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cientistas, como Freud, Jung, Skinner, Piaget, Vygotsky, Erikson e Pavlov, que participaram da construção dos pilares dessa nova ciência. O legado desses profissionais compõe o referencial teórico e técnico que norteia a compreensão do homem e, por isso, é objeto de estudo na formação do psicólogo. Como resultado, a Psicologia atual conta com diversificadas teorias que apontam diferentes caminhos para atingir o mesmo ponto: a redução do sofrimento humano e o aumento da qualidade de vida. Ao contrário das ciências exatas, a Psicologia busca, primordialmente, compreender a complexidade, a subjetividade do homem e apontar os efeitos causados e sofridos diante das demandas socioculturais. Nesse contexto, diferentes caminhos podem levar à mesma finalidade, justificando a coerente convivência com diferentes pontos de vista ou movimentos teóricos. Figura 1.2 | Paciente em sessão de Psicanálise Fonte: <http://www.istockphoto.com/photo/patient-42188276?st=2110b05>. Acesso em: 7 jan. 2016. U1 - Conceitos básicos de Psicologia e saúde 13 A literatura ressalta cinco importantes movimentos para a criação da chamada Psicologia Moderna. Trata-se dos cinco primeiros nomes que contribuíram para o nascimento da psicologia como ciência, o que não diminui a importância de seus sucessores. A seguir apresenta-se um quadro ilustrativo com os nomes e as principais ideias defendidas pelos teóricos da Psicologia Moderna. Quadro 1.1 | Cinco movimentos que criaram a Psicologia Moderna PESQUISADOR MOVIMENTO PAÍS OBJETO DE ESTUDO Wilhelm Wundt (1832 – 1920) Estruturalismo Alemanha Processos elementares da consciência, suas combinações e relações com as estruturas do sistema nervoso. William James (1842 – 1910) Funcionalismo Estados Unidos Funcionamento dos processos mentais, à medida que estes ajudam as pessoas a sobreviver e adaptar-se. John Watson (1878 – 1958) Behaviorismo Estados Unidos Estímulos e respostas observáveis, com ênfase na aprendizagem. Max Wertheimer (1880 – 1943) Gestalt Alemanha Experiência subjetiva humana global, com ênfase na preocupação, no pensamento e na resolução de problemas. Sigmund Freud (1856 – 1939) Psicanálise Áustria A personalidade normal e patológica, com ênfase nos determinantes da primeira infância e nos aspectos inconscientes. Fonte: adaptado de Davidoff (2004). No Brasil, assim como na Europa, a Psicologia também foi precedida pelo pensamento psicológico. Desde o período colonial, autores como o padre Antônio Vieira, entre outros, demonstravam curiosidade pelas expressões relativas às emoções, ao autoconhecimento, às diferenças raciais, à aculturação e a tantos outros temas. No século XIX, faculdades de medicina, seminários e hospitais discutiam questões relacionadas à vida psíquica, em especial no contexto médico e pedagógico. Tais movimentos abriram espaço para a Psicologia se constituir no Brasil enquanto ciência e, posteriormente, como campo de atuação profissional (ANTUNES, 2014). Diversos médicos realizaram suas teses de doutorado sobre assuntos relativos ao pensamento psicológico. Em 1900, Henrique Roxo divulgou sua tese intitulada “Duração dos atos psíquicos elementares”. O pesquisador defendeu a Psicologia como uma ciência da propedêutica psiquiátrica. De acordo com Olinto (1944 apud LOURENÇO FILHO, 1971), essa foi a primeira investigação de cunho científico na área de psicologia publicada no Brasil. U1 - Conceitos básicos de Psicologia e saúde14 Reflita Lembre-se de que toda explicação será coerente quando a sequência natural dos acontecimentos seguirem sua ordem. Portanto, é preciso recordar que a psicologia foi precedida pelo pensamento psicológico. Este foi o impulso para levar à investigação e posterior comprovação científica da relação entre pensamento e comportamento humano. No século XX o país recebeu importante contribuição de especialistas estrangeiros que lecionaram disciplinas de distintas áreas da psicologia, o que fortaleceu a importância desse campo como ciência. Na área de psicologia social encontravam-se Etienne Souriau e André Ombredane, no Rio de Janeiro. Na cidade de São Paulo estavam Jean Maügué, Paul Arbousse-Bastide, Claude Lévi- Strauss e Donald Pierson. A Universidade de São Paulo, a partir de 1958, e a Escola Livre de Sociologia, na década de 1930, foram pioneiras na criação de disciplinas de psicologia, sendo esta última a primeira Escola no Brasil a instituir a disciplina de psicanálise (LOURENÇO FILHO, 1971). Portanto, a Psicologia passou a integrar o currículo de diversos cursos como Medicina, Sociologia, Direito, Filosofia e Pedagogia, além de ser ensinada nas Escolas Normais antes de ser instituída como um curso de formação de psicólogos. Apesar da proximidade da medicina com a psicologia, a área médica resistiu a reconhecer a psicologia como profissão por entender que a atividade clínica era privativa da classe médica. No entanto, de acordo com o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP- SP), as resistências foram encerradas quando a lei que regulamenta a profissão assegurou ao trabalho do psicólogo o "uso de métodos e técnicas psicológicas para a solução de problemas de ajustamento". De acordo com Soares (2010), somente em 1946, o então Ministério da Educação e Saúde, por meio do Portaria n. 272, autoriza a especialização em Psicologia e determina: Os candidatos que pretenderem o diploma de especialização deverão satisfazer às seguintes condições: Psicólogo: Aprovado nos três primeiros anos do curso de Filosofia, bem como em cursos de Biologia, Fisiologia, Antropologia, Estatística, e em cursos especializados de Psicologia. Finalmente, estágio em serviços psicológicos, a juízo dos professores da seção. U1 - Conceitos básicos de Psicologia e saúde 15 Em 1949, o Ministro da Guerra, por meio da Portaria n. 171, instrui sobre o funcionamento do curso de “Classificação de Pessoal”, composto por diversas disciplinas de psicologia. A medida tinha por objetivo formar chefes militares. No entanto, tal disposto legal abriu um precedente para, posteriormente, o diploma de psicólogo ser aprovado (SOARES, 2010). Em agosto de 1962, o presidente João Goulart promulgou a Lei n. 4.119, que instituiu o diploma de psicólogo a ser concedido por Cursos de Formação de Psicólogos. Concedeu também o registro de psicólogo às pessoas que exerciam atividades de Psicologia Aplicada, havia mais de cinco anos, na data da publicação da Lei. A data dessa importante conquista deu origem ao dia do psicólogo, comemorado em 27 de agosto. Atenção A psicologia chegou ao Brasil como uma disciplina adotada nos currículos de diversos cursos da área de humanas. Foi necessário trilhar um caminho de conquistas até se tornar uma profissão reconhecida legalmente, em 1962. Outro marco para a profissão deu-se por meio do Conselho Federal de Educação que criou o currículo mínimo e a duração do curso de Psicologia, a partir de 1963, por meio do Parecer n. 403/1962, art. 4º. Em seguida, o Decreto-lei n. 706, de 25 de julho de 1969, ampliou “aos portadores de certificado de cursos de pós- graduação em Psicologia e Psicologia Educacional o direito ao Registro Profissional de Psicólogo” (SOARES, 2010, p. 22). Dessa forma a psicologia alcançou importante espaço no meio científico brasileiro e organizou-se, como toda profissão regulamentada, criando um órgão federal que regula o exercício da profissão em todo o território nacional: trata-se do Conselho Federal de Psicologia (CFP), com sede em Brasília. A atuação federal é apoiada por órgãos regionais, presentes em cada Estado brasileiro e no Distrito Federal: os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs). Pesquise mais Para saber mais sobre a origem da profissão de psicólogo no