Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Microbiologia Victoria de Paula Resumo de aula CADEIA DE INFECÇÃO ... Nos capítulos anteriores de Resumos da Vick: Patógeno: microrganismo capaz de causar doença em humanos, animais, plantas. Patógeno humano: capaz de crescer a 37°C Patógeno oportunista: aquele que causa doença apenas em indivíduos com comprometimento no sistema imune = que está com os mecanismos de defesa alterados. Patogênese: processo multifatorial dependente do estado imune do hospedeiro e da natureza e do número de microrganismos na exposição inicial. Patogenicidade: capacidade de um microrganismo causar doença. Virulência: grau de patogenicidade um microrganismo – refere-se à capacidade de invasão, infectividade e toxigenicidade. o Fatores de Virulência: características genéticas, bioquímicas ou estruturais que favorecem o desenvolvimento de doenças no hospedeiro Tríade do processo infectivo Defesas do hospedeiro X virulência do patógeno = Saúde X doença. A maioria dos microrganismos não produzem doenças, mas estão em equilíbrio com o hospedeiro para garantir sobrevivência, crescimento e propagação tanto dele quanto do hospedeiro. Infecção x Doença Saúde: "O estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença" – OMS. Infecção: Invasão do hospedeiro por microrganismo patogênico o Presença do microrganismo em um local do corpo onde não é encontrado normalmente (patogênico X microbiota) o Pode ocorrer sem que se desenvolva a doença (infecção por HIV; AIDS = doença) Doença: alterações na saúde (homeostase = equilíbrio) do hospedeiro, danos diretos provocados pela presença do patógeno ou seus produtos ao hospedeiro. o Danos diretos do patógeno ao hospedeiro – fatores de virulência. o Danos provocados pela ação de toxinas produzidas pelo patógeno. o Danos provocados pela resposta imune do hospedeiro. Fases da infeção [ Exposição ao patógeno [ Aderência [ Invasão do epitélio Microbiologia Victoria de Paula Resumo de aula [ Crescimento e produção de fatores virais [ Toxicidade e Invasividade (crescimento no local da infecção e nos demais locais onde conseguiu se multiplicar). [ Dano ao tecido invadido Estágios do Processo Infeccioso 1. O agente infeccioso invade o hospedeiro suscetível 2. Período de Incubação: microrganismo invade o hospedeiro e causa uma infecção, não há sinais e sintomas. (multiplicação do microrganismo) 3. Período prodromal: aparecimento de sintomas inespecíficos. (dor de cabeça, febre, fadiga) 4. Período de doença: sinais e sintomas específicos e severos. Recuperação: doença termina; ausência de resposta: morte. (o microrganismo está ativamente provocando danos nas células e tecidos do hospedeiro). 5. Período de declínio: diminuição dos sinais e sintomas, diminuição de febre. Sistema imune responde as agressões e promove a diminuição do número de microrganismos. 6. Período de convalescência: o corpo retorna ao estágio de pré-doença. Ocorre a recuperação. Pode ser o período de reservatório e disseminação de patógenos. Cadeia de Infecção Modelo usado para entender o processo de infecção. Cada elemento representa uma etapa no processo de transmissão Todos os elementos devem estar presentes para que a infecção morra. Agente causador Microrganismos: Bactérias Vírus Fungos Parasitas: Protozoários Helmintos Características dos agentes infecciosos Patogenicidade: virulência = capacidade de crescer, se multiplicar e causar doença. Capacidade de invasão Especificidade pelo hospedeiro Resistência = capacidade de se adaptar ao ambiente. Reservatórios Fontes de disseminação dos agentes infecciosos, local onde vivem e se reproduzem. Humanos o Carreadores: sem sintoma aparente de infecção o Antroponoses: são as doenças onde o homem é o único reservatório, hospedeiro e suscetível às infecções (gripe, IST, febre tifoide) o Os reservatórios humanos incluem os portadores e os doentes (casos clínicos). Animais o Selvagens ou domésticos o Zoonoses: doenças que se desenvolvem primariamente em animais e são Microbiologia Victoria de Paula Resumo de aula transmitidas para humanos (raiva, hantavirose, febre amarela, etc.) o Anfigêneses: onde homens e animais são reservatórios (leishmaniose). Plantas o Fitenoses: as plantas são os reservatórios e o homem susceptível (cromoblastomicose). Porta de Saída Via pela qual o agente infeccioso deixa o reservatório para ser transferido ao hospedeiro. Reservatórios Humanos: Trato respiratório: tosse, espirro (aerossóis), fala, sucção. Trato gênito-urinário: cateteres, contato sexual Trato gastrintestinal: saliva, fezes e vômitos Pele e membranas mucosas: contato direto, feridas e aberturas na pele Transplacental Sangue: agulha (injeção) e transfusão de sangue. Modo de transmissão Mecanismo de transferência do agente infeccioso do reservatório ao hospedeiro susceptível. 4 rotas principais: Contato direto Contato indireto Vetores Veículos: água, ar, alimentos, etc. Contato Direto: Contato físico entre a fonte e o hospedeiro suscetível, não há objeto intermediário. Pessoa-pessoa: toque, beijo, relação sexual. Animal-pessoa: toque, mordida, lambida. Indireto: O agente infeccioso é transmitido do reservatório ao hospedeiro susceptível através de um objeto (fômite). Tecidos Toalhas Lençóis Dinheiro Termômetro Seringas Sondas Copo Escova de dentes Brinquedos Veículos São fontes secundárias, intermediárias entre o reservatório e o hospedeiro Água, ar, alimentos, sangue, fluidos corporais, drogas, fluidos intravenosos. o Água: contaminada por esgoto não tratado – cólera, leptospirose, shinguelose. Etc. o Alimentos: não cozidos (crus), não refrigerados ou preparados sem condições de higiene – intoxicação Salmonelose. o Ar: transmissão de gotículas – aerossóis, partículas de poeira – tuberculose, Histoplasmose (esporos). Microbiologia Victoria de Paula Resumo de aula Vetores São seres vivos – artrópodes – que transportam o agente desde o reservatório até o hospedeiro em potencial. 2 formas de transmissão: Mecânica: transporte passivo – patas, asas ou partes do corpo ou trato gastrintestinal e onde não há multiplicação ou modificação do agente infeccioso (ex. moscas; dengue) Biológica: processo ativo e mais complexo os agentes desenvolvem algum ciclo vital antes de serem disseminados ou inoculados no hospedeiro (ex. doença de chagas, malária, leishmaniose) Porta de Entrada A via de entrada do agente infeccioso no hospedeiro susceptível – porta de entrada preferencial = específica para o desenvolvimento da doença. Membranas mucosas: Trato respiratório: Inalação o Fácil penetração e a mais comumente utilizada; o principais barreiras são: Muco, epitélio ciliar e epiglote. o Resfriado comum, gripe, tuberculose, pneumonia, difteria, criptococose, aspergilose, Histoplasmose, paracoccidioidomicose. Trato geniturinário: contato o Porta de entrada das doenças sexualmente transmissíveis. o Principais barreiras: fluxo urinário, pH ácido, muco, lactobacilos. o Gonorreia: Neisseria gonorrhoeae o Sífilis: Treponema pallidum o Clamidíase: Chlamydia trachomatis. Trato gastrintestinal: Ingestão o Comida e água contaminada ou mãos contaminadas. o Principais barreiras: pH extremamente baixo no estômago, enzimas, muco, saliva (lisozima) o Salmonelose, shingelose, cólera. Conjuntiva: contato o Recobre o olho e as pálpebras o Barreiras: lágrimas (lisozima) o Tracoma: Chlamydia trachomatis o Conjuntivites: → Bacteriana: Staphylococcus sp / Streptococcus sp → Virais: adenovírus Pele Maior órgão do corpo– quando intacta é uma barreira efetiva para a maioria dos microrganismos Porta de entrada: folículos capilares, glândulas sebáceas Barreiras: suor, óleo, cabelo, pelos. Cromoblastomicose: Fonsecae pedrodoi Impetigo: Staphylococcus ou Streptococcus Tinhas (micoses): fungos Acnes: Propionibacterium acnes Parenteral Microrganismos são depositados dentro de tecidos abaixo da pele ou na membrana mucosa. Microbiologia Victoria de Paula Resumo de aula Punções, injeções, feridas (laceração, corte, arranhão, picada de inseto, queimadura), cirurgias. Transplacentária Susceptibil idade do Hospedeiro Uma pessoa ou animal com resistência diminuída a um patógeno, assim quando exposto ao agente infeccioso, desenvolverá a doença. Fatores de Predisposição Sexo (F/M) Genética: defeitos da imunidade Estado nutricional Idade: infância e velhice Estilo de vida: estresse físico e mental Cirurgias e procedimentos invasivos. Doença pré-existente: AIDS, câncer, diabetes, etc. Uso de medicamentos Tratamento quimioterápico, transplantes. HIV / AIDS Mutação do vírus SIV de chimpanzés – HIV 1 e HIV 2 Transição para humanos após 1930 – promiscuidade, urbanização, meios de transporte. 1959 – 1º homem morto na África 1976 – Noruega – navegador – contato com a África onde surgiu o vírus 1981 – Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) foi relatada pela primeira vez nos EUA. 1982 – Primeiro relato no Brasil Hoje estima-se que mais de 36 milhões de pessoas no mundo estejam infectadas pelo HIV Entre 2010 e 2015 – aumento de 2,3% de novos casos, indo no sentido oposto do indicador global (baixa de 4,5%) Transmissão do HIV Modo de transmissão: contato com fluidos corporais, contato sexual, leite materno, placenta, seringas, órgãos transplantados, transfusão. Sangue: 1000 – 100.000 vírus/mL Sêmen 10 – 50 vírus/mL Sobrevive 6h fora da célula re la çã o se xu al • relação sexual desprotegida • durante a menstruaçã o. • relação anal receptiva • presença de outra IST ( principalmen te ulceras) sa ng ín ga • receptores de sangue e hemoderivad os • uso comum de drogas injetaveis ilícitas • exposição ocupacional a material biológico • consultório dentario • manicures • tatuagens tr an sm iss ão V er tic al • durante a gestação (menos frequente no primeiro trimestre) • durante o trabalho de parto • durante aleitamento Microbiologia Victoria de Paula Resumo de aula Estágios da infecção por HIV Infecção inicial: as vezes pode aparecer acompanhada com sintomas de uma gripe intensa Período assintomático – latência AIDS Janela imunológica: tempo entre a infecção e soro conversão (aparecimento de anticorpos detectáveis) Testes falsos-negativos Teste rápido - janela imunológica 30 dias Diagnóstico do HIV Hoje utiliza-se para o diagnóstico métodos moleculares que detectam antígenos virais e RNA viral. 1. Detecção do antígeno do HIV 2. Detecção de anticorpo contra o vírus (teste rápido) 3. Amplificação do DNA/RNA viral – carga viral (quantificação plasmática de RNA viral) a. Indicada para prever a progressão da doença e monitorar a resposta ao tratamento antirretroviral – antes do inicio do tratamento e controle de 2 a 4 meses. 4. Contagem de linfócitos T CD4+ em sangue periférico por citometria de fluxo. a. Preditor de risco para doenças oportunistas, define a introdução do tratamento antiretroviral, e permite estadiamento da infecção. b. TCD4+ inferior a 200 células/mm3 5. Isolamento viral em cultura de células Profilaxia pós-exposição (PEP) Violência sexual Relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou rompimento da camisinha) Acidente ocupacional (com instrumentos perfuro-cortantes ou contato direto com material biológico) Início o mais rápido possível – de 2h após a exposição, até no máximo 72 horas. Esquema preferencial: Tenofovir + Lamivudina + Dolutegravir. Profilaxia pré-exposição (PrEP) Público alvo: Homens que fazem sexo com homens (?), transexuais (?), profissionais do sexo que adotem um comportamento de risco para HIV e casais soro discordantes (onde um dos parceiros é soro positivo e o outro não). Tenofovir – nucleosídeo inibidor da transcriptase reversa Entricitabina – nucleosídeo inibidor da transcriptase reversa Aedes aegypti Microbiologia Victoria de Paula Resumo de aula Dengue Vírus envelopado, RNA fita simples + 4 tipos o DENV 1-4 o Novo sorotipo, DENV 5 Malásia o DENV 2-3 = forma hemorrágica o Infecção com um tipo não protege contra os demais Formas Clínicas: o Febre dengue o Dengue hemorrágica o Choque Sintomas: Infecção secundária tende a ser mais severa Anticorpos auxiliam a entrada do vírus nas células – aumento no número de células infectadas – liberação de citocinas (danos endoteliais e inflamação) Células infectadas: Macrófagos, células dendríticas e monócitos. Receptores: múltiplas moléculas Tratamento da Dengue Alívio dos sintomas Nunca usar ácido acetil salicílico (aspirina) – gera baixa de plaquetas – hemorragia Casos graves: transfusão sanguínea Como prevenir? Vacina (dengvaxia) o Vírus vivos atenuados (4 sorotipos) o Indicação: indivíduos soropositivos que moram em áreas endêmicas, 9 – 45 anos. o Contraindicado: soronegativos (estudos após 6 anos) o Não disponível na rede pública ( 3 doses = R$ 100 cada) 66% de proteção 80% redução de hospitalizações 93% proteção contra formas mais graves da doença – após a 3ª dose da vacina. Zika Síndrome da Zika congênita: deficiência intelectual, paralisia cerebral, epilepsia, dificuldade de deglutição, anomalias dos sistemas visual e auditivo, além de distúrbios do comportamento. Microcefalia em Bebês: o Calcificações intracranianas o Artrogripose (contraturas congênitas) e pés tortos congênitos. Ebola Transmissão: Morcegos são reservatórios para o vírus – animais selvagens expostos ou que se alimentam de morcegos – Microbiologia Victoria de Paula Resumo de aula humanos são expostos ou se alimentam de animais contaminados e o vírus se espalha pelos fluidos corporais. Sintomas: Febre e dor de cabeça Dores musculares e nas articulações Fraqueza Diarreia e vômitos Perda de apetite Hemorragia interna e externa CID e FMO Período de incubação: 2-21 dias Células alvo: hepotócitos, células endoteliais e fagócitos Cadeia Infectiva Agente causador: Ebola vírus Reservatório: morcegos, animais silvestres ou humanos. Porta de saída: fluidos de animais ou humanos. Modo de transmissão: o Contato direto (pele e/ou mucosas) o Indireto (materiais médicos contaminados) o Veículo (carne de animais contaminada) Porta de entrada: fissuras na pele, incluindo micro abrasões e respingos nas membranas mucosas. Hospedeiro suscetível: qualquer indivíduo que entrar em contato COVID 19 – MICROBIO DESOCUPADO
Compartilhar