico, mas seu trabalho deve levar em consideração os efeitos jurídicos que a prova pericial se destina produzir. O laudo pericial é uma peça do processo, que deverá ser interpretada e avaliada pelo Juiz ou Tribunal, como qualquer outro instrumento deprova e de convencimento. É preciso que todos possam compreendê- lo. Seu texto deve ser claro, preciso e inteligível. O bom profissional não escreve de forma que só outros experts o entendam. É importante distribuir adequadamente o trabalho. Inicia apresentando as partes e a Perícia realizada. Prossegue com o enunciado e o exame das questões principais. Responde aos quesitos formulados pelas partes. Conclui ressaltando aspectos importantes. Em anexo devem ser lançados os dados empregados, os documentos consultados, fotografias e outros elementos de interesse não relacionados no corpo do Laudo. Após a entrega do Laudo, o Juiz intima as partes para tomarem conhecimento do mesno. Há um prazo para que se manifestem. As partes podem concordar com o Laudo ou discordar, contestar, solicitar esclarecimentos, formular quesitos adicionais ou mesmo impugnar o Laudo e pedir a realização de nova perícia. A complementação de perícia busca responder ou resolver as dúvidas remanescentes. A resposta a quesitos adicionais ou suplementares geralmente exige a carga dos autos e novo exame da causa, pelo intervalo de tempo que decorre entre a entrega do Laudo e a intimação para a complementação. O Perito pode ser convocadopara prestar esclarecimentos em audiência, verbalmente. As partes devem indicar com antecedência os quesitos a serem respondidos. Não o fazendo, na audiência, o Perito pode alegar a complexidade da questão e solicitar prazo para respondê-los. Além disto, quando o trabalho adicional é significativo, exigindo tempo, dedicação e despesas extras, o Perito pode solicitar os honorários correspondentes. ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 17 Laudo Pericial: Documentos Técnicos Muito se fala a respeito do laudo pericial e várias outras peças formais, que estão muito próximas como expressão técnica de algum tipo de exame que seja realizado, visando esclarecer um fato ocorrido ou determinada dúvida de natureza específica. Nesse universo de peças técnicas, teríamos o laudo pericial - oficial ou não, o parecer técnico - com fins de atendimento à Justiça ou não, e o relatório técnico. Além das dúvidas existentes quanto à titulação dessas peças técnicas, maior é a confusão sobre o conteúdo de cada uma delas. Tanto as primeiras, quanto às de conteúdo, procuraremos discorrer individualmente, no sentido de trazer à discussão um assunto que tem gerado algumas discussões no âmbito verbal, porém, muito pouco de interpretação formal existe à respeito. Outro aspecto que pretendemos abordar, é quanto aos profissionais habilitados para a execução dessas tarefas técnicas, tanto sob a ótica da competência legal, como aquelas de natureza técnico-especializada que devam ser observadas ou que melhor se recomenda para esse mister. A fim de sistematizar nossa abordagem, vamos analisar cada uma dessas peças técnicas, enfocando suas peculiaridades, objetivos, aplicações e conteúdos que entendemos ser necessário observar na suas respectivas produções. No entanto, ainda como preliminar para embasarmos nossa discussão, vamos descrever a seguir o significado vernacular de algumas expressões que merecerão a nossa atenção na presente análise. Laudo: Escrito em que um perito ou um árbitro emite seu parecer e responde a todos os quesitos que lhe foram propostos pelo juiz e pelas partes interessadas. Parecer do louvado ou árbitro; peça escrita, fundamentada, em que os peritos expõem as observações e estudos que fizeram e consignam as conclusões da perícia. Perícia: Qualidade de perito. Destreza, habilidade, proficiência. Exame de caráter técnico e especializado. PERICIAL: Relativo à perícia. Qualidade de perito; habilidade, destreza, exame ou vistoria de caráter técnico e especializado. Perito: Experiente, hábil, prático, sabedor, versado. Aquele que é prático ou sabedor em determinados assuntos. Aquele que é judicialmente nomeado para exame ou vistoria. Experimentado; sabedor; hábil; douto; prático. Aquele que é prático ou sabedor; aquele que está habilitado para fazer perícias. O nomeado judicialmente para exame ou vistoria. Parecer: Opinião. Opinião técnica sobre determinado assunto. Relatório: Descrição minuciosa de fatos de administração pública ou de sociedade. Parecer ou exposição dos fundamentos de um voto ou apreciação. Exposição prévia dos fundamentos de um decreto, decisão, etc. Exposição de todos os fatos de uma administração ou de uma sociedade. Técnico: Próprio de uma arte ou ramo específico de atividade. Aquele que é perito numa atividade. Próprio de uma arte ou ciência; O que é perito numa arte ou ciência. Técnica: Conhecimento prático. Conjunto dos métodos e pormenores práticos essenciais a execução perfeita de uma arte ou profissão. A parte material ou o conjunto de processos de uma arte; prática. Assistente: Que assiste, observando ou colaborando. Pessoa presente a um ato ou cerimônia. Pessoa que dá assistência. Com isso, colocamos como compreensão inicial aquelas constantes do dicionário e, a seguir, faremos as contextualizações e discussões de cada peça técnica, onde mostraremos que o significado poderá ser um pouco mais restrito ou ampliado, considerando o enfoque técnico e/ou jurídico das suas interpretações à luz da atualidade. 02 - LAUDO PERICIAL DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 18 O laudo pericial é uma peça técnica formal que apresenta o resultado de uma perícia. Nele deve ser relatado tudo o que fora objeto dos exames levado a efeito pelos peritos. Ou seja, é um documento técnico- formal que exprime o resultado do trabalho do perito. Dentre as várias peças técnicas, podemos dizer que o laudo pericial é o documento mais completo, em razão da sua origem que é um exame de natureza pericial, feito por peritos. Aqui vale ressaltar que, sob o enfoque técnico-jurídico, um exame pericial pressupõe um trabalho de natureza eminentemente técnico-científico e da maior abrangência possível. É, portanto, um trabalho (exame pericial) levado a efeito por especialistas (peritos) naquilo que estão a realizar, cuja obrigação é dar a maior abrangência possível ao exame. Sabemos que um exame pericial deve se pautar pela mais completa constatação do fato, análise e interpretação e, como resultado final, a opinião de natureza técnico-científica sobre os fatos examinados. Os peritos não devem se restringir ao que lhes foi perguntado ou requisitado, mas estarem sempre atentos para outros fatos que possam surgir no transcorrer de um exame. Assim, a partir desse amplo e completo exame (a perícia), a peça técnica capaz de exprimir o universo dessa perícia é o Laudo Pericial. O laudo pericial é, portanto, o resultado final de um completo e detalhado trabalho técnico-científico, levado a efeito por peritos, cujo objetivo é o de subsidiar a Justiça em assuntos que ensejaram dúvidas no processo. Dentro desse objetivo, temos aqueles laudos destinados à Justiça Criminal e os que se destinam à Justiça Cível. 02.1 - Laudo Pericial Criminal (Laudo Oficial) O laudo pericial com destino à Justiça Criminal tem como suporte uma série de formalidades e de regulamentos emanados, principalmente, do Código de Processo Penal, que o diferencia em vários aspectos daqueles destinados à Justiça Cível. A principal característica do laudo pericial criminal é que todas as partes integrantes do processo dele se utilizam, pois é uma peça técnica-pericial única, determinada a partir do artigo 159 do CPP (Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitos por dois peritos oficiais.). Só há a figura do perito oficial para fazer a perícia, cujo laudo poderá ser utilizado desde a fase de investigação policial até o processo, neste, tanto pelo magistrado, promotor ou partes representadas pelo advogado. Como vemos, qualquer necessidade de perícia no âmbito da Justiça Criminal, deve ser feita por peritos oficiais, que são aqueles profissionais de nível superior ingressos no serviço público (Institutos de Criminalística ou Institutos de Medicina Legal) mediante concursopúblico, com a função específica de fazer perícias. Em razão de ser uma prestação jurisdicional emanada do Estado, reveste-se da oficialidade e publicidade, sendo o Laudo Oficial do inquérito policial e do processo criminal. Assim, teremos laudo oficial oriundo das perícias realizadas por peritos legistas e por peritos criminais, que são os chamados peritos oficiais. Por ser uma obrigação do Estado prestar os serviços de perícia na esfera da justiça criminal, os peritos oficiais devem ser funcionários públicos com a função específica de fazer perícia, não havendo qualquer remuneração direta aos peritos signatários do laudo pericial. Os peritos receberão seus vencimentos normais como funcionários que são, jamais poderão ser remunerados diretamente por cada laudo emitido com pagamento oriundo das partes envolvidas no processo. 02.2 - Laudo Pericial Cível O laudo pericial cível tem destinação mais restrita, pois visa esclarecer dúvidas levantadas pelo magistrado que esteja apreciando um processo. DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 19 O exame pericial cível poderá envolver o trabalho autônomo de três profissionais (peritos) para atuarem sobre um mesmo fato, sendo um nomeado pelo juiz e os outros dois pelas partes envolvidas no processo. Assim, o magistrado encontrando alguma dúvida de natureza técnico-científica poderá nomear um profissional de nível superior para fazer o respectivo exame pericial. Esse exame pericial realizado pelo chamado "perito do juízo" deve seguir - do ponto de vista técnico- científico - os mesmos critérios adotados pelos peritos oficiais na realização das perícias criminais. Esse perito do juízo deverá analisar todo o fato requerido, além de buscar qualquer outra informação ou circunstância a ele relacionado que possa ser importante para subsidiar o magistrado. Deve examinar com todo o cuidado e abrangência aquele objeto da perícia, a fim de trazer para os autos um trabalho completo e que contemple todas as informações possíveis de serem extraídas daquele evento. A perícia realizada na esfera da justiça cível não é obrigação do Estado. Desse modo, se o magistrado entender necessário o auxílio especializado, ele nomeará um profissional de nível superior e, cujo pagamento, será feito inicialmente pelo autor da ação judicial cível. É, portanto, uma relação direta entre o magistrado e o perito nomeado, em que o pagamento deverá ser feito pelo autor da ação. O fato do perito do juízo receber a sua remuneração com dinheiro originário do autor da ação, em nada o vincula àquela parte, pois ele o recebe dentro da formalidade do processo, não havendo qualquer relação do perito com o autor da ação. Dentro das normas previstas no Código de Processo Civil, as partes envolvidas no processo cível poderão nomear assistentes técnicos para atuarem no acompanhamento do exame que o perito do juízo esteja realizando. Os profissionais para realizarem essas atividades, perito do juízo e os assistentes técnicos, como já salientamos, devem possuir diploma de curso superior e estarem devidamente inscritos no respectivo conselho regional de fiscalização da profissão, fato esse que deve ser comprovado no processo por intermédio de apresentação da documentação própria. Evidente que, tanto o magistrado quanto as partes, deverão procurar profissionais que, além das exigências já mencionadas, tenham formação e especialização adequadas ao tipo de exame que se faça necessário naquele processo. Dentro dessa necessidade, há sempre uma procura por profissionais que sejam peritos oficiais, considerando a sua grande experiência na realização de perícias em geral. Evidentemente, essas nomeações são de caráter particular entre o magistrado ou as partes com o perito, não envolvendo a sua repartição de trabalho (IMLs ou ICs). O próprio Código de Processo Civil orienta o magistrado para dar preferência na nomeação do perito do juízo, dentre os peritos oficiais, seguindo-se, após a conclusão do trabalho, o respectivo pagamento pelos serviços prestados. É comum os magistrados encaminharem expediente aos Institutos de Criminalística e de Medicina Legal, solicitando a nomeação de peritos oficiais para atuarem em processos cíveis. Este procedimento está – inclusive – previsto no artigo 434 do Código de Processo Civil (.... O juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame, ao diretor do estabelecimento); todavia, o máximo que os diretores daqueles Órgãos poderão fazer, é indicar um de seus peritos para que o juiz proceda a nomeação e seja desenvolvida a respectiva perícia, transação particular entre o magistrado e o perito, mediante a nomeação direta, não podendo haver a interferência dos respectivos Institutos. Quanto a peritos oficiais trabalharem como assistentes técnicos para as partes, no processo cível, nada obsta essa participação desde que nenhum dispositivo legal da sua relação funcional com o seu Órgão Público especificamente o proíba, ou algum impedimento de natureza ética, que venha a conflitar com a sua condição de Perito Oficial. Considerando que o trabalho do perito do juízo deve ser abrangente, os assistentes técnicos farão o trabalho de acompanhamento e verificarão se todos os dados e informações que possam ser favoráveis ao seu cliente estão contemplados no laudo pericial cível. DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 20 Se entenderem que foi contemplado, expedirão um relatório para ser anexado ao processo, informando quanto a sua concordância com o conteúdo do laudo pericial cível ou poderão – diretamente - assinar junto com o perito do juízo aquele laudo. Porém, se qualquer deles não concordar com os termos do laudo pericial cível, deverão fazer um parecer técnico onde evidenciarão a sua discordância técnica sobre as conclusões a que chegou o perito do juízo. Por se tratar de relatório ou parecer técnicos, vamos discutir essa situação com mais detalhes no item próprio desse trabalho. 03 - PARECER TÉCNICO Esse documento denominado de parecer técnico tem uma infinidade de aplicações e seu conteúdo é relativamente genérico, podendo abordar desde a análise de fatos concretos até situações hipotéticas que venham a servir de parâmetro para outras análises e/ou conclusões. O parecer técnico diferencia-se do laudo pericial em razão de ser um documento conseqüente de uma análise sobre determinado fato específico, contendo a respectiva emissão de uma opinião técnica sobre aquele caso estudado. Sobre esse tema, assim se manifesta o ilustre Perito Criminal de Pernambuco Ascendido Cavalcante em seu livro Criminalística Básica (Ed. Sagra D.C. Luzzatto, Porto Alegre, RS): “É a resposta a uma consulta feita por interessado sobre fatos referentes a uma questão a ser esclarecida. Pode tratar-se de um exame propriamente dito ou de uma opinião a respeito do valor científico de um trabalho anteriormente produzido, quer seja por peritos oficiais, ou não; assim sendo, é um documento particular que independe de qualquer compromisso legal e que é aceito ou faz fé, pelo renome, competência e qualidade morais de quem o subscreve.” Portanto, o parecer técnico sempre deverá ter um objetivo específico a se dedicar, excluindo-se da análise quaisquer outros elementos que não venham a corroborar e respaldar o objetivo de tal análise. Assim, em se tratando de um parecer técnico emitido por assistente técnico que não concordou com o laudo do perito do juízo, ele irá analisar e emitir a sua opinião sobre os fatos que possam respaldar os argumentos do seu cliente (a parte que o nomeou no processo); se foi requisitado por uma empresa privada, deverá se dedicar a buscar elementos técnicos que corroborem a tese do seu cliente, todos, é claro, dentro dos rigores da ética e da busca da verdade apontada a partir dessa análise técnico-científica. Outro aspecto caracterizador do parecer técnico é a sua requisição e respectivo destinatário. Ele só ocorrerá porque alguém(justiça, órgãos públicos, empresas privadas, pessoas) necessita de esclarecimento sobre determinado assunto que não detenha conhecimento ou competência legal para realizá-lo. E, obviamente, terá sempre um destinatário específico que, geralmente, é quem o requisitou. A gama de profissionais habilitados a realizar exames que tenham por conseqüência gerar um parecer técnico, também é muito vasta em razão do que já discutimos sobre a variedade de situações. A primeira preocupação para quem requisita um trabalho dessa natureza é verificar se tal atividade está dentro daquelas relacionadas como de exclusiva competência de determinada profissão de nível superior. Em assim sendo, obrigatoriamente deve se buscar um profissional com uma habilidade técnico-legal para realizar o trabalho. Em se tratando de nomeação de assistente técnico para a Justiça Cível é também obrigatório (mesmo que a atividade não seja exclusiva de nenhuma profissão) que o profissional, além de possuir diploma de curso superior, esteja registrado no conselho regional de fiscalização de sua profissão. Todavia, inúmeras situações encontraremos em que o objeto do exame requer o conhecimento técnico de pessoas que possuam prática em determinado ofício, independente de ter formação acadêmica ou não. Também nesses tipos de trabalhos há uma grande procura pelos peritos oficiais, em razão da sua experiência em vários tipos de exames. Tanto para o caso de assistente técnico no processo cível, quanto para qualquer outro trabalho destinado a outros órgãos públicos ou privados, é comum a participação dos peritos oficiais na condição de contratados particularmente pela parte interessada em analisar e opinar sobre determinado fato, com a respectiva emissão do relatório técnico. A limitação imposta ao perito oficial DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 21 para atuar nesses tipos de serviços particulares é somente em relação ao seu estatuto funcional- administrativo, se este assim o restringir. Em não havendo restrição funcional-administrativa, resta aquela de caráter ético-legal, onde, especialmente o perito oficial, se tal assunto objeto de seu exame em instância extra-oficial chegar posteriormente a uma situação de necessidade de ser feita uma perícia criminal, jamais este perito poderá fazê-lo, devendo se declarar impedido, nos termos dos artigos 112, 254 e 255 do Código de Processo Penal. Para esses tipos de serviços também é comum os interessados buscarem diretamente por intermédio de associações de peritos a indicação daqueles associados com prerrogativas legais e/ou conhecimento técnico sobre o assunto a ser analisado. Quanto à relação existente entre a associação e o perito por ela designado é questão interna, onde a remuneração pelo trabalho realizado poderá ficar totalmente para a associação ou ser repassado parte ao associado que efetuou o trabalho. Sobre a restrição - se houver - no estatuto funcional-administrativo, na situação em que a remuneração ficou totalmente para a sua associação, essa restrição não se aplica ao perito, pois ele estará trabalhando gratuitamente para a sua entidade de classe. Ainda dentro dessa vasta incursão do parecer técnico, ele também se aplica como documento a ser emitido por peritos oficiais no exercício de suas funções públicas (ICs e IMLs) quando se tratar de alguma requisição de autoridades, onde não se trate especificamente da realização de uma perícia nos moldes tradicionais, determinados pelo artigo 158 do Código de Processo Penal (Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.), mas de alguma análise de situação real ou hipotética a partir de depoimentos nos autos para saber da coerência técnica do que é alegado, ou qualquer outra situação no inquérito policial ou processo criminal que necessitem do conhecimento técnico-especializado do perito oficial. Mesmo o Código de Processo Penal não admitindo a figura do assistente técnico no processo criminal, vez por outra encontramos pareceres técnicos elaborados por profissionais que não são peritos oficiais, contestando o laudo oficial ou levantando outras situações. Lógico que o magistrado não pode aceitar esse documento como se fosse uma outra perícia, mas ele poderá considerá-la como mais um elemento de prova que qualquer das partes venha trazer aos autos, o que estaria respaldado pelo amplo direito de defesa. É um tipo de procedimento que os peritos oficiais não recomendam, porque em alguns gera-se distorções de natureza processual, uma vez que, se qualquer das partes tiver alguma dúvida ou encontrar lacunas no laudo oficial, o próprio Código lhes garante todo o direito de levantar esses questionamentos até chegar na situação de realização de uma outra perícia por outros peritos oficiais. 04 - RELATÓRIO TÉCNICO Genericamente falando sobre o que seria um relatório, teríamos uma multiplicidade de situações onde ele se aplicaria, pois é quase que cotidiano vermos referências à elaboração de um relatório em razão de algum fato ou atividade desenvolvida. Como nesse trabalho nos interessa aquilo que esteja relacionado ao trabalho pericial e atividades afins, restringiremos nossa discussão dentro desses limites. Poderemos ver, então, que um relatório técnico será o resultado de algum exame ou ação específica que tenha sido realizado por alguma pessoa que detenha conhecimento técnico-especializado e prático. Assim, o objeto que originou um relatório técnico será algum exame parcial ou análise sobre determinada situação específica, cujo resultado - evidenciado por intermédio do relatório técnico - servirá para complementar um estudo maior sobre um fato questionado. Diferencia-se o relatório técnico do parecer técnico, em virtude deste conter a análise e opinião sobre o objeto do exame, enquanto que o relatório técnico é apenas um relato da ação (do exame) desenvolvida, com o respectivo resultado, se for o caso. DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 22 Na perícia oficial é muito rotineiro esse documento, em função dos exames complementares que os peritos criminais, p.ex., requisitam de outros peritos em setores distintos dos Institutos de Criminalística, a fim de obterem informações técnico-especializadas sobre partes do todo que estão analisando em uma perícia. Outra situação aplicável no âmbito da perícia é no processo cível, quando os assistentes técnicos vierem a concordar com o resultado da perícia realizada pelo perito do juízo. Além de poderem assinar junto o próprio laudo daquele perito, terão a possibilidade (e julgamos a mais recomendável) de emitir um relatório sobre o acompanhamento dos trabalhos periciais e sua respectiva concordância com os resultados ali evidenciados. Os profissionais que atuam nessas tarefas, são os mais variados possíveis, pois sua formação dependerá do tipo de conhecimento ou prática necessária. Poderão estar envolvidos profissionais de nível superior se o trabalho for atividade exclusiva de alguma dessas profissões ou qualquer outra pessoa especialista em determinado assunto. Também nessas atividades que geram os relatórios técnicos, os peritos oficiais são muito requisitados, diretamente ou por intermédio de suas entidades de classe, em razão da vasta experiência que possuem. Sobre as restrições para desenvolverem esse tipo de trabalho, são as mesmas verificadas para o caso dos pareceres técnicos. 05 - OUTROS DOCUMENTOS TÉCNICOS E/OU APLICAÇÕES Ficou claro até esse ponto que a nossa abordagem restringiu-se aquilo que tenha relação direta ou indireta com o Perito Oficial (perito criminal ou perito legista), porém, face à diversidade de aplicação e utilização desses documentos técnicos, vamos comentar duas situações, como forma de ilustrar essa abrangência. Uma grande utilização da expressão "laudo" é feita na área da medicina, onde é comum vermos para qualquer exame que ummédico realize, ao emitir um documento relatando essa tarefa, intitula-o de "laudo médico". Nesse aspecto, para evidenciar o exagero do uso dessa expressão, basta reportarmo-nos ao significado do vocábulo "laudo" no dicionário (Escrito em que um perito ou um árbitro emite seu parecer e responde a todos os quesitos que lhe foram propostos pelo juiz e pelas partes interessadas.) para constatarmos que "laudo médico" só se aplicaria quando ele estivesse atuando como perito em algum tipo de exame. Sobre isso, existem várias situações em que o médico estará atuando como perito, cujo trabalho não se destina à Justiça (se for para a Justiça, seria o "laudo pericial criminal oficial" ou "laudo pericial cível"), mas a outros Órgãos Públicos, como a previdência social, os acidentes de trabalho, nos concursos públicos e tantos outros. A partir dessa delimitação, podemos dizer que nas situações onde o médico venha a realizar qualquer exame para um paciente seu (se fosse perícia, o objeto do exame seria o "periciando"), ao emitir documentos técnicos com fins diversos, não cabe utilizar a expressão laudo médico, mas sim parecer ou relatório técnico, dependendo da complexidade de cada caso. Mas não é só na área da medicina que encontramos essa utilização exagerada da expressão "laudo" em documentos que relatam exames efetuados. Até em oficinas mecânicas de automóveis são utilizados para apresentar o resultado de um exame das condições do veículo. No máximo, para um caso desses, seria utilizar o documento intitulado relatório técnico, uma vez que o conteúdo daquele trabalho não se enquadra na complexidade de um laudo. 06 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do que discutimos até aqui, temos que o laudo pericial é o documento técnico mais completo, contendo o resultado da constatação, registro, análise, interpretação, conclusão e opinião sobre um objeto periciado, onde a Justiça é a destinatária final desse documento. DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 23 O parecer técnico é o documento que exprime o resultado de uma trabalho de análise, seguida de uma opinião sobre um evento específico que esteja sendo examinado. Os destinatários desse documento (de acordo com o requisitante inicial) poderão ser a Justiça, outros órgãos públicos, entidades ou empresas privadas e pessoas em geral. É, portanto, uma produção técnica intelectual independente, destinada a opinar sobre determinado fato ou assunto. Já o relatório técnico é um documento que apresenta o resultado de um exame de uma particularidade, que servirá para integrar o conjunto de um exame maior e para auxiliar na interpretação de outros fatos. É um relato da ação técnica, específica, desenvolvida. Sobre a participação de peritos oficiais em atividades que não sejam aquelas de fazer perícia criminal, para o qual foram concursados, é um assunto que tem gerado uma série de dúvidas e distorções, sendo essa uma das razões da abordagem deste assunto neste capítulo, visando colaborar na interpretação desse situação, tendo em vista que os mesmos, por requisito obrigatório, são profissionais devidamente habilitados em determinadas áreas da ciência, lhes é assegurado por seus conselhos de classe a prerrogativa de produção de documentos técnicos com a expressão de suas opiniões, as quais, obviamente, não deverão ser da esfera criminal, a não ser se por nomeação judicial. A função desenvolvida pelo perito oficial está claramente definida no Código de Processo Penal e, sobre ela, não há o que contestar. O que existe especificamente nesse caso, são outros funcionários públicos querendo se autodenominar de "peritos" para realizarem alguns tipos de perícia na esfera criminal. Isso é totalmente equivocado e ilegal, pois o artigo 159 do referido Código é taxativo quando diz que "Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitos por dois peritos oficiais". E, para ser perito oficial é necessário os requisitos de formação acadêmica e ingresso na função mediante concurso público específico para essa atribuição. O perito oficial em qualquer situação poderá atuar como "perito do juízo" no âmbito da Justiça Cível. Será uma relação direta e particular do perito com o magistrado, onde será estabelecido - inclusive - o valor dos honorários pelo serviço prestado. Essa participação do perito oficial, conforme já mencionamos, é recomendada pelo Código de Processo Civil nas situações de perícia médica e perícia documentoscópica e, por extensão, para qualquer outro tipo de perícia. Nas outras situações de contratações particulares dos peritos oficiais para atuarem como assistente técnico na Justiça Cível ou qualquer outro trabalho para outros órgãos públicos, entidades e empresas privadas ou pessoas diretamente, o único fator que impediria sua contratação seria algum dispositivo legal específico, que expressamente o proibisse. Mesmo nessa situação de impedimento, se o perito realiza um trabalho particular de forma gratuita por intermédio da sua entidade de classe, nada lhe impedirá de fazê-lo. A razão da procura de peritos oficiais para desenvolverem perícias na Justiça Cível e outros trabalhos técnicos, respalda-se no grande conceito que esses profissionais possuem no mercado, em razão da sua vasta experiência. Ainda mais, esse fato se torna imprescindível para quem necessita dos serviços de peritos, quando se tratar de áreas de conhecimento que só os peritos oficiais possuem prática, como é o caso de perícias documentoscópicas, trânsito, e mesmo aquelas relacionadas à contabilidade, engenharia, biologia, medicina e outras, em que necessita de conhecimentos complementares da técnica criminalística. A perícia oficial é base para uma investigação policial moderna e isenta de qualquer subterfúgio que desrespeite as garantias individuais do cidadão. Os direitos humanos somente serão rigorosamente observados no âmbito das polícias, se tivermos os Institutos de Criminalística e de Medicina Legal, funcionando em estruturas autônomas, devidamente equipados e com efetivos adequados, para trabalharem em estreita parceria com os policiais, subsidiando-os com as ferramentas científicas da investigação. Também, é a perícia oficial que fornecerá as provas mais consistentes para o processo criminal, criando as condições necessárias para que o magistrado possa aplicar corretamente a justiça. Critica-se muito a Justiça pela sua ineficiência e morosidade, porém, nós que integramos esse sistema, sabemos que parte da sua alardeada ineficiência é oriunda da não priorização em investimentos para os Institutos de Perícia, o que acaba refletindo em processos sem provas periciais suficientes para subsidiar a convicção do magistrado sobre os fatos relatados naquela peça processual. DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 24 Assim, cabe, a todos nós da sociedade, travarmos um cruzada pelo desenvolvimento da criminalística no Brasil. ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________
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