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LARINGE – SEMIOLOGIA MILENA BAVARESCO ANATOMIA ▪ A laringe é um importante segmento do aparelho respiratório, altamente diferenciado, desempenha as funções: respiratória, fonatória e esfincteriana; ▪ Formada por um arcabouço musculocartilagíneo e tem cinco cartilagens: o Tireoide; o Cricoide; o duas aritenoides; o epiglote que funciona à maneira de opérculo protetor das vias respiratórias inferiores durante os movimentos de deglutição; ▪ Essas cartilagens estão conectadas entre si por ligamentos e articulações que possibilitam o deslizamento de uma sobre a outra; ▪ A cavidade endolaríngea é dividida em três andares ou planos: o andar glótico: constituído pelas pregas vocais, que limitam entre si o espaço denominado glote; o andar supraglótico: vai das pregas vocais até o orifício superior da laringe; o andar infraglótico: vai das pregas vocais até o plano que passa pela borda inferior da cartilagem cricoide. ▪ Função esfincteriana é responsável pela proteção das vias respiratórias inferiores contra a penetração de corpos estranhos e alimentos. o Além disso, ao fechar-se completamente pela contração muscular esfincteriana, a laringe evita a saída do ar que enche os pulmões e com isso auxilia determinados esforços fisiológicos, como o ato de defecar, o trabalho de parto e o levantamento de peso com os membros superiores. Faringe SEMIOLOGIA LARINGE – SEMIOLOGIA MILENA BAVARESCO ▪ Fonação é fenômeno que pode ser definido como a produção de um som fundamental ao nível da laringe, som este que será transformado em palavras por articuladores especiais ao longo do pavilhão bucofaringeonasal. ▪ O aparelho fonador pode ser dividido em quatro porções: o produtor e ativador, que é o fole pulmonar; o vibrador laríngeo (pregas vocais); o ressoador nasobucofaríngeo; o articuladores: língua, lábios, dentes, palato duro e véu palatino. ANAMNESE ▪ As doenças laríngeas podem ser influenciadas por sexo, idade e profissão; ▪ O câncer de laringe é incomum na mulher e é raro em jovens; ▪ A rouquidão persistente e progressiva na criança, acompanhada de dispneia, remete à papilomatose endolaríngea; ▪ Na puberdade, há a mudança na voz; ▪ Rouquidão Rebelde por mais de 3 a 4 semanas em paciente com mais de 40 anos remete a neoplasias malignas; ▪ A profissão tem importante papel nas laringites crônicas – profissionais da voz e profissionais que trabalham em atmosfera nociva para as vias respiratórias; SINAIS E SINTOMAS DOR ▪ Surge de modo geral, nas laringites agudas ou crônicas em caráter espontâneo ou à deglutição; DISPNEIA ▪ É um sintoma relativamente frequente nas laringopatias: laringite diftérica ou crupe, laringite estridulosa, laringomalacia, membrana congênita entre as pregas vocais, paralisia dos músculos dilatadores da glote (síndrome de Gerhardt), papilomatose infantil, Exame Clínico LARINGE – SEMIOLOGIA MILENA BAVARESCO câncer avançado, abscesso laríngeo, corpos estranhos, traumatismos laringotraqueais; ▪ Por vezes, essas causas de dispneia exigem a traqueostomia; ALTERAÇÕES DA VOZ (DISFONIAS) ▪ Tem graus variáveis; ▪ Apresentam-se desde uma discreta rouquidão até a ausência de voz ou afonia; ▪ As crises emocionais podem acarretar afonia; TOSSE ▪ A região interaritenóidea é o ponto mais vulnerável no despertar do reflexo da tosse. Sua causa mais frequente são as laringites. ▪ A tosse rouca quase sempre indica comprometimento das pregas vocais; DISFAGIA ▪ Encontrada em processos neoplásicos da laringe; ▪ As laringites agudas e a artrite cricoaritenóidea desencadeiam distúrbios da deglutição, por vezes dolorosos. PIGARRO ▪ Decorre de hipersecreção de muco, que se acumula e adere à parede posterior da faringe, no vestíbulo laríngeo e nas pregas vocais; ▪ Comum nos tabagistas crônicos – obriga o paciente a raspar ruidosamente a garganta, principalmente pela manha para clarear a voz; EXAME FÍSICO ▪ O exame da superfície interna da laringe é realizado por intermédio da laringoscopia, que pode ser indireta ou direta; ▪ laringoscopia indireta: é inicialmente feita por meio do espelho de laringe, introduzido na faringe e aplicado de encontro à úvula com inclinação de 45°. ▪ Os raios luminosos projetados sobre esse espelho laringoscópico, por meio de um espelho frontal ou de um fotóforo, tornam possível demonstrar, indiretamente, a imagem da superfície endolaríngea; ▪ laringoscopia direta consiste em introduzir um tuboespátula (laringoscópio) no interior da laringe através da faringe, colocando o paciente em decúbito dorsal, a cabeça em ligeira extensão, e recalcar para diante a epiglote e a base da língua, como se quiséssemos levantar o paciente pelo osso hioide. ▪ O exame é precedido de anestesia local por nebulização com xilocaína ou, se necessário, anestesia geral. LARINGE – SEMIOLOGIA MILENA BAVARESCO EXAMES ENDOSCÓPICOS DA LARINGE LARINGOSCOPIA ENDOSCÓPICA ▪ Quando é indireta, pode ser praticada por meio de instrumentos rígidos, através da boca, com as mesmas hastes telescópicas. ▪ Já a direta, realizada com aparelho flexível (nasolaringoscopia), consiste no exame da laringe com uso de endoscópio especial que tem diâmetro e flexibilidade apropriados à sua passagem através das cavidades nasais, possibilitando ultrapassar (e examinar) facilmente o nariz, a nas o faringe e a encruzilhada aerodigestiva (buco e hipofaringe), propiciando a visão da laringe e até da traqueia. ▪ A nasolaringoscopia é o único método semiológico que possibilita que a laringe seja examinada com o paciente em plena liberdade para a realização dos movimentos fisiológicos fonoarticulatórios, pois não requer preensão e tração da língua, tomando possível que ele respire, degluta, fale e até cante naturalmente. ESTROBOSCOPIA (LARINGOESTROBOSCOPIA) ▪ É o exame da onda mucosa, que se forma nas margens livres das pregas vocais durante a fonação; ▪ É realizado por meio do estreboscópios ao mesmo tempo que se realiza a laringoscopia com a haste telescópica; MICROLARINGOSCOPIA ▪ Possibilita que seja feito o exame da laringe, cuja exposição faz-se com o paciente em decúbito dorsal, sob anestesia geral e laringoscopia direta, introduzindo-se, através da boca e da faringe, um laringoscópio de suspensão. ▪ Com auxílio do microscópio cirúrgico, o examinador vê diretamente a laringe, que pode ser ampliada várias vezes; Exames Complementares LARINGE – SEMIOLOGIA MILENA BAVARESCO EXAMES RADIOLÓGICOS ▪ Radiografia simples da laringe deve ser tomada de frente e de perfil. ▪ A tomografia computadorizada da laringe não apresenta os inconvenientes da radiografia simples, pois anula a superposição da coluna vertebral e dá uma noção comparativa bem nítida entre os processos patológicos das "duas hemilaringes”; EXAME DE SECREÇÕES ▪ A coleta endoscópica de secreções laríngeas para exame bacteriológico é prática pouco comum na atualidade, que visa esclarecer o diagnóstico das laringites fusoespirilar, diftérica e tuberculosa ou individualizar a flora microbiana nas laringites crônicas. BIOPSIA ▪ Pode ser praticada de várias maneiras: ▪ Sob laringoscopia indireta com uso do espelho de laringe e prévia anestesia tópica, mediante uso de pinças com curvatura adequada para atingir a laringe e biopsiar lesões de dimensões bem visíveis. Em alguns casos, é efetuada por laringoscopia direta simples e sob visão macroscópica, com pinças retas ▪ Remoçãode tecido com pinça de biopsia apropriada pode ser também realizada sob laringoscopia indireta endoscópica: (1) com uso do telescópio de laringe de 70 ou 90° através da boca; (2) com auxílio da passagem do nasofibroscópio pelo nariz; ▪ Por microlaringoscopia, utilizando-se micropinças cirúrgicas de laringe. É um método utilizado principalmente para diminutas lesões teciduais, como na suspeita clínica de câncer de laringe em fase inicial e para outras afecções que exijam essa forma de biopsia como exame complementar. LARINGITES ▪ Inflamação aguda ou crônica da laringe; LARINGITE CATARRAL ▪ Pode ocorrer junto com manifestações de resfriados e outras infecções virais; ▪ Sensação de constrição dolorosa ao nível da laringe, rouquidão que pode progredir até a afonia, tosse e expectoração mucosa; LARINGITE ESTRIDULOSA ▪ Também chamada de falso crupe; ▪ A criança geralmente do sexo masculino, que se recolheu ao leito em estado de boa saúde, desperta pela madrugada, tomada de intensa agitação, fácies de angústia, tosse ou choro enrouquecidos e sinais alarmantes de sufocação, dando a impressão de morte iminente; ▪ A inspiração torna-se difícil e estridulosa, com tiragem supraesternal e crise de sudorese generalizada; ▪ no entanto, todo esse quadro sintomatológico dramático começa a declinar, e tudo se normaliza, com exceção da tosse, que geralmente permanece rouca por vários dias; LARINGITE DIFTÉRICA ▪ É o verdadeiro crupe, que é a localização laríngea da difteria; ▪ Frequência, em crianças de 1 a 6 anos. ▪ Inicialmente, produz simples disfonia. Doenças da Laringe LARINGE – SEMIOLOGIA MILENA BAVARESCO ▪ Porém, no segundo ou no terceiro dia surge a dispneia. A inspiração torna-se difícil, acompanhada de um som sibilante e tiragem supraesternal e supraclavicular. ▪ Se a criança não for socorrida a tempo, sobrevém asfixia. Aí, então, a pele torna-se cianótica, a respiração, superficial, o pulso, acelerado a ponto de se tornar incontável, as extremidades, frias, e a morte sobrevém rapidamente; LARINGITE CRÔNICA ▪ Caracteriza-se por rouquidão permanente, em maior ou menor intensidade, geralmente acompanhada de expectoração mucocatarral, sobretudo pela manhã, obrigando o paciente a tossir e a "raspar" a garganta, ruidosamente, para limpar a laringe e clarear a voz. ▪ Causas de laringite crônica são inúmeras, destacando-se surtos frequentes de laringite aguda, uso exagerado de tabaco e álcool, inalação de substâncias irritantes nos locais de trabalho (carpinteiros, peleteiros, tecelões, mecânicos, químicos), respiração bucal de suplência ou infecções das vias respiratórias superiores, uso exagerado e inadequado da voz (oradores, leiloeiros, pregadores, professores), enfermidades sistêmicas que predispõem a distúrbios vasomotores (distúrbios hormonais, diabetes, insuficiência hepática), exposição continuada ao calor ou ao frio (foguistas, cozinheiros, geleiros) e refluxo gastrofaringolaríngeo. EDEMA DA LARINGE ▪ Ocorre em qualquer processo inflamatório infeccioso agudo, notadamente na laringite estreptocócica - o edema chega a simular um fleimão laríngeo; na laringite da febre tifoide; na laringite estridulosa, em que se verifica a instalação de duas borrainas edematosas, uma de cada lado da região subglótica. ESPAMO DA LARINGE ▪ Decorre de contração súbita e reflexa dos músculos adutores das pregas vocais, que acarreta fechamento da glote e consequente asfixia, geralmente transitória. ▪ Pode ser desencadeado por várias causas de irritação da mucosa laríngea: aspiração de vapores irritantes, de corpos estranhos... PARALISIAS DAS PREGAS VOCAIS ▪ Na paralisia bilateral, as pregas vocais ficam imóveis, tanto na fonação como na respiração, permanecendo na chamada posição intermediária, isto é, entre adução e abdução. Os doentes tornam-se afônicos. ▪ Na paralisia unilateral do nervo recorrente, o exame laringoscópico revela imobilidade de toda a hemilaringe correspondente. ▪ As principais causas de compressão do recorrente na região cervical são o câncer do esôfago, o bócio e as linfonodopatias cervicais de qualquer natureza. ▪ Outras causas de paralisia do recorrente são os traurnatismos cervicais e determinadas intervenções cirúrgicas, como a tireoidectomia total, que pode acidentalmente ocasionar lesão; PÓLIPOS E NÓDULOS ▪ A formação dos pólipos é secundária a laringites não tratadas adequadamente, que se devem ao uso exagerado e inadequado da voz, terminando por acarretar fenômenos de vasodilatação circunscrita da mucosa, infiltração edematosa e, com o correr do tempo, reações fibróticas do tecido conjuntivo. ▪ Os nódulos são encontrados em profissionais que fazem uso intenso da voz (nódulos dos cantores) e, eventualmente, em mulheres e LARINGE – SEMIOLOGIA MILENA BAVARESCO crianças. Sua origem é traumática, devido ao uso incontrolado da voz; NEOPLASIAS ▪ Os papilomas são neoplasias benignas que se caracterizam por acentuada tendência recidivante. o Podem surgir em qualquer idade, mas geralmente em crianças, nas quais adquirem caráter invasor particular, provocando, frequentemente, papilomatose difusa da endolaringe, que vai reduzindo cada vez mais a luz laríngea e obriga à realização de traqueostomia; o A rouquidão e a dispneia progressiva são os sintomas dominantes. o A causa originária da papilomatose decorre de infecção por um vírus (Papillomavirus humano), mas também parece não haver dúvida de que está relacionada com problemas de competência imunológica. ▪ O câncer da prega vocal é uma neoplasia seguramente relacionada com o tabagismo, mas é eminentemente curável, por ser pouco invasora, progredir lentamente e manter-se circunscrita no interior da laringe, só acarretando metástase linfonodal muito tardiamente, uma vez que a prega vocal é provida de escassos vasos linfáticos. o O primeiro sintoma é a rouquidão, por vezes acompanhada de tosse espasmódica. o Toda rouquidão que perdura mais de 1 O a 15 dias e não cede com a medicação usual exige exame laringoscópico.
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