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1 O texto didático na EaD

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Prévia do material em texto

Cuiabá, 2010
Oreste Preti
PRODUÇÃO DE 
MATERIAL DIDÁTICO 
IMPRESSO:
ORIENTAÇÕES TÉCNICAS 
E PEDAGÓGICAS
O TEXTO DIDÁTICO NA EaD
O texto didático, provisoriamente entendido como um 
texto escrito para ser dito, para informar ou para propor 
algo à compreensão, à análise ou até à memorização de 
fórmulas, etc., tem na relação pedagógica a função de 
articular o ensino e a aprendizagem. Para isto, ele neces-
sita possuir algumas propriedades específicas, especial-
mente hoje, na época em que o saber e o conhecimento 
científico e a reflexão filosófica ganham novas caracte-
rísticas e os meios linguísticos, técnicos e artísticos 
revolucionaram a comunicação social e a expressão 
humana (PAVIANI, Jayme. Apresentação - O texto 
didático no ensino. In: SANTOS, 2001).
Ao produzir material didático, você está criando uma 
tecnologia que irá apoiar (ou não) o processo de aprendi-
zagem dos estudantes, dependendo de como você 
desenvolver essa tecnologia. Já havia pensado sobre 
isso? (OLIVEIRA, 2006). 
A modalidade de Educação a Distância (EaD), 
compreendida a partir de uma ¹, 
envolve a atuação e a interação de diferentes sujeitos, 
além da estruturação e da conexão de diversos compo-
nentes, para que o processo de ensinar seja objetivado e o processo de 
aprender se concretize.
Entre os diversos componentes do sistema de EaD, sempre foi 
considerado de importância fundamental o material didático, produzido 
abordagem sistêmica
¹ Palavras em itálico/azul indicam que encontrará breve explicação em Glossário, ao 
final deste Guia.
EAD – Educação 
Aberta e a Distância;
EaD ou ED – Educação 
a Distância.
1
especificamente para quem estuda sem contar com o apoio presencial de 
um professor. Por isso, a equipe de produção de material didático assume 
papel único e específico no processo de ensinar. 
Neste Guia, porei em foco o trabalho do autor, produtor de um 
texto didático, resultante do processo de seleção de determinado conteú-
do e de construção de conhecimentos que considera importantes no 
processo formativo-educativo do estudante.
Porém, é importante salientar 
que, ao falarmos de material didáti-
co, estamos nos referindo a uma 
diversidade de meios tecnológicos 
que podem ser utilizados no proces-
so de ensinar, com o objetivo de 
propiciar aprendizagem por parte do 
estudante. Portanto, não se restringe 
ao texto didático impresso.
1.1 TEXTO DIDÁTICO IMPRESSO
Por que, então, tratar do texto didático impresso?
Por vários motivos. Vamos mencionar alguns:
1 - Trata-se de tecnologia que não é nova, no entanto ainda tem 
espaço garantido numa sociedade em que tecnologias novas 
se tornam cada vez mais populares e sedutoras. Segundo 
Raquel G. Barreto (2000), “a multimídia interativa deixa 
muito pouco espaço para a imaginação [...] A palavra escrita, 
ao contrário, estimula a formação de imagens e evoca metáfo-
ras cujo significado depende, sobretudo, da imaginação e da 
experiência do leitor”. 
2 - Tem crescido enormemente a indústria de material impresso, 
indicando que o “fim do livro” está longe de acontecer.
3 - É a tecnologia que faz parte de nossa formação escolar (e de 
nossos estudantes), de nosso campo profissional (ainda mais 
quando os estudantes são professores em exercício), tecnolo-
gia que melhor dominamos.
14 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
15 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
4 - Na EaD, ainda predomina o uso dessa tecnologia por ser mais 
acessível. Segundo dados do Censo EAD (ABRAED, 2008), 
91% das instituições que participaram da pesquisa e que possu-
em Polos de Apoio Presencial, utilizam material impresso. 
Mas, se considerarmos somente a oferta de cursos de gradua-
ção, podemos constatar que praticamente 100% das institui-
ções o utilizam.
5 - As Instituições que atuam na EaD estão em processo crescente 
de produção de material didático específico para os cursos em 
oferta. Se estimarmos que, num curso de graduação, há uma 
média de 40 a 50 disciplinas e que são mais de 200 os cursos 
oferecidos, podemos ter ideia aproximada da quantidade de 
livros produzidos na EaD. E se multiplicarmos estes livros 
pelo número de estudantes matriculados (aproximadamente 
um milhão), logo nos damos conta de que estamos diante de 
uma “indústria do livro” no campo da EaD.
6 - E caso ainda não tenha se dado conta, observe que, neste exato 
momento, você está buscando conhecimento em um material 
didático impresso!
A partir daqui nos referiremos ao texto didático com o nome 
genérico de Material Didático Impresso (MDI)
Assim, falar sobre material didático no campo educacional, de 
maneira geral, é retomar tema antigo, revestido de polêmicas que acom-
panham sua produção e seu uso. Aqui, proponho, resumidamente, fazer 
referência a algumas delas para que, juntos, possamos refletir sobre o 
momento atual, como atores e autores na modalidade a distância.
Antes, é importante pormos um pano de fundo em tudo que vai 
ser discutido.
O livro didático, que nasce no movimento renascentista, do 
resgate da individualidade, na passagem da Idade Média para a Moderna, 
está associado ao desenvolvimento do capitalismo, de uma sociedade 
voltada para o capital, às novas relações de trabalho na manufatura e na 
nascente indústria, aos avanços técnicos da tipografia e ao aparecimento 
da profissão docente. Apresenta-se como possibilidade de multiplicar a 
ação do professor para atingir número cada vez maior de estudantes, em 
tornar o ensino atraente e a aprendizagem fácil. 
Em que sentido?
1 - O livro didático foi proposto por Jan Amos Comenius (1592-
1670), em sua Didática Magna (1627-57), como tecnologia 
16 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
que possibilitaria superar o ensino 
artesanal, de natureza individual, entre 
preceptor e discípulo, para um ensino 
coletivo: “ensinar tudo a todos”, com 
certeza, rapidez, solidez e prazer. 
Nasceu, portanto, com a perspectiva da 
socialização do conhecimento e da 
universalização do acesso à escola. 
Nessa perspectiva, a história dos siste-
mas escolares, como redes institucionalizadas de ensino, é 
paralela à história do material impresso de ensino.
2 - Por outro lado, em seu nascimen-
to, traz com ele a possibilidade da 
desqualificação do professor, 
daquele que “organiza aulas“ para 
determinadas classes de estudan-
tes, que “professa” conhecimen-
tos próprios, acumulados ao 
longo de anos de estudo e de experiência, congregando as 
condições técnicas e intelectuais para ensinar. Por quê?
Para Comenius, “tratava-se de simplificar e objetivar o traba-
lho didático, de tal forma que qualquer homem mediano 
pudesse ensinar” (ALVES, 2005, p. 67). Assim, o livro didáti-
co credenciou à função docente qualquer pessoa com domínio 
básico da tecnologia da leitura, pois basta seguir o que está 
proposto e sequenciado no livro didático. Até livro com res-
postas elaboradas as editoras disponibilizam ao professor. 
Como consequência, o professor perde a centralidade no 
processo de ensinar para o livro didático. Este passa a dominar 
e dar a tônica à atividade de ensino.
3 -O livro didático contribuiu tam-
bém na concretização do projeto 
capitalista de manter o trabalhador 
disciplinado, ordenado, sob seu 
controle, no trabalho fabril. Nesse 
sentido, o livro didático pode ser 
percebido como estratégia de 
disciplinamento, de treinamento à 
submissão, ao que está predeterminado, pré-escrito. O profes-
sor se torna, assim, um “maestro”, isto é, em seu sentido etimo-
lógico, um “adestrador”, um “amansador”. E o estudante, como 
17 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
sujeito passivo, levado a copiar, a reproduzir e a decorar o que 
está exposto (imposto) no livro didático. 
4 -Aqui no Brasil, durante a ditadura 
militar, a indústria do livro didático 
atuou também como instrumento de 
controle ideológico, de dissemina-
ção de determinada visão de mundoe 
de sociedade brasileira amoldada ao 
sistema imposto. Assim, o livro 
didático foi marcado por abordagem positivista e por peda-
gogia tecnicista.
O livro didático, portanto, é marcado por um passado que não o 
qualifica para uma educação libertadora, de questionamento reconstruti-
vo, embora, ao longo da história da educação, houvesse e haja propostas 
pedagógicas que buscam fazer dele instrumento de libertação.
Portanto, não há como negar a importância histórica dessa tecno-
logia nos sistemas de ensino, sobretudo na educação básica.
Podemos afirmar que a historia dos sistemas escolares 
como redes institucionaizadas de ensino é paralela à 
história do material impresso de ensino.
Mas como compreender o uso do livro didático na modalidade a 
distância, em cursos superiores e de pós-graduação lato sensu, que, 
historicamente, em seus cursos presenciais, utilizam textos literários e 
científicos? Que práticas são desenvolvidas na produção deste material 
didático e que avaliação podemos fazer de sua produção e de seu uso, 
hoje, na EaD?
São questões amplas e complexas que deman-
daria maior tempo para conversarmos sobre isso. 
Indico a leitura de um texto de minha autoria - Materi-
al didático impresso na EaD: experiências e lições 
apre(e)ndidas. In: 
Disponível em 
www.uab.ufmt.br (artigos científicos). Neste texto proponho reflexões 
à produção do texto didático em cursos a distância e analiso algumas 
experiências de produção de MDI.
MILL, D.; PIMENTEL, N. Educação a Distância: 
desafios contemporâneos. São Carlos: UFSCar, 2010. 
18 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
Os textos-fonte (literários, filosóficos, científicos, considerados 
“originais clássicos”) ainda continuam servindo (e devem servir!) como 
“fonte” para o professor em sua atividade de ensino, para “fundamentar, 
completar, contrapor, referendar os conhecimentos, objeto de estudo, ou 
ampliar-lhes o universo de abrangência” (SANTOS, 2001, p. 19). 
Porém, os textos-fonte foram elaborados para diversas finalida-
des e atendendo a público diversificado de leitores. Certamente, não 
foram escritos pelos autores para uso no ensino, mas podem ser agrega-
dos posteriormente ao ensino, pelo professor. Por quê?
Na maioria dos textos-fonte, a preocupação é a transmissão de 
conteúdo, veicular determinadas informações, defender uma tese, divul-
gar resultados de pesquisa ou apresentar um tipo de abordagem, de 
ideologia, etc. Por isso, tende a centrar-se no conteúdo, e não no processo 
de ensino e aprendizagem. 
O conteúdo é fim em si mesmo. Não há preocupação sobre o 
processo de leitura, como o leitor irá se posicionar diante do texto, o que 
o livro poderá provocar no estudante ou que este deverá realizar ao longo 
ou ao final da leitura.
As publicações científicas e pedagógicas se dirigem a 
públicos específicos que os autores pretendem atingir 
por razões específicas. Modificar depois as intenções de 
comunicação de um autor ou a natureza do público que 
quer alcançar, pode levar a distorções importantes [...] A necessidade 
de adaptar textos originais ao nível de conhecimento dos estudantes, e 
ao contexto da formação a distância, pode impedir o uso de textos já 
publicados (LANDRY, 1985, p. 221).
Temos que reconhecer, porém, que há textos-fonte que conseguem 
estabelecer “rapport” com o leitor, de afinidade emocional mútua, envol-
vendo o leitor melhor que alguns textos didáticos desenvolvidos na EaD.
Neste sentido, há instituições de EaD que também utilizam o 
texto-fonte como material didático de base, como texto-base. O profes-
sor da disciplina, então, elabora um Guia de Estudo em que orienta o 
estudante sobre o processo de leitura do texto ou dos textos-fonte esco-
Você deve estar se perguntando: “Há diferença, então, entre 
um livro utilizado pelo professor na sala de aula, o texto-
referência (que costumamos chamar de texto-fonte) e um 
livro produzido para cursos a distância (nomeado de texto 
didático, texto pedagógico, texto autossuficiente, ou texto-base)?
19 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
Sobre Guia de Estudo, leia breve texto, em Apêndice.
Existem também manuais de cursos para o ensino presencial que, no 
entanto, foram concebidos para uso em sala de aula. Embora, muitas vezes, 
bem-estruturados e acessíveis à leitura do estudante, deixam ao professor a 
tarefa de elaborar atividades e estabelecer com o estudante.
Além dessa discussão em relação ao uso ou não do texto-fonte ou 
do texto-base, o que importa ter presente no debate é que, ao fazer uma 
opção por este ou aquele tipo de livro ou texto, se está fazendo uma opção 
epistemológica e ideológica. Pois, qualquer tipo de texto está impregna-
do de política e ideológica e, por isso, pode se constituir em 
instrumento de apoio, ou não ao desenvolvimento da criticidade, da 
politização, da transformação ou da manutenção de preconceitos, intole-
rância, limitação do pensamento crítico e politizado, entre outros.
Portanto, você, como autor e professor, ao pensar o processo de 
ensino e aprendizagem e propor realizar este processo por meio de seu 
texto didático, necessita ter claras não somente as bases epistemológicas 
do que vai ensinar, como qual sua ideologia, qual conceito tem de 
homem, de educação e de sociedade. Pois seu ato é e sempre será políti-
co, muito distante da possibilidade de neutralidade. 
Conforme nos adverte o filósofo e francês Georges 
Gusdorf (1912-2000), em sua obra “Professores: para quê?“ (1970, p. 
18), “o ensino é sempre mais que ensino”. Além da dimensão pedagógi-
ca, implica a epistemológica e a política.
A especificidade do MDI para a EaD, portanto, não 
está apenas no design, em seu aspecto didático, mas 
também no papel político do grupo que assume a 
empreitada da produção deste material, tendo em vista 
sua proposta de formação de determinado profissional. 
Por isso, é possível encontrarmos material considerado bem-
formatado e formativo, e material com pouca ou quase nenhuma qualida-
de técnica, científica e política. Se o grupo que conduz o processo de 
produção do MDI possuir clareza quanto ao projeto pedagógico e à fun-
interação
concepção
epistemólogo
lhidos, sobre as atividades a serem realizadas. O Guia de Estudo remete a 
fontes bibliográficas de leitura obrigatória e de leitura complementar.
20 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
ção do texto didático, muito provavelmente terá êxito na elaboração. 
Caso contrário, o desgaste do próprio grupo, o gasto de recursos, a má 
utilização das técnicas sobressaltarão aos olhos do leitor e, inevitavel-
mente, isso será motivo de formação desqualificada dos estudantes.
Gostaria de chamar sua atenção para outro aspecto a ser 
considerado por você ao escrever seu texto. O livro didá-
tico contém a informação básica, fundamental, a ser 
aprendida pelo estudante. Por isso é nomeado de texto-
base, que serve de ponto de partida para a formação do estudante. Nele, 
não se pretende esgotar o assunto. Você, então, indicará ao estudante a 
leitura e o estudo de outros textos, alguns obrigatórios (como os textos-
fonte), outros complementares ou opcionais (livros, artigos, filmes).
Em fim, o texto didático se diferencia fundamentalmente do 
texto-fonte, porque é produzido com a intenção de ensinar, num contexto 
formal de ensino, visando ao processo formativo e educativo dos leito-
res-estudantes. 
Portanto, o material didático impresso na EaD necessita propici-
ar não somente ensino, mas, sobretudo, interação do autor com o estu-
dante, por meio do texto. O que realmente é importante é o que o estu-
dante irá fazer diante do texto, pois a aprendizagem somente ocorrerá 
por ação do estudante.
Daí, escrever um texto didático significa comu-
nicar, socializar conhecimentos, estabelecer interação 
com o leitor/estudante, ainda mais na EaD, em que os 
interlocutores estão distantes no tempo e no espaço.
É comum verificarmosa utilização de MDI para a 
EaD em cursos presenciais. Professores e estudantes 
justificam tal utilização afirmando que a leitura é 
mais leve e esclarecedora. Ou seja, este tipo de mate-
rial tem colaborado com a difusão de conhecimento 
independentemente da modalidade educacional.
1.2 TEXTO DIDÁTICO
O que você vai produzir é um “texto”, isto é, como revela sua etimolo-
gia (textum, particípio passado do verbo latino texo: tecer), um “teci-
Locutor, do latino locus (lugar), 
alguém que fala de algum lugar, 
de uma posição (ideológica, 
social, política, conceitual).
21 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
do”, uma “rede”, Daí a palavra “textu-
ra”: ato ou efeito de tecer; união das 
partes que formam como que um tecido; 
contextura, rede, organização.
Portanto, texto implica algo que 
deve ser costurado, alinhavado, interli-
gado, dando sentido e intencionalidade 
ao gesto de escrever, algo que compõe uma unidade comunicativa, e não 
simplesmente um meio para transmitir informações. 
E esse texto pode ser tecido por meio de palavras, imagens, gráfi-
cos, ícones, tabelas, etc.
Texto são todas as formas (unidades de significação) 
que utilizamos para interagir com o outro: a pintura, a 
música, a charge, o gibi, o texto poético, a dissertação, 
a música, a fotografia, o vídeo, o cinema, a escultura, 
etc. (NEDER, 2009).
Há mais uma característica a ser observada. Trata-se de texto 
“didático”, isto é, produzido com a intenção de ensinar. A função do 
material didático, para quem o elabora para cursos a distância, é ensinar, 
mas tendo como objetivo central a aprendizagem de quem estuda em 
casa, no trabalho, sem a presença física do professor.
Portanto, além de apresentar uma seleção e organização de conte-
údo (com rigor científico, claridade, profundidade, atualização e perti-
nência, em função dos objetivos propostos), o texto didático desempenha 
diferentes funções, em relação ao estudante, entre as quais destacamos:
- favorecer o desenvolvimento de habilidades, e 
atitudes;
- antecipar possíveis dificuldades, dúvidas, equívocos e erros;
- relacionar conhecimentos novos com os anteriores;
- integrar a teoria com a prática;
- provocar questionamento reconstrutivo e a capacidade de estu-
do autônomo;
- indicar pistas para novas fontes e ulteriores informações;
- proporcionar conexão com outros meios didáticos para ampliar 
e aprofundar o conteúdo;
- exemplificar diversas aplicações do conhecimento;
- propor analogias, problemas, questões;
- propor experiências e apresentar atividades de aprendizagem, 
questões ou problemas de autoavaliação;
competências
22 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
- possibilitar ao estudante avaliação de sua aprendizagem;
- estabelecer recomendações oportunas para conduzir a leitura 
do texto e as atividades de aprendizagem;
- orientar o estudante;
- propiciar leitura agradável e compreensiva;
- manter diálogo com o estudante;
- motivar;
- servir de material de consulta permanente.
Leia com atenção o quadro seguinte e procure identificar, nas 
características do texto didático, de que estratégias você, como autor, 
pode fazer recurso para que seu texto se torne didático e comunicativo.
Conteúdo
É elaborado a partir de demandas, necessidades de grupos específi-
cos, a partir de orientações da equipe pedagógica e multidisciplinar 
responsável pelo curso e pela produção do material didático. É 
avaliado constantemente. Assim, a cada nova oferta é revisto, 
atualizado e adaptado para melhor servir ao estudante, ao perfil do 
profissional a ser formado.
Relação autor-leitor
O conteúdo é importante, mas sua preocupação central está na 
possibilidade da aprendizagem, isto é, o que o estudante faz do 
conteúdo proposto e de que maneira. Pois o conteúdo não fala por si 
só, mas por meio da e da interação que devem ocorrer 
entre os sujeitos envolvidos no processo educacional. Por isso, na 
EaD, a interação do leitor com o autor se dá com a participação do 
tutor, do professor formador. 
Tom e estilo
Faz uso de linguagem menos formal e mais coloquial - sem perder a 
precisão científica e técnica -, procurando envolver o estudante. 
mediação
Como fazer isso?
Quadro 1 - Características gerais do texto didático impresso 
23 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
Objetivos
São redigidos para indicar ao estudante o que ele irá aprender. Isso 
lhe permite avaliar sua progressão no estudo.
Perguntas / Questionamentos
Há quebras no texto para provocar o leitor à reflexão, a se posici-
onar.
Espaços em branco
Pode-se recorrer a esta estratégia para que o estudante escreva, 
responda ao questionamento, complete um exercício, preencha um 
diagrama, etc.
Atividades
Propõem-se atividades para que o estudante atue ativamente na 
leitura e possa realizar autoavaliação de sua aprendizagem, tendo o 
cuidado para que estas atividades não sejam excessivas, mas pro-
postas no texto no momento adequado.
Resumos / Revisões
Ao final de cada unidade temática, o autor faz breve retomada do 
que desenvolveu ao longo dela. Ou pode solicitar ao estudante que 
faça isso. Nesse caso, oferece pistas sobre o conteúdo deste resumo 
na abertura da unidade seguinte ou ao final do texto didático.
Suposições / Erros
O autor, a partir de sua experiência docente, antecipa possíveis 
equívocos, preconceitos, erros por parte do estudante. A respeito 
deles, desenvolve algum tipo de discussão ou de atividade para que 
o estudante tome consciência de seus "enganos". 
Autoavaliação
Ao propor questionamento, exercícios ou atividades, no próprio 
texto e/ou ao final, o autor dá pistas para que o estudante avalie sua 
compreensão, seus acertos e erros.
24 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
Orientações
São oferecidos conselhos sobre a leitura do texto, sobre as atividades 
a serem realizadas, sugeridos procedimentos ou passos a serem 
seguidos para obter sucesso em determinada tarefa de estudo ou na 
vida profissional.
Ilustrações
Imagens, fotos, diagramas, tabelas, etc. são utilizados ativamente, 
como recurso didático para melhor explicar determinado conteúdo 
ou para propor ao estudante atividades de reflexão, de análise, de 
comparação, de interpretação.
Projeto gráfico
É concebido pedagogicamente para que ajude positivamente o estu-
dante no processo de leitura. A divisão em unidades temáticas é para 
favorecer a atenção do estudante e para que ele possa manejar o 
conteúdo de acordo com seus interesses e necessidades. 
Na composição do MDI, respeitam-se questões e orga-
nizam-se os elementos textuais e os imagéticos para dar beleza e 
leveza ao texto, além de dar "identidade" ao material do mesmo 
curso e/ou programa.
Retroalimentação
Por meio de questionários ou entrevistas, o texto didático é avaliado 
por especialistas da área, por professores que utilizaram o material, 
pelos tutores e estudantes que o leram. Assim, o autor poderá fazer, 
para uma próxima edição, as adequações para garantir qualidade no 
material e melhor apoiar o estudante no processo de leitura. 
Apoio humano
Na EaD, o autor sabe que o estudante pode contar, presencialmente 
e/ou virtualmente, com a figura do tutor.
ergonômicas
Conseguiu identificar aspectos novos ou sobre os quais você 
pouco havia refletido?
Certamente você se deu conta de que um autor, ao elaborar o texto 
25 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
Nos sistemas de EaD, a mediação pedagógica está 
suportada em textos didáticos e em outros materiais 
disponibilizados ao estudante.
Isso supõe que esses textos são pedagogicamente 
diferentes do material utilizado no ensino presencial e, por conse-
guinte, muito mais em relação a textos científicos. (GUTIÉRREZ 
PÉREZ, Francisco; PRIETO CASTILLO, Daniel. Mediación Pedagógi-
ca,1991).
Portanto, esse “tecido” que você estará “costurando” tem de 
possibilitarao seu interlocutor (estudante/leitor) que, antes de tudo, 
compreenda sua mensagem (a que você quer “ensinar”) e que também 
possa (res)significar, dar novos sentidos aos que já foram embutidos por 
você no texto. Procure levar o estudante ao questionamento e à atitude 
reflexiva, e não somente lhe propor a simples retenção de determinadas 
informações, de repetir o que está dito (imposto) no texto. 
Assim, por meio do texto impresso, haverá comunicação, intera-
ção entre quem escreveu (nesse caso, você, professor-autor) e quem está 
lendo (o estudante-leitor, que se torna coautor, ao ressignificar o texto).
Como estabelecer essa interação autor-leitor?
Não há “regrinhas” nem receitas. Certamente, você já desenvolve 
essa habilidade quando está em sala de aula ou nos textos que você escre-
didático, precisa estar atento a uma diversidade de aspectos que pouco 
nos preocupam quando escrevemos relatórios ou artigos 
científicos. Mais que tudo, a função principal do texto 
didático é motivar o estudante (por meio de linguagem 
comunicativa), é ser portador de conteúdo com rigor 
científico; é orientar o processo de (auto)aprendizagem. 
Assim, o texto didático se torna elemento dinamizador do 
processo ensino-aprendizagem, possibilitando ao autor estabelecer
 com o estudante.
É isso que faz a diferença entre o livro de um autor, que você usa 
em sala de aula, ou um livro que você escreveu (resultante de suas 
pesquisas, reflexões) e o texto didático utilizado na EaD. Este é 
produzido especificamente para “ensinar” a determinado estudante, para 
um curso específico e não para qualquer leitor interessado no assunto.
 
mediação pedagógica
(auto)aprendizagem: 
é redundância, pois a 
aprendizagem não 
ocorre sem a 
participação ativa do 
aprendente.
26 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
ve. Agora, na modalidade a distância, poderá desenvolver ainda mais 
essa habilidade, ao escrever e reescrever o texto, pois poderá contar com 
o apoio de profissionais no campo da comunicação, da pedagogia, da 
psicologia. A produção de seu texto que, em média, dura de quatro a seis 
meses, será um momento rico de troca de experiências e de conhecimen-
tos. Caso seja essa sua primeira experiência em escrever texto didático, 
não fique receoso. Aprenda com eles!
Vamos, agora, tentar compreender como se fundamenta a possibi-
lidade de estabelecer a interação autor-leitor, mediatizada pelo texto? 
1.3 FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS
Para poder escrever, expor por escrito algo, você deve ter “domí-
nio” sobre o assunto. Quanto a isto, não há questionamento. É ponto de 
partida para produção de texto didático. Porém, esse domínio não garan-
te que você consiga transmiti-lo no texto escrito, com clareza, simplici-
dade, e que estabeleça “contato” com o leitor estimulando seu desejo de 
ler e, assim, possibilitar sua compreensão e aprendizagem.
Para que possa realizar competentemente sua ação de ensinar, 
Se você quiser expandir seu conhecimento 
sobre os fundamentos comunicacionais, por meio do 
texto didático, sugerimos a leitura dos textos-base e 
Saber+, publicados em: 
POSSARI, Lucia Helena Vendrúsculo; NEDER, Maria Lucia 
Cavalli. Educação a Distância. Material Didático para a EaD: pro-
cesso de produção. Cuiabá: EdUFMT, 2009. Disponível em: 
www.uab.ufmt.br (Produção Científica / Coletânea EaD, n. 6).
As autoras, além de propiciarem, no campo da semiótica, rica 
discussão sobre o processo de produção textual, apontam caminhos 
para quem confecciona o material didático na EaD.
Ao final desta unidade encontrará um trecho retirado da obra 
do educador sueco Borge Holmberg (Educación a distancia, 1985), 
que aponta alguns aspectos relevantes do texto didático, apresentan-
do-o como uma conversação didática guiada. Será que é possível 
dialogar a distancia e em tempos diferidos, em tempos diferenciados? 
27 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
você precisa conhecer um pouco 
sobre o que acontece do outro lado, 
com o seu leitor, para poder se comu-
nicar com ele. É importante que você, 
além de dominar a arte de ensinar 
(didática), estude e se aprofunde 
sobre o processo de aprender, isto é, 
como seu leitor aprende.
Por isso, o texto didático é também chamado, por algumas institu-
ições como a Télé-université du Québec (TÉLUQ / Canadá), de texto 
pedagógico, de texto preparado especificamente com fins educativos, 
trazendo, portanto, em seu cerne uma proposta de ensino.
Não sei qual sua formação acadêmica, mas se você está se pro-
pondo escrever um texto que tem como preocupação central que o estu-
dante aprenda determinado “conteúdo”, o qual será lido por um estudan-
te (aliás, por centenas de estudantes!), com o objetivo que aprenda o que 
você propõe ensinar-lhe, é importante ter presentes alguns fundamentos 
da ação pedagógica, para que você possa saber:
- como ocorre o processo de aprender;
- como o autor pode apoiar o leitor nesse processo.
Você sabe como lê e como aprende o leitor?
Não pretendemos aqui tratar amplamente de questões relaciona-
das com o ato de aprender por meio do texto escrito, objeto de estudo por 
parte da psicologia, da educação, da psicopedagogia, da comunicação, 
da linguística. Você encontra exímias obras nas livrarias e nas bibliote-
cas. Contudo, pretendemos chamar sua atenção para alguns aspectos 
úteis e importantes a serem considerados no momento em que você 
estiver redigindo seu texto didático.
Antes de tudo, quero lhe dizer que a psicologia, além de ser uma 
ciência jovem, tem se dedicado a estudar experimentalmente como se dá 
o processo de aprender no ser humano, desde a tenra idade até à maturi-
dade. Todavia, devo confessar que são poucos e recentes os estudos que 
procuram compreender como um adulto aprende. A vem 
realizando esforços neste sentido. Porém, há estudos mais consolidados 
sobre como se dá o processo de ler.
Andragogia
28 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
A- O ATO DE LER ²
Não acredito na morte dos livros em papel. Simplesmen-
te porque o ato da leitura não é o mesmo, quando feito em 
leitores digitais. Ler um livro em papel requer uma 
habilidade especial. A começar porque se leva, pelo 
menos, meia hora para entender minimamente um 
contexto. Além disso, há uma forte conexão física entre o 
leitor e o livro (Juergen Boos, diretor da Feira de Frank-
furt. Veja, 31 de março, 2010, p. 102). 
Ler pode ser uma experiência inacessível ou decepci-
onante quando alguém não aprendeu a ler [...] a leitura 
numa situação de aprendizagem é também uma 
atividade intelectual complexa que necessita muito 
dos conhecimentos prévios do leitor (LANDRY, 
1985, p. 216).
Ler é muito mais do que a simples capacidade de o estudante 
decifrar sinais, de “decodificar”. É a capacidade de “dar sentido” ao que 
está lendo, pois está ligada à sua experiência pessoal, à sua vivência, aos 
seus conhecimentos e aos do autor. É nessa relação do estudante com você 
autor, mediatizada pelo texto e envolvendo as dimensões cognitiva, meta-
cognitiva, histórica, cultural e afetiva, que ele dá sentido ao que está lendo.
O ato de aprender, também por meio de texto escrito, é 
carregado de simbologia, de sentidos, de significados, 
provocados ou despertados pela capacidade de simbo-
lização do leitor, de suas representações mentais, 
sociais, de suas experiências, entre outros elementos implicados nos 
processos de aprendizagem.
Esses sentidos dependem do que o estudante já conhece sobre 
o assunto, de seus objetivos, interesses, motivação, das questões que 
se põem diante do texto, do contexto em que se encontra. Portanto, um 
texto pode ser lido e compreendido de diversas maneiras. É um ato 
pessoal, depende de cada leitor. Cada estudante lê diferentemente, 
por isso a leitura é um ato individual antes de ser também um ato 
coletivo, social.
²Parte deste tópico foi retirado de PRETI, Oreste. Estudar a Distância: uma aventura acadê-
mica.3 ed. Cuiabá: EdUFMT, 2009. Parte 2 - Leitura de textos acadêmicos.
29Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
Aprendizagem 
significativa se dá 
quando o conteúdo a 
ser aprendido está 
relacionado ao que o 
estudante já sabe
(D. Ausubel).
A estrutura de 
textos expositivos 
é diferente da dos 
narrativos.
Mas, afinal, como se dá o processo de ler?
As mais recentes teorias no campo da psicologia cognitiva, da 
inteligência artificial, da psicolingüística, da comunicação e da lingua-
gem põem em evidência como é complexo o processo de compreensão 
de um texto. Não é nosso objetivo, aqui, ingressar nessa discussão. Con-
tudo, propomo-nos oferecer-lhe, como ponto de partida, uma visão sobre 
o processo de leitura, para que você, ao produzir seu texto, possibilite ao 
estudante realizar a leitura de maneira compreensiva.
Colocarei resumidamente o processo de leitura, não a 
partir de um “método”, de um “modelo”, mas a partir 
de visão interativa, pois a maioria dos projetos peda-
gógicos dos cursos de graduação a distância se funda-
mentam em abordagens interacionistas que compreendem dialetica-
mente a relação autor-leitor-texto-contexto.
A leitura é concebida como processo de relações entre o texto 
(com sua estrutura textual), o leitor (com suas estruturas mentais e relaci-
onais) e o contexto em que se situam o autor e o leitor.
Trata-se de processo dinâmico, que se dá “antes, durante e depois” 
da leitura, envolvendo, de maneira interativa leitor-texto-contexto:
- o leitor: com os esquemas de que possui: 
estruturas cognitivas (de conhecimentos sobre a 
língua e sobre o mundo) e afetivas; com uma diver-
sidade de processos de leitura mediante os quais o 
sistema cognitivo interatua com o meio (tex-
to/contexto - desde o reconhecimento da sílaba, 
palavra, frase, até o estabelecimento de relações, 
indo além do texto); com diferentes estratégias; componentes 
que o leitor constrói no processo de aprender ao longo de sua 
vida, com aquilo que ele é;
- o texto: com sua estrutura, seu conteúdo e forma 
(que variam conforme o tipo de texto); como produ-
to do autor com suas marcas, significados, inten-
ções, história de vida; com sua microestrutura (que é 
a base do texto e o objeto da análise sintática: relações gramati-
conhecer
30 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
cais e estruturais) e sua macroestrutura (objeto da análise 
semântica: relações com o significado do conjunto do texto); 
com suas ajudas intertextuais (temática, sequência, ordenamen-
to numérico ou alfabético, palavras indicadoras/sinalizadoras 
(por ex.: “Em síntese”, “A ideia principal”, “Por isso”, “Ao 
contrário”, “Quero sublinhar”, etc.) e ajudas extratextuais: o 
autor apresenta para o leitor seus objetivos, levanta questões a 
que pretende responder, títulos e subtítulos, sumário, etc.
- o contexto: em que leitor e autor se situam diferentemente (no 
tempo, no espaço) e se implicam, oferecendo pistas para com-
preender como se tornaram o que são, e os sentidos que dão ao 
que está escrito.
Observe, na figura abaixo, como isso pode ser representado:
Figura 1
O processo dinâmico do ato de ler
Fonte: GIASSON, Jocelyne,
1990, p. 35 (adaptação)
A compreensão de um 
texto se dá, então, no movi-
mento desse processo dinâmi-
co e interativo, entre os dife-
rentes componentes (leitor-
texto-contexto) e no interior 
de cada um em particular. 
Eles não atuam sequencial-
mente, mas concomitante-
mente, paralelamente, influ-
enciando-se de modo recípro-
co. Trata-se, portanto, de pers-
pectiva focada nos processos, 
e não nas estruturas ou em 
etapas sequenciais de proces-
samento de informações.
Mas como esse processo ocorre?
Como saber se seu texto será compreendido pelo leitor?
Para responder, é importante antes saber: o que você entende por 
“compreensão”?
Nesses últimos trinta anos, muitos estudos foram realizados e 
teorias produzidas sobre a compreensão do e, em particular, 
sobre a compreensão de textos.
discurso
31Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
Eis o pensar de Sônia Kramer (2004):
Toda palavra tem intenções, significados; para entender 
o discurso (o texto falado ou escrito), o contexto precisa 
ser entendido. A compreensão implica não só a identifi-
cação da linguagem formal e dos sinais normativos da 
língua, mas também os subtextos, as intenções que não 
se encontram explicitadas (p. 498).
Para que haja compreensão, então, é necessária a construção de 
um “modelo mental e situacional” que dê conta do que está escrito no 
texto, numa integração entre o “conteúdo” do texto, o contexto, os 
conhecimentos e os sentidos do leitor.
O texto está carregado de um conteúdo, de significados e de 
vivências, do autor e do leitor. Nessa vertente, o entendimento do crítico 
literário soviético Bakhin (apud KRAMER, 2004, p. 500): 
O texto só vive em contato com outro texto (contexto). 
[...] Por trás desse contato, há contato de pessoas e não de 
coisas.
Linda frase, não acha? E profunda!
Por isso, não há como o estudante realizar leitura passiva. Falar 
em leitura ativa, interativa, então, é redundância. Ao ler, o estudante é 
convidado a participar na construção do texto que você escreveu, atribu-
indo-lhe significados e colocando nele sua vida, suas experiências, suas 
emoções. Quantas vezes terminamos a leitura de um texto e nos encon-
tramos com os olhos cheios de lágrimas ou decididos a mudar de vida, 
mudar nossa maneira de pensar e de agir!
Ler é compreender [...] Compreender é sobretudo um 
processo de construção de significados sobre o texto que 
pretendemos compreender (SOLÉ, 1998, p. 44).
Portanto, ler não é uma questão tão só racional, antes envolve 
também o emocional. Compreender é também sentir, deixar-se seduzir 
pelo texto. Por isso, você, como autor, deve propiciar isso ao leitor. 
Precisa buscar estratégias didáticas e desenvolver estilo de escrita e de 
comunicação (a propalada “dialogicidade” na EaD, sobre a qual fala-
remos oportunamente) que provoque esse elo, essa relação, entre autor 
e leitor.
Para que você entenda melhor como seu estudante irá ler seu 
texto, apresento, esquematicamente, alguns elementos que participam 
no processo de tornar a leitura compreensiva:
32 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
a- os olhos realizam um movimento chamado “ ”, isto é, 
pulando: a gente não lê linearmente, palavra por palavra, mas 
fixando os olhos num lugar e pulando mais adiante (movimen-
to progressivo) e retornando (movimento regressivo). Quanto 
mais eficiente for o leitor, dará maiores pulos e fará menos 
regressões – portanto gastará menos tempo na leitura;
b- habilidades linguísticas: sabemos decodificar uma frase, pois 
conhecemos as letras e as palavras e somos possuidores de 
uma gramática implícita, apreendida no cotidiano, e de uma 
gramática aprendida na escola;
c- os objetivos: a compreensão de um texto depende muito dos 
objetivos com que realizamos determinada leitura, dos objeti-
vos do autor ao escrever o texto, dos objetivos do professor 
formador que irá orientar o estudo daquele tema, daquela área 
do conhecimento;
d- motivação: o leitor tem que fazer sua parte. Tem que estar 
disponível, com disposição favorável à leitura do texto, dando 
“sentido” ao que está lendo, sabendo o porquê e o para quê a 
leitura daquele texto;
e- conhecimentos prévios sobre o tema do texto: ao longo da vida, 
quantas informações cada um de nós colhe (ouvindo, obser-
vando, lendo) e que podem estar relacionadas com o texto que 
estamos prestes a ler. Se os conhecimentos prévios do estudan-
te não são suficientes para o tema em estudo (por ser totalmen-
te novo), ou for muito complexo, dificilmente haverá compre-
ensão, ou exigirá do estudante mais tempo para o estudo;
f- previsões: os conhecimentos prévios fazem com que o leitor 
possa “adivinhar”, antecipar o que há no texto, faça suas hipó-
teses, pois se nossosolhos não lêem palavra por palavra, as 
que não são lidas, terão que ser adivinhadas. Curioso, não 
acha? Você já tinha pensado sobre isso? 
O leitor, então, imagina o que pode acontecer, que letras ou 
palavras seguirão. Na leitura do texto, tenta antecipar a informa-
ção seguinte. Caso contrário, não conseguirá fazer leitura efici-
ente e compreensiva, perdendo tempo para ler palavra por pala-
vra, vagarosamente. Assim, quando chegar ao final do terceiro 
ou quarto parágrafo, por exemplo, terá retido pouco do primeiro;
g- inferências: ao ler, o estudante poderá estar indo além das 
informações contidas em seu texto, por seus conhecimentos 
prévios e por sua capacidade de inferir, isto é, de deduzir, de 
sacádico
A gente vê o que a 
gente sabe.
Ler é um jogo de 
adivinhações.
“ler entre linhas”
33Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
tirar conclusões. Ele capta o que não está explícito no texto, o 
que não está escrito; 
h- avaliação das previsões: à medida que o leitor vai lendo, vai 
confirmando ou rejeitando suas previsões, suas adivinhações. 
Isso torna possível o controle da eficácia, ou não, das estraté-
gias de leitura por ele utilizadas;
i- coerência e clareza no texto: são qualidades que se espera 
encontrar em seu texto, pois um texto mal-estruturado (por 
exemplo, sem encadeamento de ideias, ou colocadas de mane-
ira não sequencial) dificultará enormemente a compreensão 
do estudante;
j- o contexto: o contexto do leitor contribui de maneira decisiva 
em suas inferências, em seus conhecimentos prévios, no esta-
belecimento de seus objetivos, na interpretação do texto. O 
conhecimento do contexto do autor e do tema contribui para 
tornar a leitura mais eficiente e compreensiva. 
Por isso, é importante que na abertura de sua disciplina, ou 
em sua apresentação, fale sobre você, sobre sua experiência 
como especialista naquela área do conhecimento. Quando 
for tratar de um tema, de uma teoria, situe no tempo e no 
espaço a temática, os autores referenciados (no próprio texto 
ou em caixa-texto). 
Percebeu quantos elementos participam do ato de ler? E, aparen-
temente, parece algo tão simples e mecânico. 
A leitura é processo complexo de verificação, de constru-
ção de interpretação, de compreensão e de construir 
significados, o que nos leva a aprender. Aprendemos a ler 
e lemos para aprender, isto é, aprendemos com a leitura!
Aprendemos quando reorganizamos nossos conhecimentos ou 
construímos novos conhecimentos, quando desconstruímos conceitos e 
identificamos preconceitos, quando damos sentido e significado ao que 
fazemos, ao que estudamos. Por isso, a aprendizagem e a leitura são, 
antes de tudo, atos individuais. Dependendo do envolvimento, da “dis-
ponibilidade” do leitor, não são atos solitários, pois se realizam na intera-
ção com o outro, com o autor, com os colegas de curso, com o tutor, com 
o professor formador!
34 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
O mesmo se dá no ato de escrever. Você escreve pensando em 
seu leitor, no estudante daquele curso específico que irá ler o texto de 
sua disciplina.
A leitura é processo de interações, de influên-
cias recíprocas, entre leitor-texto-contexto-escritor, 
que não se limita ao momento da leitura, ocorrendo 
também antes e depois desta. É processo interno, 
porque precisa de mecanismos mentais e, nesse sentido, é diferente 
para cada leitor. Então, na realidade, sobre determinado texto, há 
leituras diferentes, porque os sujeitos (autor, leitor) são diferentes e 
os objetivos, motivos, momentos e lugares são diferentes. Por isso, 
insistimos novamente: a leitura de um texto escrito é, antes de tudo, 
atividade individual, pessoal, particular!
Com isso não queremos dizer que não se possa fazer leitura 
coletiva, ou “leitura dirigida” pelo tutor ou pelo professor 
formador. Somente tem sentido se for precedida pela leitura 
individual, pela preparação pessoal.
Mas veja bem! Os conhecimentos acerca da leitura e da 
aprendizagem não foram tratados aqui com exaustão. Portanto, se 
desejar aprofundar seus conhecimentos sobre esta temática, é neces-
sário que realize leituras específicas de obras consagradas. Meu 
propósito aqui foi fundamentar e dar sentido ao uso de estratégias e 
técnicas de leitura que poderão auxiliar o estudante na leitura do 
material didático do curso a distância, na revisão bibliográfica para o 
trabalho de pesquisa e na construção de sua autonomia como leitor.
KLEIMAN, Ângela Del Carmen Bustos Romero de. 
Oficina de leitura: teoria & prática. 7 ed. Campinas, 
SP.: Pontes, 2000.
A autora, professora de Linguística Aplicada da UNICAMP, 
pesquisadora da temática “Leitura e Letramento”, com foco no letra-
mento do professor, ensino-aprendizagem da escrita na formação de 
profissionais de nível universitário.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6 ed. Porto Alegre: ArtMed, 
1998.
35Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
A autora, professora do Departamento de Psicologia Evolutiva e da 
Educação na Universidade de Barcelona, dedica-se há anos à pesqui-
sa sobre o ensino e a aprendizagem da leitura, os processos envolvi-
dos na compreensão leitora e sua vinculação com a aprendizagem. 
O texto escrito, de maneira especial na modalidade a distância, 
apresenta-se como um dos elementos de que faz uso o professor para 
mediar sua relação com o leitor, com o estudante. Este, no entanto, o 
entender do educador Francisco Gutierrez Perez: “Não se pode compre-
ender o que é mediar se antes não se perguntar – O que é aprender?” 
(1995, p. 12). 
B- O ATO DE APRENDER
Talvez você esteja se perguntando: “Por que não discutirmos 
como se dá o processo de ensinar? Que teorias de ensino poderiam dar 
sua contribuição à prática docente?”.
Por um motivo muito simples: ainda não foram elaboradas teori-
as que almejem descrever estratégias de “como ensinar”. Porém, por 
meio das teorias da aprendizagem, é possível pensar em projetos, em 
programas, em metodologias, em estratégias de ensino.
Por isso, vamos tratar da aprendizagem. Mas não é somente por 
isso. Se seu objetivo, como professor e autor, é que o estudante aprenda, 
você precisa conhecer como ele aprende para que possa melhor ensinar, 
não é verdade?
Em adendo, é impossível pensar na aprendizagem sem pensar 
no ensino, ou pensar no ensino sem pensar na aprendizagem. Se pensar-
mos na aprendizagem sem o ensino, estaremos considerando-a algo 
automático ( ). Se pensarmos no ensino sem a aprendizagem, 
estamos privilegiando o modelo copista, fundado no mecanismo da 
memorização ( ). A aprendizagem requer o ensino e o ensino 
requer a aprendizagem, pois o processo ensino-aprendizagem requer a 
prática .
Por outro lado, também não é nosso objetivo apresentar as princi-
pais teorias da aprendizagem, mas, de maneira breve e simples, apontar 
alguns aspectos do processo de aprender do estudante. Aspectos que 
consideramos importantes, e sobre os quais você deveria prestar atenção 
ao escrever. 
Aprendizagem é uma atividade que envolve o sujeito 
de maneira integral e particular. Sobretudo porque exige que o estudante 
realize mecanismos a exemplos destes:
apriorismo
empirismo
dialética
aprendente
36 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
- realizar abstração, reflexão, interiorização, formação de ima-
gens mentais;
- buscar e processar ou refutar informações, dados;
- analisar, organizar, comparar e integrar a informação;
- fixar e utilizar o aprendido em novas situações;
- controlar e comprovar o aprendido;
- valorar situações e assumir diante delas posição pessoal e 
fundamentada.
Tudo isso em processos mentais dinâmicos que provocam, no 
aprendente, conflito cognitivo, estados de desequilibração mediante a ação 
deste sujeito sobre o objeto de aprendizagem, até que seja possível acomo-
dar, assimilar o objeto às suas estruturas mentais, num processo de eleva-
ção de um nívelde desenvolvimento cognitivo a outro nível mais elevado. 
Isso fornece ao sujeito condição de equilibração e adaptação ao meio.
Portanto, não se limita à clássica compreensão de aprendizagem 
como algo que se dá por associação (memorização, repetição). Implica 
que o aprendido seja significativo, que tenha “sentido” para o aprenden-
te, isto é, o novo conteúdo seja incorporado de maneira substantiva. Em 
que sentido?
A tradução das oportunidades ampliadas de educação 
em desenvolvimento efetivo – para o indivíduo ou para a 
sociedade - dependerá, em última instância, de, em razão 
dessas mesmas oportunidades, as pessoas aprenderem 
de fato, ou seja, apreenderem conhecimentos úteis, 
habilidades de raciocínio, aptidões e valores.
(Declaração Mundial sobre Educação para Todos. Art. 
4 - Concentrar a atenção na aprendizagem).
Aqui se descortina outro desafio para você, como docente e autor. 
Os leitores têm trajetória de vida diferente. Eles se apresentarão diante do 
texto com interesses, sentidos e capacidades também diferentes. Você 
estará escrevendo para leitores que, por suas diferenças individuais, have-
rão de revelar também capacidades leitoras diferenciadas. O que fazer?
Pois bem. Os estudos no campo da psicologia procuram o que há 
em comum no ser humano que aprende e dizem que uma pessoa aprende 
com maior facilidade quando: 
a - Estabelece associação e dá sentido ao que está estudando.
Ler uma palavra, um parágrafo, ou um texto sem entender e 
continuar lendo é irracional, ou seja, é não pensar e não tomar consciên-
cia daquilo que se está fazendo, não acha? 
37Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
Em acréscimo, as pesquisas afirmam que a pessoa aprende aquilo 
que tem alguma relação com o que já conhece (fatos, lugares, situações 
vividas, conhecimentos) e o que tem sentido e importância para ela. 
Se tivesse que reduzir toda psicologia educa-
tiva a um único princípio, enunciaria este: o 
fator mais importante que tem influência na 
aprendizagem é o que o estudante já sabe 
(David Paul Ausubel).
É por isso que formulamos hipóteses, até mesmo sobre 
aquilo que ainda não conhecemos. Por exemplo, uma criança ainda não 
letrada pode considerar que, onde está escrito “vaca”, está escrito “for-
miga” e vice-versa, levando-se em consideração que, se a vaca é um 
animal maior que a formiga, então a palavra que denomina o animal deve 
corresponder ao seu tamanho. 
Por exemplo, para você é mais fácil lembrar que 1 hecta-
2re corresponde a 10.000m ou que 1 ha é, aproximadamente, o 
tamanho máximo de um campo de futebol?
É mais fácil para o leitor compreender o que é capitalis-
mo, por exemplo, com uma série de definições, citações de autores 
clássicos ou por meio de uma pequena história do cotidiano e, com ela, ir 
apresentando e discutindo o que é capitalismo? 
Você conhece o filme brasileiro de curta-metragem A 
ilha das flores (1989,13 min.)? Se puder, assista e compreen-
derá como é possível ensinar conceitos complexos por meio 
de uma história: um tomate é plantado, colhido, vendido e 
termina no lixo da Ilha das Flores, entre porcos, mulheres e crianças. 
Você não pode desconhecer os conhecimentos anteriores do 
estudante, acerca do tema que lhe propõe estudar. É importante, em 
algumas situações, antes de iniciar um novo tema, propor atividades de 
aprendizagem sobre o que ele pode (ou deveria) ter estudado em época 
anterior ou na disciplina que precederá à sua. Assim, o estudante poderá 
avaliar seus conhecimentos prévios e identificar possíveis lacunas a 
sanar para poder iniciar o estudo da nova temática. Isso servirá também 
de ponto de referência para o tutor/orientador e para o professor forma-
dor, buscando conhecer o nível cognitivo do estudante.
b - Descobre o que aprender
Antes de iniciar a leitura de um texto, ou o desenvolvimento de 
uma atividade acadêmica, é relevante que o estudante identifique os 
objetivos de aprendizagem propostos. 
Ausubel (1918-) 
psicólogo 
estadunidense. 
Elaborador da teoria 
da Aprendizagem 
Significativa (teoria 
da assimilação)
Campo de futebol:
medida oficial, 
máxima permitida: 
210.800 m .
www.youtube.com 
dirigido pelo 
cineasta Jorge 
Furtado.
38 Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
Daí a importância de você, na apresentação da disciplina e de 
cada unidade temática, mencionar o que você, como professor-autor, 
espera que o estudante consiga alcançar ao final do estudo daquela disci-
plina (objetivo geral), da unidade temática que está iniciando a ler (obje-
tivos específicos), por que está sendo proposta aquela atividade de 
aprendizagem, que conceitos, competências, habilidades deverá ele 
desenvolver e apresentar, etc.
Na educação de adultos, a única aprendizagem que 
faz sentido [...] é aquela na qual podem reconhecer 
diretamente a finalidade e a relevância para sua 
situação pessoal (GARCIA LLAMAS, 1986).
c - Sente-se motivado a ler o texto, deixando-se seduzir pela leitura, se 
envolvendo-se com o tema.
Nesse sentido, ao iniciar o texto de sua disciplina, é aconselhável 
que você dirija ao estudante palavras de estímulo, dizendo da importân-
cia daquela disciplina em sua formação profissional, bem assim que 
traga para o texto metáforas, contos, fatos, ilustrando o texto com ima-
gens atrativas e comunicativas, com gráficos, tabelas, organogramas, 
quadros sinóticos, etc. 
Você pode, então, contribuir para que o estudante se sinta motiva-
do a ler seu texto quando:
- oferecer ao estudante apresentação clara, amena, fazendo uso 
de recursos facilitadores da compreensão (exemplos, analogias, 
ilustrações);
- organizar e sequenciar o conteúdo de maneira gradual, em 
relação à complexidade dos temas/conceitos, a possíveis difi-
culdades do estudante;
- oferecer atividades e exercícios que ofereçam desafios ao 
estudante e favoreçam a aprendizagem.
Segundo os estudos da psicologia, a motivação é, fundamental-
mente, algo interno, que vem do próprio sujeito, um movimento de 
dentro para fora, que tem capacidade de se mover (em seu sentido etimo-
lógico). Porém, ela pode ser incrementada, impulsionada externamente, 
no que diz respeito ao processo de aprendizagem, quando o estudante:
- se dá conta que domina os conhecimentos iniciais necessários 
para ter sucesso em sua disciplina;
39Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
- aprende conteúdo que tem sentido para ele, relacionado com 
sua experiência, com seus interesses e percebe nele alguma 
utilidade;
- consegue resolver atividades menos complexas, de dificuldade 
regular;
- percebe, de maneira clara e específica, os objetivos da discipli-
na, do que ele precisa aprender;
- recebe retroalimentação dos sucessos alcançados, por meio de 
atividades de autoavaliação;
- participa ativamente no alcance dos objetivos propostos.
Portanto, cabe a você, como autor, propiciar este incremento.
d - É convidado a intervir no texto, a se posicionar como leitor “ativo”. 
O texto didático não pode ser um monólogo: o autor falando consi-
go mesmo. Ao escrever, deve procurar fazer rupturas, abrir fendas, provo-
car pausas reflexivas e questionamentos reconstrutivos, como também 
sair um pouco do texto, ir para situações concretas ou imaginativas para 
que o leitor pense, dê sua opinião, se posicione, para que desperte nele o 
desejo de buscar, em outras fontes, mais informações, outras respostas.
e - Participa ativamente no processo de aprendizagem.
Aprender, em seu sentido conceitual, significa “tomar para si, 
apoderar-se do conhecimento, agarrá-lo”, e isso envolve ação do sujeito. 
Ela jamais será passiva, sempre implicará participação do sujeito que 
aprende. Daí, falar em “aprendizagem ativa“ e em “auto-aprendizagem” 
é redundância. Caso contrário, trata-se de “domesticação”, de submis-
são, de o estudante ficar repetindo, reproduzindo, simplesmente “deco-
rando” o que está no texto (e que será esquecido num piscar de olhos).
Aprender,para o adulto, implica atuar frente aos 
problemas e estes se apresentam a partir da realidade. 
Assim, pois, o estudante dialogará mais com a realida-
de do que com o docente. A realidade e não o docente é 
quem proporciona os problemas, dá sentido aos saberes e validade 
às experiências (GARCIA LLAMAS, 1986).
Em palavras simples, aprende-se fazendo. Por isso, é fundamen-
tal que, ao longo do texto, você proponha atividades de aprendizagem: 
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exercícios a resolver sobre o conteúdo trabalhado, desafios, estudo de 
casos, situações-problemas, pesquisas (bibliográficas, de campo, de 
laboratório), etc.
As atividades de aprendizagem, no texto didático, não podem ser 
percebidas como algo a ser pensado depois de o texto estar escrito, ou 
como algo complementar, periférico ao texto. Nem mesmo como forma 
para avaliar o estudante, no sentido de “dar nota”. Isso é competência do 
professor formador, da instituição que tem seu sistema de avaliação. 
As atividades são o cerne do texto e do processo de aprender. Ao 
redor delas, a partir delas, ou alicerçado nelas, você poderá construir o 
texto de sua disciplina. Elas são o ponto de encontro do autor com o leitor, 
do docente com o discente, do ato de ensinar com a ação de aprender.
É por meio das atividades que o estudante toma consciência de 
que compreendeu, ou não, o que está lendo e estudando. Com a ajuda do 
próprio texto (nas explicações que você dará às atividades propostas -- 
no meio do texto ou ao final), poderá identificar o que impediu sua com-
preensão e definir estratégias para que ele possa superar o “não saber 
ainda” aquele tema, ou determinado conceito ou operação ... 
E você, como autor, em que bases vai assentar sua intervenção, no 
construir seu texto escrito? O que você deve ter sempre presente, inde-
pendentemente de sua opção epistemológica e ideológica?
O psicólogo americano Joseph D. Novak, professor da 
Universidade de Cornell (Estados Unidos) e colaborador do 
psicólogo americano David P. Ausuebel (1918), oferece uma 
pista simples e clara:
[... os seres humanos fazem três coisas: pensam, sentem e 
atuam (fazem). [...] qualquer evento educativo é [...] uma 
ação para trocar significados (pensar) e sentimentos, 
entre o aprendiz e o professor (MOREIRA, 1999, p. 168).
Elaboradores de 
teoria da 
aprendizagem 
significativa.
Em síntese, no processo de aprender, o sujeito, 
ao pôr em movimento o processo cognitivo, ele pen-
sa, sente e atua. Trata-se de atividade que afeta o 
homem em sua totalidade (pensamento, sentimento, 
vontade), devendo provocar nele mudanças. Portan-
to, ao escrever, você não pode perder de vista esta orientação da 
teoria da aprendizagem significativa, propondo um percurso 
didático, mediante o texto, que envolva o estudante-leitor por 
inteiro.
41Produção de Material Didático Impresso: Orientações Técnicas e Pedagógicas
Finalizando
Espero que tenha ficado claro o que tentamos expor aqui, de 
maneira simples e resumida: o processo de ensinar está radicalmente 
associado e interligado ao ato de aprender. Seu ato de ensinar se realiza e 
tem sentido quando o estudante aprende. Se ensinar é função do profes-
sor, esse ensinar não significa transmitir, repassar conteúdo. É muito 
mais. Significa mediar o processo de aprendizagem. 
Podemos dizer que tudo o que escrevemos até aqui, em relação a 
seu trabalho como autor e ao do leitor como estudante, pode ser conden-
sado numa simples regra: a regra dos 3 P. Que regra é essa? 
Muito simples a ser seguida. Vejamos.
A regra dos 3 P
O trabalho seu (o de escrever, de ensinar) e o do leitor (o de 
estudar e de realizar as atividades propostas no texto) necessita ser:
Proveitoso – isto é, deve ser útil. Temos que encontrar ser-
ventia nele, pelo que estamos fazendo, para nossa profissão e nossa 
vida. Por meio dele externamos algo que é nosso, que temos dentro 
de nós e que socializamos, pomos à disposição do outro.
Possível - o que produzimos foi o melhor resultado que pude-
mos apresentar; exigiu de nós esforços, tempo, dedicação, mas con-
seguimos realizar algo, nos sentimos capazes de. O trabalho que nos 
propusemos não foi além de nossas capacidades e possibilidades. 
Nele encontramos nossa identidade, na obra concluída está parte de 
nós. Isso nos proporciona satisfação e nossa autoestima cresce. 
Prazeroso – realizar algo sem prazer é frustrante, tira o brilho 
do trabalho realizado, nossa obra fica sem alma, sem vida. Estamos 
nisso porque queremos, assim desejamos. Sentimos prazer ao longo 
da produção e ao concluir o texto didático.
Quando estiver escrevendo seu texto, evoque estes 3 P. Pense em 
proporcionar um texto proveitoso, possível de ser lido e prazeroso, 
também para seu leitor. Uma última consideração:
Quando estiver escrevendo seu texto, não esqueça que 
está escrevendo um texto para um leitor potencial que 
irá ler esse texto em outro momento, estando em outro 
lugar. Você e o estudante/leitor estarão separados no 
tempo e no espaço, mas deverão estar “conectados”, interligados, 
“em rede”, por meio do texto.
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Isso não é instigante e maravilhoso? Você poder se comunicar 
com milhares de leitores sem sair de sua casa, de sua instituição?
Finalizando, uma sugestão. Quando estiver elaborando seu texto, 
imagine que está escrevendo para alguém e que esse alguém está aí a seu 
lado, conversando com você. Você ensinando, com linguagem coloquial, 
clara, simples, mas sem perder a precisão e o conteúdo, e ele buscando 
compreender sua mensagem, perguntando, tirando dúvidas... Talvez, 
isso o ajude nesse exercício de se tornar autor de um texto didático num 
curso a distância.
Se você quiser expandir seus conhecimentos 
sobre o processo de aprender, sugerimos a leitura do 
texto de:
OLIVEIRA, Gleyva Maria Simões de. Contribuições das teorias da 
cognição e da aprendizagem para a EaD. Cuiabá: NEAD/UFMT, 
2006. Mimeografado. Disponível em: www.uab.ufmt.br (Produção 
Científica / Artigos).
Texto escrito para professores formadores e orientadores/ 
tutores de EaD, para que compreendam o que significa mediação, a 
partir da abordagem sociointeracionista, e que estratégias podem ser 
desenvolvidas para realizar essa mediação.

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