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APENDICITE AGUDA - HAM MILENA BAVARESCO ANATOMIA E DEFINIÇÃO ▪ A apendicite é a causa cirúrgica mais comum de dor abdominal em atendimentos de urgência. ▪ Seu diagnóstico é habitualmente fácil e essencialmente clínico. ▪ Podem ocorrer algumas apresentações atípicas, que são relacionadas, principalmente, à localização do apêndice retrocecal e pélvica, que tornam o diagnóstico da apendicite desafio clínico - cirúrgico. ▪ É importante a diferenciação da apendicite no sexo feminino com as afecções pélvicas como doença inflamatória pélvica, endometrite e abscesso ovariano. ▪ O apêndice, o íleo e o cólon ascendente derivam do intestino médio. ▪ O apêndice aparece primeiro na oitava semana de gestação como uma bolsa para fora do ceco e gradualmente gira para uma localização mais medial, conforme o intestino gira e o ceco torna-se fixo no quadrante inferior direito. ▪ A artéria apendicular, um ramo da artéria ileocólica, supre o apêndice. ▪ O exame histológico do apêndice indica que as células caliciformes, que produzem muco, estão espalhadas por toda a mucosa. ▪ Em adultos, o apêndice não tem nenhuma função conhecida. ▪ É um pequeno órgão tubular de fundo cegolocalizado a aproximadamente 2cm abaixo da válvula ileocecal, com comprimento entre 2 e a 20 cm. ▪ Pode se apresentar em diferentes posições, entre as quais as mais importantes: o Retrocecal; o Pélvica; o pré-ileal e pós-ileal; o paracecal. ▪ As posições atípicas podem ser observadas em situações em que o mesoapêndice APENDICITE AGUDA - HAM MILENA BAVARESCO excepcionalmente grande permite a sua maior mobilidade e liberdade de posicionamento. ▪ A localização anatômica do apêndice segue a seguinte distribuição: o retrocecal (20,1 a 65,3%); o pélvica (3,7 a 78,5%); o paracecal (0 a 12,3%); o pré-ileal ou pós-ileal (1,2 a 50,9%). FISIOPATOLOGIA ▪ A obstrução apendicular pode ser causada por fecalitos (massas fecais duras), cálculos, hiperplasia linfoide, processos infecciosos e tumores benignos ou malignos. ▪ A natureza anatômica do apêndice favorece o quadro, uma vez que sua luz é pequena em relação ao seu comprimento. ▪ O lúmen obstruído favorece o crescimento bacteriano e a secreção da mucosa favorece pressão sobre a luz. ▪ Inclusive é a distensão da luz que promove a dor visceral que o paciente refere como dor periumbilical ou visceral mal definida. ▪ Somente quando a inflamação ultrapassa a serosa e entra em com o peritônio parietal que ocorre estimulação da inervação aferente parietal. ▪ É nesse momento que o padrão da dor é mudado, algo característico da apendicite aguda, para uma dor localizada na fossa ilíaca direita de forte intensidade, podendo se correlacionar dor à descompressão brusca (sinal de Blumberg), indicando assim uma peritonite associada. ▪ Quando a obstrução do apêndice é a causa da apendicite, a obstrução leva ao aumento da pressão luminal e intramural, resultando em trombose e oclusão dos pequenos vasos na parede apendicular e estase do fluxo linfático. ▪ À medida que o comprometimento linfático e vascular progride, a parede do apêndice se torna isquêmica e depois necrótica, que normalmente pode evoluir para perfuração caso não ocorra intervenção cirúrgica nas primeiras 48h. ▪ O omento e o intestino delgado podem bloquear a perfuração e, nessa situação, é formado um abscesso localizado. ▪ De forma menos comum, a perfuração pode ser livre na cavidade peritoneal e sua consequência é a formação de diversos APENDICITE AGUDA - HAM MILENA BAVARESCO abscessos intraperitoneais, e posterior choque séptico. QUADRO CLÍNICO ▪ A apresentação sintomatológica característica da apendicite aguda é quadro inicial de dor abdominal inespecífica (dor referida), de intensidade moderada, localizada em região periumbilical, que cursa com náuseas e anorexia. ▪ Cerca de 12h após o começo dos sintomas, a dor migra em cerca de 50-60% dos pacientes, se localizando em fossa ilíaca direita, no ponto de McBurney, que é localizado no limite entre o terço médio e lateral de uma linha traçada da espinha ilíaca anterossuperior direita ao umbigo. ▪ A migração da dor é o sintoma mais importante para o diagnóstico da apendicite aguda. Náuseas e vômitos também podem acompanhar a dor e a febre acontece mais tardiamente no curso da doença. ▪ Alguns pacientes apresentam sintomas inespecíficos como: indigestão, flatulências, alteração do hábito intestinal, diarreia, mal estar generalizado. ▪ No caso de perfuração o paciente pode apresentar duas apresentações clínicas: perfuração bloqueada é quando um abscesso é formado, o paciente queixa -se de desconforto em fossa ilíaca direita e pode haver presença de plastrão (massa palpável); e na perfuração livre ocorre dor de grande intensidade e com aspecto difuso. ▪ O abdome do paciente se apresenta em tábua com rigidez generalizada e temperatura maior que 39 graus. ▪ Esse segundo quadro pode evoluir para sepse. leito. Está febril, com temperatura em torno de 38 graus. No exame do abdome, apresenta hipersensibilidade à palpação, no ponto de McBurney principalmente, com defesa abdominal. ▪ Um achado precoce é hipersensibilidade cutânea no quadrante inferior direito. ▪ Algumas manobras no exame físico podem dar sinais para o cirurgião da inflamação e confirmar; ▪ Ocasionalmente, a dor pode melhorar um pouco após a ruptura do apêndice por causa de alívio da distensão visceral, embora um verdadeiro intervalo livre de dor seja incomum. ▪ Outros sintomas possuem relação com a posição da ponta do apêndice inflamado. ▪ Se for próximo a bexiga, por exemplo, pode ser achado hematúria microscópica e manifestações urinárias. ▪ No exame físico do paciente com apendicite aguda geralmente o acometido pelo quadro fica imóvel no leito. Está febril, com temperatura em torno de 38 graus. ▪ No exame do abdome, apresenta hipersensibilidade à palpação, no ponto de McBurney principalmente, com defesa abdominal. ▪ Um achado precoce é hipersensibilidade cutânea no quadrante inferior direito. ▪ Algumas manobras no exame físico podem dar sinais para o cirurgião da inflamação e confirmar o diagnóstico. ▪ Os pacientes podem apresentar o sinal de Blumberg, sinal de rovsing e o sinal de psoas. Outra parte importante do exame físico é a pesquisa de massa em fossa ilíaca direita, que pode indicar um abcesso, o qual após APENDICITE AGUDA - HAM MILENA BAVARESCO confirmação por exames de imagem, trata-se de maneira diferente. SINAIS NO EXAME FÍSICO DA APENDICITE SINAL DE BLUMBERG ▪ O Sinal de Blumberg é um sinal médico caracterizado por dor ou piora da dor à compressão e descompressão súbita do ponto de McBurney, também chamado de ponto apendicular. ▪ É traçado uma linha que liga a cicatriz umbilical com a espinha ilíaca ântero-superior, como apresentado em ilustração anterior. ▪ Divide-se esta linha em 3 partes, sendo o ponto referido o local que corresponde ao encontro do terço médio com o terço distal da linha. ▪ Dor no ponto de McBurney, percebido durante o exame físico, é indicativo de peritonite naquele local. SINAL DE ROVSING ▪ Se a palpação do quadrante inferior esquerdo do abdômen do paciente resultar em dor no quadrante inferior direito, diz-se que o paciente é positivo para o sinal de Rovsing. ▪ Essa palpação é realizada procurando-se provocar um falso peristaltismo no intestino grosso, a partir do sigmoide, retrogradamente, em direção ao cólon descendente, transverso e finalmente ascendente, onde o acúmulo de gases e/ou fezes gera a dor pois é aí que se encontra o apêndice.SINAL DE PSOAS E OBTURADOR ▪ O sinal do psoas é indicativo de irritação do músculo psoas. ▪ Posiciona-se o paciente em decúbito lateral esquerdo, e o examinador deve realizar a hiperextensão passiva de membro inferior direito (ou flexão ativa contra resistência). ▪ Em caso de dor a hiperextensão passiva ou a flexão ativa, o sinal é positivo. ▪ Já o sinal do obturador, assim como no do psoas, indica irritação no músculo de mesmo nome. ▪ Para realizá-lo, com o paciente em decúbito dorsal, faz-se a flexão passiva da perna sobre a coxa e da coxa sobre a pelve, então procede- se com uma rotação interna da coxa. APENDICITE AGUDA - HAM MILENA BAVARESCO ▪ Tem maior sensibilidade nas apendicites com posição retrocecal, aderido ao músculo obturador. ▪ Dá-se positivo quando se refere dor no hipogástrio. ▪ As localizações dos dois músculos estão abaixo para entender o motivo de sua inflamação junto com a inflamação do apêndice; SINAL DE TEN HORN ▪ Dor abdominal causada por tração suave do testículo direito. SINAL DE DUNPHY ▪ Dor à percussão do ponto de McBurney ou dor ao tossir. Pode ser indicativo de apendicite. SINAL DE LENANDER ▪ Temperatura retal maior que a temperatura axilar em mais de 1º C.
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