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Direito do Consumidor e Empresarial Caros alunos, as vídeoaulas desta disciplina encontram-se no AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem). Unidade 1 Unidade 1 - Direito Empresarial do Consumidor A partir deste momento estaremos conectados neste ambiente de aula da disciplina Direito Empresarial do Consumidor. Ela foi preparada especialmente para permitir a você, futuro profissional, a análise do papel do direito empresarial em sua área. Por isso, os objetivos instrucionais estarão voltados para a aprendizagem das principais normas jurídicas envolvidas na área e em sua aplicabilidade prática Será um grande prazer construir esse conhecimento com você, que, desde já, está convidado a conhecer, em quatro unidades de estudo, as normas legais do direito empresarial do consumidor e sua incidência na área do curso. Autor Cátia Regina Raulino Doutoranda em Administração pela UFBA, mestre em Direito Público pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, bacharel em Direito pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA, professora de pós-graduação e MBA da Universidade Jorge Amado - Unijorge, Universidade Católica de Salvador - Ucsal, Universidade Salvador - Unifacs e Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Senac/SP. Autora do livro Lei nº 11.419, da coleção Leis Especiais, da Editora Juspodivm. Consultora do Banco Mundial na Bahia, da Câmara do Comércio Brasil China e da Unesco, nos projetos legais no Brasil, e pesquisadora da Sudene. Conteudista da Secretaria do Estado de Santa Catarina e do Senac/SP. Importância da disciplina Esta disciplina tem relevância ao tratar dos aspectos necessários à compreensão e à aplicação das normas de direito empresarial do consumidor, assunto de suma importância em todas as áreas de atuação profissional, já que as normas aplicáveis em todo conteúdo servem de base para qualquer estabelecimento empresarial. Objetivos Ao final desta disciplina, você deverá ser capaz de: Interpretar a legislação trabalhista e toda sua abrangência e importância no cenário empresarial. Interpretar o funcionamento do sistema tributário nacional e suas obrigações. Identificar a responsabilidade jurídica envolvida nas relações consumeristas. Interpretar as normas da seguridade social e sua aplicabilidade prática. Ementa Origem e natureza do trabalho. Princípios de direito do trabalho. Aplicação das normas jurídicas trabalhistas. Relação de emprego e outras figuras afins. Contrato de trabalho: formas, prazos, suspensão, interrupção, alteração e extinção. Estabilidade e justa causa. Jornada de trabalho. Remuneração. Principais verbas trabalhistas. Sistema tributário nacional. Princípios constitucionais sobre tributação. Classificação das espécies tributárias. Estrutura do Código Tributário Nacional. Espécies de tributos. Competências tributárias. Obrigações tributárias. Princípios constitucionais de proteção ao consumidor. Elementos da relação de consumo. Práticas empresariais. Proteção contratual. Práticas abusivas. Fato do produto e defeito. Responsabilidade civil do fornecedor. Infrações penais. Cláusulas abusivas em contratos. Danos morais nas relações de consumo. Sistema de defesa do consumidor. A previdência social no Brasil. Custeio. Beneficiários. Benefícios previdenciários. Acidentes do trabalho: acidente e doença do trabalho. Benefícios acidentários. Conceitos e princípios da seguridade social: saúde, assistência social (LOAS). Referências Básica AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. São Paulo: Atlas, 2014. BRANCHIER, Alex Sander. Direito e legislação aplicada. Curitiba: Intersaberes, 2012 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social: custeio da seguridade social, benefícios, acidente de trabalho, assistência social, saúde. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2010. Complementar FABRETTI, Láudio Camargo; FABRETTI, Dilene Ramos. Direito tributário para os cursos de administração e ciências contábeis. São Paulo: Atlas, 2013. HORVATH JÚNIOR, Miguel, Miguel. Direito previdenciárioBarueri: Manole, 2011. MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. São Paulo: Malheiros Editores, 2014. MACHADO, Costa (Org.); FERRAZ, Anna Cândida da Cunha (Coord.). Constituição Federal interpretada: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo. 4. ed. Barueri: Manole, 2013. TONHOLLI, Daniela Almeida. Direito do consumidor. Belo Horizonte: Midiática Consultoria Ltda, 2011. Unidade 1 - Direito do trabalho Nesta primeira unidade, analisaremos as questões da disciplina com enfoque direto nos direitos trabalhistas, que são de conhecimento essencial do ambiente empresarial e têm influência direta em sua gestão, para que seja possível encontrar a relação das normas com os acontecimentos práticos da vida profissional. Objetivos Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: Interpretar a legislação trabalhista e toda a sua abrangência e importância no cenário empresarial. Conteúdo Programático Esta unidade está dividida em: Aula 1 - Direito do trabalho: conceitos e definições. Aula 2 - Relações de emprego. Aula 3 -Estabilidade e justa causa. Você conhece seus direitos como empregado? Não? E conhece seus deveres caso seja empregador? Também não? Atualmente, muitos brasileiros têm seus direitos trabalhistas desrespeitados. É exatamente por isso que a quantidade de ações judiciais contra empregadores é enorme! Ações judiciais prejudicam e muito o orçamento empresarial, já que muitas vezes as condenações não são planejadas, e seus valores podem ser muito altos. Ao mesmo tempo, dar aos empregados um tratamento dentro de todas as normas legais evita que o empregador tenha problemas futuros. Por outro lado, como empregador, conhecer seus direitos faz com que você possa exigir de seus colaboradores que cumpram com sua parte no contrato de trabalho, sem que isso lhe traga problemas. É muito importante que você conheça seus direitos e deveres, seja como empregado ou empregador, já que erros nessa área podem levar um negócio a ter problemas judiciais ou, ainda, fazer com que os trabalhadores percam seus empregos. Aula 1 - Direito do trabalho: conceitos e definições O direito do trabalho, no Brasil, está presente em nosso sistema normativo desde 1850, quando o então código comercial já trazia em seu corpo a regulamentação do aviso prévio. Em 1891, normas contra o trabalho infantil começaram a ganhar força, e, a partir desses períodos, crianças menores de 12 anos passaram a possuir proibição para laborar. Apesar de todo o desenvolvimento de normas que ocorreu a partir desse período, somente após 1930, o livre trabalho passa a possuir um status social, iniciando-se a partir daí a criação de regulamentações mais justas, conforme cronologia a seguir: 1939 – Criação da Justiça do Trabalho no Brasil. 1943 – Criação da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. 1946, 1964 e 1989 – Leis regulando a greve. 1949 – Lei do repouso semanal remunerado. 1966, 1989, 1990 – Leis do FGTS. 1972 – Lei do empregado doméstico. 1973 – Lei do trabalho rural. 1988 – Constituição do Brasil. Toda a importância dada aos trabalhadores a partir dos anos 1930 teve como principal colaborador o Presidente Getúlio Vargas, conhecido como o defensor dos direitos trabalhistas. Atualmente, além da CLT, o direito do trabalho está normatizado na Constituição e em uma série de leis especiais para tratar de direitos específicos dos trabalhadores. Vamos primeiro ao seu conceito. Segundo Bonfim (2009, p.381): Direito do Trabalho é um sistema jurídico permeado por institutos, valores, regras e princípios dirigidos aos trabalhadores subordinados e assemelhados, aos empregadores, empresas coligadas, tomadores de serviço, para tutela do contrato mínimo de trabalho, das obrigações decorrentes das relações de trabalho, das medidas que visam à proteção da sociedade trabalhadora, sempre norteadas pelos princípios constitucionais, principalmente o da dignidade da pessoa humana. Ou seja, são normas para a proteção de trabalhadores e a eles equiparados, contra arbitrariedades que possam sofrer perante seus empregadores. Segundo Frediani (2011, P. 5): É o ramo do Direito que tem por objeto as normas, instituições jurídicas e os princípios que regram as relações de trabalho subordinado, dispondo sobre sua melhor organização e abrangência de sua atividade.” Podemos afirmar, ainda, que se trata do conjunto de normas utilizadas para regulamentar as relações entre empregados e empregadores, em busca da proteção dos direitos e deveres de ambas as partes envolvidas. Direito do Trabalho é ramo jurídico especializado que regula certo tipo de relação laborativa na sociedade contemporânea. Seu estudo deve iniciar-se pela apresentação de suas características essenciais, permitindo ao analista uma imediata visualização de seus contornos próprios mais destacados. Delgado (2012, p. 11) Atualmente, muitos doutrinadores afirmam se tratar de um direito ainda em formação. Se pensarmos que, com o desenvolvimento do mundo, novas profissões com suas peculiaridades e características têm aparecido a todo instante, fica claro que realmente trata-se de uma área em constante mudança, já que as novas categorias precisam estar abraçadas por alguma norma, para que também possam ter seus direitos trabalhistas respeitados. Princípios do direito do trabalho Princípio será sempre a origem de alguma coisa. Na lógica jurídica, os princípios são a origem interpretativa de cada uma das leis. Portanto, toda e qualquer lei deverá estar de acordo com os princípios que regulamentam essa área do direito. Vamos então aos princípios basilares do direito do trabalho: Princípio da proteção: Deve-se utilizar a legislação para que exista uma compensação entre a superioridade econômica do empregado frente ao empregador, ou seja, as normas trabalhistas deverão buscar como base a proteção aos direitos do obreiro. Princípio da irrenunciabilidade dos direitos: Os direitos trabalhistas são irrenunciáveis. No caso desse princípio, haverá apenas uma exceção: trata-se dos direitos convencionados e acordados em audiência, na qual são judicialmente homologados. Nesse caso, não se trata de uma renúncia propriamente dita, mas de uma transação. Princípio da continuidade da relação de trabalho: No direito do trabalho, a regra que prevalecerá será a de que os contratos de trabalho são estabelecidos por prazo indeterminado. A exceção a esse princípio serão os contratos com prazo determinado, que serão estudados ainda nesta aula. Princípio da primazia da realidade: Esse talvez seja o princípio mais importante do direito do trabalho. Nesse princípio, podemos encontrar a afirmação de que a verdade real será muito mais importante do que a verdade documental. Princípio da aplicação subsidiária do Código Civil: Está determinado no art. 769 da CLT e tem sido cada vez mais utilizado, em razão dos novos institutos trabalhistas de dano moral, pactos contratuais etc. Princípio da substituição automática das cláusulas nulas: As cláusulas contratuais trabalhistas que não observarem as normas do direito do trabalho serão consideradas nulas, isto é, jamais produzirão efeitos no universo jurídico. file:///C:/Users/rconde/Desktop/gco1019/Unidade-1/aula-1.htm%23lightbox-1 Muito se fala a respeito de a justiça do trabalho “sempre” decidir a favor do trabalhador. Você acha que isso realmente ocorre? Você acredita que o trabalhador seja na maioria das vezes favorecido na esfera trabalhista ou que o empregador na maioria das vezes não está seguindo seus deveres, e esta seja a motivação? Aplicação das normas trabalhistas Tempo Podemos afirmar que a aplicação do direito do trabalho possui quatro critérios, sendo o primeiro deles o tempo. O tempo nas normas trabalhistas nos traz como regulamentação a irretroatividade e o efeito imediato. Isso significa dizer que a norma trabalhista não retroage, ou seja, não atinge fatos que ocorreram antes da entrada em vigência. É importante lembrar que a Constituição, em seu artigo 5°, nos diz que: “A lei não retroage para prejudicar a coisa julgada, o direito adquirido e o ato jurídico perfeito”. No direito, existirão algumas exceções em outras áreas, como, por exemplo, no direito penal, em que a lei sempre retroagirá quando a nova lei for mais favorável ao réu. Espaço O segundo critério utilizado será o do espaço. Aqui, a lei trabalhista deverá respeitar obrigatoriamente a territorialidade, ou seja, dentro do território nacional, as relações trabalhistas, mesmo que envolvendo nacionais ou estrangeiros, serão regidas pela legislação nacional. Aplicação territorial O terceiro critério é aplicação territorial. Aqui, define-se que a lei federal possui como raio de aplicação o território nacional. Critério pessoal Para encerrar, o último critério, o chamado critério pessoal. Neste, a aplicação do direito trabalhista ocorrerá subsidiariamente, já que as pessoas envolvidas estão excluídas dele, como, por exemplo, os estatutários, estagiários e domésticos, que estão regulamentados com sua própria lei. Aula 2 - Relação de emprego Para que seja possível compreender melhor as relações de emprego, faz-se necessário conceituar os sujeitos nela envolvidos. Vamos começar pelo empregador. O Empregador Nossa CLT, em seu artigo 2°, define o empregador da seguinte forma: Art. 2º. Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços § 1º. Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos que admitirem trabalhadores como empregados Podemos afirmar, então, que empregador será aquele que contratar o trabalhador sempre de forma remunerada e terá em contrapartida a prestação de trabalho. Podemos dizer, ainda, que será aquele que assume os riscos da atividade econômica, sendo o único que pode suportar o lucro ou o prejuízo, que não poderá ser repassado ao empregado. Muito se fala sobre os deveres do empregador, mas isso significa dizer que ele não possui direitos? Não, obviamente o direito do trabalho também tutelará o empregador, que possuirá alguns poderes e direitos, entre eles o de direção e de organização. Em primeiro lugar, o empregador terá todo o direito de organizar seu negócio da maneira de quiser, obviamente dentro da legalidade. Em segundo lugar, ele também será hierarquicamente superior ao empregado, que deverá subordinar-se a ele. O empregador terá, ainda, o poder de controle, poder este que lhe dará a prerrogativa de poder controlar e fiscalizar a execução do trabalho de seus empregados e sua atuação no ambiente de trabalho; além disso, terá também o poder disciplinar, que lhe garantirá que poderá advertir o empregado em caso de descumprimento de suas atividades ou de falta comportamental ocorrida no ambiente de trabalho. O empregado Segundo o artigo 3° da CLT: Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Vamos destacar, a seguir, os requisitos que precisam estar presentes para que exista vínculo empregatício entre o empregado e o empregador: 1 – Pessoalidade - A prestação de serviço para o qual foi contratado somente poderá ser executada por ele, não podendo enviar uma outra pessoa em seu lugar. 2 – Subordinação - O empregado está subordinado ao empregador, devendo acatar suas orientações com zelo e qualidade. 3 – Continuidade - O contrato de trabalho deverá ser contínuo, ainda que por prazo determinado, não podendo ser eventual. 4 – Salário - Deverá existir uma contraprestação pecuniária pela prestação de serviço pelo qual foi contratado. Os contratos de trabalho Os contratos de trabalho poderão ser, em regra, de dois tipos, sendo eles: por prazo determinado ou por prazo indeterminado. Por prazo indeterminado O contrato de prazo indeterminado é aquele que não possui prazo para acabar. Aqui o trabalhador é contratado sem nenhum prazo certo para que seja desligado da empresa. É importante salientar que o chamado contrato por prazo determinado, após ser prorrogado uma vez, passará a ser indeterminado a partir da segunda prorrogação. Nessa modalidade de contratação, o empregador está sujeito a todas as regras de registro vigentes na legislação trabalhista: férias, 13º salário, registro em carteira, FGTS etc. Existem outros tipos de contrato que não estarão encaixados em nenhum desses tipos, como contrato de estágio, trabalho autônomo, trabalho temporário etc. Por prazo determinado O contrato de trabalho por prazo determinado possui como característica principal a presença de data inicial e data final para a relação de trabalho. A lei traz como limite para esse tipo de contrato o prazo de dois anos, para evitar que seja irregularmente usado para burlar direitos trabalhistas dos trabalhadores. Nesse caso, ultrapassados os dois anos, o contrato converte-se automaticamente em contrato por prazo indeterminado. Atualmente, o contrato por prazo determinado mais conhecido por todos é o contrato de experiência. Esse contrato deverá durar um período máximo de 90 dias, podendo ser fixado por 45 dias com uma renovação de mais 45, assim, durante todo esse período, o empregador poderá observar se o empregado realmente tem condições e aptidão para aquela posição. A suspenção, a interrupção e a extinção do contrato de trabalho O contrato de trabalho poderá ser extinto por motivos que veremos agora, porém, vamos estudar antes os motivos que impedirão sua extinção. Vamos iniciar pela suspensão do contrato de trabalho. Suspensão Segundo Godinho (2014, p. 1.050): “É a sustação temporária dos principais efeitos do contrato de trabalho no tocante às partes, em virtude de um fato juridicamente relevante, sem ruptura, contudo, do vínculo contratual formado.” Nesse caso, o contrato é suspenso, e, consequentemente não se presta serviço, não se paga salário, não se pode dar nenhuma advertência, ou seja, não se produzem nenhum dos efeitos do contrato normal. Aqui temos como exemplo um caso de afastamento por acidente de trabalho após o 16° dia. Segundo o artigo 471 da CLT, são efeitos da suspensão: Sustação das recíprocas obrigações contratuais. Garantia de retorno do empregado após o período de suspensão. Garantia no retorno do patamar salarial e dos direitos alcançados nas alterações normativas do período. O empregador não pode rescindir de maneira injusta ou imotivada o contrato de trabalho no período de suspensão do contrato de trabalho. Interrupção No caso da interrupção, esta ocorre unilateralmente, pois aqui a empresa continuará pagando os salários, e o tempo de serviço continuará sendo computado. Exemplo: férias. Extinção Agora que já sabemos as possíveis causas em que a interrupção não pode ocorrer, vamos verificar quando esta efetivamente acontece: por vontade lícita das partes, por descumprimento de preceito contratual por alguma das partes ou por outros motivos. Aqui, encontraremos a despedida justificada, a despedida por justa causa, a despedida indireta etc. Após um ano de serviço, é obrigatório realizar a homologação da rescisão do contrato de trabalho, que deverá ser feita no sindicato ou no Ministério do Trabalho. Aula 3 - Estabilidade e justa causa Estabilidade Existem dois tipos diferentes de estabilidade: provisória e definitiva. A estabilidade provisória diz respeito à garantia provisória contra despedida sem justa causa durante um determinado período de tempo. 1 – Comissão Interna da Prevenção de Acidentes – CIPA – Caso eleito para CIPA, o trabalhador ficará estável da data do registro da candidatura. 2 – Acidente de trabalho – Cessado o auxílio-doença, o empregador deverá garantir estabilidade ao empregado por 12 meses. 3 – Dirigente sindical – O empregado que se candidatar a cargo sindical terá estabilidade desde sua candidatura até um ano após o encerramento de seu mandato. 4 – Dirigente de cooperativa – Da mesma forma que o dirigente sindical, terá estabilidade o empregado candidato a cargo em cooperativa da data de sua candidatura até um ano após o encerramento de seu mandato. 5 – Empregado reabilitado – Deverá ter garantia de estabilidade o empregado reabilitado ou deficiente habilitado, até que se contrate um substituto. 6 – Gestante – Terá garantia de estabilidade desde o descobrimento da gravidez até após cinco meses depois do nascimento da criança. É importante lembrar que isso evitará a despedida arbitrária, mas, em caso de justa causa, esta será válida, o que protege também os direitos do empregador. A estabilidade definitiva é aquela gozada por servidores públicos, que somente poderão perder seus cargos após processo administrativo com sentença transitada em julgado, para que seja protegido contra despedida arbitrária do poder público. Lembrando que os servidores não têm suas relações de trabalho definidas e protegidas pelas CLT. A justa causa No caso de demissão por justa causa, alguns requisitos precisam ser seguidos. O artigo 482 da CLT trará todos os requisitos para que a justa causa seja possível, já que ela tirará do empregado o direito a aviso prévio, férias proporcionais, 13° e levantamento do FGTS, nem multa de 40% sobre este. Vejamos, então, o artigo 482 da CLT: Art. 482. Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: a) Ato de improbidade (manifestação desonesta contra o patrimônio). b) Incontinência de conduta ou mau procedimento (recai na moral). c) Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço. d) Condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena. e) Desídia no desempenho das respectivas funções (desatenção reiterada, desleixo contumaz). f) Embriaguez habitual ou em serviço. g) Violação de segredo da empresa. h) Ato de indisciplina ou de insubordinação. i) Abandono de emprego. j) Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem. k) Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem. l) Prática constante de jogos de azar. Para que a justa causa seja efetuada dentro da legalidade, mesmo ocorridos os motivos acima, em alguns casos alguns requisitos precisam ser respeitados, sendo eles: Atualidade do ato faltoso: não se pode despedir por justa causa um trabalhador por algo que ele cometeu no passado, ou não haveria qualquer segurança jurídica. Quando algo ocorre e o patrão não se manifesta, o direito considera que o empregado foi tacitamente perdoado. A punição deve ser imediata para que seja válida. Gravidade da falta cometida: nem toda falta justificará o rompimento do vínculo, devendo ser analisada a gravidade para que realmente justifique a justa causa. Proporcionalidade: o fato cometido e a pena aplicada devem ter alguma proporcionalidade e razoabilidade entre si. Caso o empregador abuse de sua posição, a justiça poderá exigir que o empregado seja reincorporado. Em se tratando de faltas menos gravosas, porém que precisam ser observadas, é necessário que o empregador aplique a pena de advertência. Após a terceira advertência, o empregado poderá ser desligado por justa causa. Da mesma forma, caso a conduta seja mais gravosa e o empregador decida suspender o empregado, na nova ocorrência da mesma falta, poderá rescindir o contrato por justa causa normalmente. Encerramento Qual o impacto da compreensão dos conceitos básicos do direito do trabalho para uma organização? Atualmente, a compreensão das normas do direito do trabalho e sua aplicabilidade são de suma importância para os empresários e profissionais atuantes em diversas áreas dentro das organizações. Uma má aplicação das normas poderá ter como consequência uma série de problemas judiciais, e até criminais. Além disso, a correta interpretação dessa área do direito irá atuar diretamente nos custos empresariais, ou seja, no próprio desenvolvimento sustentável do negócio. Para finalizar, e não menos importante, empresas que atuam dentro da legalidade no direito do trabalho geram grande atratividade para mão de obra. Quais são as características comuns a todos os contratos de trabalho? Teremos como características comuns a todos os tipos de contratos estudados a consensualidade, a bilateralidade, a onerosidade, o trato sucessivo, o caráter pessoal e a possibilidade da informalidade. É muito importante que todas as características e sua incidência em cada um dos contratos sejam conhecidas a fundo, para que as relações de trabalho estejam sempre dentro da legalidade. Qual a relação entre a jornada de trabalho, verbas trabalhistas e a remuneração? O salário-base, valor este que compõe a remuneração, será definido com base na jornada de trabalho, não podendo ser diminuído, salvo se houver diminuição desta. Além disso, existirá uma série de outras exceções que poderão afetar diretamente essa remuneração. Por outro lado, as verbas trabalhistas são consideradas como remuneração, que são valores-fonte para cálculo de 13º salário, férias, rescisões etc. Resumo da Unidade O direito do trabalho veio ganhando espaço no Brasil com o passar dos anos. Atualmente, além da CLT, existe uma série de outras leis especialmente criadas para a proteção dos direitos de grupos específicos de trabalhadores. Durante esta unidade, você aprendeu a diferença entre o empregado e o empregador, lembrando que o empregado precisa de alguns requisitos para ter seu vínculo de emprego realmente reconhecido. Aprendeu, ainda, que existem dois contratos de trabalho em regra, os por tempo determinado e os por tempo indeterminado, e que todos eles respeitarão os direitos do trabalhador. O trabalhador, por sinal, estará protegido contra despedidas arbitrárias, e mesmo em caso de cometimento de faltas graves, existem previsões legais de como a demissão ocorrerá, sendo, ainda, respeitados os casos em que terá estabilidade por algum motivo. Espero que você tenha conseguido aprender sobre todos os meandros envolvidos nessa linda área do direito, importante tanto para o empresário quanto para o empregado. Esperamos que este guia o tenha ajudado compreender a organização e o funcionamento de seu curso. Outras questões importantes relacionadas ao curso serão disponibilizadas pela coordenação. Grande abraço e sucesso! Esperamos que este guia o tenha ajudado compreender a organização e o funcionamento de seu curso. Outras questões importantes relacionadas ao curso serão disponibilizadas pela coordenação. Grande abraço e sucesso!
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