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UFABC – Universidade Federal do ABC Análise do fenômeno Brexit a nível societal Bacharelado em Relações Internacionais Abordagens Tradicionais das Relações Internacionais 3º Quadrimestre de 2018 Profª.Drª. Ana Tereza Lopes Marra de Souza Laryssa Paulino Rosa RA: 21031516 São Bernardo do Campo – SP Com a crise de 2008 e seu reflexo financeiro na União Europeia, a sociedade britânica tem se mostrado cada vez mais xenófoba e conservadora, desencorajante até mesmo aos cidadãos europeus que, graças ao Tratado de Schengen podem residir e trabalhar no Reino Unido. A integração do bloco econômico europeu foi concebida em moldes fundamentalistas devido à necessidade de reconstrução após a 2ª Guerra Mundial, que atualmente estão sendo resgatados, num viés até mesmo reacionário. Além disso, com os novos regionalismos, e o surgimento de novas questões derivadas do neoliberalismo econômico, as velhas formas de High Authority e intergovernamentalismos começam a dar sinais de falência expressos na própria sociedade, com seu descontentamento claro e crescente com os rumos da política intergovernamental. O referendo do Brexit reflete uma reação dos princípios fundamentalistas ligados à consolidação da União Europeia, e uma tentativa de manutenção de poder – não somente econômico, mas hegemônico – expresso pela xenofobia britânica. A retomada de uma postura protecionista e do crescimento da influência da ala tory no Parlamento, o aumento do estigma aos islâmicos na região e outros imigrantes são uma expressão de um alinhamento global de “culpar ao outro” pela crise, que torna tão fácil a evolução para uma crise política que pode levar ao autoritarismo. O que temos visto inclusive no Brasil. Pode-se também considerar um ato de “chutar a escada” da parte do centro econômico global para com a periferia, em que, galgando as escadas do desenvolvimento e alto padrão de vida, comparado às condições de vida do Sul, buscam conservar as estruturas de Bem-Estar Social superadas e, fecham os olhos para o encolhimento da precária estrutura da periferia global. Ou seja, não há uma “socialização das perdas” neste período de recessão financeira do capital, e as pessoas de diferentes etnias que buscam melhores oportunidades fora desta periferia sofrem, por isto, as consequências (CEPAL). Esta é uma perspectiva extremamente realista do pensamento britânico atual, de um pragmatismo e potencial crueldade. Ocorre desta forma, uma maleabilidade dos Direitos Humanos, um movimento mundial. Pode-se associar também, neste caso, de acordo com Walt e Mearsheimer a questão de manter a vantagem, a posição relativa de poder no cenário mundial em um momento de instabilidade e tendência à anarquia no Sistema Internacional: “Even if states can gain from collaboration, the benefits of collaboration are not evenly distributed and relative power still matters. More importantly, the occasional periods of close cooperation are occasionally disrupted by all-out struggles that redistribute power and leave the winners better off and the losers licking their wounds. When that occurs, of course, the rules tend to fall by the wayside.” (STEPHEN; 2011; p. 4). No caso do Reino Unido, algo particularmente agravante é a ameaça de um retorno ao conflito entre Irlanda e Irlanda do Norte. Isto porque o –antes encerrado- conflito religioso e econômico entre ambas as nações pode voltar a ter novos episódios devido à necessidade de conservar a ausência de barreira física na Irlanda do Norte. Assim, há também um estigma entre cidadão europeu com europeu, ou a corrosão desta identidade global. Para que ocorra o Brexit, seja ele acordado em hard, soft ou no deal, terá de ser dado em condições especiais para a Irlanda do Norte, a fim de poupar conflitos e na impossibilidade da suspensão do Acordo de Schengen na região, podendo levar a um agravamento da crise, devido a integração comercial e social entre as Irlandas, poupando a falência de empresas, fuga de capital, fuga de mão de obra e outros. No entanto, por se tratar de um fenômeno ainda inexplorado, é difícil prever quais seriam outras consequências dessa decisão. Ademais, são necessárias urgentes medidas de conscientização à população contra a xenofobia e a defesa dos Direitos Humanos e inclusão social, embora a postura do governo atual de Theresa May esteja do lado totalmente oposto à este. Bibliografia https://www.acervoescolar.com/brexit-saida-do-reino-unido-da-uniao-europeia - Brexit – Saída do Reino Unido da União Europeia. https://eco.pt/2018/09/17/brexit-theresa-may-diz-que-alternativa-ao-seu-plano-e-uma-saida-sem-acordo/ - Brexit: Theresa May diz que alternativa ao seu plano é uma saída sem acordo; ECO – Economia Online. Mearsheimer https://www.publico.pt/2018/07/20/mundo/noticia/fronteira-da-irlanda-mantemse-pomo-da-discordia-entre-l ondres-e-bruxelas-1838674 - PÚBLICO - A fronteira na Irlanda continua a travar o "Brexit"- Theresa May pede à UE que "evolua"; Bruxelas diz que não há alterações que justifique uma evolução e que também não vai negociar o Livro Branco. WALT, Stephen; Liberals are musicians, realists are jocks; 4 p.
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