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Laryssa Paulino Rosa RA: 21031516 Com base no texto de José Marangoni Camargo, (in: Pires 2010) “Capítulo 7: Do ‘milagre econômico’ à ‘marcha forçada’”, p. 193-206. Responda: 1. Quais os efeitos o autor aponta da política de arrocho salarial adotada a partir de 1965? Discorra sobre os efeitos sobre a inflação, o contexto político-econômico, os efeitos sobre a concentração de renda, a produtividade, entre outros. A política de arrocho salarial do período contribuiu para uma maior concentração de renda da população, diminuindo o poder de compra das classes mais baixas e aumentando o das classes altas. Este fato possibilitou um crescimento no consumo no setor de bens de consumo duráveis, impulsionado por uma política de ampliação de crédito ao consumidor. O arrocho salarial no setor industrial aumentou a competitividade no mercado de trabalho neste setor, e instituiu uma precarização dos direitos trabalhistas, juntamente com uma imposição de relações sociais mais determinadas, que subordinasse o trabalhador e o submetesse a trabalhar mais intensamente, frequentemente por maiores períodos e recebendo menos, graças à liquidez do mercado e à iminente inflação. As imposições de poder no mercado de trabalho promoveram, desta forma, um aumento na produtividade. O movimento favorável no crescimento do consumo na indústria de bens de consumo duráveis tornou viável o aumento do uso da capacidade ociosa das indústrias, capacidade esta desenvolvida no período anterior. Soma-se a isto o desmonte do sindicalismo organizado no período político anterior, devido ao enfraquecimento da influência e do poder da força de trabalho individual e coletivo e ao momento econômico, de diminuição do poder de compra e aumento da desigualdade social, e da orientação das políticas econômicas tomadas, que diminuíam a significância do trabalhador e mantinha uma rotatividade na taxa de desemprego. 2. O autor aponta para 5 bases fundamentais do acelerado crescimento da economia brasileira no período de 1968 a 1973 (o chamado “milagre econômico brasileiro”). Indique essas 5 bases e comente brevemente sobre cada uma delas. O autor fala sobre o favorecimento da conjuntura internacional na economia, o aumento da liquidez no mercado global, que possibilitou a obtenção de crédito externo para as empresas brasileiras, o arrocho salarial, que impulsionou o consumo da indústria de bens de consumo duráveis devido também ao aumento de crédito ao consumidor; além disso, políticas de intervenções e investimentos, como também subsídios e incentivos fiscais aos setores econômicos destinados à exportação e a diversificação das mesmas. O controle Estatal sobre a economia direcionou a obtenção de capital; o governo atuou inclusive promovendo microdesvalorizações cambiais a fim de manter a estabilidade do balanço de pagamentos. Outro item seria a abertura econômica à empresas multinacionais; além do alinhamento com os interesses políticos dos EUA, que garantia a seguridade dos investimentos e créditos externos; por fim, a ampliação no setor de construção civil. 3. Entre os fatores de esgotamento do “milagre econômico” estão (i) os desequilíbrios setoriais, como o do rápido crescimento do setor de bens de consumo duráveis, (ii) o da agropecuária e (ii) a irrupção da crise internacional. Explique esses 3 fatores de esgotamento. Os desequilíbrios setoriais foram causados pelo crescimento vertiginoso e desigual das indústrias de bens de consumo duráveis e não-duráveis, como também o estrangulamento do setor de alimentos e consumo diretos. A alta demanda destes setores levou à inflação. Ocorre a carência de produtos devido ao rápido aumento da demanda. De acordo com Singer, “o processo de acumulação estava se chocando com as barreiras físicas de produção, a partir das quais não seria possível ampliá-las no curto prazo; configurando-se uma situação de pleno emprego. ” O setor da agropecuária, por sua vez, cresceu voltado à exportação, gerando uma carência de alimentos e o aumento da inflação. Foi uma consequência negativa dos incentivos à exportação e das minidesvalorizações cambiais. A agricultura ao final do período de “fuga para frente” havia reduzido sua participação no PIB, porém se modernizou ao ponto de aumentar a concentração fundiária e provocar um intenso êxodo rural. Além disso, a crise do petróleo foi a responsável por iniciar o “ciclo da marcha forçada”, embora as políticas econômicas de expansão do “milagre brasileiro” já davam indícios de esgotamento bem antes de 1974, ocasião do irrompimento internacional. O aumento no preço do petróleo obrigou o governo a “desaquecer” a economia. Diminuir o consumo e realocar os investimentos e incentivos. Era necessário reduzir o volume das importações, no entanto, para que o setor industrial alcançasse o equilíbrio na oferta, a obtenção de bens da capital e de sistemas produtivos técnicos industriais era igualmente imprescindível. Desta forma, o governo optou pela expansão da dívida pública, para a manutenção das empresas privadas importantes à balança de pagamentos, além de procurar na II PND promover um desenvolvimento interno e assim completar o processo de industrialização. Mas, esta contradição da industrialização ser voltada para fora e financiada e, consequentemente, controlada com o capital financeiro externo, causou um novo padrão de desequilíbrio econômico, tornando a crise de circulação internacional de capital-dinheiro, de acordo com Oliveira. Isto porque a insuficiência de gerar meios de pagamento com a criação de capital gerou a incapacidade de fazer o capital retornar à circulação internacional.
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